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domingo, abril 28, 2024

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Folha vai processar ex-repórter por acróstico ?chupa Folha?

Se era apenas uma brincadeira, para ser compartilhada com amigos íntimos, o acróstico “chupa Folha”, utilizado pelo ex-repórter Pedro Ivo Tomé no seu texto de despedida do jornal, virou coisa séria e poderá custar-lhe inúmeras dores de cabeça. O necrológio da assistente social Therezinha Ferraz Salles, de 87 anos, com os parágrafos iniciados com as iniciais “chupa Folha”, ganhou as redes sociais, comentários de todo tipo e até a coluna inteira da ombudsman Vera Guimarães Martins, no último domingo, 19 de julho. E mais, agora deve ganhar um processo na justiça movido pela própria Folha de S.Paulo, que, em comunicado, afirmou condenar veementemente a atitude de seu ex-repórter: “Ao usar uma reportagem para nela esconder uma mensagem ofensiva, ele foi irresponsável e antiético. Além disso, desrespeitou os leitores da Folha e os familiares da pessoa falecida que era personagem do texto. O jornal estuda ações legais que tomará contra o ex-funcionário”. Em sua coluna, Vera diz ter procurado Pedro por várias vezes, sem sucesso, e que dele só obteve o lamento por seu texto ter sido interpretado como ofensivo e que optou por sair do jornal – “onde aprendi muito, tive excelentes editores e fiz grandes amigos” – para buscar novos desafios. Pedro trabalhava na Folha desde 2012 na editoria de Cotidiano, que tem como titular Eduardo Scolese. Entrou ali pelo programa de trainées e havia assumido a seção do obituário apenas dois meses atrás. Há cerca de duas semanas, saiu para retomar a carreira de advogado (é formado na São Francisco) na área de compliance de um banco, onde havia trabalhado anteriormente. Deixou alguns obituários prontos, o último com o acróstico, que passou despercebido e foi publicado. “Nada mais natural”, assinala a ombudsman Vera, enumerando: “1) o repórter contava com a confiança de seus editores e, portanto, da empresa; 2) sua saída foi amistosa, sem nenhuma insatisfação ou frustração aparentes; e 3) quem procuraria pegadinhas em jornal se não soubesse de antemão que alguém as colocou ali?”. “Dois dias depois da publicação – prossegue –, a revelação da duvidosa façanha se espalhou pela internet, não se sabe se vazada pelo próprio autor ou por algum amigo. Fez a festa em blogs voltados para jornalistas, que descreveram a atitude como ‘brincadeirinha’, ‘saída em grande estilo’, ‘criativa’, ‘original’, ‘inusitada’… O mais surpreendente (ao menos para mim) é que, nas primeiras horas, a atitude só ganhou elogios e curtidas. Nenhuma menção à falta de ética jornalística, ao desrespeito aos leitores e à personagem, à quebra de confiança profissional.” Foram vários também os comentários nas redes sociais criticando veementemente a Folha de S.Paulo, dizendo que de certo modo ela provou de seu próprio veneno, por sua postura intransigente contra a obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo, daí ter entre seus jornalistas profissionais de outras áreas, como Pedro Tomé. O questionamento básico é: “Como exigir ética de quem não tem compromisso com a profissão?”

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