Vanira Kunc, viúva de Audálio Dantas, falecido em 30/5 e cremado em 1º/6, informou a J&Cia que a família decidiu levar as cinzas dele para sua cidade natal, Tanque D’Arca, no interior de Alagoas, mas que ainda não sabe quando e onde serão depositadas.
Ao velório, no dia 31, no Auditório Vladimir Herzog do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, que ele presidiu no período mais repressivo da ditadura, compareceram perto de mil pessoas, entre elas muitas autoridades. E foram perto de 60 na cerimônia pré-cremação, no Cemitério de Vila Alpina. Esta, aliás, segundo Vanira, foi postergada para que se aguardasse a chegada de Juca Kfouri, um dos maiores amigos de Audálio, que estava em Portugal. Foi Juca quem, muito emocionado, prestou a última homenagem a ele no crematório, palavras que repetiu em artigo na Folha de S.Paulo desta segunda-feira (4/6) e que reproduzimos mais à frente.
A missa de sétimo dia, celebrada nessa terça-feira (5/6) por Dom Odilo Scherer, cardeal-arcebispo de São Paulo, coadjuvado pelo padre Júlio Lancelotti, coordenador da Pastoral do Povo da Rua, na catedral da Sé – palco do culto ecumênico de outubro de 1975 em memória de Vladimir Herzog –, a que novamente compareceram centenas de amigos, admiradores, autoridades e personalidades, também foi carregada de emoção. Ao ponto de Vanira dizer que não teve coragem de olhar para trás, a fim de não sofrer o impacto da dimensão da homenagem: “Mas muita gente que sempre via com Audálio veio me cumprimentar”.
Ao agradecer em nome da família, a filha Juliana fez um resumo da carreira do pai, uma veemente defesa da democracia e dos direitos humanos, que foram as principais bandeiras dele, conclamou todos a resistirem nesse caminho e concluiu citando Guimarães Rosa: “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.
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