O fotógrafo e videomaker Caio Castor vem recebendo ameaças por divulgar um vídeo que mostra uma dependente química sendo agredida por policiais da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo. O registro foi feito no bairro de Campos Elíseos, região central da cidade, área que ficou conhecida pejorativamente como “Cracolândia”, e mostra uma mulher sendo agredida com golpe de cassetete e, em seguida, recebendo spray de pimenta no rosto, sem apresentar nenhum tipo de resistência.

O caso ganhou rápida repercussão após ser exibido pelo telejornal SP2, da TV Globo, no último sábado (28/5). Instantes após a veiculação da reportagem, cerca de 15 moradores de prédios vizinhos do jornalista se reuniram em frente ao seu apartamento e começaram a ameaçá-lo. O motivo seria um possível abandono da região pela GCM após a denúncia, favorecendo assim a proliferação de usuários de drogas na região.

 

“Por volta de 18h, olhei para baixo do meu prédio e tinha pelo menos umas 15 pessoas, incluindo um cara megarraivoso falando que ia entrar na minha casa. Eu estava com a minha esposa e minha filha, e nós ficamos desesperados”, contou Castor em entrevista a Ponte Jornalismo. Ainda segundo a reportagem, com o grupo à porta de seu prédio, o videorrepórter decidiu ligar para alguns amigos para pedir apoio, e no dia seguinte deixou o endereço com a família para se refugiar em um lugar seguro.

Em trechos de conversas extraídos pela Ponte em um grupo de moradores da região no Whatsapp também é possível encontrar várias ameaças ao jornalista: “Se a GCM sair daqui, esse morador vai ter problema sério”, afirmou uma moradora. Na sequência, outra concorda: “Nossa, vai ter mesmo”. Outro afirma torcer para que Castor seja “agredido ou esfaqueado nas ruas por esses noias”.

Caio, que atua como freelance para veículos de comunicação, é conhecido pela cobertura de temas que abordam violações de direitos humanos. Ao longo de sua carreira, contribuiu para El País Brasil, Agência Pública, CartaCapital, Viomundo, Le Monde Diplomatique Brasil e Ruptly. Também faz parte da Agência Pavio.

Em nota, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) repudiou com veemência a reação dos moradores: “É papel da GCM e das autoridades policiais proverem a segurança pública da região. O fato de um abuso ser denunciado não pode ser motivo para que se retire dali o policiamento, assim como é inadmissível que, para garantir esse policiamento, os moradores sejam coniventes com violência gratuita. A Abraji se solidariza com Caio Castor e sua família e cobra a Secretaria de Segurança Pública para que investigue o caso com rapidez e responsabilize os autores das ameaças ao jornalista, assim como o guarda civil metropolitano que agrediu a dependente química”.

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