Itamaraty investigou relação entre diplomatas e Jamil Chade após reportagem de 2020
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) abriu uma sindicância para investigar a relação de diplomatas com o jornalista Jamil Chade, do UOL, após a publicação de uma reportagem em 2020 sobre o alinhamento do Brasil a países islâmicos e pelo País ter ignorado projeto da ONU sobre proteção às mulheres. A informação foi revelada pelo próprio Jamil na semana passada.
A sindicância do Itamaraty teria o objetivo de investigar suposto vazamento de informações e os contatos entre embaixadores e diplomatas com o colunista. Entre as questões enviadas por telegrama aos funcionários estão se conhecem pessoalmente Jamil Chade, se têm contato particular com ele e se sabem de outros diplomatas que tenham contato com o jornalista.
À época da investigação, o MRE era comandado por Ernesto Araújo, “um dos principais pilares da ala mais radical do bolsonarismo”, descreveu Chade em sua coluna. Segundo o jornalista, ele só terá acesso ao telegrama e ao questionário em 2035, pois foi imposto um sigilo de 15 anos sobre os documentos. Além disso, segundo fontes de dentro da Chancelaria ouvidas pela coluna de Chade, a sindicância ampliou o clima de medo e perseguição que já existia na instituição desde a chegada do governo Bolsonaro.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo esclarece que “esse tipo de apuração faz parte do trabalho regular de um correspondente, ao tentar antecipar ao leitor qual será a posição de seu país em uma votação. Não trazia dados sensíveis. (…) O direito ao sigilo da fonte é um preceito constitucional garantido aos jornalistas. Com a sindicância, o Itamaraty buscou mapear a relação de um correspondente, sediado em Genebra, com diplomatas de carreira, desconsiderando que o relacionamento de profissionais de imprensa com diplomatas em missões no Exterior ou em qualquer posto do país é essencial para o exercício da reportagem”.
Para Katia Brembatti, presidente da Abraji, “esse tipo de sindicância nos pareceu uma maneira de intimidar os diplomatas e constrangê-los, dificultando o trabalho do jornalista. O teor das perguntas indica que o que se queria saber é quem tinha contato com Jamil Chade, passando uma mensagem, inclusive como forma de desestimular contatos futuros”.
Após a revelação da sindicância, entidades de direitos humanos e defensoras do jornalismo e da liberdade de imprensa estão pedindo esclarecimentos do Itamaraty sobre a investigação.
A Abraji questionou o MRE sobre o ocorrido, que afirmou que instaurou a sindicância como procedimento previsto na legislação seguida pela Chancelaria. De acordo com o ministério, a sindicância foi arquivada por falta de provas.
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O adeus a Carlos Ernani Brickmann
Morreu no último sábado (17/12) Carlos Ernani Brickmann, aos 78 anos, em São Paulo. Ele estava internado desde outubro na UTI do Hospital Sírio-Libanês por causa de um quadro infeccioso. Deixa mulher e dois filhos.
Nascido em Franca, interior de São Paulo, Brickmann iniciou a carreira em 1963, aos 18 anos. Trabalhou nos jornais Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, Diário do Grande ABC, Folha de Pernambuco, Correio Popular, O Dia, Gazeta de Ribeirão Preto e no site Observatório da Imprensa. Atuou como repórter, editor-chefe, diretor, assessor, consultor e colunista.
Ao todo, dedicou 59 anos de sua vida ao jornalismo. Foi o primeiro jornalista a cobrir as manifestações por eleições diretas para presidente da República, pela Folha. No jornal, foi editor de Internacional e de Economia, além de repórter especial. Foi responsável por ampliar a seção de Mercado para duas páginas e lançou a coluna Dinheiro Vivo, de Luís Nassif.
Em 1992, passou a gerenciar a Brickmann & Associados Comunicação, empresa de consultoria, comunicação política, gerenciamento de crise, relações públicas e assessoria de imprensa.
Marli Gonçalves, amiga há 45 anos e sócia de Brickmann, publicou uma homenagem ao jornalista com quem trabalhava desde 1993. Além da Brickmann & Associados, os dois gerenciavam juntos, desde 2015, o site Chumbo Gordo.
Leia o artigo de Marli na íntegra:
Carlinhos
Para mim vai ser sempre assim. Carlinhos. Muitos o chamavam só assim; outros desavisados bem que não entendiam como é que aquele gigante gentil podia ter seu nome conhecido no diminutivo. Mas nós que com ele convivemos bem, sabemos. Era um crianção, sempre com a aguçada inteligência acima da média unida a um humor mordaz, precisão e memória implacável. Senta que lá vem história!
Carlos Brickmann nos deixou. Me deixou. Amigo há 45 anos, e com quem trabalho há 30 anos, vocês conseguem imaginar como estou me sentindo? De antemão, aviso: este texto será todo em primeira pessoa. Sou eu que estou falando dele, da dor de sua perda, de um tudo que significou para mim e para a história da imprensa nacional. Afinal, convenhamos: 30 anos dos quais 27 em convivência diária não é para qualquer um. Tocávamos de ouvido, como se fala em orquestras; à distância; perto, por um olhar, uma sacudida de cabeça, uma “dormida” em pé rápida que dava quando fechava por instantes os olhos matreiros, eu podia com toda a certeza acertar o que estava pensando. Era difícil um dia em que eu não aprendesse algo, daquelas coisas que só ele sabia, lembrava, ou mesmo tinha acompanhado ou estado lá nos seus 59 anos de profissão, vejam só que beleza!
Não era bom fisionomista, mas era capaz de lembrar em detalhes cada frase sussurrada ao seu ouvido tenha sido por Tancredo Neves, Ulisses Guimarães, Jânio, Montoro, Quércia, Paulo Maluf, Kassab, uns ou qualquer outro político com o qual tenha estado. Todos o respeitavam e admiravam muito suas observações – um ás da comunicação e marketing político de campanhas. Fato é que – daquelas formas idiotas dos burros pensarem, se é que pensam – pregaram nele um adjetivo, “malufista”. Ah, mas não era mesmo! Era apenas um vitorioso, para vocês verem que naquela época ele conseguiu melhorar até a imagem do Paulo Maluf, e isso não é pouco. Carlinhos era um profissional como muitos poucos, destes que a gente anda procurando sem encontrar, como agulha no palheiro. Dava de ombros ao ouvir isso, ser chamado, xingado, de malufista. Mas eu digo que por conta dessa pecha perdeu amigos (se bem que amigos não deviam ser) e clientes. Uns não o contratavam porque seria malufista; outros, os mais malufistas, digamos assim, não o contratavam porque seria amigo do “chefe”, não queriam desagradá-lo.
Bobagem. Entre as amizades, a gama do arco do pensamento democrático, políticos de quem espero lhe rendam devidas homenagens. José Dirceu, Genoíno, outros muitos do PT e partidos de esquerda; Haroldo Lima, que perdemos com covid, do PC do B, o adorava, impressionado sempre com a firmeza de suas críticas. Lula, não, que ele nunca foi muito chegado. Implicava mesmo – e aí tínhamos um divertido embate, porque nunca descobri exatamente por causa do quê – era com a Luiza Erundina, com quem eu tenho forte amizade e calorosa consideração (sou Marlizinha para ela, desde que fui a primeira jornalista a entrevistá-la quando eleita vereadora, seu primeiro cargo público, há 40 anos atrás).
Carlinhos enfrentou generais na ditadura, despistou policiais e protegeu perseguidos políticos, buscou justiça pelo primo Chael, assassinado torturado. Gostava demais de lembrar que da montanha de processos que enfrentou com as verdades de suas colunas nos principais jornais, nunca foi o PT a lhe processar. Já o PSDB… E vou dizer mais: político esperto não gostaria de estar no alvo dele, que o diga um certo secretário de segurança de grande queixo com quem duelou por meses. Carlinhos adorava o chamar de gordo, queixudo, e o que mais lembrasse, acreditem. Um dia os vi se esbarrarem pessoalmente em Brasília no saguão de um hotel. O queixudo ameaçador ficou quietinho, baixou o olhar, leãozinho amansado, rabo entre as pernas.
Nosso Carlinhos sempre disse que, como gordo e feio que era, podia falar isso quanto quisesse de outro gordo e feio. Eita humor refinado, ardido! Sabiam que Carlinhos trabalhou com o Faustão, logo ali no começo dele na tevê? Escrevia para o programa.
Gostava de contar uma piada, construir uma frase, definir alguém por algum detalhe que acabava virando até código entre nós – olha, que politicamente correto ele não era mesmo. Piadas de judeu, de gordo, de velho, com sexo ou não, uma coleção. Histórias divertidas de jornalistas e suas trapalhadas, inclusive as amorosas, uma atrás da outra. Sua passagem foi marcante em todas as grandes redações: Folha de S. Paulo, onde pela primeira vez chegou com 19 anos, Jornal do Brasil, Estadão, Jornal da Tarde (foi um dos fundadores), Revista Visão, Folha da Tarde(Toninho Malvadeza!), Folha de S. Paulo novamente (foram três vezes por lá). Em 92 fundou a Brickmann, hoje Brickmann & Associados, B&A Ideias, para a qual colaborei desde 1993 até ir para lá em 1996 e ficar até hoje. Juntos, também criamos em 2015 o site Chumbo Gordo, que farei de um tudo para honrar, continuar reunindo o melhor do pensamento, os amigos, aberto à democracia.
Quantos trabalhos maravilhosos fizemos juntos! Como gostávamos de uma encrenca boa, gerenciar grandes crises, acompanhar uma CPI, defender nossos clientes com provas diante da opinião pública. Trabalho esse hoje cada vez mais escasso porque depende de quem tenha reputação a zelar, alguma explicação a dar para se defender.
E nunca parou de escrever suas colunas fantásticas, duas vezes por semana, para o nosso Diário do Grande ABC e repicado em nosso site e em jornais de sites de todo o país. Foi durante muito tempo também um crítico da imprensa em coluna especial no Observatório da Imprensa, de Alberto Dines. Parecia prever a caminhada da imprensa e da profissão para o buraco em que está hoje, repleta de desinteligentes, jovens talentos de um talvez futuro, pouca afeição aos mais velhos. Mas a sua história está e ficará para sempre registrada em todas essas páginas, muitas das primeiras páginas, capas, em grandes reportagens, nas colunas que acompanharam o tempo e as mudanças em círculo de nossa nação. Textos perfeitos, duros, irônicos. Muito trabalho, sem esquecer as participações em tevês, debates, e o amor ao rádio (há anos participava religiosamente do programa Showtime, com João Alckmin, de São José dos Campos). Nunca deixou um amigo na mão, sem cobrar um centavo. Era só pedir. Entrevistas para teses, livros de amigos, sinopses de filmes sobre o Brasil.
Autodidata, culto, leitor voraz. Posso garantir ainda o quanto nos últimos tempos odiou profundamente tudo o que Bolsonaro e sua gente aprontou nesse governo que ele, pessoalmente, considerava de inclinação nazista, para vocês verem o que observava das tramoias que enfrentamos. O descaso com a Saúde, a Economia na mão do poste Ipiranga, o desmonte das áreas de Cultura e social, o descaso com a verdade, o violento incentivo ao armamento. Carlinhos era da paz.
Mas preciso voltar mais a falar do Carlinhos mench, em ídiche, gente, “alguém para admirar e imitar, alguém de caráter nobre. A chave para ser ‘um verdadeiro Mensch’ é nada menos que caráter, retidão, dignidade, um senso do que é certo, responsável, decoroso”, ensina o Wikipedia. Nossos escritórios sempre em casas de vilas prazerosas onde desde sempre criámos gatos e gatas, que inclusive chegaram na porta e ali passaram a morar. Morphy, Mel, Princesa… Na sua casa, o amado Vampeta, o negro de olhos amarelos, irmão da minha Vesgulha Love. Sempre tivemos bichos irmãos. Minha husky Morgana era irmã do Lobo. Carlinhos deixa órfãos, além dos filhos Rafael e Esther, os gatos, a branquinha Jade, que deu à esposa Berta, o Léo, o Chumbinho, a Laila. De um ano para cá a perda de Vampeta e da Mel o deixaram especialmente deprimido.
Não posso deixar de registrar que Carlinhos era corintiano roxo. Que Seleção, que nada! Futebol era Corinthians, sem mais conversas. Adorava mangar dos “porcos”, palmeirenses, e dos são-paulinos, salto alto, etc, etc… Times cariocas, ignorados, todos. Daí, claro, o corintiano gato Vampeta.
Telefone. Difícil encontrar alguém que gostasse mais do que ele de falar ao telefone, claro que se não fosse no horário do jogo do Timão – e a gente ao ouvir tocar e assim que ouvia sua voz já se preparava para no mínimo uma hora de variada e divertida conversa Vai ter um monte de amigos lembrando disso também. No telefone, enquanto falava, jogava paciência no computador, o único jogo a que se dedicou, se distraía assim, pensando no tema da coluna, quando dava uma parada. Computador que, aliás, que foi ele quem me apresentou à esta tecnologia e ensinou a usar pela primeira vez, aqueles ainda do sistema DOS, de letras verdes.
Tristeza é não escutar mais a sua voz cheia de planos mesmo lá no hospital, logo que deu a primeira melhorada. “Marlizoca…” Na recaída não ouvi mais esse chamado; não ouvirei. Como pode uma perda desse tamanho? Alguém com tantas dimensões na vida de tantas pessoas?
Ah, se for para escrever sobre ele! Muita coisa divertida também. Os mais próximos bem sabem as duas coisas que odiava, o-di-ava. Bacalhau. Palmito (achava que era crime de lesa humanidade). Em compensação, amava abacaxi. Mas que não viessem com nenhuma rodelinha branquela, desmilinguida, que ele fechava o tempo, senhores e senhoras. Até com o garçom, nas poucas vezes que o vi muito bravo. Tinha de ser amarelinho, lindo, daqueles que só se encontra lá pelos lados de Brodowski, perto da sua amada Franca, outra de suas grandes honras. Dividia São Paulo em Capital e “Grande Franca” no seu mapa particular. Ai de quem não reconhecesse isso, e os doces de lá – chegou a escrever colunas para o Jornal de Franca apenas em troca que lhe mandassem os doces e que quando não chegavam, reclamava o pagamento.
Vou parar agora, que está difícil demais conter as lágrimas. Quem agora vai me chamar de Marlizoca? Marli “Gançalves”? Definida por ele, sempre, como o cinto mais largo da imprensa brasileira por conta do meu hábito de usar atrevidas mini saias nos tempos do Jornal da Tarde, nos anos 80, onde infelizmente não cheguei a trabalhar com ele, nessa época já na Folha.
Galanteador, ah, jogava charme mesmo para cima das moças, mas isso vou manter entre nós as que assisti. Mulher feia? Não existia. “Não só não existe, como até já paguei por algumas”, brincava, maroto. Quantas confidências. Quantas coisas ele também sabia da minha vidinha, sempre apoiando minhas escapadas para encontros fortuitos em algumas tardes.
Chega. Tem uma coisa nessas lembranças e brincadeiras todas que agora vira terrível realidade. Qualquer coisa que ele tinha, tipo sei lá uma dor aqui ou ali, fazia um drama teatral e falava para eu já chamar a Chevra Kadisha, desde 1923 a instituição responsável pela administração e sepultamentos dos cemitérios israelitas do Estado de São Paulo e que oferece serviço funerário religioso para a comunidade judaica.
Sabem? – nesse momento em que escrevo, por incrível que pareça e nem sei como estou conseguindo, o coração de Carlinhos ainda bate, fraquinho, lá no hospital, nos seus últimos momentos de vida, anunciado no fim e desenganado pelos médicos aguardando o apagar de seu corpo na frieza de uma UTI. Será uma questão de horas. Amargas e incontáveis horas, depois de semanas de sofrimento e perdas no leito do hospital. E a Chevra Kadisha, então, será chamada.
Perdemos Carlinhos Brickmann. Eu perdi. O CB. Um irmão. Um amigo fiel. Com ele, se vai mais um pedação, quase uma vida, e de minha própria história.
17 de dezembro de 2022
p.s.: Acabo de saber que você se foi, às 17h30, enquanto eu escrevia totalmente ligada em você
Cásper Líbero fecha mestrado em Comunicação e demite professores
A Faculdade Cásper Líbero fechou seu programa de mestrado em Comunicação e demitiu professores. As decisões ocorrem em meio a outras mudanças, como redução do quadro docente, diminuição do tempo de aula e incorporação de modalidades a distância. As informações são de Rodrigo Ratier, colunista do UOL.
Segundo apurou Ratier, os alunos foram informados do fim do programa de mestrado em 12/12, em reunião com a direção da faculdade. Alessandra Cristina Guimarães, representante dos alunos do mestrado, explicou que a justificativa da Cásper Líbero foi de que “o curso ameaça a sustentabilidade financeira da instituição, mas a direção não mostrou nenhum número”.
O grupo de oito docentes do programa mostrou à direção que mais de 60% da carga horária era cumprida no bacharelado e não na pós, mas o apelo não surtiu efeito. O mestrado da Cásper tem 21 estudantes e mensalidades de R$ 3.038.
Os alunos queixam-se sobre a forma como a instituição está encaminhando o fechamento do programa. A Cásper não garantirá a formatura dos seus atuais alunos e a ideia é transferi-los para outras faculdades. “Estamos indignados e no escuro. As pesquisas são muito específicas, não é fácil encontrar uma faculdade que nos aceite”, explica Alessandra.
Dos cinco professores desligados até a última sexta-feira (16/12), três atuavam exclusivamente na graduação. Segundo a coluna, os desligamentos devem continuar ao longo desta semana. A Cásper Líbero tem atualmente 53 professores, mas já chegou a ter mais de cem. Mais informações aqui.
Em nota, a Cásper Líbero declarou que o fim do curso de mestrado ocorreu por causa de insuficiência de matrículas, “que vinha prejudicando a saúde financeira da Instituição. Tal atitude decorre única e exclusivamente do nosso compromisso com a sustentabilidade”. A faculdade também explicou que as demissões de docentes “fazem parte da dinâmica de toda e qualquer instituição de ensino, que regularmente recompõem seus quadros funcionais e otimizam seus recursos”.
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Gazeta do Povo suspende coluna de Célio Martins, jornalista mais antigo da empresa
A Gazeta do Povo, de Curitiba, suspendeu a coluna de Célio Martins, profissional mais antigo do jornal, com 34 anos de casa, que atuou em diferentes setores da redação. Ele inclusive foi editor da primeira página do impresso.
O comunicado da suspensão ocorreu nesta sexta-feira (16/12), por telefone. A justificativa da Gazeta do Povo foi de que haverá uma reformulação na política de conteúdo de opinião do jornal, e que alguns conteúdos serão suspensos “até que novas regras e processos sejam criados”.
Em nota publicada no Sindicato dos Jornalistas do Paraná (SindijorPR), Célio lembra que vinha sofrendo nos últimos anos fortes críticas de eleitores do derrotado presidente Jair Bolsonaro por causa de seus artigos. Alguns dos leitores ameaçavam inclusive suspender a assinatura do jornal.
Para o jornalista, o que despertava as críticas dos bolsonaristas era sua “defesa intransigente do combate à desinformação e às fake news, do jornalismo ético e da informação de interesse público como pilar da democracia”.
Na Gazeta do Povo, Célio foi editor de várias áreas, além de repórter em grandes coberturas internacionais, como a disputa de segundo turno das eleições na França entre Jean-Marie Le Pen e Lionel Jospin, duas eleições de Hugo Chávez na Venezuela, e a Copa do Mundo de 1998.
43 jornalistas e veículos são agredidos em uma semana no Peru
Segundo informações da Associação Nacional de Jornalistas do Peru (ANP), 43 jornalistas e veículos de comunicação foram agredidos entre 7 e 14 de dezembro em oito regiões do País.
As agressões ocorreram em meio aos protestos violentos após o afastamento do ex-presidente Pedro Castillo pelo Congresso. A Oficina de Direitos Humanos dos Jornalistas da ANP registrou 25 ocorrências de ataques a jornalistas, a maioria por parte de civis, mas houve dois casos de agressão de policiais à imprensa.
A ANP destaca algumas tendências nas agressões, como a presença de pessoas de fora de organizações sociais que lideram os ataques aos jornalistas e à sede física de diferentes meios de comunicação em Lima e regiões. A entidade registrou casos de pessoas agressoras que exigem que os jornalistas “não espalhem nada”.
Em nota, a ANP declarou que “reitera o direito de protestar de forma pacífica e resguardando o direito à informação. E vai continuar atenta à situação dos jornalistas e meios de comunicação em todo o território nacional”.
A ANP preparou um documento com a descrição de todos os casos de agressão aos jornalistas. Confira os detalhes (em espanhol).
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Folha de S.Paulo demite jornalistas e colunistas
A Folha de S.Paulo dispensou nos últimos dias jornalistas e colunistas de sua equipe. Profissionais como Janio de Freitas, Ricardo Balthazar, Sylvia Colombo, Marilene Felinto e Thea Severino, além do ator e apresentador Gregorio Duvivier, deixam o jornal.
Aos 90 anos, Janio de Freitas é referência na cobertura política da imprensa brasileira. Era colunista da Folha desde 1980. Escrevia na edição impressa de domingo do jornal. Escreveu em 1987 sobre uma das revelações de maior impacto na história da imprensa, de que construtoras haviam combinado previamente o resultado da licitação para a obra da ferrovia Norte-Sul. É detentor de diversos prêmios, como o Esso e a Medalha Chico Mendes de Resistência.
Ricardo Balthazar era repórter especial do jornal desde 2010; Sylvia Colombo era correspondente latino-americana da Folha; Marilene Felinto, colunista do jornal desde 2019, é autora dos livros Mulher Feita e Outros Contos e As Mulheres de Tijucopapo; e Thea Severino era editora de Arte.
Segundo o jornalista Lino Bocchini, são demissões de “só gente antiga, de salário maior. E olha que teve PDV (Plano de Demissão Voluntária) na empresa semana retrasada”, publicou no Twitter.
Colegas de imprensa lamentaram as demissões nas redes sociais.
TST julga como improcedente ação da Folha contra repórter que escreveu “Chupa Folha”
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) negou um recurso de indenização por danos morais da Folha de S.Paulo contra o ex-repórter do jornal Pedro Ivo Tomé, que escreveu o acróstico (frase formada pelas primeiras letras dos parágrafos) “Chupa Folha”, em texto publicado em junho de 2015.
Segundo o TST, não ficou comprovada lesão à imagem e à fama da Folha, e a repercussão do fato deu-se apenas em blogs e sites de pequeno alcance. Além disso, o pedido de desculpas do repórter já foi divulgado no próprio jornal.
Sobre a retratação, o TST declarou que a Folha não especificou os termos do texto a ser escrito por Pedro Ivo Tomé: “Como poderia ele fazer isso? Escrevendo outro acróstico dizendo, por exemplo, “NÃO CHUPA FOLHA”? O que está feito, está feito, não tem volta”.
O acróstico ainda pode ser lido neste link.
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Equipe da IstoÉ é agredida por bolsonaristas em SP
Uma equipe da IstoÉ foi agredida nessa quarta-feira (14/12) por bolsonaristas durante a produção de uma reportagem em um acampamento no Comando Militar do Sudeste, em São Paulo.
A repórter Gabriela Rölke e um fotógrafo foram até o acampamento para fazer a reportagem, identificaram-se e falaram com alguns manifestantes, que haviam aceitado dar entrevista. Mas outros bolsonaristas começaram a xingar os jornalistas e tentaram expulsá-los do acampamento.
Eles direcionaram palavras misóginas e de cunho moral para Gabriela, e arrancaram o bloco de anotações das mãos dela. Os agressores chegaram a despejar um líquido, provavelmente urina, nos jornalistas.
A equipe fez boletim de ocorrência, e a direção da IstoÉ declarou que vai processar os responsáveis pelas agressões.
Em nota, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) solidarizou-se com os jornalistas e repudiou o ocorrido: “Os jornalistas têm sido intimidados, ameaçados e impedidos de exercer o trabalho essencial a toda e qualquer nação democrática. É imperativo que as autoridades tomem providências sob pena de a impunidade produzir mais vítimas em casos ainda mais graves”.















