Mauricio Stycer, colunista do UOL, será responsável por finalizar e lançar a biografia do autor de novelas e jornalista Gilberto Braga, que morreu em 26/10, aos 75 anos, em decorrência de uma infecção sistêmica. O projeto havia sido iniciado por Artur Xexéo, falecido em junho deste ano, aos 69 anos, vítima de um câncer.
“Quando o Xexéo morreu, em junho, o Gilberto me procurou me convidando para continuar com o projeto”, explica Stycer. “Fui uma indicação do Paulo Severo, que era o marido do Xexéo. Eu conhecia ele [Xexéo] desde a década de 80. Acho que por isso o Paulo sabia que tinha uma afinidade entre a gente, indicou para o Gilberto o meu nome, e o Gilberto me ligou me convidando para continuar com a pesquisa e fazer o livro”.
O material iniciado por Xexéo conta com cerca de 15 horas de entrevista com Gilberto Braga e mais de 20 entrevistas com pessoas que ajudam a contar a história do novelista. O jornalista, inclusive, havia deixado uma lista de tarefas que faltavam. Foi a partir daí que Mauricio Stycer começou seu trabalho no projeto. Segundo ele, algumas entrevistas já foram feitas, mas antes de concluir a fase de pesquisa e entrar na da escrita do livro, ainda precisa “preencher alguns buracos”.
“Para mim já tinha uma coisa muito emotiva que era fazer o livro. E ele vai ser assinado pelo Xexéo e por mim, é um livro de nós dois. Isso já tinha um peso e agora ficou mais, porque perdi agora a chance de completar o livro com Gilberto. Tinha algumas questões que eu queria ainda tratar com ele e não tive tempo, porque ainda não tinha mergulhado totalmente no processo de fazer o livro”, completa o jornalista que garantiu ainda que a obra, publicada pela Intrínseca, terá novidades sobre todo o processo de criação de Gilberto Braga, sua carreira como crítico teatral, a história familiar do autor e seu relacionamento com o decorador Edgard Moura Brasil.
Para quem tem apreço pelo Brasil e mora fora ou se informa pela mídia internacional, dói ver o País tão associado a notícias negativas como nos últimos dias.
A ausência do presidente Bolsonaro em Glasgow foi tratada como incompreensível, sendo a COP26 um encontro que reuniu 120 líderes globais, incluindo alguns inicialmente relutantes em participar, como o indiano Narendra Modi.
A correspondente brasileira Cláudia Wallin, que colabora com o MediaTalks a partir da Suécia, contou que a notícia apareceu no principal telejornal rede pública, equivalente à BBC, com a crítica: “Em vez de ir a Glasgow, Bolsonaro viajou para Anguillara Veneta para se tornar cidadão honorário”.
Bolsonaro na TV sueca SVT
Os abalos não vieram só de Glasgow. A agressão a jornalistas na visita do presidente à Itália exibiu ao mundo uma truculência assustadora.
Brasil ou governo do Brasil?
Não é a primeira vez que o País enfrenta cobertura negativa capaz de arranhar sua imagem externa.
Mas há agora uma uma diferença sutil. A generalização de país desorganizado ou pouco sério parece estar dando lugar a uma outra impressão: a de que o Brasil é uma coisa e atual governo é outra.
Pode ser pensamento mágico, um desejo de que a instituição Brasil não seja tão atingida.
Mas alguns fatos ajudam a acreditar na ideia. Reportagens sobre o caso da Itália apresentaram o presidente como figura isolada. A da Reuters é um exemplo: “O ex-capitão do Exército viu seu apoio internacional diminuir desde que Donald Trump perdeu sua candidatura à reeleição, enquanto o ceticismo de Bolsonaro em relação à Covid-19, vacinas e questões ambientais lhe rendeu poucos amigos no cenário global”.
Na cobertura da COP26, a separação entre passado e presente tem sido constante.
No dia abertura da conferência, Mary Robinson, ex-presidente da Irlanda, autora do livro Justiça Climática (publicado em português) falou à Sky News sobre a decepção com a participação do Brasil na COP26.
Entretanto, fez a ressalva de era um momento infeliz, citando o nome da ex-ministra Isabela Teixeira como exemplo de ocupante de cargo público que contribuiu para mitigar os problemas em sua gestão.
Só que esses lampejos podem não ser suficientes para compensar a avalanche de cobertura negativa. Quase todas as matérias sobre o acordo do desmatamento salientaram que ele estava sendo assinado “inclusive pelo Brasil”, inferindo surpresa diante do histórico nada abonador.
Por mais que diplomatas e empresários se empenhem para desconstruir a má reputação do País, a questão da Amazônia tem um peso difícil de equilibrar, quando um nome como Al Gore diz que não confia no presidente Bolsonaro e em seus compromissos.
No Reino Unido, o massacre diário tem hora certa para acontecer. Patrocinadora da cúpula, a SkyNews criou um “estúdio ao ar livre” em Manaus, de onde o jornalista Mike Stone coancora diariamente o principal noticiário da rede.
Mike Stone faz entrevistas ao ar livre em Manaus
Da beira do rio ele entrevista pessoas comuns, cientistas, líderes indígenas e de ONGs, unânimes em condenar a condução governamental.
Se serve de consolo, pelo menos mostra ao mundo vozes sensatas, com argumentos baseados na ciência e não na política.
Diante da onda de críticas, só resta torcer para que a percepção de que uma coisa é o governo e outra coisa é o País ajude a suavizar o que nos espera depois da COP26.
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A Associação Nacional de Jornais irá entregar o Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa 2021 ao Consórcio de Veículos de Imprensa e ao Projeto Comprova. As duas iniciativas foram criadas a partir da cooperação de diversos veículos jornalísticos para mapear a situação do Brasil durante a pandemia da Covid-19 e checar fatos para combater a desinformação, respectivamente.
Formado por Estadão, Folha de S.Paulo, O Globo, Extra, UOL e G1, o Consórcio de Veículos de Imprensa foi formado para reunir e divulgar dados confiáveis a respeito da pandemia no país, depois que ficou evidente que o governo federal poderia manipular ou omitir informações sobre as consequências da Covid-19 no Brasil.
Lançado em 2018, o Projeto Comprova realiza trabalho de checagem de fatos como forma de combater a desinformação. Reúne dezenas de jornalistas de mais de 30 veículos de todo o país e tem sido fundamental também no esclarecimento das informações a respeito da pandemia no Brasil.
“Ao dividirmos o prêmio entre o Comprova e o Consórcio estamos destacando para o país que as empresas jornalísticas e seus profissionais vêm cumprindo com grande eficiência a missão de trazer a público o que interessa aos cidadãos”, destaca Marcelo Rech, presidente da ANJ. “Num momento de tanta desinformação, o jornalismo ganha relevância como antídoto contra a manipulação dos fatos com objetivos autoritários e obscurantistas”.
O prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa de 2021 será entregue a representantes do Projeto Comprova e do Consórcio de Veículos de Imprensa no dia 1º de dezembro.
O consórcio de veículos de imprensa comprometidos em trazer informações confiáveis sobre a pandemia de Covid-19 completou em outubro 500 dias de existência de trabalho ininterrupto, desde a sua criação, em 8 de junho de 2020. Fazem parte da iniciativa g1, O Globo, Extra, O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo e UOL.
Segundo reportagem do g1 sobre o marco, o consórcio nasceu após decisão do governo Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia de Covid-19. Os veículos decidiram então formar uma parceria e trabalhar de forma colaborativa para trazer informações sobre casos e mortes pela doença nos 26 estados e no Distrito Federal.
“Foram 500 dias muito duros para o País. E o consórcio serviu, e serve, a população com o que o jornalismo pode fazer de melhor, que é levar informação precisa, clara e relevante”, disse Renato Franzini, diretor do g1.
Alan Gripp, diretor de Redação de O Globo, declarou que o consórcio “traduz o papel decisivo que o jornalismo teve nesse momento tão difícil do país. Que seja uma inspiração para novas gerações de jornalistas”.
“Temos um enorme orgulho de participar deste esforço conjunto de levar à sociedade as informações sobre a pandemia. Diante da omissão do Governo Federal, a imprensa cumpriu a sua missão”, destacou João Caminoto, diretor de Jornalismo do Grupo Estado.
Para Sérgio Dávila, diretor de Redação da Folha de S.Paulo, “quando as instâncias oficiais falharam em dar informação vital para a população, coube ao jornalismo profissional unir-se de maneira inédita e apurar e divulgar essa informação”.
“O trabalho do consórcio de veículos de imprensa impede que o Brasil seja vítima de um novo apagão de dados, como em junho de 2020”, afirmou Alexandre Gimenez, gerente-geral de Notícias do UOL.
E Humberto Tziolas, diretor de Redação do Extra, explicou que, “no momento em que a estatística oficial não era confiável, coube ao jornalismo profissional unir-se para trazer os dados precisos. Foi um trabalho fundamental em momento tão crítico”.
José Eduardo Costa é o editor-chefe do canal Inteligência Financeira (IF), uma parceria entre o Itaú Unibanco e a Editora Globo. Ex-Exame, Você S/A e The Wall Street Journal, Costa vai trabalhar em conjunto com o conselho editorial, formado por executivos do banco e da editora. Lançado em 20/10, IF é distribuído pelos veículos do Grupo Globo, como O Globo, Valor e G1. Há também programetes de dois minutos, semanais, apresentados por Cauê Fabiano, em intervalos comerciais da GloboNews.
Além de Costa, o projeto tem uma equipe exclusiva, que conta com os editores Thiago Araújo, Denyse Godoy, Anne Dias e Marcela Sevilla. Marcelo Andreguetti é diretor de arte. Os repórteres são Júlia Moura, Lucas Andrade, Isabella Carvalho e Leonardo Guimarães. Completam o time especialistas em mídias digitais e produtores de audiovisual.
Segundo o jornal Valor, o banco é responsável pelo site, mas contratou a editora para criar e operar o IF de modo autônomo, com uma produção de conteúdo sem qualquer estratégia de marca, ou branding. Na pauta, está o acesso à informação sobre investimentos. São textos, vídeos e podcasts tanto para iniciantes como experientes. Com uso de inteligência artificial e aprendizado de máquina, ou machine learning, será possível entregar conteúdo personalizado, conforme o perfil da audiência. Multicanal, o conteúdo será exibido ainda na chamada mídia out-of-home, ou as telas usadas para informações em edifícios ou pontos comerciais, além de divulgado nas redes sociais.
A série Epidemia, produzida pelo podcast 37 Graus em parceria com a Folha de S.Paulo, foi a vencedora da categoria Cobertura Diária do Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde. A iniciativa, que conta com o apoio da Fundação Gabo, é destinada a veículos da América Latina e nesta edição registrou 611 trabalhos inscritos em suas três categorias.
Com produção e reportagem de Bia Guimarães e Sarah Azoubel, o especial trata dos impactos da epidemia de zika no Brasil e as consequências econômicas e sociais que crises sanitárias deixam para trás. São sete episódios com depoimentos de médicos e pesquisadores, e que trazem um paralelo entre a epidemia de zika e outras, como as de H1N1, chikungunya, ebola e Covid-19.
Na categoria Jornalismo Escrito, o prêmio foi para o especial Huir Migrar Parir, investigação conjunta do Distintas Latitudes, La vida de Nos, Mutante e GK, que contou com a participação de 35 jornalistas da Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, México e Argentina. O trabalho retratou a história de uma venezuelana de 19 anos que, depois de descobrir que estava grávida, realizou uma travessia de mais de 4 mil quilômetros, passando pelas fronteiras de Venezuela, Colômbia, Equador e Peru.
A iniciativa também concedeu duas menções honrosas para publicações brasileiras: na subcategoria Jornalismo de Soluções, para a série de reportagem Indústria da saúde no Ceará, do O Povo Online; e em Cobertura Jornalística da COVID-19, para Sequelas da Covid-19, do VivaBem/UOL.
Entidades defensoras da liberdade de imprensa repudiaram as agressões a pelo menos cinco equipes de reportagem que cobriam um passeio do presidente Jair Bolsonaro em Roma, nesse domingo (31/10), onde esteve para participar da reunião do G20.
Segundo relato de Jamil Chade, do UOL, as agressões começaram antes da aparição de Bolsonaro. A repórter da Folha de S.Paulo Ana Estela de Sousa Pinto foi empurrada de forma violenta por um segurança, enquanto o presidente ainda estava na embaixada brasileira. E antes mesmo de Bolsonaro chegar ao prédio, Maria de Lourdes Belarmino, assistente da Globo, foi intimidada e denunciada como infiltrada por apoiadores do presidente.
Depois de discurso para apoiadores, Bolsonaro indicou que sairia para caminhar, e então diversos jornalistas passaram a ser empurrados e agredidos pelos seguranças que o acompanhavam. O correspondente Leonardo Monteiro, da Globo, recebeu um soco no estômago e empurrões após perguntar o motivo pelo qual o presidente não participou de alguns eventos do G20.
Jamil Chade estava filmando a violência contra a imprensa, quando um dos seguranças o empurrou, agarrou seu braço e o torceu, levando seu celular. Instantes depois, o agente jogou o aparelho em um dos cantos da rua.
Segundo matéria de Ana Estela de Sousa Pinto, a Folha também tentava filmar as agressões aos jornalistas, e um segurança tentou tirar o celular dela; e os repórteres Lucas Ferraz, de O Globo, e Matheus Magenta, da BBC Brasil, também foram agredidos verbalmente e empurrados.
O próprio presidente foi hostil com a imprensa. Questionado sobre não ter ido ao encontro do G20 pela manhã, ele respondeu “É a Globo? Você não tem vergonha na cara?” e em resposta a uma pergunta sobre sua ausência na COP26, em Glascow, Bolsonaro disse “não te devo satisfação”.
Em seu perfil no Twitter, Jamil Chade escreveu que denunciou as agressões e que, “em 21 anos como correspondente, foram 70 países e vários presidentes. Mas violência em cúpula foi a 1ª vez. Silêncio revelador por parte do Itamaraty e Presidência. Não vencerão. Nunca”.
Repúdio de entidades
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) publicou uma carta aberta endereçada a Bolsonaro, assinada pelo presidente da entidade, Paulo Jerônimo, na qual repudia veementemente o ocorrido. Confira um trecho do texto:
“Mais uma vez o senhor envergonha o Brasil, presidente. Repudiado por governantes do mundo inteiro, em cada evento de chefes de Estado o senhor mostra que o País foi relegado a uma situação de um pária na comunidade internacional. Na reunião do G-20 neste fim de semana, mais uma vez, o senhor foi obrigado a ficar pelos cantos, como aqueles convidados indesejados a quem ninguém dá atenção. Como reação, age como um troglodita, hostilizando e estimulando agressões a jornalistas que lhe fazem perguntas corriqueiras. É de dar vergonha”.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) destacou que “atacar o mensageiro é uma prática recorrente do governo Bolsonaro que, assim como qualquer outra administração, está sujeito ao escrutínio público. É dever da imprensa informar à sociedade atos do poder público, incluindo viagens do presidente no exercício do mandato. E a sociedade, por meio do art. 5º da Constituição, inciso XIV, tem o direito do acesso à informação garantido”.
A Associação Nacional de Jornais (ANJ) escreveu que “é lamentável e inadmissível que o presidente e seus agentes de segurança se voltem contra o trabalho dos jornalistas, cuja missão é informar aos cidadãos. A agressão verbal e a truculência física não impedirão o jornalismo brasileiro de prosseguir no seu trabalho”.
A Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) disse que “a postura do presidente brasileiro caracteriza uma institucionalização da violência contra jornalistas, que significa um atentado à liberdade de imprensa e, portanto, à democracia. Ao agredir jornalistas e ao permitir que seus auxiliares também o façam, o presidente comete um crime e deve ser responsabilizado por isso”.
O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP) reiterou que “a defesa aos jornalistas não tem fronteiras. Continuaremos a lutar de maneira intransigente contra o autoritarismo e as seguidas tentativas de impedir o livre trabalho da imprensa”.
O apresentador Thiago Oliveira anunciou nesse domingo (31/10) que deixará o comando do Esporte Espetacular em São Paulo para trabalhar por uma temporada como repórter do Fantástico. Karine Alves, do SporTV, será a substituta dele no comando da edição paulista do programa esportivo.
Após discurso de despedida, Thiago “passou o bastão” para Karine, que fez uma entrada ao vivo para falar sobre a novidade. Ela anunciou que continuará no comando do Troca de Passes, do SporTV.
Karine Alves
Thiago Oliveira está no Grupo Globo desde 2014, ano em que assumiu o Tá na Área, no SporTV, que comandou até 2018, quando foi para o Hora 1, da TV Globo. Desde o começo do ano, apresentava a edição paulista do Esporte Espetacular.
Karine Alves assinou com a Globo em março de 2020, após passagem pela Fox Sports. Em agosto do ano passado, foi escalada para ser apresentadora do Troca de Passes, programa que comanda até hoje. No segundo semestre de 2020, entrou para a escala de plantonistas do Globo Esporte aos sábados. E em fevereiro deste ano, cobriu a colega Bárbara Coelho na apresentação da edição nacional do Esporte Espetacular. Desde então, já apresentou o programa outras vezes.
A 77ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, em espanhol), realizada em outubro, denunciou uma série de problemas envolvendo a atividade jornalística nas Américas, incluindo assédio judicial, estigmatização, reclusão, detenções arbitrárias, exílio, hostilidade e violência contra a imprensa, além de nove assassinatos no último semestre. A situação, segundo a entidade, é “sombria”.
A organização menciona também a crescente intervenção por parte de governos no trabalho jornalístico, restrições ao acesso à informação, falta de transparência, radicalização, repressão e problemas de sustentabilidade dos meios de comunicação.
“A sustentabilidade da mídia é aspecto atual e urgente, depois dos graves danos causados pela pandemia Covid-19, cujos confinamentos gerais levaram a picos de audiência sem precedentes, mas, ao mesmo tempo, a uma gravíssima paralisia econômica que afetou anunciantes e leitores semelhantes”, diz o informe da SIP, que destaca iniciativas ao redor do globo que visam a pressionar empresas de tecnologia pela remuneração de conteúdo jornalístico.
Especificamente sobre o Brasil, segundo a SIP, o presidente Jair Bolsonaro insiste em um discurso sistemático contra a imprensa: “Ataques e estigmatização de jornalistas tornaram-se diários, como também acontece na Guatemala e no Equador”.
Marcelo Rech, presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), declarou que “nenhum governo gosta de crítica ou imprensa independente. A diferença entre regimes democráticos e autocráticos está na forma como lidam com a imprensa livre. Os ataques sistemáticos de Jair Bolsonaro e as tentativas de enfraquecer economicamente a mídia indicam que, no Brasil, o governo busca adotar um modelo semelhante aos de Venezuela, Filipinas, Turquia e outros regimes que não convivem bem com a liberdade de imprensa”.
Assembleia que reuniu cerca de 200 profissionais de jornais e revistas de São Paulo nesta sexta-feira (29/10) decidiu pela paralisação das atividades em 10 de novembro. A maioria dos participantes recusou a proposta de reajuste salarial das empresas da Capital.
Thiago Tanji, presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP), declarou que “a assembleia pode ser considerada histórica. A proposta dos patrões está muito longe da reivindicação da categoria, ainda mais nesta situação cada dia mais difícil que vivemos”.
Em reunião na quinta-feira (28/10), as empresas de jornais e revistas mantiveram a proposta de reajuste de 5% para salários de até R$ 10 mil, sendo R$ 500 fixos para quem ganha acima disso. Também não houve avanço no reajuste da Participação nos Lucros ou Resultados (PLR).
A contraproposta da categoria foi de um reajuste de 5% retroativo desde junho de 2021 e outro de 3,72% a partir de novembro, além da manutenção da multa da PLR, reajustada em 8,9% para acompanhar a inflação.
Nas redes sociais, o SJSP escreveu que “nossa categoria, que se expôs aos riscos da pandemia e não parou em nenhum minuto durante a crise sanitária, não pode ser menosprezada sobretudo com a inflação batendo recordes, e com as empresas de comunicação gozando de isenções fiscais e distribuindo os lucros a acionistas. Vamos juntos construir a paralisação nos próximos dias, com reuniões realizadas por redação. O SJSP se orgulha da coragem dos jornalistas que representa, mantendo a história de luta de uma categoria cada vez mais importante para a defesa da democracia brasileira”.
O ato de paralisação deve ser de duas horas. Mas na sexta-feira (5/11), haverá nova assembleia para debater os próximos passos do movimento.