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sexta-feira, dezembro 19, 2025

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CNN anuncia mudanças na grade e novo programa com Mari Palma e Phelipe Siani

CNN anuncia mudanças na grade e novo programa com Mari Palma e Phelipe Siani

A CNN Brasil promoverá diversas mudanças em sua grade de programação, sendo a primeira delas um novo programa apresentado pelo casal Mari Palma e Phelipe Siani. O projeto, porém, ainda não tem nome nem data de estreia definidos.

O programa irá ao ar aos finais de semana, e terá como foco a cultura pop. Os apresentadores comentarão sobre as principais produções nos serviços de streaming, vídeo e áudio, além das últimas informações sobre a indústria de produção de conteúdo. A atração marca o retorno de Siani à CNN, afastado desde novembro, quando contraiu a Covid-19. Após se recuperar, ele pediu para deixar o hard news.

A advogada e comentarista Gabriela Prioli também comandará um novo programa de entrevistas no canal, com foco em personalidades do meio artístico. E o filósofo Leandro Karnal terá um programa sobre análise e debates sobre assuntos do cotidiano das pessoas, com dados históricos e reflexões filosóficas.

Com as mudanças, a CNN decidiu encerrar por tempo indeterminado o CNN Tonight, que era apresentado justamente por Prioli, Karnal e Mari Palma. A última edição deve ir ao ar em 23 de julho.

A emissora promoveu também uma dança das cadeiras em outros programas: Fernando Molica será comentarista do quadro Liberdade de Opinião, ao lado de Alexandre Garcia; e Sidney Rezende passou para o time de analistas do canal, atuando nos telejornais vespertinos e noturnos.

Quem manda neste jornal?

Marconi Goes jornal O Norte

Por Eduardo Brito

Se perguntassem a um paraibano médio quem mandava no jornal O Norte, considerado o mais importante de João Pessoa, entre as décadas de 1970 e 1990, ele não teria dúvidas. Citaria o empresário Marconi Goes, pomposo procônsul estadual dos Diários Associados, império que àquela altura ainda controlava grandes veículos como o Correio Braziliense e o Estado de Minas, embora já desse claros sinais de declínio.

Marconi Goes

Além de O Norte, a sesmaria de Marconi Goes incluía o Diário da Borborema, que circulava em Campina Grande, pois Chateaubriand, ex-senador pela Paraíba, não cometeria o erro de esperar que a turma de Campina lesse jornais de João Pessoa e vice-versa. Os dois veículos, atrelados a três emissoras de rádio e duas de televisão, até tinham um faturamento razoável, mas o dinheiro não chegava aos veículos, enquanto Marconi levava uma vida nababesca. Isso, aliás, era do conhecimento dos outros condôminos que controlavam os Diários Associados.

Já quem conhecesse a mídia de João Pessoa responderia de outro jeito à questão. Diria que a pessoa mais influente no que se publicava em O Norte não era Marconi, nem os sucessivos pauteiros ou chefes de reportagem. Era o Cocada, senhor monopolista do único carro do jornal e motorista espertíssimo, como sói acontecer na mídia brasileira. Vivendo sempre à míngua, os mal pagos repórteres de O Norte seguiam para as matérias de ônibus – táxi era proibido e Uber ainda não existia – ou aglomerados no carro conduzido por Cocada.

Era do motorista a última palavra sobre as saídas – e, por conseguinte, das pautas que seriam efetivamente cumpridas pelos repórteres. Fingindo mau humor, ele exercia olimpicamente esse poder.

− Ir para onde? Para o outro lado da cidade? Não dá. Tenho agora de buscar a filha de Doutor Marconi no balé. E levar para casa. Isso se não tiver de buscar também a madame no cabeleireiro. Só se for depois de tudo.

Como os sucessivos chefes de Reportagem sabiam que essas missões parajornalísticas existiam mesmo, ficavam sem argumentos contra Cocada. Os repórteres que corressem para os ônibus… ou para os poucos telefones da Redação.

Baixo, com um olho bem mais baixo que o outro, Cocada provavelmente seria comparado hoje com Nestor Cerveró. Com tez bem morena e um grau todo especial de esperteza.

− Nesse chuvão, ir lá para um bairro pobre como o Cristo? Nem pensar. O carro vai ficar ilhado. Atolado no aguaceiro. Mas ir até lá para quê? Alagamento é alagamento, tudo igual. Só pegar uma foto no arquivo. Tá cheio dessas fotos por lá. E não se preocupe com as pessoas. Pobre é tudo igual também, eu que o diga. Pega uma foto qualquer e pronto. O repórter inventa umas entrevistas, fala que todo o bairro está parado, vai até a janela, descreve o que está vendo e pronto. Não vou tirar o carro, que está bem estacionado, para isso.

Mas não se pense que Cocada era simplesmente refratário a matérias jornalísticas. Pelo contrário, gostava de dar palpites. E gostava mais ainda quando a pauta era entrevista com autoridades. Seguia com os repórteres, estacionava, deixava-os começar a entrevista e então entrava na sala. Instalava-se ao lado do jornalista esperando uma chance. Aparecendo, engatava uma segunda marcha e tocava em frente.

− Seu secretário, vou aproveitar a imprensa aqui e fazer uma recomendação ao senhor. Poderia contratar fulano de tal, rapaz muito competente, amicíssimo de doutor Marconi? Ele ficaria muito bem aqui na sua secretaria, pode ajudar bastante. Qualquer salário serve.

Tendo falado do irmão, ou do primo, Cocada retirava-se triunfalmente. Com o repórter, a quem instruía para fazer uma matéria positiva, que daí talvez o emprego saísse. Doutor Marconi iria gostar muito.

Mas, como nem tudo que é bom dura muito, o reinado de Cocada se acabou. Os demais associados, sempre tolerantes com os colegas procônsules, acharam, até eles, que Marconi Goes tinha abusado demais. Ele foi destituído do cargo e da posição de condômino durante os anos 1990, o que até esse momento só tinha acontecido com dois outros manda-chuvas locais, ambos de São Paulo.

Paulo Cabral, presidente do Condomínio dos Associados mandou uma força-tarefa do Correio Braziliense para colocar ordem em O Norte. Depois, ela deu lugar a um novo diretor, também vindo do Correio. Garantiu-se a sobrevivência, mas por pouco tempo. As emissoras foram vendidas. Em 2012, O Norte e o Diário da Borborema deixaram de circular. Cocada também.


Eduardo Brito

A história desta semana é novamente uma colaboração de Eduardo Brito, ex-Estadão, Jornal do Brasil, Correio Braziliense e Jornal de Brasília.

Tem alguma história de redação interessante para contar? Mande para [email protected]

STF anula decisão que obrigava exclusão de conteúdo e retratação da Folha

A ministra Cármem Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou uma decisão da Justiça do Espírito Santo que determinava a retirada de um texto de checagem de fatos da Folha de S.Paulo, bem como a publicação de uma retratação por parte do jornal.

A decisão vem após reclamação da Folha na Justiça contra sentença do juiz Rodrigo Cardoso Freitas, da 5ª Vara Cível de Vitória, expedida em ação movida pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES). Em março, Cármem Lúcia já havia suspendido os efeitos da decisão em primeira instância.

O texto em questão é uma checagem do Projeto Comprova sobre um vídeo considerado enganoso do senador do Marcos do Val, que insinua, em tom irônico, que o médico Drauzio Varella havia minimizado os efeitos da pandemia, sem informar que as falas às quais ele se refere são antigas, de janeiro de 2020, e que o médico já afirmou publicamente ter subestimado a doença.

A juíza do STF declarou que a decisão anterior, do juiz de Vitória, “impôs censura a órgão de imprensa”, e que “essas condutas frustram o direito à liberdade de imprensa, inibindo-se atividade essencial à democracia como é a liberdade jornalística, essencial à informação, expondo a risco a garantia constitucional da liberdade de informar e de ser informado e de não se submeter a imprensa à censura”.

Cármem Lúcia disse também que o senador, sob condição de agente político, está “mais exposto à crítica e sujeito a ter suas ações ou omissões submetidas ao olhar da imprensa e da sociedade”.

SBT News estreia Poder Expresso, programa diário sobre política

O SBT News estreou em 14/7 o Poder Expresso, programa diário sobre política apresentado por Roseann Kennedy, que vai ao ar de segunda a sexta, a partir das 17h30, e pode ser assistido pelo site sbtnews.com.br e pelo canal do SBT Jornalismo no YouTube.

O telejornal destaca as principais notícias do dia no mundo da política, com análises e bastidores de Brasília. Participam do programa jornalistas da emissora e terá entrevistas com protagonistas da política.

Pós-graduada em Ciência Política e Economia, Roseann está há mais de 20 anos em Brasília, e cobriu todas as eleições presidenciais desde 2002. Integra a equipe do SBT desde 2019. Anteriormente, atuou como repórter, colunista e apresentadora em CBN, GloboNews, TV Globo, TV Brasil e Congresso em Foco.

Mário Frias é a terceira autoridade que mais bloqueia jornalistas no Twitter

O secretário especial da Cultura Mário Frias tornou-se a terceira autoridade que mais bloqueou profissionais de imprensa no Twitter, segundo levantamento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Ao todo, foram 19 perfis bloqueados pelo secretário na rede social.

Frias ultrapassou Arthur Weintraub, ex-assessor da Presidência da República, que bloqueou 17 jornalistas. O secretário da Cultura está agora atrás apenas do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub (30) e do presidente Jair Bolsonaro, autoridade que mais bloqueia profissionais de imprensa no Twitter (69).

Em 10/7, após a derrota do Brasil na final Copa América, Frias tuitou #foratiti, e virou alvo de piadas do narrador da TNT Sports André Henning, por ter errado o nome do técnico da seleção, Tite. Depois do tuíte, o secretário bloqueou Henning no Twitter.

Já o repórter Renato Onofre, da Globo, disse à Abraji que nunca interagiu com Frias até perceber que tinha sido bloqueado por ele. Além dos jornalistas, o secretário da Cultura baniu também o caderno de cultura da Folha de S.Paulo.

O monitoramento da Abraji detectou que, ao todo, já são 252 bloqueios a 136 jornalistas e 11 a nove veículos no Twitter. Para efeito de comparação, segundo a entidade, até 2018 apenas 25 jornalistas haviam sido bloqueados por autoridades em cargos públicos.

Grande Prêmio lança página dedicada ao mercado hispânico

Grande Prêmio
Grande Prêmio

Foi ao ar em 13/7 o Gran Premio, novo site sobre automobilismo e motociclismo com conteúdo do Grande Prêmio em espanhol. A página segue a mesma diagramação estética e funcional da publicação brasileira, que servirá como suporte editorial para a composição das notícias e análises, mas também contará com conteúdo próprio multimídia, liderado a partir de Buenos Aires por Esteban Daniel Nieto.

Gran Premio chega para ocupar um lugar transcendental entre os meios de comunicação de língua espanhola especializados em automobilismo, convidando leitores hispanófonos a que se apaixonem da qualidade e variedade de conteúdo do Grande Prêmio”, destaca Esteban. “Estou muito feliz em fazer parte do nascimento do Gran Premio e do crescimento do Grande Prêmio. Não tenho dúvidas de que será um sucesso editorial e um formidável gerador de oportunidades com a chegada a novos públicos”.

Criado por Flavio Gomes em 1994 como Agência Warm Up, o Grande Prêmio ganhou esse nome em 2000, quando passou a ser publicado pelo recém-lançado portal iG. Desde então, passou pelos portais MSN, UOL e Terra, e atualmente é parceiro do Lance! e da Band. Sua estrutura contém, além do site principal, os blogs de Flavio Gomes, Rodrigo Mattar e Victor Martins, o site Grande Premium e perfis nas redes sociais YouTube, Facebook, Twitter, Instagram, Twitch, DailyMotionPinterestKwai e TikTok.

“Criar uma nova estrutura para atender a um mercado diferente daquele a que estamos habituados é provavelmente o maior desafio que o GP tem em toda a sua história”, complementa o diretor executivo Victor Martins. “No entanto, o Gran Premio é um passo absolutamente necessário diante dos objetivos de todo o grupo para atender a cada vez mais fãs do esporte a motor em suas respectivas línguas e costumes. É um projeto que nasce não do zero, por ter a forte pavimentação do Grande Prêmio, mas que traz a emoção do nascimento de um novo filho que precisa de cuidados redobrados e especiais”.

Histórias do Jornalismo Esportivo: O Rei e eu

O Rei Pelé e eu
Zé Maria e Pelé

Por José Maria de Aquino

Pelé vai ser papai

Em julho de 1966, Pelé já estava na Inglaterra com a Seleção que tentaria o tri e que, como se sabe, sem ele, contundido, e graças à desorganização absoluta, foi um enorme fiasco. Com pouco tempo trabalhando no jornal, fiquei na retaguarda. Numa tarde de vento forte e frio, sol fraco, Tão Gomes Pinto chegou na redação e perguntou se eu estava trabalhando em alguma coisa importante. Não estava e ele engatou. “Pegue um fotógrafo e vá a Santos saber se há alguma novidade”. O Santos vivia seus melhores momentos e, mesmo com uma sucursal ativa, era obrigatório repórter de São Paulo passar por lá quase todos os dias.

Na fotografia escalaram o José Pinto. Descemos a Serra, passamos pela Vila Belmiro, onde não encontramos viva alma, e de lá seguimos para o Embaré, onde Zoca, irmão de Pelé, e seu tio Jorge, tomavam conta de uma pequena mercearia. Não tínhamos uma pauta definida, nem sabíamos se encontraríamos alguma notícia boa. Era jogar o anzol e aguardar para ver que tipo de peixe fisgaríamos, se é que fisgaríamos.

Na dúvida, e para não espantar algum peixe que pudesse ser apanhado, pedi ao José Pinto para esperar um pouco no restaurante da esquina, enquanto eu dava uma sondada. Cheguei cumprimentando “tio” Jorge e o “primo” Zoca. Falei que estava de férias e que, passando por ali, tinha resolvido dar uma paradinha. Aceitei tomar uma dose de cinzano – era a bebida mais suave à mão – para rebater o frio trazido pela brisa do mar. E, entre um trago e outro bem de leve, com eles tomando algo mais forte, acabei esquecendo o paciente José Pinto por bom tempo.

O papo rolava fácil, quando indaguei, jeito de sonso, ao Zoca se havia alguma novidade. Uma novidade qualquer. Se Pelé havia escrito ou telefonado contando como estava a vida na seleção… Meio distraído e já descontraído, Zoca abriu o jogo de forma que eu jamais imaginaria. Mais do que uma notícia, Zoca tinha jogado uma bomba em minhas mãos. Tão forte, que precisei me esforçar para que ele não percebesse.

– Não sabe não? A Rose está grávida − deixou escapar o irmão do Rei.

Não, eu não sabia. Nem eu e, logo descobri, ninguém mais, além da família e dos médicos. Rose havia acabado de receber a confirmação do resultado. Fiquei todo animado e tentei matar a pau.

– Mas essa é uma notícia que vale comemorar. Dá mais um cinzano e vamos lá cumprimentar a “tia” Celeste, disse, preparando a pauta na cabeça.

– Agora não dá, disse Zoca. Já passa das 7 horas (da noite) e tenho de ir para a escola. Além disso, preciso falar antes com minha mãe sobre esse assunto.

Para não assustá-lo, não insisti. Só busquei garantir uma visita a dona Celeste.

– Ok. Então diga a ela que amanhã cedo vamos lá para dar um abraço na vovó mais querida do mundo.

Falei assim, mudei o papo e em poucos minutos me despedi − antes que ele se arrependesse de ter contado a novidade e pedisse segredo. Só então me lembrei do José Pinto. Paraense, embora há muitos anos morando em São Paulo, meu parceiro tremia de frio, mas não arredou o pé do restaurante onde eu o havia deixado. Excelente repórter, José Pinto esfregou as mãos percebendo o bom trabalho que tínhamos à nossa frente. E foi dando as coordenadas.

– Vamos ligar para a redação, passar a notícia pelo telefone, arranjar um hotel e completar o serviço amanhã cedo, sugeriu, aflito.

Foi o que fizemos.

Na manhã seguinte, quando acordei, o José Pinto já havia tomado excelentes providências, que nem passavam por minha cabeça. Tinha comprado agulhas de tricô e novelos de lã para levar para vovó Celeste. Para a mamãe Rose, tinha providenciado um buquê de rosas, que o garoto de uma floricultura se encarregaria de entregar. Não esqueceu nem do cartãozinho cumprimentando a futura mamãe, e desejando felicidades ao casal. Naturalmente, não assinou o cartão e nos manteve sob sigilo.

Eram tempos mais tranquilos, de trabalho mais fácil, acredito, de mais confiança e amizade. Mas que, da mesma forma, exigiam criatividade. Havia mais tempo para a leitura do jornal e os textos eram mais longos. Logo estávamos batendo à porta de vovó Celeste. Zoca tinha avisado da nossa visita e se mandado. Como eu desconfiava, a notícia da gravidez não era para ser divulgada – ordem do Rei. Dona Celeste contou que Pelé não queria que falassem do filho – ainda não sabiam que seria uma menina, Kelly Cristina − que nasceria, feitos os cálculos, em fevereiro ou março de 1967.

Concordamos que ela não devia mesmo falar do filho do Rei, mas argumentamos que podia falar do seu primeiro neto. Falando do neto não estaria contrariando a ordem do filho. Nessas alturas, José Pinto já havia espalhado bichos de pelúcia pelo sofá e colocado as agulhas e os novelos de lã nas mãos de dona Celeste. Era a vovó alegre fazendo os primeiros sapatinhos para o primeiro neto. José Pinto ainda tentou levar tia Maria Lúcia, irmã de Pelé, a uma loja de roupa para bebês, mas não conseguiu. Com tia Maria Lúcia o jogo foi mais duro e era melhor não botar tudo a perder.

Com as fotos da vovó real, pegamos nossas coisas e subimos a Serra. Até hoje não sei o tamanho da bronca do Rei para cima do Zoca, quando soube da inconfidência que resultou naquele furo…

Pelé e Zé Maria, na década de 1970

Autopista ou atalho?

Em Nova York, o Cosmos treinava num campo fora da ilha de Manhattan, onde Pelé nos ensinou a chegar de trem. Ele ia com o grupo de jogadores e não podia nos convidar. Antes, ele e o preparador físico Júlio Mazzei, seu eterno companheiro nos EUA, perguntaram onde nos hospedaríamos na cidade, e quando dissemos que pretendíamos ficar no hotel Paramount, indicado por amigos brasileiros, ambos nos aconselharam a ir para outro. “Se vocês têm dinheiro, fiquem num hotel mais seguro”, recomendaram. E nos indicaram o Pan-American, na 7a Avenida.

Seguimos o conselho.

Júlio Mazzei foi separado do grupo e, depois do treino, documentado pelo fotógrafo Rodolfo Machado, Pelé nos ofereceu carona no Malibu branco guiado por Mazzei. Aceitamos. Pouco depois de ligar o carro, Mazzei fez uma pergunta a Pelé, que me intrigou.

– Rei, vamos pela autopista ou pelo atalho?

– Vamos pela autopista mesmo, respondeu Pelé. O Aquino está com a gente.

Fiquei curioso com o diálogo e indaguei qual era a diferença. Mazzei respondeu que pela autopista pagava-se pedágio. Perguntei quanto se pagava e ele disse que eram 75 cents. Ingênuo, quis saber: “Só isso?”. Era. Mas Mazzei explicou que iam mais de uma vez por semana, daí a economia.

Caiu minha ficha. Sabia que Pelé era, corretamente, uma pessoa preocupada com o dinheiro, munheca, mão fechada, mas parecia claro que eles deviam estar brincando com a gente. Será?

Antes de chegarmos a Manhattan, combinamos almoçar num restaurante luso-brasileiro, na rua 46, no dia seguinte. Nem é preciso dizer que encontramos com muitos brasileiros – a rua 46 é reduto verde-amarelo em Nova York – na calçada do restaurante. Conversa aqui e ali, um deles foi sentar-se com a gente. Éramos cinco e comemos o trivial. Quando Mazzei pediu a conta, levantei o braço e disse que era minha.

– Eu pago. Meu patrão é rico e me deu verba, disse.

– Nada disso, interrompeu Pelé. Seu dinheiro aqui não vale, brincou.

Mazzei pagou a conta, e quando íamos levantando, Pelé disse para que ele não esquecesse de pegar a nota para cobrar a despesa do Cosmos. Sorri de leve e Pelé completou.

– Sou relações públicas do Cosmos. Por falar nisso, lembrou, dirigindo-se a Mazzei, precisamos pegar a autorização para usarmos os estacionamentos deles.

Nos abraçamos, e cada um tomou seu rumo.

Dois dias depois, fomos assistir a mais um jogo do Cosmos de Pelé, desta vez no Yankee Stadium, no Bronx. Seguindo mais um conselho de Mazzei e Pelé, fomos de táxi para o estádio. A noite ainda não havia chegado quando mostramos nossas credenciais – conseguidas nos escritórios da Liga – e nos acomodamos nas cadeiras do estádio. Tínhamos tempo bastante para ver suas acomodações serem tomadas pouco a pouco, antes do Rodolfo Machado ir para o reservado dos repórteres fotográficos, junto ao gramado. Combinamos sair e nos encontrarmos junto a um dos portões uns cinco minutos antes do final da partida. Íamos voltar de metrô e queríamos sair antes da multidão.

Quando nos encontramos no portão combinado, estávamos apenas nós dois, mas não nos tocamos de que alguma coisa estava errada. Sair antes de todos e pegar o metrô sem atropelos era mesmo o que desejávamos. Saímos a passos rápidos em direção à estação do metrô, mas fomos barrados poucos metros após termos entrado por uma passagem subterrânea. Dois guardas indagaram quem éramos, o que fazíamos, aonde íamos e determinaram que voltássemos. Devíamos aguardar o final do jogo para atravessarmos a passagem subterrânea junto com as demais pessoas. Nada de entrarmos por ali sozinhos, porque corríamos o risco de sermos assaltados – na melhor das hipóteses. Ainda mais que Rodolfo carregava duas grandes bolsas com máquinas fotográficas, lentes e filmes.

Aconselhados e aliviados, voltamos para o portão do estádio por onde saímos, que, como as demais, ainda estava fechado. Só então lembrei que quando saímos, cinco minutos antes do final, o jogo estava empatado, e que, de acordo com o regulamento da Liga, naqueles casos haveria “cobrança de pênaltis” para desempatar. Todo jogo devia ter um vencedor. Tentamos voltar para dentro do estádio, mas fomos barrados. “Quem sai não volta mais”, ouvi.

Só nos restava aguardar o final do jogo, acompanhando as cobranças de pênaltis pelos gritos dos torcedores. Terminado o jogo, tomamos o metrô no meio da multidão, morrendo de medo até descermos numa estação perto do Central Park e de lá indo a pé até o hotel, na 7ª Avenida. Não eram, mas depois do aviso dos guardas, cada passageiro que lotava o vagão do metrô me parecia um ladrão, prontinho pra nos assaltar. Ainda bem que o Rodolfo parecia não pensar da mesma forma.

Obs. Anos depois, participando do programa Bem, Amigos, comandado pelo Galvão Bueno, no SporTV, o assunto dinheiro e jantares veio à baila. Arnaldo César Coelho contou que na Copa de 90, na Itália, Pelé havia prometido pagar a conta para um grupo de amigos que, exagerando, pediu vinhos caríssimos. Arnaldo no entanto lembrou que Pelé foi “salvo” pelo dono do restaurante, que o reconheceu e bancou a despesa. Isso, depois de se mandar fotografar ao lado do Rei. Lembrei da minha história em 1976 e Pelé garantiu que a parte do pedágio era brincadeira. Era mesmo?


Zé Maria e Nelson Nunes

As histórias relatadas aqui foram extraídas, com autorização do autor, do livro Minha vida de repórter, de autoria de José Maria de Aquino (ex-Jornal da Tarde, Placar, TV Globo e Estadão), editado pela Editora Letras do Brasil, com organização de Nelson Nunes. O livro segue à venda no site da editora.

Jornalistas&Cia e Portal dos Jornalistas trazem neste espaço histórias de colegas da imprensa esportiva em preparação ao Prêmio Os +Admirados da Imprensa Esportiva, que será realizado em parceria com 2 Toques e Live Sports, no segundo semestre.

Estadão e FGV abrem inscrições para curso de Jornalismo Econômico

O Curso Estadão de Jornalismo Econômico está com inscrições abertas até 30 de julho. O programa é uma parceria com a FGV.
O Curso Estadão de Jornalismo Econômico está com inscrições abertas até 30 de julho. O programa é uma parceria com a FGV.

A 11º edição do Curso Estadão de Jornalismo Econômico está com inscrições abertas até 30 de julho. Direcionado a estudantes de Jornalismo e recém-formados, o programa é uma parceria com a Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas. Para participar do processo seletivo é preciso preencher o formulário online.

Na inscrição, o concorrente deve anexar o currículo, justificar o interesse no projeto e propor uma pauta multimídia (vídeo e texto). Os selecionados irão produzir trabalhos práticos. A 10ª turma, por exemplo, foi responsável por criar o guia de diversidade corporativa batizado de Mais Diverso. O material contou com textos, vídeos e postagens nas redes sociais.

Bruna Emy Camargo, repórter da Agência Estado e participante da 10º edição, conta que foram os meses mais intensos de sua vida: “As aulas da FGV foram fantásticas. Além disso, tivemos palestras e atividades propostas pela coordenação em que não apenas aprendemos sobre o fazer jornalístico como pudemos testá-lo”.

E mais:

Centro Knight lança livro sobre diversidade no jornalismo latino-americano

O Centro Knight lançará em 17/7 o livro Diversidade no Jornalismo Latino-Americano, um e-book que reúne reflexões de 16 jornalistas.
O Centro Knight lançará em 17/7 o livro Diversidade no Jornalismo Latino-Americano, um e-book que reúne reflexões de 16 jornalistas.

O Centro Knight lançará neste sábado (17/7) o livro Diversidade no Jornalismo Latino-Americano, um e-book que reúne reflexões de 16 jornalistas de sete países sobre como tornar as redações e a cobertura de notícias mais inclusivas.

O projeto começou em janeiro deste ano com um curso online massivo, teve continuidade em março com a primeira conferência latino-americana sobre diversidade no jornalismo e finda agora com o lançamento do livro durante a conferência NAHJ, das 12h30 às 13h30, no horário padrão do leste dos EUA.

Rosental Alves, fundador e diretor do Centro Knight, disse não ser por acaso o lançamento na NAHJ, pois “é uma organização que deve ser elogiada por seus esforços de décadas para promover a diversidade nas redações dos Estados Unidos, um grande exemplo para a América Latina e o mundo”.

Cinco dos 16 jornalistas que compõem o e-book estarão presentes no evento, sendo quatro coautores: Andrea Medina, do Chile; Jamile Santana, do Brasil; e María Teresa Juárez e Eladio González, do México; juntamente com a editora Mariana Alvarado. O painel será moderado por Alves.

“Na América Latina, ao contrário de outras regiões do mundo, a gestão da diversidade é incipiente, é nova”, disse Mariana. “Estimo que foi apenas na última década que as redações tradicionais começaram a dar mais atenção à diversidade. No entanto, à medida que fazem menos do que deveriam, surgiram novos e vários outros nichos de meios nativos digitais que buscam abordar a diversidade de diferentes frentes: veículos feministas, veículos que cobrem e têm como foco pessoas com deficiência ou questões étnicas e raciais”.

A obra estará disponível para download gratuito no site do Centro Knight no dia do evento.

Mariana Fontes assina com a Globo

A TV Globo anunciou nesta quarta-feira (14/7) a contratação da apresentadora Mariana Fontes, ex-TNT Sports (na época em que ainda era Esporte Interativo) e DAZN. Ela comandará o SporTV News no lugar de Janaína Xavier, afastada devido à gravidez do segundo filho.

Segundo o Notícias da TV, o contrato de Mariana com a Globo é temporário, mas a emissora avalia uma possível permanência no futuro, após o retorno de Janaína, que deve ficar fora do ar até o ano que vem. Ainda não há uma data definida para a estreia da apresentadora no SporTV News, mas deve ser em breve. O programa tem duas edições diárias, às 8h45 e 12h30, além de edições especiais nos finais de semana.

Mariana iniciou a carreira na Fla TV, emissora oficial do Flamengo. Posteriormente, assinou com o antigo Esporte Interativo. Deixou o canal em 2017 para se dedicar a seu canal no YouTube, o Segue o Baile, no qual entrevistava jogadores de futebol e personalidades importantes do esporte.

Em 2019, foi contratada pelo serviço de streaming DAZN, onde atuou como apresentadora e repórter. Por lá, cobriu a final da Recopa Sul-Americana e da Copa Sul-Americana, e atuou em jogos da Série C do Campeonato Brasileiro. Em 2021, Mariana fez parte do time de transmissão pay-per-view do Campeonato Carioca. Recentemente, realizou entrevistas à beira do campo em competições da Conmebol, como a Libertadores e a Copa América.

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