Levantamento da Repórteres Sem Fronteiras (RSF) registrou 1.668 jornalistas mortos de 2003 até 2022, o que representa a média de 80 profissionais por ano que perderam a vida no exercício da profissão. Os dados são de relatórios anuais da própria RSF sobre mortes de jornalistas ao redor do globo.
Os anos com os maiores números de mortes foram 2012 e 2013, com respectivamente 144 e 142 jornalistas assassinados. Em 2022, foram registradas 58 mortes, o índice mais alto dos últimos quatro anos.
Nas últimas duas décadas, as mortes de jornalistas estiveram concentradas em 15 países, com cerca de 80% do total de casos. Iraque e Síria registraram juntos 578 jornalistas mortos, quase um terço do total de casos da última década. Na Europa, a Rússia é o país com mais jornalistas mortos, especialmente com a ascensão de Vladimir Putin ao poder e a guerra contra a Ucrânia.
A América Latina segue sendo a região mais perigosa para jornalistas, segundo a RSF. Quatro países da região − Brasil, México, Colômbia e Honduras − estão entre os 15 que registraram o maior número de casos de assassinatos nas últimas duas décadas.
“Por trás dos números, estão os rostos, a personalidade, o talento e o empenho de quem pagou com a vida a busca pela informação e a verdade, e a paixão pelo jornalismo”, declarou Christophe Deloire, secretário-geral da RSF. “A cada um de seus balanços anuais, a RSF documentou consistentemente a violência injustificável que atinge especificamente os profissionais da mídia. Este final de 2022 é uma oportunidade para homenageá-los e pedir pela garantia absoluta da segurança dos jornalistas onde quer que sejam chamados a trabalhar e a testemunhar a realidade do mundo”.
A Infiniti, empresa de comunicação com estúdios próprios do jornalista Alberto Luchetti, tem planos para colocar no ar, em TV a cabo, uma nova emissora. A informação é de Flavio Ricco, colunista do R7.
O projeto seria um novo canal de notícias, com foco maior no que acontece em São Paulo. A iniciativa está sendo pensada a partir de nomes com atuações importantes na TV, como Carlos Tramontina, Domingos Meirelles, Gloria Vanique, Michelle Barros, Elaine Bast e Sidney Resende. A Infiniti já está negociando com operadoras a cabo para viabilizar o empreendimento em 2023.
Luchetti já marcou seu nome na história da comunicação de rádio, TV e jornais. É dono da AllTV, a primeira TV digital brasileira.
Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul (Sindjors) e Sindicato dos Radialistas do Rio Grande do Sul emitiram nota reportando casos de assédio moral na rádio Guaíba. As entidades receberam diversas denúncias de profissionais relatando esse tipo de comportamento.
Outro problema apontado pelas organizações foi de que comentários de ouvintes insatisfeitos com a programação foram ocultados nas redes sociais da emissora.
A nota destaca um caso que ocorreu durante o programa Agora, em 27 de dezembro. O repórter Fábio Marçal, correspondente da emissora em Brasília, participou via chamada de vídeo do programa com os âncoras José Aldo Pinheiro, Julio Ribeiro e Rogério Amaral. Por causa de divergências políticas e de opinião, Marçal foi “constantemente interrompido, ridicularizado e atacado pessoalmente pelos âncoras e apresentadores”, destacam as entidades.
“Nos últimos anos, a rádio Guaíba vem maculando sua história de zelo pela democracia, pela divergência de opiniões e pelo espaço para o contraditório. O slogan ‘Informação com Credibilidade’ tem sido esquecido, especialmente, quando se trata de respeitar seus profissionais”, diz a nota.
As entidades solidarizaram-se com os profissionais e repudiaram atos de assédio e censura na emissora. Procurada pelo Coletiva.net, a rádio Guaíba não havia se pronunciado até a publicação deste texto.
Está no ar uma nova plataforma que fornece dados sobre agressões a jornalistas no Brasil. O site, coordenado por duas professoras da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, traz informações como datas, locais, tipos de ocorrência, o nome e o gênero das vítimas e dados sobre os agressores.
O site disponibiliza dados do Relatório de Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil, publicado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), desde 1982. Elizabeth Saad, professora do Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA, e Daniela Oswald Ramos, do Departamento de Comunicações e Artes, são as responsáveis pelo projeto.
“Esse tipo de informação estava muito descentralizado e o acesso não era prático. Por isso optamos por dinamizar essa base de dados, para auxiliar pesquisadores da área no Brasil e no mundo”, explica Saad.
Segundo os dados do projeto, a violência contra jornalistas aumentou significativamente durante o governo Bolsonaro. Em 2019, primeiro ano do mandato do agora ex-presidente, foram registradas 183 agressões. Em 2020, foram 302 casos; e em 2021, foram 150.
A plataforma, disponível também em inglês, é uma iniciativa do grupo de pesquisa Com+ e do Observatório de Comunicação, Liberdade de Expressão e Censura (Obcom), ambos ligados à ECA, em parceria com a Fenaj. Acesse a plataforma aqui.
Talvez a evocação pareça provinciana, ingênua até. Mas o fato é que, ao revisitar esta reportagem que fiz de Pelé, e lá se vão 50 anos, veio-me à mente a estátua do Colosso de Rodes, em homenagem ao deus-sol Hélios, na cidade do mesmo na Grécia Antiga, erguida pelo artista Carés de Lindo em 280 a.C. O monumento, em bronze e ferro, incluído entre as sete maravilhas do mundo na Antiguidade, media 33m e veio abaixo por um terremoto. Não é difícil associar a impressionante fotografia de José Bosco, cuja exuberância físico-estética esclarece ser algo que somente poderia ser concedido pelos escalões superiores do Olimpo. Essa reportagem, publicada na revista Manchete, mereceria o Prêmio Esso de Jornalismo, categoria esporte, na sua edição daquele ano.
Desse episódio eu preservo duas lembranças especificas, que desdobrarei a seguir, e a vaidade triunfante de haver estado à sombra de uma entidade mágica chamada Édson Arantes do Nascimento. Por favor: não estou falando de mil gols e nem de multidões que se ajoelharam diante dele, tampouco das glórias que recebeu, de todos os tipos, cores, valores e intensidade. Detenho-me em detalhes pequeninos. O mais significativo deles foi-me relatado por Jorge Arantes. Quem era? Um senhorzinho baixo e ligeiramente gordinho, irmão de Dona Celeste, mãe da entidade, portanto, tio do Rei.
Tio Jorge era funcionário das empresas Pelé, que tinham, e ainda devem ter, sede na Rua Riachuelo, centro da cidade de Santos. Era um dos funcionários da casa e quem o via, diligente na sua mesinha, jamais poderia imaginar que o patrão lhe deve ter feito xixi no colo. Ele me contou que quando o sobrinho construiu uma casa portentosa, como cabia à suas posses e status na região da Ponta da Praia − creio que pelos inícios dos anos 1970 − colocou sua caixa de engraxate, com a qual levava trocados para a mãe na cidade de Bauru, bem à vista na sala principal. Argumentava irrefutavelmente que não queria esquecer de onde tinha vindo.
Detenho-me em outro capítulo prosaico que jamais estaria à altura da realeza que Édson Arantes já era, no carnaval de 1966, para ilustrar seu modo de reinar. Naqueles dias Edson Arantes do Nascimento, aos 25 anos, casou-se com Rose Scholbi do Nascimento, após namoro e noivado à moda antiga. Para namorarem no cinema, por exemplo, Rose entrava sozinha, ocupava uma poltrona pré-selecionada e “guardava” outra, ao lado, para o namorado, que entrava com as luzes já apagadas. Efeito da fama? Da severidade dos pais da menina? Ou de ambas coisas? O rei contou-me apenas os fatos e não deu maiores esclarecimentos.
O que mais poderia ser lembrado da sua majestade? Assim como o Rei Ricardo III (1452-1485) ofereceu seu trono inglês por um cavalo ante a iminência de batalha decisiva para seu poder, Sua Majestade Pelé, numa crise de nostalgia, também ofereceria seu cetro e coroa por um punhado de guabiroba, uma frutinha redonda com jeito de araçá, pródiga nos bosques do interior paulista, que meninos adoram, embora o sabor possa ser questionado. Quem passou a infância por lá sabe perfeitamente do que se trata; basta ter um pouquinho de açúcar e, garantidamente, não ser venenosa para qualquer frutinha virar manjar dos deuses.
A ideia da reportagem nasceu na redação da sucursal de Manchete em São Paulo, na Rua 24 de Maio, centro, numa conversa descontraída entre mim e Henrique Veltman, meu chefe, que alinharia com prazer entre meus três irmãos de sangue. Partimos de duas perguntas básicas: quem é esse rei e porque ele é assim? A resposta estava a 60 km de mim, na cidade de Santos, onde tinha seu oráculo na Vila Belmiro: Júlio Mazzei (1930-2009). Aprendi, nos meus 50 anos de jornalismo, que se um repórter se apaixona por um tema, a fonte é contagiada. Mazzei fez todas as medições necessárias e certamente também contagiou o Rei, porque ele se submeteu docilmente a uns dez dias de marcações e verificações. Tais registros foram feitos no primeiro semestre de 1972 e, cotejados agora com os resultados das Olimpíadas de Munique, realizadas no segundo semestre daquele ano, tomando-se a corrida de 100m rasos como referência − a prova mais nobre dos jogos desde os tempos da Grécia Antiga −, o cenário é amplamente favorável ao nosso Rei. Naqueles jogos, aliás tristemente famosos face o ataque sangrento à delegação israelense, a medalha de ouro foi conquistada pelo russo Valeri Barzov com 10s14; a de prata, pelo americano Robert Taylor, com 10s24 e a de bronze. pelo jamaicano Lennox Miller, com 10s33. Edson Arantes do Nascimento completou seu tempo em 11s, com diferenças essenciais: os olímpicos utilizaram tênis especiais em piso especial, com treinamento idem; o Rei correu com tênis comum, no gramado da Vila Belmiro, sem qualquer treinamento especial, levando-se ainda em conta que o Rei tinha 32 anos contra os verdes 20 anos dos medalhistas.
Reservo as linhas finais para tentar produzir um pequeno furo de reportagem relativo às dúvidas sobre a origem do apelido Pelé, que me foi transmitido pelo mencionado Tio Jorge.
Ele me descreveu que o pai, “Seu” Dondinho, levava o filho Dico para assistir aos jogos de futebol em Bauru. Nesse pequeno universo havia um goleiro de apelido Bilé, ou coisa parecida, que era familiar naqueles confrontos. O menino Dico, naquela idade em que criança tenta dominar sons que ouve e construir palavras, criou uma onomatopeia particular que daria forma ao seu apelido galáctico. Bilé, ou coisa parecida, me veio à mente ao assistir ao gol de número mil de Pelé. Ao ver que a bola havia entrado, Andrada, goleiro do Vasco, socou ferozmente o chão. Ele sabia que, infelizmente, seria lembrado exclusivamente pelo milésimo gol, quaisquer que fossem as outras apresentações magnificas que havia praticado. O pobre Bilé, lá na eternidade, deve estar enfrentando síndrome adversa: porque aquele menininho não pronunciou corretamente meu nome? Ou apelido?
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José Maria dos Santos (Foto: Zanoni Fraissat-Folhapress)
(*) José Maria dos Santos (dsjose@uol.com.br) é ex-Diários Associados, Manchete, Abril e Diário do Comércio, de São Paulo, entre outros.
(*) Eduardo Ribeiro, diretor da Jornalistas Editora
(*) Por Eduardo Ribeiro
Os números são expressivos e até impressionantes, para uma atividade de nicho. Só a newsletter Jornalistas&Cia, com circulação semanal, produziu, em 2022, 62 edições (11 delas, extras) totalizando 1.473 páginas.
Este Portal dos Jornalistas, por seu lado, publicou cerca de 1.100 matérias, quase 200 delas sobre os ataques contra a imprensa e os jornalistas, naquilo que poderíamos chamar de Festival de Insanidades patrocinadas por Jair Bolsonaro.
Nosso filho internacional, o MediaTalks, a caminho de seu terceiro ano de vida, fechará 2022 com aproximadamente 1,6 milhão de visitantes, atraídos por mais de 1.000 matérias e dois especiais que mergulharam nos temas Diversidade, Equidade & Inclusão (DEI) e COP27, com a participação de renomados correspondentes brasileiros no exterior.
Nossos prêmios +Admirados da Imprensa homenagearam em cerimônias presenciais os colegas de Economia, Negócios e Finanças; da Imprensa Automotiva; e do Agronegócio. E, em evento digital, com transmissão pelo canal do Portal dos Jornalistas no YouTube, os de Tecnologia; e os de Saúde, Ciência e Bem-Estar (este com a marca e o oferecimento do Hospital Albert Einstein).
Nosso Ranking dos +Premiados da Imprensa e do Jornalismo, que chega à 12ª edição, mudou e a partir de agora será apresentado em janeiro de forma conjunta e numa única edição especial de Jornalistas&Cia, com reprodução no Portal dos Jornalistas (lembrando que até o ano passado ele era dividido e publicado em cinco edições).
O ano de 2022 nos permitiu, ainda, oferecer ao jornalismo e aos jornalistas brasileiros duas novas iniciativas, em continuidade à luta antirracista que iniciamos em 2021, ao realizar o 1º Censo Racial da Imprensa Brasileira: o projeto #diversifica, hub de conteúdo para Diversidade, Equidade & Inclusão (DEI), produzido em multiplataforma; e a coluna semanal da Jornalistas Pretos – Rede de Jornalistas pela Diversidade na Comunicação, com conteúdo produzido por eles próprios.
Também iniciamos uma nova experiência no envio de Jornalistas&Cia, passando a oferecer aos leitores duas opções de visualizações da newsletter: o tradicional pdf e agora também o flip-book, que permite virar as páginas com cliques e também ir diretamente a qualquer das páginas desejadas.
Com atuação remota, nosso time em 2022 contou com colaboradores nos estados do Amazonas (Chris Reis), Bahia (Anna França), Ceará (Lauriberto Braga), Minas (Admilson Resende), Pará (Dedé Mesquita) e Roraima (Plínio Vicente da Silva), além de uma parceria já longeva com o Coletiva.net, do Rio Grande do Sul. Editores no Rio de Janeiro (Cristina Carvalho), Distrito Federal (Kátia Morais) e Reino Unido (Aldo De Luca e Luciana Gurgel). A Redação, em São Paulo e também com atuação remota, contou a energia e o talento dos colegas Assis Ângelo, Daniel Pereira, Luana Ibelli, Paulo Sant’Anna e Victor Felix – Capital; Wilson Baroncelli – São Roque; Fernando Soares – Santo André; Silvio Ribeiro – Indaiatuba; Vinicius Ribeiro – Jaú).
Dedicada ao nicho que abrange o jornalismo, os jornalistas e a imprensa, mais as respectivas conexões com a principal interface da atividade – a Comunicação Corporativa –, a família Jornalistas&Cia só tem conseguido mergulhar nesse universo profissional e realizar essas atividades – que hoje se mostram estratégicas para o mercado – graças ao apoio de empresas e agências de comunicação, que, em 2022, foram quase 140, algumas de forma permanente e outras, de modo pontual.
A nave-mãe
Vindo de uma jornada de alguns anos vivendo e atuando no Rio de Janeiro, o editor executivo Wilson Baroncelli desembarcou no Jornalistas&Cia em 2005, inicialmente no apoio ao fechamento da newsletter. Pouco a pouco foi assumindo a responsabilidade da edição e lá se vão 17 anos em que as madrugadas de terças e quartas fazem parte de sua jornada muito por causa da crescente quantidade de conteúdos que fomos gerando de forma crescente ano a ano. Quando ele chegou, eram quatro ou cinco páginas semanais e hoje oscilam entre 20 e 30, chegando, nas edições especiais, a 50 ou mesmo a 60 páginas.
No levantamento feito sobre 2022, Jornalistas&Cia contou com 62 edições, entre as quais 11 extras (como as dos +Admirados da Imprensa e a do aniversário da cidade de São Paulo) e oito especiais (quatro com o Ranking dos +Premiados da Imprensa, e outras quatro abrangendo os temas Dia do Jornalista, Dia da Imprensa, Edição de Aniversário e Dia da Consciência Negra), tudo isso perfazendo um total de 1.473 páginas
Entre os destaques, Baroncelli cita a coluna de Assis Ângelo, colaborador de J&Cia desde 2011, que escreve sobre cultura popular, além de enveredar por temas históricos, como os textos que produziu para a edição extra sobre o aniversário da cidade São Paulo e para a edição especial sobre o Dia da Consciência Negra. Cita ainda a coluna MediaTalks, assinada por Luciana Gurgel, que semanalmente traz para os jornalistas brasileiros algum assunto internacional inédito e relevante para os profissionais, que a mídia nacional não cobre (e que virou o site MediaTalks, parceiro do UOL). E também Comunicação Corporativa, que mostra o intenso vaivém pelo mercado das agências de comunicação e áreas de comunicação das médias e grandes empresas.
ABCPública mostra a força da organização
A comunicação pública ganhou desafios acima do imaginável num governo que optou por investir em atividades como gabinete do ódio, milícias digitais e coisas parecidas, sem qualquer valorização da comunicação profissional, que ficou quase num limbo nesses últimos quatro anos. Em parte, esses desafios foram assumidos pela ABCPública, uma jovem entidade que reúne colegas de todo o País dispostos a consolidar na esfera pública uma comunicação ética, transparente e em defesa da sociedade. E J&Cia, como lembra Baroncelli, manteve ao longo de 2022 a parceria para publicação de uma página quinzenal com os conteúdos e agendas da entidade.
Tuitão – Desafio de escrever em exatos 700 caracteres
“Temos ainda”, diz ele, “os tuitões de Daniel Pereira e Plínio Vicente da Silva, que se alternam quinzenalmente escrevendo sobre temas gerais em exatos 700 caracteres”. Baron, como carinhosamente o chamamos, lembra que tem muito mais e acrescenta: “Criamos no início do ano uma coluna semanal para marcar o centenário da primeira transmissão radiofônica no Brasil, em 7 de setembro, a cargo do jornalista, radialista e professor Álvaro Bufarah; e, em julho, a Rede JP em Ação, fruto de parceria com a Jornalistas Pretos – Rede de Jornalistas pela Diversidade na Comunicação, também semanal, com o objetivo de valorizar tanto o trabalho da associação quanto dos jornalistas negros e negras, em suas trajetórias profissionais e em outras esferas de atuação”.
E mais: “Também em julho reestreou a coluna Inteligência Artificial, com periodicidade mensal, tendo como autor Marcelo Molnar, sócio-diretor da Boxnet, que analisa o tema sob o ponto de vista da comunicação. Igualmente em julho passamos a publicar a página J&Cia Agro, espaço similar ao da versão para a imprensa automotiva, batizado de J&Cia Auto, sob responsabilidade do editor Fernando Soares, que traz as principais novidades relacionadas às redações e áreas de comunicação especializadas em agronegócio”.
Memórias da Redação conta um pouco da nossa rica história
E ele não esquece de mencionar um outro conteúdo, que há mais de década J&Cia se propôs a resgatar, as Memórias de Redação, que narra, pelos próprios autores, histórias e curiosidades profissionais vivenciadas ao longo do tempo. “Tivemos perto de 50 colaboradores que se revezaram semanalmente ao longo do ano nas edições regulares”, enfatiza, lembrando que o desafio é o estoque de histórias, sempre muito baixo, exigindo apelo para que os colegas escrevam.
Perdas que nos deixaram órfãos e um imenso vazio
Como nem tudo são flores, ele lembra que este foi um período de perdas inestimáveis para o jornalismo: “Entre as despedidas de maior repercussão durante o ano podemos citar José Maria Rabelo, Edgard Alves, José Ramos Tinhorão, Dida Sampaio, Otávio Bueno da Fonseca, Elifas Andreato, Tão Gomes Pinto, Ouhydes Fonseca, Raul Varassin, Severino Goes, A.C. Scartezini, Silvio Lancellotti, Ricardo Gontijo, Magda Almeida, Izalco Sardenberg, Ethevaldo Siqueira, Carlos Brickmann. Ricardo Azoury, Arnaldo César, Anna Maria Ramalho, Jô Soares, Roberto Carmona, Lalá Aranha, Nelson Lemos, Sérgio Amaral, A.P. Quartim de Moraes, Charles Marzanasco, Divino Fonseca, Arnaldo Jabor, Erno Schneider, Orlando Brito, Alberico de Sousa Cruz, Humberto Kinjô, Rosvita Saueressig Laux e Danuza Leão.
Um Portal para chamar de nosso
O ano de 2022 foi um dos mais desafiadores para a imprensa brasileira desde a redemocratização do Brasil. O contexto das eleições presidenciais transformou jornalistas e veículos em um alvo fácil, e muitas vezes preferido, para uma parcela da população e de seus políticos. Segundo dados da Abraji, nos primeiros sete meses do ano foram registradas 66 agressões graves, que envolvem episódios de violência física, destruição de equipamentos, ameaças e assassinatos contra jornalistas no Brasil, um aumento de quase 70% em relação a 2021.
Segundo o editor Fernando Soares, o Portal dos Jornalistas acompanhou de perto toda essa movimentação, fazendo coro às denúncias e ajudando entidades do setor a cobrar autoridades em defesa do Jornalismo. E ele traz para a conversa o repórter e editor assistente Victor Félix, que mostra os números: “Das cerca de 1.100 matérias publicadas pelo Portal dos Jornalistas em 2022, quase 200 relatavam algum tipo de ação contra a imprensa. Foram reportados muitos episódios envolvendo agressões, violências físicas, ameaças, censuras e outros tipos de ataques contra jornalistas e veículos de comunicação” – acentua.
Nasce o #diversifica
Mas não apenas de más notícias viveu o Portal dos Jornalistas em 2022, diz Soares. A publicação, ele ressalta, foi selecionada no início do ano pelo Programa Acelerando a Transformação Digital, promovido pela Associação de Jornalismo Digital (Ajor), em parceria com o International Center for Journalistas (ICFJ) e patrocínio da Meta Journalism Project.
“O aporte recebido”, ressalta, “possibilitou o lançamento do #diversifica, hub de conteúdo para Diversidade, Equidade & Inclusão (DEI) da Jornalistas Editora. Além de ampliar a cobertura direcionada a jornalistas e publicações com perfis mais diversos, o projeto foi responsável pelo lançamento de um videocast, que retratou em seis episódios a realidade atual e os desafios de ampliar a diversidade nas redações pelo ponto de vista de seis jornalistas, cada um identificado com uma causa: Caê Vasconcelos (LGBTQIAP+), Jairo Marques (Pessoas com Deficiência), Luciana Barreto (Negritude), Nayara Felizardo (Territórios), Luciene Kaxinawá (Indígena) e Erick Mota (Neurodivergência). A coordenação do projeto coube à editora Luana Ibelli”.
Além dos episódios, disponíveis no canal do Portal dos Jornalistas no YouTube, as entrevistas resultaram em uma edição especial em formato de revista digital.
“Este foi um dos principais objetivos cumpridos quando o projeto do #diversifica foi submetido”, destaca a coordenadora do hubLuana Ibelli. “Entendemos que, ao ampliar o espaço para profissionais e publicações com perfis diversos, além de destacar o trabalho de excelência produzido por eles, seria uma forma de naturalizar ainda mais a discussão sobre o tema. Acreditamos que com esse especial foi possível mostrar aos gestores os benefícios de ter mais diversidade em suas equipes de jornalismo, e como é possível criar ambientes mais acolhedores para pessoas com diferentes históricos e vivências”.
E não para por aí, segundo Fernando: “A segunda temporada do videocast #diversifica já está quase pronta e será lançada a partir de janeiro. Além de mais seis episódios, desta vez mostrando ações práticas de diversidade adotadas em redações, uma nova edição especial será publicada no final de fevereiro”.
J&Cia Auto muda e enseja a chegada do J&Cia Agro
Depois de 13 anos circulando às sextas-feiras, a newsletter Jornalistas&Cia Imprensa Automotiva mudou de formato e passou a ser publicada semanalmente dentro das páginas do Jornalistas&Cia, às quartas-feiras.
“A mudança teve como objetivo otimizar a produção de conteúdo, ampliar sua visibilidade para todo público do J&Cia e servir como um case comercial para a produção de conteúdos similares para outras editorias do jornalismo”, diz o editor Fernando Soares, acrescentando: “Mesmo com a mudança, os primeiros números já mostram que o modelo está funcionando, pois, pelas análises semanais de audiência, podemos perceber que, mesmo ocupando um espaço geralmente localizado no meio da edição do J&Cia, a coluna do J&Cia Auto é constantemente uma das páginas mais acessadas”.
Valendo-se a experiência do Auto, J&Cia também iniciou uma coluna segmentada com foco na imprensa do agronegócio, área que também está presente na Jornalistas Editora com o Prêmio +Admirados da Imprensa do Agronegócio, realizado em 2022 em sua segunda edição. A experiência, se bem-sucedida, poderá ensejar, dentro da Jornalistas Editora, o surgimento de novas colunas e prêmios segmentados para outras áreas do jornalismo.
Ranking dos +Premiados, concentrado e mais relevante
Criado em 2011, sob inspiração do Ranking da Folha de S.Paulo dos times de futebol, o Ranking dos +Premiados da Imprensa Brasileira está mudando de formato e figurino. Quem explica é o coordenador do projeto Fernando Soares, responsável por analisar, ano a ano, os resultados de quase 200 prêmios de jornalismo, entre nacionais e internacionais e aqueles que estão em curso, mais os que foram descontinuados, entre eles o paradigmático Esso, infelizmente hoje apenas uma doce e importante lembrança para os que o ganharam.
“Até o ano passado, os resultados eram divulgados semanalmente, ao longo de cinco edições de Jornalistas&Cia e no Portal dos Jornalistas, divididos em levantamentos anuais, históricos e por região, além de alguns específicos, como por plataforma, para os veículos. A mudança tem como objetivo criar um espaço único, exclusivo e ampliado para análise dos resultados do levantamento. Com isso teremos uma edição ampliada e dedicada exclusivamente ao ranking. Será um documento histórico, que poderá servir de consulta e análise indefinidamente, de maneira simples e rápida. Para os premiados, certamente será uma edição com um valor especial, para ser guardada para sempre” – explica.
O lançamento está marcado para 23 de janeiro.
MediaTalks, desde Londres, conteúdo único sobre a mídia mundial
Após o sucesso da coluna MediaTalks publicada semanalmente na newsletter Jornalistas&Cia, e diante do interesse que os assuntos internacionais de mídia e comunicação, por ela abordados, despertava no nosso meio jornalístico, em especial junto aos tomadores de decisão e influenciadores, decidimos, com os editores Aldo De Luca e Luciana Gurgel, avançar e lançar o projeto MediaTalks by J&Cia, ancorado por um site que se desdobra em outras iniciativas editoriais, caso da newsletter diária que compartilha uma síntese das notícias do dia publicadas no site e dos especiais temáticos que oferecem uma visão internacional de assuntos de interesse jornalístico e das organizações empresariais.
Parceiro UOL praticamente desde o início, MediaTalks conta também com o endosso das principais entidades do jornalismo, a saber ABI, Abraji, Aner, ANJ e Projor, e ainda com parcerias de conteúdo internacionais com Covering Climate Now e Knight Center of Journalism in The Americas. Além disso, tem como principal sponsor a GM – General Motors.
Quem faz um balanço mais detalhado das realizações do MediaTalks em 2022 é a editora Luciana Gurgel:
“Nascido em plena pandemia da Covid-19, o MediaTalks fez dois anos em setembro de 2022 em uma posição que não poderíamos imaginar quando lançamos o site: integrante do grupo de parceiros de conteúdo UOL, com tráfego superior a 120 mil visitantes por mês nos últimos quatro meses.
Vamos fechar o ano com 1,6 milhão de visitantes, advindos da nossa newsletter diária, das matérias publicadas diariamente nas editorias Internacional, Mídia e Marketing, Guerra Ucrânia e Tecnologia do UOL e da busca direta, que aumenta a cada mês.
Produzimos duas edições especiais, uma sobre a COP27 e outra sobre Diversidade na Mídia, com a colaboração de jornalistas brasileiros espalhados pelo mundo. Em média, publicamos três novos conteúdos originais diariamente.
Uma das coisas que mais nos entusiasmam é ver que os leitores que chegam ao MediaTalks por meio do UOL ou pelo Google se interessam por assuntos como desinformação, violações da liberdade de imprensa em países distantes como Hong Kong e Mianmar, movimentos das redes sociais e análises sobre o futuro do jornalismo.
Pareciam temas restritos aos que militam no setor (jornalistas, comunicadores, acadêmicos). Mas a realidade está demonstrando que são assuntos universais.
E ficamos felizes em ser um instrumento para compartilhar notícias e ideias sobre algo tão vital para a sociedade: informação confiável.”
+Admirados da Imprensa, um ano repleto de homenagens
Foram cinco as premiações realizadas por Jornalistas&Cia e Portal dos Jornalistas ao longo de 2022 aos jornalistas e veículos mais admirados da imprensa brasileira. Isso resultou em homenagens a 170 jornalistas e cerca de 130 veículos/programas/podcasts nas áreas de Economia, Negócios e Finanças (sexta edição), Imprensa Automotiva (quarta edição), Agronegócio (segunda edição), Saúde, Ciência e Bem-Estar (segunda edição, sob a denominação de Prêmio Einstein) e Tecnologia (que estreou este ano).
Três deles puderam ser realizados em eventos presenciais, com o aconchego de abraços e reencontros, mas outros dois foram virtuais, incluindo o Einstein de Saúde, Ciência e Bem-Estar, que, todo organizado para ser um belo evento presencial, no próprio hospital, mudou na última hora para virtual, em função do recrudescimento da pandemia no último trimestre do ano.
Quem conta em maiores detalhes a epopeia das premiações aos +Admirados da Imprensa é Vinícius Ribeiro, diretor de Novos Negócios da Jornalistas Editora e coordenador do projeto.
“O primeiro Prêmio +Admirado do ano foi o da Imprensa Automotiva, que teve como campeão João Anacleto. E foi também a primeira vez que a premiação, em sua quarta edição, foi presencial. Cerca de 100 pessoas estiveram no jantar do Coco Bambu, no bairro paulistano da Casa Verde, e outras 400 acompanharam o evento ao vivo pelo YouTube. Um dos momentos de maior emoção foi a homenagem a Charles Marzanasco, jornalista com uma linda história na cobertura do setor e que mesmo adoentado fez questão de comparecer à premiação, sendo aplaudido de pé por todos os presentes. Foi a última homenagem em vida, já que ele faleceu alguns meses depois, em setembro deste ano.
No início de julho foi a vez dos +Admirados do Agronegócio, realizado em sua segunda edição e pela primeira vez em cerimônia presencial, com 80 convidados que foram recepcionados num aprazível almoço no Figueira Rubayat, em São Paulo, e que puderam aplaudir ao vivo a campeã Beatriz Gunther, demonstrando a força das mulheres também neste segmento do jornalismo. O evento foi ainda acompanhado pelo canal do Portal dos Jornalistas no YouTube por 500 profissionais.
A terceira premiação do ano, já no segundo semestre, foi a segunda edição do Einstein +Admirado da Imprensa de Saúde, Ciência e Bem-Estar. Ela já chegou com uma novidade aplaudida pelo mercado: a inclusão do jornalismo científico na premiação, que em 2021 ficou restrita a Saúde e Bem-Estar. Isso deu um novo colorido ao prêmio e ao próprio jornalismo científico, que tem sido fundamental neste ciclo impactado pela Covid-19 e, mais do que ela até, pelas fake news. A campeã nacional foi Claudia Collucci, que, adicionalmente, ficou nos TOP 3 da Região Sudeste e entre os colunistas TOP 3. A cerimônia, que seria realizada de forma presencial em 30/11 no próprio Hospital Israelita Albert Einstein, foi reformulada para o formato virtual por causa do recrudescimento da pandemia.
A quarta premiação da série +Admirados foi a da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças, a mais tradicional, que chegou este ano à sétima edição. Com uma boa renovação entre os TOP 50, teve sua cerimônia realizada em 29/11, no Renaissance Hotel, em São Paulo, e contou com a presença de mais de 100 pessoas, que viram, ao vivo, a retomada do cetro pela dupla Miriam Leitão / Carlos Alberto Sardenberg, que conquistaram as duas primeiras posições do pódio nas quatro primeiras edições da premiação. Transmitida ao vivo pelo Canal do Portal dos Jornalistas no YouTube, teve uma audiência complementar de 250 pessoas.
Para finalizar tivemos a estreia dos +Admirados da Imprensa de Tecnologia. Com uma bela e justa homenagem a Ethevaldo Siqueira, precursor do jornalismo de tecnologia no Brasil, falecido em outubro passado, o prêmio teve como campeã Katarina Bandeira, da Folha de Pernambuco, a primeira jornalista de fora do eixo Rio/São Paulo/Brasília a vencer um prêmio da série +Admirados. A cerimônia foi realizada de forma virtual em 15/12 e contou com a participação de mais de 350 pessoas ao vivo durante a transmissão.
E vem novidade para 2023, tanto nas premiações em curso quanto em novas premiações. Para quem quiser acompanhar, nosso calendário oficial de prêmios para 2023 será divulgado em janeiro.”
Quase 140 marcas apoiaram as iniciativas da família J&Cia em 2022
Tem sido um desafio permanente manter uma estrutura focada num nicho, que, embora empoderado e formador de opinião, é restrito, integrado por cerca de 200 mil profissionais, entre jornalistas e profissionais de comunicação corporativa. Mas são inúmeras as organizações que enxergam nesse público um algo mais, uma relevante conexão, com impactos positivos na reputação e na reverberação de suas iniciativas. Interessante notar que, aliadas a marcas tradicionais e históricas, ano a ano crescem, nessa jornada, as agências de comunicação interessadas em estarem cada vez mais próximas de um público-alvo que também é delas, os jornalistas brasileiros.
Estiveram ao lado da família Jornalistas&Cia em 2022 as seguintes organizações:
Empresas
99app
Accor
ADM do Brasil
AEGEA
Alubar
AngloAmerican
Arcos Dorados (McDonald’s)
Audi
B3
Banco Itaú
Bayer
BNP Paribas
Boehringer Ingelheim
Bosch
BRF
BRK Ambiental
BTG Pactual
Cargill Agrícola
Carrefour
Cemig
CNH Industrial
Cnseg
Coca-Cola (Recofarma)
Comunique-se
Copastur Viagens e Turismo
Cristália
Croplife
Cummins
Deloitte
Dow
DSM
EDP
Energisa
Ericsson
EY
FCA
General Motors
Gerdau
GPA
Grupo Petrópolis
Honda
Hospital Israelita Albert Einstein
Hotmart
Hyundai
iFood
Intel
Iveco
Janssen
John Deere
Klabin
Latam
Mercedes Benz
Meta
Minerva S/A
Mosaic
MRV Engenharia
Neoenergia
Norsk Hydro
PBC Newcom
Pepsico
Pirelli
Pfizer
PMI – Philip Morris
Press Manager
Pub
PWC
Qualicorp
Roche
Sabesp
Saint Gobain
Samsung
Sanofi
SAS
Scania
Simpar
Sodexo
Solvay Group
Stellantis
Sul América
Suzano
Sylvamo Brasil
Syngenta
Tim
Toyota
Uber
UnitedHealth Group
UOL
Usiminas
Vale
Via
Vivo
Volkswagen
Volkswagen Caminhões e Onibus
Volvo
XP Inc
Yara
Entidades e Organizações Públicas
Aberje
Abraciclo
Abramge
CNA
Febraban
Funaseg
Governo do Estado de São Paulo
Prefeitura de São Paulo
Agências
2PRÓ
Advice Comunicação
Approach
BCW Brasil
Bowler
CDI Comunicação
CDN Comunicação
Central Press
Conteúdo Comunicação
Edelman/Zeno
Fato Relevante
FleishmanHillard
FSB Comunicação
G&A Comunicação
GBR Comunicação
Grupo Boxnet
HUB
Ideal H+K Strategies
Imagem Corporativa
InPress Porter Novelli
LAM Comunicação
LLYC
Máquina CW
MSL Brasil
NexCom
Nova PR
Original 123
Pub
RPMA Comunicação
Textual
XCOM
(*) Eduardo Ribeiro é o fundador e diretor da Jornalistas Editora
O ano era 1973 e eu cursava o último ano de Jornalismo na Escola de Comunicações e Artes da USP. Louca por um estágio, até nos Classificados! No mural da faculdade, bem no alto da escada, vi o anúncio de uma vaga de noticiarista (algo similar a redator, mas menos) na Internacional da Folha. Com a çara e alguma coragem, me mandei para o 4º andar da Barão de Limeira. Só feras estavam lá disputando. Mas, quem sabe… pensei. Dois ou três dias depois veio a notícia: a vaga era minha! Fui até a redação, mas, por um desses tristes acasos, uma antiga jornalista havia retornado e deram a tal vaga para ela. “A próxima será sua”, garantiu Ruy Lopes, editor-chefe. Um mês depois, no feriado de 1º de maio, o próprio Ruy ligou para a minha casa. Houve urna mudança e a vaga estava novamente disponível.
Entro na redação e Alexandre Gambirásio me recebe com um ar de surpresa: “Você é mulher!?”. Eu respondi: “Faz tempo!” Na mesma hora me mandaram sentar e trabalhar. O salário era bem pouco − 911,00 de alguma moeda da vez. Marco Antonio Escobar estava como editor e Alfio Beccari era uma espécie de sub. Marco me deu como uma das primeiras tarefas: fazer um box para uma matéria de página inteira. Box? Nunca tinha ouvido falar disso. Bem, box é caixa. E daí? Não tive coragem de perguntar. Entreguei o que eu imaginei. No dia seguinte, lá estava meu box, entre fios, ao lado do textão.
Meses depois, o diretor de Redação Cláudio Abramo entra na redação vindo do Chile. Ele me vê e pergunta para Alexandre à meia voz: “Quem é essa?”. Não ouvi a resposta, mas sei que Cláudio me detestava e fazia tudo para me provocar no fechamento. Eu, uma jovem foça, fazia tudo para me defender.
Um dia, por acaso. descobri a razão. A secretária estava limpando gavetas e arquivos da sala dele. Disse que encontrara o meu teste, aquele de 1973. Perguntou se eu queria. Surpresa! Estava 1á, anotado pelo próprio Cláudio: “É um bom candidato, vamos chamá-lo” − tudo no masculino. Ela me contou que ele mandara jogar no lixo todos os testes de mulheres. Sobraram dez homens, ou melhor, nove e eu. Por causa do meu nome pensaram que eu era homem também. E coube ao Cláudio a decisão final.
Ele não queria mais mulheres na redação − naquela época éramos umas nove, num universo de quase 100 homens, todas com 20 e poucos anos. Nunca soube a real razão desse comportamento. Talvez ele achasse que distraíamos a rapaziada. ou que vínhamos das universidades cheias de ideias diferentes. Mas acho que ele não se perdoava por ter sido vítima de sua própria intransigência. Essa, digamos, antipatia durou todo o tempo que trabalhei por lá, mas, verdade seja dita, em nenhum momento ele interferiu para me prejudicar profissionalmente.
Hoje isso seria considerado misoginia, preconceito, sei lá. Mas era um outro tempo, um outro Brasil, de anos duros da ditadura. Pessoalmente, não creio que fosse o caso, pois Cláudio tinha uma inteligência acima da média e um raciocínio lógico inigualável. Deve ter sido uma de suas idiossincrasias.
Mas o mundo começava a mudar e as mulheres passaram a invadir as redações. Agora elas são parte importante do processo jornalístico e em alguns meios de comunicação formam maioria.
A história desta semana é de uma estreante neste espaço, Lorien Saviano, que atuou em Folha de S.Paulo, Jornal de Casa (em Belo Horizonte), Shopping News, Jornal da Tarde, Voice Comunicação e como assessora de imprensa da Associação Brasileira das Agências de Viagens (ABAV Nacional), entre outros.
A Abracom fecha 2022 com nova estrutura executiva. O Conselho Gestor da entidade decidiu extinguir o cargo de presidente executivo, até agora ocupado por Carlos Carvalho, executivo que ali chegou na fundação da entidade, em junho de 2002. No lugar, criou o posto de diretor executivo, para o qual convidou Sheila Magri, profissional que atuou em agências por mais de 25 anos. Ela foi sócia-fundadora e gestora da Macob Comunicação por quase oito anos e meio (até este mês), além de CEO da H+K Strategies (15 anos e meio) e diretora-geral da FTI Consulting (dois anos). Caberá a Sheila liderar as áreas de suporte em comunicação, relacionamento com o mercado, atendimento a associados, eventos, finanças e projetos e parcerias.
Carvalho deixa suas atuais funções executivas e passa a atuar como consultor para projetos especiais da entidade.
A mudança segue os novos parâmetros sugeridos pela consultoria ZRG, contratada pela Abracom para analisar o atual modelo de gestão. O diagnóstico, segundo informa comunicado da entidade, “prepara a associação para os desafios de um mercado em profunda transformação”.
O Conselho Deliberativo da Aberje tem, desde 15/12, um novo comando. Nelson Silveira, da GM, que estava na Vice-Presidência da entidade desde a saída de Adriano Stringhini (ex-Sabesp), foi eleito presidente, sucedendo a Gislaine Rossetti, que deixou suas funções na Aberje e, simultaneamente, na Latam, onde era diretora de corporate affairs (ver a seguir). Malu Weber, da Bayer, que já integrava o Conselho há alguns anos, foi eleita vice-presidente. Ambos cumprirão mandato até dezembro de 2023.
Logo após a eleição e o anúncio oficial da Aberje, Silveira postou em seu LinkedIn: “A partir de hoje, encaro um dos maiores desafios de minha já longeva carreira. Com a chancela de uma elite de comunicadores brasileiros e o apoio dos mestres Paulo Nassar e Hamilton dos Santos, tenho a honra e a alegria de assumir a Presidência do Conselho Deliberativo da Aberje. Ao meu lado, a querida amiga Malu Weber, assume a Vice-Presidência. Trata-se de um compromisso firmado com a comunicação brasileira. De olho em contribuir para consolidar a Aberje como um ‘Think Tank’ onde as melhores práticas e as grandes narrativas são engendradas. Onde o devir comunicador vive em sua plenitude”.
Novo ciclo – Gislaine Rossetti, na sua dupla despedida, de Aberje e Latam, escreveu em seu LinkedIn: “Vou colocar em prática a realização de um desejo: o ócio, o descanso, a continuidade dos estudos e, depois, concretizar um novo projeto, dentro do seu tempo de maturidade. Foi maravilhoso este período de nove anos na Latam Airlines. Tenho #gratidão e admiração por esta empresa. Saio de cena como profissional da Latam, mas sigo como amiga, parceira e cliente desta gigante, sempre na torcida pelo contínuo #sucesso de uma empresa que se dedica imensamente a acolher o cliente, humana e cheia de desafios…”
O Projeto Comprova encerrou sua quinta fase com 378 publicações verificadas. Cerca de 97% dos conteúdos checados são falsos ou enganosos.
A iniciativa lançou a seção Comprova Explica, que publicou 21 reportagens que forneciam mais contexto sobre temas que frequentemente geraram dúvidas e suspeitas, e consequentemente fake news. A ideia era “se antecipar à circulação de boatos e conteúdos falsos oferecendo informação que contextualiza situações, fatos e eventos, sempre consultando diversas fontes e zelando pela precisão”.
Ao longo de 2022, o Comprova realizou diversas iniciativas para combater a desinformação, como um curso gratuito sobre checagem de informações para pessoas com mais de 50 ano, e um aplicativo de celular para compartilhar as verificações do projeto e incentivar ações de educação midiática.