A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF (SJPDF) repudiaram os ataques do presidente Jair Bolsonaro à imprensa, ao ser questionado sobre as denúncias de tortura em presídios no Pará. A imprensa, segundo o presidente, é “fétida”.
O caso ocorreu em frente ao Palácio da Alvorada, em
Brasília, depois de uma pergunta feita por um repórter sobre a ação Ministério
Público Federal do Pará, que pede a investigação de possíveis práticas de
tortura na região.
“Meu Deus, eu não sou pastor, não” declarou Bolsonaro. “Meu Deus, salve, lave a cabeça dessa imprensa fétida que nós temos. Lave a cabeça deles. Que bote coisas boas dentro da cabeça. Que possam perguntar e ajudar a publicar matérias para salvar o nosso Brasil. Eles não viam problemas nos governos anteriores”.
Em nota, a Fenaj e o SJPDF repudiam a fala de Bolsonaro: “Nós,
jornalistas, enfrentamos um brutal e sistemático ataque do próprio governo
federal que vem no sentido de nos calar, a partir do crescente discurso de
desconfiança e deslegitimação, que resulta em ataques verbais e físicos,
perseguição e até mesmo assassinato de trabalhadoras e trabalhadores da nossa
categoria”.
O grupo editorial Companhia das Letras, que publica muitas obras de jornalistas, adquiriu o controle total da editora Zahar, por valores não revelados. A Penguin Random House detém 70% do grupo.
Luiz Schwarcz, CEO e fundador da Companhia das Letras, considera Jorge Zahar um dos mentores no seu processo de formação como editor e publisher. Durante cerca de 30 anos, a Zahar distribuiu os livros da Companhia das Letras no Rio, enquanto a editora paulista distribuía os livros da Zahar nas livrarias de São Paulo. Por muito tempo, as duas editoras também dividiram o mesmo estande nas bienais internacionais do livro. As duas casas têm catálogos de grande aceitação, e que se complementam.
A editora carioca, que era dirigida por Ana Cristina Zahar, filha de Jorge, Mariana Zahar, neta e vice-presidente do SNEL – Sindicato Nacional dos Editores de Livros, e Ana Paula Rocha, diretora de Operações, continuará com sede no Rio, mantendo apenas Ana Cristina como consultora editorial. O processo de integração terá início ainda em outubro, conduzido por um comitê que contará com membros dos dois grupos.
* Por Cristina Vaz de Carvalho, editora de Jornalistas&Cia no Rio de Janeiro
“Cada vez mais, a fonte primária de notícias passa da TV para a internet. As pessoas procuram identificação com quem confiam. Por isso, é importante imprimir a marca Record como fonte confiável de notícias.”
Marco Nascimento assumiu, no final de setembro, a Direção de Jornalismo da Record TV Rio. Paulista de Ourinhos, 58 anos, tem mestrado em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Voltou recentemente à Record, emissora em que esteve por quatro anos, até 2014. Nascimento substitui a André Ramos, contratado pela CNN Brasil para o escritório de Brasília da nova emissora.
Nascimento conversou com Jornalistas&Cia sobre o cenário favorável que encontrou e o alinhamento, com a sede em São Paulo, de seus planos para o futuro do jornalismo no Rio.
Jornalistas&Cia – Conte um pouco de sua
experiência no jornalismo.
Marco Nascimento – Comecei na imprensa
escrita, em Veja, IstoÉ, e no Estadão fui repórter e editor de Geral. Em 1990,
comecei na TV Cultura, passei oito anos e fui chefe de Redação na fase em que
ela teve maior visibilidade. Foi uma grande vitrine, e depois não deixei mais a
televisão.
(NdaR.:
Seguiu carreira na Rede Globo, como diretor da Globo Minas, em Belo Horizonte,
e chefe de Redação em São Paulo. Dirigiu o Jornalismo da TV Gazeta de Alagoas,
em Maceió, e depois a TV Gazeta de São Paulo. Esteve na Record, como editor
executivo, e no SBT, como chefe de Redação.)
J&Cia – Está morando definitivamente no Rio?
Marco – Sim, depois de 40 anos em São Paulo, com
passagens por Belo Horizonte e Maceió. Aguardo o fim do ano letivo para trazer
a família. Sequer tive tempo de sair da TV para ver onde vamos morar, ou escola
para as crianças. Provavelmente, será mais perto da TV, para não enfrentar os
engarrafamentos. Outro dia levei duas horas para chegar ao aeroporto.
J&Cia – Trouxe alguém para a sua equipe ou pretende
trabalhar com quem já está aqui?
Marco – Em princípio, não. Encontrei uma equipe
excepcionalmente profissionalizada, não só no Jornalismo, mas também os
talentos do vídeo. Nas minhas passagens por emissoras, aprendi a reconhecer os
talentos, a aproveitá-los e a trabalhar com as equipes. Estou muito animado e
bem impressionado com a equipe que encontrei.
J&Cia – O que conhece do Rio?
Marco – São Paulo é a cabeça de rede e, assim,
conheço o Rio pela televisão. Como chefe de Redação em São Paulo, vinha muito
ao Rio. No tempo da Globo Minas, fazia plantões no Rio. Conheci quase como
profissional. O Rio de Janeiro é uma praça única. Tem suas peculiaridades, uma
forma muito diferente de ver, e com isso temos que trabalhar. Não dá para impor
formatos e linguagens de outros lugares. Tenho que fazer a lição de casa,
estudar mesmo os principais destaques e as características da cidade e do Estado.
Compromisso com a inovação
J&Cia – O portal R7 também está sob seu comando?
Marco – O R7 tem a gestão feita por São Paulo, e
aqui tem um braço, a equipe do R7, reunindo conteúdos de TV dentro de um feed. Temos muitos projetos para ampliar
a participação da Record Rio na internet.
J&Cia – Quais são esses projetos?
Marco – Hoje, o compromisso da Rede Record é com a
inovação. Até por minha passagem pela Academia, sei que o que a internet trouxe
foi aceleração. Funcionou como um grande acelerador: a notícia está em várias
plataformas. Mas 50% de nossos espectadores sequer têm acesso à internet. Foi o
resultado de uma pesquisa anual do Instituto Reuters, de 2016, com uma amostragem muito grande, de 12 mil entrevistas em
vários países. De coincidência, o estudo concluiu que, cada vez mais, a fonte
primária de notícias passa da TV para a internet, que apareceu com 52% da
preferência. E a tendência desse número é aumentar.
A Secretaria de Comunicação do Governo
Federal (Secom), num estudo brasileiro, identificou nacionalmente 50% de
telespectadores. Há versões dos anos seguintes, mas o fato é que as pessoas
acessam a internet, as redes sociais, e procuram identificação com quem
confiam. Por isso, é importante imprimir a marca Record como fonte confiável de
notícias.
O jornalismo vai determinar o que é verdade e
o que não é. Falam no fim do jornalismo. Ao contrário, jornalismo será uma
ferramenta vital. O desafio é encontrar formas criativas de apresentá-lo. Esse
novo mundo é tátil, volátil, instantâneo, e a TV não lhe pode virar as costas.
Aumento da audiência passa por novas formas de se comunicar
J&Cia – O jornalismo da Record Rio passa por um momento
de crescimento da audiência?
Marco – Audiência é uma questão vital e
importante. Mas o desafio é a ampliação da audiência, e como isso se dará.
Tem-se que estabelecer conexões com esse público da internet. Vamos explorar,
inovar, experimentar. Entendo o compromisso com a inovação do vice-presidente
Guerreiro (NdaR.: Antônio Guerreiro, vice-presidente de Jornalismo da Rede Record)
– não posso falar por ele! – com o Play Plus, canal de streaming, on demand, da Record. O fato de hoje se estar em várias
plataformas, todas as televisões estão empenhadas, e a Record não é diferente.
Em termos de audiência, não é só crescer ou manter; é também isso. Mas o
desafio mais importante são as novas formas de se comunicar com os
telespectadores.
J&Cia – Como vê o jornalismo da Record Rio hoje, o que é
feito e como é feito?
Marco – Entra e sai tecnologia, e o jornalismo
continua intacto em seus compromissos. O mais importante para a Record é o
compromisso do jornalismo com a qualidade, a confiabilidade e a independência,
seu principal atributo.
J&Cia – Vê muitas diferenças entre o jornalismo no Rio e
em São Paulo?
Marco – Diria que são realidades muito diferentes
e, portanto, assuntos e cenários de cobertura diferentes. Aqui no Rio,
especialmente a segurança pública, é bastante diferente de São Paulo. Não dá
para ignorar, a questão faz parte do dia a dia. No Rio de Janeiro, além do
cenário econômico e político, cobrir bem as ocorrências policiais é uma
obrigação.
J&Cia – Essa opção da Record, de um jornalismo com
ênfase no noticiário policial, tem sido uma boa escolha?
Marco – O Rio de Janeiro não é só isso, ao
contrário. São Paulo tem vários programas policiais, em várias emissoras. Hoje
o jornalismo da Record tem quadros muito interessantes, com ênfase para contar
o que acontece nos bairros e nas comunidades do Rio. A ideia é ampliar essa
cobertura. Eu, como paulista, tenho especial interesse em descobrir as coisas
bonitas do Rio de Janeiro e mostrar isso para os telespectadores cariocas e
turistas.
Novas atrações
J&Cia – A Record
Rio inaugurou um novo estúdio para o programa RJ no
ar. Existem planos de utilizar o glass studio em
outras atrações do jornalismo?
Marco – O RJ no ar
estava num cenário improvisado. Os recursos hoje disponíveis na Record Rio são
admiráveis. Para fazer jornalismo local, dispomos de ferramentas que poucas
emissoras têm. Temos que saber aproveitar bem. Por exemplo, pretendemos ampliar
os repórteres com equipamentos mais compactos, para chegar mais rapidamente aos
locais.
J&Cia – No último fim de semana, a emissora realizou um
evento em Campo Grande, Zona Oeste do Rio, para gravação do Balanço geral – Edição de sábado,
com estrelas do jornalismo da Record e a participação do público. A interação
com o público que se vê no jornalismo da Record Rio também existe em outras
praças?
Marco – É uma interação a ser incentivada, tem
dado bom resultado. É um projeto institucional da emissora, uma forma de
valorizar a cobertura local, levar a marca da TV Record para esses lugares.
Essa ideia terá continuidade e será ampliada.
A Associação Brasileira das Empresas Aéreas divulga os finalistas da sétima edição do Prêmio Abear de Jornalismo. Foram selecionadas 30 reportagens nas categorias Cargas, Competitividade, Experiência de Voo, Imprensa Setorizada, Inovação e Sustentabilidade, além do Prêmio Especial Asas do Bem e Responsabilidade Social.
O prêmio busca incentivar e valorizar produções
jornalísticas sobre aviação comercial brasileira. Os vencedores serão
anunciados em 18/10, inclusive o do Prêmio
Especial Regional, que reconhece o melhor material produzido fora das
cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
A cerimônia de entrega será em 6/11, em Brasília, em que será anunciado o vencedor do Grande Prêmio, escolhido dentre os vencedores de cada categoria, à exceção dos finalistas do Prêmio Especial Asas do Beme Responsabilidade Social.
Confira os finalistas:
Cargas
A
morte pede carona – Guilherme Eler (Revista Superinteressante
– São Paulo)
A mesa A Era do Podcast, realizada em 9/10, da 41ª Semana de Jornalismo da PUC-SP, reuniu podcasters em um debate sobre a ascensão dessa tecnologia, que se torna cada vez mais frequente no cotidiano das pessoas.
Com mediação da professora Pollyana Ferrari, a mesa foi composta por Magê Flores (Café da Manhã/Folha de S.Paulo), Leandro Iamin (Central 3/Muito mais do que futebol), Thamiris Rezende (Gordacast) e Gus Lanzetta (Half Dead).
O debate reuniu assuntos em alta no mundo do podcast: como se deu essa ascensão/aumento
significativo de audiência nos últimos anos; as semelhanças e diferenças entre
os podcasts e o rádio; a importância
do Spotify como plataforma; e os desafios/obstáculos dessa inovadora forma de
se fazer jornalismo.
Magê Flores comentou que a adaptabilidade dos podcasts é uma característica que torna
essa tecnologia única: “O podcast tem
tudo a ver com a jeito que vivemos. Você consegue consumi-lo em qualquer
momento e lugar, seja lavando a louça, na academia ou no trânsito. A força do podcast está na conveniência que essa
tecnologia oferece”.
Outra característica muito importante dos podcasts apontada no debate é a relação
pessoal e afetiva que estabelecem com os ouvintes. As pessoas se envolvem umas
com as outras, conseguem enxergar por trás das vozes, como se fosse uma
conversa descontraída e informal, mas que mantém a eficiência e a profundidade
de um conteúdo jornalístico.
Thamiris Rezende afirmou que o podcast consegue criar conexões pois é feito por pessoas, para
pessoas: “Surge uma relação humana. O ouvinte se relaciona com o humano por
trás daquele conteúdo. As pessoas demonstram sentimentos, mostram-se mais
vulneráveis. Os ouvintes conseguem enxergar quem está falando”. Magê acrescentou
que, “muitas vezes, ao ler uma matéria no jornal, as pessoas não prestam
atenção nos autores, em quem produziu o texto. Ouvir a autor falar é totalmente
diferente. Você consegue identificar características dele, caracterizá-lo”.
“A ferramenta tem potencial muito grande pois dá voz àqueles que não têm”, disse Thamiris. ”Para mim, por exemplo, que tenho um blog sobre um assunto de interesse público, mas que não tem um tráfego tão grande. Você consegue abordar com mais profundidade temas que não são muito discutidos na grande mídia. Eu apostaria nesses conteúdos segmentados. Existem podcasts sobre os mais diversos assuntos. A segmentação pode gerar um crescimento gigante na audiência”.
Os debatedores também apontaram que a ascensão do podcast está intimamente ligada ao uso
do Spotify como plataforma. Gus Lanzetta mostrou que a audiência de seu
conteúdo cresceu significativamente no Spotify: “Esse fato mostra que muita
gente começou a ouvir nosso conteúdo por causa dele. Para fazer um podcast, você não depende de uma grande
corporação, é dono do seu conteúdo, e entrega esse conteúdo diretamente ao
ouvinte. Mas não podemos deixar que o Spotify se torne o “YouTube do Podcast”,
pois os podcasters ficarão muito dependentes de grandes empresas como
Google, Facebook e YouTube, por exemplo”.
Ele também discorreu sobre as dificuldades que podcasters
podem encontrar com anunciantes: “O nosso desafio com os anunciantes não é que
eles desconfiam de nossos números ou que não damos o que eles querem, mas sim o
fato de que o número de ouvintes do Spotify é muito menor que o de pessoas que
assistem o YouTube, por exemplo”.
A mesa também ofereceu à plateia uma “receita de bolo” do podcast, explicando passo a passo a melhor
forma de produzir um, além de dicas valiosas para ingressar nesse novo universo:
não pensar muito se você deve fazer o podcast
ou não, simplesmente faça; pensar na pauta e defini-la; levantar dados,
pesquisar; pensar em entrevistados (fontes e personagens); escrever as perguntas
separadamente, em outro lugar; por fim, juntar tudo em um pequeno roteiro. É
preciso priorizar a qualidade do áudio, mas sem descuidar do conteúdo, evitando
a monotonia; tentar reduzir o tempo total o máximo possível, escolhendo as
palavras certas e sendo conciso.
No final, houve um debate sobre as diferentes mídias
existentes e a possibilidade de uma acabar com a outra. Thamiris disse
acreditar que elas podem coexistir: “O online não precisa matar o impresso e o podcast não tem nada a ver com o rádio.
A dinâmica de conteúdo é diferente. Quando a pessoa consome um determinado podcast, ela já está ciente do tipo de
conteúdo que vai encontrar. E essa discussão sobre a possibilidade de uma mídia
acabar com a outra é perda de tempo e só prejudica o entendimento e o desenvolvimento
dessas diferentes formas de se fazer jornalismo”.
A relação entre a imprensa e celebridades ou empresas nem sempre é fácil. Um lado busca novidades que atraiam audiência, enquanto o outro se ressente quando tais novidades não são aquelas que gostariam de tornar públicas.
No Reino Unido essa relação é ainda mais tensa por causa dos tabloides
sensacionalistas, com tiragens elevadas à custa da exposição de famosos. Agora,
essa tensão atingiu uma temperatura altíssima por causa de processos movidos
pelo casal real Harry & Meghan contra jornais.
Meghan abriu ação contra The Mail on Sunday, pela publicação de trechos
de uma carta dirigida ao pai, com quem tem uma querela desde que ele vazou
fotos relacionadas ao casamento e acabou “desconvidado”. A fundamentação é o
uso indevido de informações privadas, violação dos direitos de autor e
desrespeito à Lei de Proteção de Dados.
Já os alvos do marido são The Sun e Daily Mirror, acusados de terem hackeado seu telefone. Ele divulgou
ainda uma extensa carta aberta lamentando a postura dos jornais e relembrando a
dramática experiência vivida por sua mãe, Diana, vítima do assédio da imprensa.
Embora reclamações da família real contra tabloides não sejam novidade,
esse caso está sendo considerado um marco por ser a primeira vez que um de seus
principais membros entra com um processo na Corte.
Brian Cathcart, professor
especializado em assuntos de mídia, observou que os jornais acabam fazendo
acordos prévios com quem os acusa de invasão de privacidade, pagando
indenizações mas evitando o julgamento. Muita gente, segundo ele, prefere tal
opção para evitar custos e riscos de um processo.
No caso de Harry, porém, essa possibilidade é remota. Ele declarou que
qualquer valor obtido será destinado a instituições beneficentes. Isso pode
estar deixando as organizações de mídia alarmadas, pois o interesse dele vai
além de dinheiro. Um julgamento histórico.
Há controvérsia sobre os movimentos de Harry e Meghan. Críticos apontam
que o casal estaria reagindo a más notícias provocadas por suas próprias ações.
Alguns exemplos são a briga de Meghan com o pai, e a carta que escreveu – ambas
verdadeiras. Ou as contradições do casal ao passear de jatinho enquanto prega
medidas contra o aquecimento global (sobre o que falamos
aqui em agosto).
Há ainda quem sustente que a privacidade exigida por Harry e Meghan não
é devida, visto que a família real é sustentada com dinheiro do povo. Sob essa
perspectiva, seriam inaceitáveis decisões como não apresentar o bebê após o
nascimento nem fotos do batizado.
A ideia de tais críticos é que o povo que paga o subsídio – incluindo
uma reforminha de mais de dois milhões de libras para adaptar a casa onde o
casal mora – tem o direito de saber tudo sobre as vidas reais. Pelas páginas
dos tablóides, claro.
Mas não se trata de ação orquestrada de toda a família real.
Especulou-se que Harry teria surpreendido o Palácio de Buckingham com a ação
contra os jornais. Não é de se admirar, pois tudo o que os Windsor não querem é
exposição negativa que coloque em risco a própria monarquia.
A tese de voo solo de Harry é reforçada com as atitudes cada vez mais
“normais” do irmão William. No último fim de semana, no meio da onda criada
pelo processo contra os jornais, o futuro rei e a discreta Kate Middleton
apareceram relaxados com os filhos assistindo a um jogo de futebol no meio do
povo. Há meses, enquanto Harry voava de jato particular, William e Kate se
deixaram fotografar carregando mochilas no embarque de um voo operado por uma
companhia de baixo custo.
A mensagem que o Palácio parece tentar transmitir é de que é possível
lidar com a suposta “invasão de privacidade”, desde que se faça a coisa certa.
Com bom comportamento público, a cobertura é positiva. Lição básica de RP.
No entanto, as coisas podem não ser tão simples. Outra tese é que os
ataques a Meghan decorrem do fato de ela ser filha de mãe negra, americana,
ex-atriz e feminista. Racismo e discriminação social motivariam a caça por
deslizes.
Os ataques disseminados por mídias sociais a ela começaram após o
casamento, e Harry aponta isso na carta aberta. Em sua visão, as notícias
publicadas pelos tabloides alimentam o bullying
sofrido pela mulher, gerando matéria-prima para adversários nas mídias sociais.
Falta muito para as ações serem ser julgadas. Mas pode haver uma
revisão nos procedimentos adotados pela imprensa britânica. Dessa vez, não se
trata apenas de dinheiro, mas também do risco de condenações.
José Pinto, repórter fotográfico amazônida que passou pelos principais veículos do País e há 30 anos morava em São Paulo, faleceu na manhã desta quarta-feira de complicações decorrentes do Mal de Alzheimer. Às vésperas de completar 89 anos (em novembro), além de reportagens de peso, ele tinha um imenso acervo de fotos de sua região natal que batalhava para transformar em livro, Amazônia Gente – infelizmente sem sucesso.
Fez parte da fase heroica do jornalismo nos anos 1940 e 50, foi um dos únicos fotógrafos a assinar reportagem com Assis Chateaubriand; o segundo a assinar na primeira página do Estadão nos seus primeiros 90 anos.
Dos jornais O Liberal, A Vanguarda e A Província do Pará, José Pinto passou, em 1952, a assinar coberturas extraordinárias em O Cruzeiro, em São Paulo. Na capital paulista, integrou a equipe da Última Hora, a direção-técnica da TV Paulista, canal 5 (Rede Globo), além de Jornal da Tarde, O Estado de S. Paulo, revistas Veja, Manchete, Afinal e Placar, entre outras.
Jornalistas&Cia o homenageou no início de setembro com uma edição especial em comemoração ao Dia do Repórter Fotográfico.
O velório está marcado para as 7h desta quinta-feira (10/10) no Cemitério de Congonhas (rua Ministro Álvaro de Sousa Lima, 101 – Vila Sofia), onde o corpo será enterrado às 10 horas.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em parceria com o Facebook, realiza o curso Jornalismo Local Sustentável para valorizar e incentivar a prática do jornalismo local. O curso é online e gratuito, com duração de oito semanas, de 21/10 a 13/12.
O curso terá quatro módulos: Jornalismo local de qualidade; Territórios e comunidades; Ferramentas digitais para jornalistas; e Jornalismo economicamente sustentável. Os participantes serão incentivados, por uma série de profissionais com experiência na área, a revisar os fundamentos básicos do Jornalismo; explorar novas linguagens como dados, podcasts e vídeos produzidos com smartphones; conhecer ferramentas digitais que darão produtividade ao trabalho jornalístico, entre outras atividades.
O coordenador acadêmico é Sérgio Lüdtke (Comprova),
responsável pelo tema: Monitoramento e Desinformação.
Daniel Bramatti,
presidente da Abraji, enfatiza a importância do jornalismo local. “É
fundamental para a democracia brasileira que, mesmo nas pequenas cidades,
tenhamos um jornalismo pautado pela independência, que fiscalize o uso correto
dos recursos públicos e denuncie abusos”.
As inscrições são limitadas até três mil participantes.
Caso a meta não seja alcançada, a Abraji organizará uma lista de espera para
estudantes.
A Rádio Guarda Chuva acaba de ser criada com o objetivo de valorizar o jornalismo independente, utilizando o slogan: “jornalismo para quem gosta de ouvir”. A rádio engloba três podcasts: Finitude, Põe na Estante e Rádio Escafandro.
Nesta semana, a rádio lançou a hashtag
#EuOuçoPodcastQuando para discutir a presença dos podcasts no cotidiano das pessoas, cada vez mais comum nos dias
atuais.
Os quatro sócios-fundadores são Juliana Dantas (coordenadora de Jornalismo da Alpha FM) e Renan Sukevicius (Folha de S.Paulo), responsáveis pelo Finitude; Gabriela Mayer (BandNews FM), que toca o Põe na Estante; e Tomás Chiaverini, que comanda a Rádio Escafandro.
Finitudebusca histórias humanas relevantes, que ajudem a discutir sobre assuntos delicados e tabus, como a morte; Põe na Estanteé um clube do livro em formato de podcast, discutindo assuntos diversos relacionados às obras; e Rádio Escafandro aborda diversas histórias ricas e inusitadas, sob um olhar jornalístico.
Para saber mais, visite o site da
Rádio Guarda Chuva.
Da esquerda para a direita: Leonardo Sakamoto, Carla Jiménez, Glenn Greenwald e Sérgio Dávila
A mesa Por dentro da operação Vaza Jato, da 41ª Semana de Jornalismo da PUC-SP, realizada no teatro TUCA, em 8/10, promoveu um grande debate sobre o vazamento de dados e o jornalismo proveniente desse fenômeno.
O evento foi mediado por Leonardo Sakamoto, colunista do UOL e professor da PUC-SP, e teve a participação de Carla Jimenez (El País), Glenn Greenwald (The Intercept) e Sérgio Dávila (Folha de S.Paulo).
Os principais temas discutidos foram a questão ética por
trás do vazamento de dados, se de fato é necessário e relevante publicar as informações,
ainda que preservando os direitos e a imagem dos cidadãos. Também se falou
sobre a operação Vaza Jato, capitaneada
pelo Intercept, da origem às consequências, bem como a postura e o futuro do
jornalismo frente aos vazamentos, cada vez mais frequentes nos dias atuais,
tornando o debate ainda mais rico.
Para Greenwald, um dos responsáveis pela Vaza Jato, “o
vazamento de dados é o futuro do jornalismo. Afinal, como é possível copiar
milhares de documentos muito sensíveis e secretos sem ser detectado? É um
enorme desafio. Com a tecnologia de hoje, as instituições mais poderosas do
mundo estão salvando seus dados, documentos e informações na forma digital.
Este fato mostra que vamos ter muito mais vazamentos no futuro, como os que já ocorreram
nos últimos anos”.
Greenwald também refletiu sobre o significado da palavra corrupção, que, segundo ele, é muitas vezes
entendida e utilizada de forma equivocada: “Corrupção tem um significado muito
estreito no Brasil. Não é só caixa dois ou propina para um deputado ou um
senador. Também há corrupção jornalística, no Ministério Público e no
Judiciário”.
“Se pararmos para pensar, muitas das grandes reportagens e
produções jornalísticas veiculadas na grande mídia nos últimos anos são fruto
de vazamentos criminosos e ilegais. Então, é importante entender que o abuso de
poder dentro da Polícia Federal ou dentro do Ministério Público, por exemplo,
mantendo sob sigilo informações que deveriam vir a público, como manda a lei, é
uma forma de corrupção”, diz o jornalista do The Intercept.
Ele concluiu afirmando que o trabalho realizado na Vaza Jato está se fortalecendo: “Estamos
revelando e tornando pública a corrupção que está dentro do Ministério Público,
da força-tarefa da Lava Jato. Para
mim, esse é o propósito do jornalismo”.