Por Cristina Carvalho (RJ) e Kátia Morais (DF)

Os jornalistas credenciados com antecedência para a solenidade de posse, no dia 1º/1/2023, eram mais de 400, de muitas procedências: pelo menos 210 repórteres de texto e 190 de imagem. Entre eles, 65 de Alemanha, Angola, Argentina, Chile, China, Espanha, Estados Unidos, França, Inglaterra, Itália, México, Portugal e Rússia. Na última hora, contaram-se cerca de 700 profissionais.

Alguns brasileiros cobriram também a posse do governo anterior. A limitação imposta ao trabalho, quando jornalistas estrangeiros preferiram deixar a área de imprensa por não poderem se locomover livremente, foi comparada com a atual. Em 2019, tinham hora para chegar, não tinham onde se sentar, apenas um banheiro para centenas de profissionais, e precisaram levar lanche de casa, com restrições. Assistiram à transmissão da posse no Salão Verde da Câmara, do lado de fora do plenário. A cobertura ficou conhecida como ‘um dia de cão’.

Posse de Bolsonaro (Crédito: Cristiane Sampaio)

Em 2023, o centro de imprensa foi instalado na Sala San Tiago Dantas, subsolo do Itamaraty. Havia internet, porém instável, transmissão oficial e tradução simultânea para inglês e espanhol, como noticiou o UOL. No bufê, nada especial, mas suficiente: havia quiches, salada de macarrão, salada de frutas e mousse de chocolate, entre outros itens. Jornalistas argentinos pediram ajuda aos colegas brasileiros para entender o grito: “Lula, guerreiro, do povo brasileiro”, que ecoava durante a fala do presidente. A cobertura foi apelidada de ‘Lulapalooza’.

Centro de imprensa de Lula (Crédito: Juliana Sayuri)

Como parte das cerimônias de posse, ao chegar ao Itamaraty para a recepção às autoridades estrangeiras, o presidente Lula dirigiu-se diretamente, e pela primeira vez, aos jornalistas presentes: “Não vai ter mais cercadinho”, numa referência à cobertura de imprensa no governo Bolsonaro, mas que também existiu no governo Dilma. Antes disso, conforme o Poder 360, a primeira-dama Janja quis vetar os jornalistas no Itamaraty, alegando que poderiam tirar a naturalidade dos convidados.

O cerimonial foi preparado pelo setor de Relações Públicas da Secretaria de Comunicação do Senado, cuja coordenadora-geral é Juliana Borges. Os preparativos do evento contaram com a participação da Secom, dirigida por Érica Ceolin, que trabalhou tanto no credenciamento da imprensa como na marcação e cronograma do evento. No Plenário da Câmara, onde ocorreram a posse e o juramento constitucional do presidente, a cerimônia contou com todas as áreas da Casa, em especial com as equipes de Comunicação.

Em meio a protocolos de organização cerimonial e aparato de segurança, um dado chamou a atenção das equipes que prepararam o evento: o espírito de colaboração e a sinergia entre as equipes e os veículos de imprensa. Comenta-se, a propósito, que em quatro anos os jornalistas nunca circularam tão livremente nas redondezas do Palácio do Planalto como nos últimos dias. Sinal de bons ventos para a área.

Mila Burns, analisou no Instagram a cobertura da posse de Lula pela imprensa americana.

Antecedentes

Antes de apagar as luzes do governo Bolsonaro, o então titular da Secom emitiu uma Portaria que surpreendeu o mercado. André de Sousa Costa, coronel PM do DF, na pasta desde 2021, assinou a Portaria 8038 de 30/12/2022, que dispõe sobre as licitações e os contratos de publicidade, promoção, comunicação institucional e comunicação digital para o Governo Federal. Após o susto, empresas do meio pretendem pedir a suspensão da medida até que se discuta o assunto. A notícia é de Márcio Ehrlich na Janela Publicitária.

Naquele mesmo dia 30, Nelson Garrone, da CNN Portugal e da rede TVI, foi agredido com pedradas e derrubado em um acampamento de bolsonaristas em Brasília, de onde a equipe de reportagem foi expulsa sob ameaças. Eles saíram de lá acompanhados por militares. Mas isso é passado, esperamos.

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