O desembargador Ricardo Vital, do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJ-PB), censurou o documentário Justiça Contaminada – O Teatro Lavajatista da Operação Calvário na Paraíba, produzido por Eduardo Reina e Camilo Toscano, sobre lavajatismo e a prática de lawfare. O desembargador também está processando civil e criminalmente os jornalistas por causa do documentário.
O documentário aborda ações da Operação Calvário, que investiga supostas fraudes e desvios na Saúde e na Educação da Paraíba, e que constitui-se em um caso emblemático de lawfare, em resumo, uso da lei como instrumento de intimidação e perseguição. A operação atingiu o ex-governador Ricardo Coutinho, a deputada estadual Estela Bezerra, a ex-prefeita de Conde Márcia Lucena e outras pessoas ligadas ao mesmo grupo político. Levada ao Tribunal de Justiça da Paraíba, em 2019, prendeu 17 pessoas e impôs várias medidas cautelares aos envolvidos.
O desembargador Ricardo Vital, relator do processo da Operação Calvário, acusa os jornalistas de promoverem uma “construção de ataques pessoais”, que teriam o intuito de atacar sua imagem e honra. Responsáveis pela investigação na Paraíba, o desembargador, e o promotor Octávio Paulo Neto, do Ministério Público (MP-PB), eram chamados pela imprensa local de “Moro e Dallagnol da Paraíba”.
A produção é baseada em fatos reais e é um trabalho de jornalismo investigativo, feito a partir de documentos obtidos por Reina e Toscano, entrevistas com os envolvidos e intenso trabalho de apuração, checagem e rechecagem de dados e informações.
Entre novembro de 2021 e janeiro de 2022, os jornalistas tentaram contato com Ricardo Vital para que ele se manifestasse sobre as informações obtidas para o documentário, mas ele não respondeu às tentativas de contato.
Entidades defensoras da liberdade de imprensa repudiaram as ações contra os jornalistas. A Rede Nacional de Proteção de Jornalistas, liderada pelo Instituto Vladimir Herzog e pela Artigo 19, classificaram o ocorrido como “uma absurda e inaceitável tentativa de cerceamento à atividade jornalística.
A Comissão de Mulheres da Fenaj homenageou profissionais da categoria que foram pioneiras no feminismo e no Jornalismo.
O Reuters Institute divulgou no último 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, a edição de 2023 do estudo Mulheres e liderança na mídia: evidências de 12 mercados, sobre a desigualdade de gênero no jornalismo. Foram analisadas cerca de 240 organizações jornalísticas de 12 países, incluindo o Brasil.
A pesquisa indicou que, em média, apenas 22% dos cargos de liderança dos veículos analisados são ocupados por mulheres em 2023. Este número cai para 13% no Brasil.
O estudo analisou veículos de África do Sul, Quênia, Hong Kong, Japão, Coréia do Sul, Finlândia, Alemanha, Espanha, Reino Unido, Estados Unidos, México e Brasil. No ranking geral, os Estados Unidos foram o país com o maior índice de mulheres na liderança de organizações jornalísticas, com 44%. O Brasil ocupou a penúltima posição, ao lado do Quênia, com 13%, seguido pelo México, último colocado, com apenas 5%.
Em contrapartida, o índice de mulheres em cargos de liderança cresceu no Brasil, em comparação ao ano passado, que registrou apenas 7%, mas o número continua baixo em 2023, destaca o relatório. Antes da pandemia, em 2020, 22% dos cargos mais altos em meios jornalísticos do Brasil eram ocupados por mulheres.
Segundo o estudo, uma das razões para esta grande desigualdade de gênero na liderança de meios jornalísticos se deve ao fato de que a diversidade é um tópico visto com pouca importância pelos veículos, que “direcionam seus escassos recursos para outras questões que consideram mais importantes ou mais urgentes”.
O relatório aborda também o número de usuários que consome notícias de veículos liderados por mulheres, que, no geral, são baixos. No Brasil, o índice chega a apenas 27%.
A reportagem teve acesso a documentos, obtidos via Lei de Acesso à Informação, sobre uma reunião do Conselho Nacional da Amazônia Legal em 30 de agosto de 2022. Nela, Mourão admitiu que garimpeiros seguiam “invadindo a área Yanomami” e que havia a “necessidade de ser deflagrada uma operação de grande envergadura” na região, o que não ocorreu durante o governo Bolsonaro.
Em reunião anterior, de novembro de 2021, Mourão afirmou que o caso dos Yanomami estava “sendo explorado de forma totalmente inverídica pela mídia”. A Pública entrou em contato com o senador e com sua assessoria antes da publicação da reportagem, nas não obteve retorno.
Após a publicação do texto, Mourão publicou nas redes sociais que as informações veiculadas na Pública são “inverídicas” e fruto de “parcialidade característica do jornalismo de baixa qualidade”.
Em nota, a Pública comentou o ataque: “Investigamos com independência todos os níveis da administração pública e também o setor privado, pautados pela defesa intransigente dos direitos humanos. (…) É lamentável que em vez de responder aos questionamentos que foram feitos pela nossa reportagem, o senador do partido Republicanos tenha decidido usar as redes sociais para atacar o trabalho sério do jornalismo profissional”.
A Jovem Pan promoveu nos últimos dias uma série de mudanças na sua equipe de jornalismo. Diversos profissionais foram demitidos, e a emissora já anunciou reforços.
As apresentadoras Claudia Barthel e Kallyna Sabino, âncoras do telejornal noturno Fast News, além da comentarista Camila Abdelmalack, deixaram a empresa. Claudia estava na Jovem Pan desde março de 2022, e passou anteriormente por RedeTV e Globo. Kallyna fazia parte da emissora desde 2019 e participou de programas como Jornal da Manhã e Pânico. E Camila foi comentarista de economia no programa Prós e Contras por cerca um de ano.
Entre os reforços anunciados estão Marcelo Favalli, Luiz Felipe d’Ávila e Evandro Cini. Este último deve apresentar um jornal em horário nobre, em substituição a Claudia Barthel e Kallyna Sabino. Já Favalli e D’Ávilla farão parte dos debates dos programas Três em Um e Os Pingos nos Is.
Novos programas devem entrar na grade de programação nos próximos dias. Direto ao Ponto volta a ser exibido, sob o comando de Adalberto Piotto, às segundas-feiras. E Tá na Roda, sobre entretenimento e variedades, vai ao ar nas tardes de domingo, com apresentação de Thiago Asmar.
Alexandre Barsoti, ex-Band, assume como novo diretor comercial, e André Ramos, ex-CNN Brasil, chega para assumir a Diretoria de Jornalismo.
Essas mudanças fazem parte de um processo de reformulação da Jovem Pan, que pretende estrear uma nova programação em breve. O objetivo é fazer com que a emissora deixe de ter a imagem ligada à extrema-direita e ao bolsonarismo.
O Dart Center, da Escola de Jornalismo da Columbia University, está lançando a terceira edição da fellowship virtual sobre questões relacionadas à primeira infância no Brasil. O programa apoiará 15 jornalistas brasileiros com bolsas de reportagem, mentoria, treinamento e orientação para a produção das matérias.
A fellowship, que será realizada de maio a novembro de 2023, abordará questões relacionadas ao desenvolvimento e crescimento de crianças de até 6 anos, além do bem-estar de seus cuidadores.
O programa será liderado por Fábio Takahashi, ex-editor da Folha de S.Paulo, onde dirigia a equipe de jornalismo de dados. Também fazem parte da equipe de mentoria Mariana Kotscho, Paula Perim e Daniela Tófoli.
Podem se inscrever jornalistas brasileiros interessados no tema, que trabalhem em mídia impressa, online, áudio, vídeo e multimídia. As reportagens devem ser publicadas até 15 de novembro. Os participantes precisam concordar em participar de pelo menos quatro webinars mensais (do total de seis) durante o período da bolsa e concordar em manter contato regular com seu story coach.
As inscrições vão até 20 de março. Os candidatos selecionados serão anunciados até 15 de abril, e o programa começará oficialmente com um webinar em meados de maio. Mais informações e inscrições aqui.
A CNN Brasil anunciou o retorno de Givanildo Menezes, que será diretor de Jornalismo da emissora. Ele substitui a Fabiano Falsi, e terá o desafio de fortalecer a cobertura de hard news e trazer mais opinião e debate para a tela.
Com passagens por portal iG e Record, Givanildo fez parte do time de criação da CNN Brasil. Foi responsável pela implantação dos escritórios de Brasília e Rio de Janeiro. Em São Paulo, atuou como diretor de Estratégia, cargo que ocupou até o início de 2022. Pouco tempo depois, deixou a CNN para ser chefe de Redação da Record TV, em São Paulo.
“Volto para a CNN Brasil para enfrentar um desafio tão grande quanto o que enfrentamos na estruturação e fundação da emissora no País. Estou ansioso e motivado para voltar a trabalhar com a equipe que ajudei a montar”, declarou Givanildo.
Para marcar o Dia Internacional dos Direitos da Mulher, RSF pediu a libertação imediata e incondicional de jornalistas presas em todo o mundo.
Para marcar o Dia Internacional dos Direitos da Mulher, a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) pediu a libertação imediata e incondicional de jornalistas presas em todo o mundo e alertou para o desaparecimento das jornalistas afegãs do cenário midiático.
De acordo com a entidade, dos 550 jornalistas e trabalhadores da mídia atualmente presos, mais de 13% são mulheres (73). Ainda segundo a RSF, cada vez mais numerosas em campo, cada vez mais visíveis nas redações, as profissionais da informação também são vítimas de uma repressão cada vez mais implacável em 14 países, com destaque para China, com 21 jornalistas presas; Irã, com 12; Birmânia, com 10; Bielorrússia, também com 10; e Vietnã e Turquia, ambos com 4.
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) realizará de 27 a 31/3 a 1ª Semana Nacional de Jornalismo ABI. As inscrições são feitas no site.
Em comemoração aos seus 115 anos de fundação, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) realizará de 27 a 31/3 a 1ª Semana Nacional de Jornalismo ABI. Em parceria com a Faculdade de Comunicação Social da UERJ, o projeto tem o objetivo de provocar uma ampla reflexão sobre o jornalismo, a partir de temas que vão desde o ensino nas universidades até as plataformas digitais.
Em busca de debater, com base em diferentes visões, o jornalismo contemporâneo no Brasil, o evento ocorrerá em dez mesas, com a participação de 76 profissionais, entre jornalistas e representantes da comunidade acadêmica, que participarão como palestrantes, mediadores ou homenageados.
Com inscrições gratuitas, a semana será realizada na sede da ABI, e os debates poderão ser acompanhados também pelo YouTube.
Circulou nesta quarta-feira (8/3) a edição especial com os principais destaques da segunda temporada do videocast #diversifica. Coordenada por Luana Ibelli, a publicação traz questionamentos sobre como o jornalismo e o mercado de comunicação estão se ajustando para se tornarem ambientes mais diversos e inclusivos.
O especial é resultado de uma série de entrevistas realizadas com profissionais do setor que estão enfrentando o desafio de criar ambientes de trabalho mais inclusivos e diversos. Participaram dos encontros, transmitidos pelo canal do Portal dos Jornalistas no YouTube, Elaíze Farias (Amazônia Real), Ellen Bileski (Ecomunica), Joana Suarez (Redação Virtual), Sanara Santos (Énois Conteúdo) e Sheila Farah (Grupo InPress).
O Dia Internacional da Mulher está sendo comemorado com eventos, campanhas, discursos sobre desigualdade de gênero, que resiste firme porque mudar mentalidades e quebrar estruturas de poder é mais difícil do que parece.
Uma fala de António Guterres, secretário-geral da ONU, quantificou a extensão do problema. Ele disse que a igualdade de gênero está a 300 anos de distância.
Pode ser mais, pode ser menos. Mas a frase repercutiu no mundo, alertando sobre as barreiras que bloqueiam ou atrasam avanços.
Há muitas áreas em que a igualdade de gênero parece um sonho distante. A mídia e a tecnologia estão entre elas. Mulheres seguem fora dos cargos de liderança de empresas jornalísticas em vários países, incluindo o Brasil, apesar de serem maioria nas redações. São sub-representadas na mídia, e sofrem mais ataques online.
Nas entrevistas e análises de correspondentes brasileiras para a edição especial sobre representação de mulheres na mídia que está sendo preparada pelo MediaTalks, vemos que os problemas se repetem em todos os países, apesar das diferenças sociais, econômicas e culturais.
Segundo a ONU, as mulheres são mais sujeitas à exclusão digital e têm menos oportunidades no mundo da tecnologia. O tema escolhido pela organização para celebrar a data este ano foi DigitALL: Inovação e tecnologia para a igualdade de gênero.
Os números justificam a escolha, com uma lista interminável de desigualdades destacadas na campanha. Nem a inteligência artificial escapou: apenas 22% de mulheres no mundo trabalham na área. Pode ser coincidência, mas 44% dos sistemas de IA analisados em uma pesquisa citada pela ONU demonstraram preconceito de gênero.
Em tecnologia, as mulheres ocupam menos cargos e enfrentam diferença salarial de 21%, diz a ONU. E quase metade delas já enfrentou assédio no ambiente profissional.
Entrando no mundo das pessoas comuns, Sima Bahous, subsecretária-geral da ONU e diretora executiva da ONU Mulheres, apresentou um quadro sombrio da exclusão digital, apontada como um novo e devastador tipo de pobreza. “As mulheres têm 18% menos probabilidade do que os homens de possuir um smartphone e muito menos probabilidade de acessar ou usar a internet. Em 2022, 259 milhões de homens a mais do que mulheres estavam online”, disse Bahous.
A chamada “pobreza digital” afeta desproporcionalmente meninas e mulheres de baixa escolaridade ou renda, que vivem em áreas rurais ou remotas, migrantes, com deficiência e mais velhas.
”A exclusão limita o acesso a informações que salvam vidas, a serviços financeiros e a serviços públicos. Isso influencia a capacidade de uma mulher concluir seus estudos, ter conta bancária, tomar decisões informadas sobre seu corpo, alimentar a família ou conseguir emprego”, disse a diretora da ONU Mulher.
A organização também abordou os riscos online para mulheres. Uma pesquisa mostrou que 80% das crianças em 25 países relataram sentir-se em perigo de abuso e exploração sexual ao usar a internet.
Outra, com mulheres jornalistas em 125 países, constatou que três quartos sofreram violência online durante seu trabalho e um terço praticou autocensura.
Há ainda a opressão digital, com grupo radicais e governos usando as mídias sociais para atingir mulheres que defendem direitos humanos. Um exemplo foi a repressão do Talibã às que se manifestaram pelo YouTube e tiveram as portas de suas casas marcadas pelo grupo extremista.
Sima Bahous (Crédito: Manuel Elías/UN Photo)
Na apresentação, Sima Bahous salientou a contribuição positiva das redes sociais, apontadas como “conectores” cruciais para o movimento de igualdade de gênero. E disse que “cabe a nós usar a oportunidade para construir um mundo melhor, sem deixar nenhuma mulher ou menina para trás na revolução digital”, uma responsabilidade de governos, plataformas, sociedade civil e setor privado.
É uma boa reflexão para lembrar que a busca por igualdade de gênero não se resume a aumentar a presença de mulheres como fontes na mídia e nas chefias das empresas.
A “pobreza digital” deve estar no radar de quem tem instrumentos − espaço na imprensa, verba para investir em projetos sociais, poder de decisão em empresas de tecnologia − capazes de ajudar a abreviar a projeção de 300 anos para acabar com a desigualdade.
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