Arimatéia de Azevedo já havia sido preso em 2020, também sob acusação de extorsão

Menos de um ano após se beneficiar de um habeas corpus concedido pelo STJ, o jornalista piauiense Arimatéia Azevedo foi preso novamente no último dia 7 de outubro, em Teresina. Assim como em 2020, a acusação contra o diretor do Portal AZ envolve um suposto caso de extorsão, desta vez intermediada por um advogado próximo ao jornalista.

De acordo com o inquérito, o advogado Rony Samuel de Negreiros Nunes, amigo de Arimatéia, teria feito pressões contra Lamarque Lavor Santana de Almeida Rocha, representante da distribuidora de medicamentos Saúde e Vida, da região de São Raimundo Nonato. Na conversa, Rony manda a Lamarque um print de tela da nota publicada por Arimatéia sobre a empresa em 29 de maio deste ano e escreve: “Se ele não terminar de pagar o rafael [sic] vai ser uma nota por dia até sexta feira. Pelo menos atenção da polícia eu tenho certeza que chama”.

O alvo da cobrança seria Thiago Gomes Duarte, dono da Saúde e Vida, que é investigada pela Polícia Federal por possíveis fraudes em licitações no estado.

No inquérito aberto pela Polícia Civil, há vários prints de tela de conversas extraídas do celular de Arimatéia que provam a relação entre ele e Rony Samuel como jornalista e fonte. Não há nada que relacione o jornalista à suposta tentativa de extorsão praticada por Rony Samuel em 2021. Porém, há uma conversa entre os dois, de 21 de maio, em que Arimatéia menciona o pagamento de R$ 150 mil para uma pessoa chamada André da parte de Edson Ferreira. O inquérito não avança sobre quem seriam essas pessoas, muito menos se o fato tem relação com o caso deste ano.

Filha de Arimatéia, Maria Tereza Azevedo, questiona o fato do pai estar preso, enquanto o advogado que trocou as mensagens com o representante da Saúde e Vida segue em liberdade. “Contra o Rony havia um pedido de prisão temporária. Ele é de São Raimundo Nonato e estava a caminho de Teresina. A Polícia Rodoviária Federal o prendeu na cidade de Floriano. E, do próprio posto da PRF, via videoconferência, ele respondeu a três perguntas do delegado e foi liberado”, argumentou.

A defesa de Arimatéia considera a prisão “um absurdo jurídico” e entrou com um habeas corpus no Tribunal de Justiça do Estado do Piauí. Para o advogado Paulo Germano, o jornalista ignorava a troca de mensagens entre Rony Samuel e o representante da Saúde e Vida.

Arimatéia, que encontra-se detido na Penitenciária Irmão Guido, em Teresina, já havia sido preso em 12 de junho de 2020, também sob acusação de extorsão. Na época, o caso envolvia o cirurgião plástico Alexandre Andrade, e o acerto seria para que o jornalista não publicasse notícias sobre um caso de erro médico envolvendo o médico, que quase resultou na morte de uma paciente.

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