O jornal norte-americano The News & Observer desenvolveu um guia para ajudar empresas de jornalismo independente a conseguir financiamento para seus projetos. Com o crescimento de mídias independentes, aumentou muito a busca por organizações nacionais e internacionais que apoiam o jornalismo de qualidade e que possam providenciar a verba necessária para a produção dos trabalhos. E, nesse processo, surgem algumas dúvidas sobre o passo a passo para candidatar-se e conquistar a verba. O objetivo é acabar com essas dúvidas.
O guia explica algumas etapas essenciais no processo de
financiamento, como um roteiro para encontrar os financiadores; os documentos
necessários e recomendados para preparar antes de se candidatar; o estilo de
texto que deve ser utilizado na candidatura para o financiamento; como calcular
os orçamentos; o que fazer antes de assinar o contrato, entre outros. Confira
o guia na íntegra (em inglês).
No momento em que a tecnologia elevou à estratosfera o volume de notícias disponíveis e democratizou a forma de acesso a elas, um dos riscos para o jornalismo pode ser justamente a saturação. Essa é uma das ameaças apontadas pela relatório anual Journalism, Media and Technology Trends and Predictions 2020, elaborado pelo Instituto Reuters, sediado na Universidade de Oxford.
O estudo consolida a opinião de
233 profissionais que ocupam posições de comando em redações de 32 países,
colhidas por meio de um questionário fechado e comentários livres. O fenômeno
da “fadiga de notícias” não é o único paradoxo. Os entrevistados sinalizaram
confiança no negócio, mas ao mesmo tempo expressaram incertezas quanto à
qualidade da produção jornalística.
Quase 3/4 dos participantes disseram-se otimistas ou muito otimistas com as perspectivas de sustentabilidade financeira das organizações em que trabalham, o que o Reuters atribui ao sucesso de novos modelos de geração de receita que começam a frutificar. Por outro lado, 46% estão menos confiantes com o futuro do jornalismo. E menos ainda com o jornalismo de interesse público, salientando o declínio da imprensa regional e pressões para travar a atuação de profissionais que denunciam ricos e poderosos.
Karyn
Fleeting, do conglomerado de mídia britânico Reach, classificou
de “deprimentes e preocupantes” os ataques à mídia feitos por chefes de
estado, que se tornaram rotina aqui. A despeito de o primeiro-ministro Boris Johnson ter sido jornalista, a
relação de sua administração com a imprensa é tensa, com ameaças de suspender a
taxa obrigatória que sustenta a BBC e a licença do Channel 4.
O estudo revelou que 85% dos
consultados acham que a mídia deve fazer mais para esclarecer inverdades na
política, mas parte deles se ressente do baixo reconhecimento de iniciativas
nesse sentido pela audiência. E muitos observaram que tais iniciativas podem
ser em vão em um quadro em que líderes seguem a fórmula do presidente Donald
Trump, esvaziando a grande imprensa e dialogando com o público sem filtros por
redes sociais.
Os movimentos para regular as
plataformas tecnológicas, crescentes no Reino Unido e em outros países da
Europa, não são vistos como resposta para elevar a confiança geral. Mais da
metade (56%) dos editores que participaram da pesquisa acha que não haverá
impacto sobre o jornalismo. Mas 25% temem consequências negativas. O universo
pesquisado inclui representantes de mídias digitais, o que explica em parte
esse temor.
Inteligência artificial, a
próxima onda – Entre as tendências apontadas
pela estudo está o avanço da inteligência artificial, que o Reuters chama de “a
próxima onda de disrupção tecnológica”. As aplicações vão desde a apuração,
produção de textos e distribuição até o uso comercial, como otimização de paywall. Na visão de 52% dos
consultados, ela será muito importante este ano, mas empresas menores temem
ficar para trás.
Além dos questionamentos sobre
privacidade e democracia, entretanto, outra questão sobre inteligência
artificial emergiu. Um total de 24% dos participantes prevê dificuldades para
contratar e reter profissionais com expertise
em programação diante dos altos salários a eles oferecidos pelas empresas de
tecnologia. Por incrível que pareça, pode acabar sobrando vagas nas redações
por falta de gente qualificada.
A chave do cofre – E de
onde virá o dinheiro para a mídia? Para 50% dos que responderam ao
questionário, sairá direto do bolso de quem consome notícias. Apenas 14%
apostam em sustentabilidade financeira contando só com receitas publicitárias.
E 35% acham que será uma combinação das duas.
O relatório prevê que
organizações de mídia do mundo inteiro tentarão cada vez mais emular as
experiências das que já celebram crescimento como resultado de ações para
encantar leitores e espectadores, levando-os a pagar pelo conteúdo,
principalmente na Europa e nos Estados Unidos. Florescem aqui modelos criativos
que ressuscitaram títulos moribundos e deram origem a notáveis exemplos de bom
jornalismo.
Em contrapartida, há o risco de o
noticiário de qualidade ficar restrito à elite, restando aos menos abastados o
território caótico das redes sociais. O estudo registra ações já em curso
destinadas a neutralizar tal impacto, como eventos de engajamento e podcasts.
O
vigor do áudio é confirmado, mas o Instituto alerta para o desafio da
monetização. Muitos editores admitiram dificuldades para gerar receita com podcasts, ainda que reconheçam seu valor
no engajamento do público, sobretudo jovens. O Brasil é destacado como segundo
maior mercado consumidor de podcasts,
com citação ao projeto do Estadão em parceria com a Ford para criar um produto
diário no Spotify.
O documento do Instituto Reuters
é uma compilação de visões a partir de realidades nem sempre comparáveis à do
Brasil. Mas joga luz sobre tendências capazes de se estenderem para toda a
indústria, que merecem ser observadas tanto por executivos e editores
experientes como pelos que entram no mercado de trabalho.
Aprender programação pode ser a
diferença entre um futuro na redação do futuro ou um diploma guardado na
gaveta.
O Ranking dos +Premiados da Imprensa Brasileira, que apontou nas últimas semanas os profissionais e veículos de comunicação que mais conquistaram prêmios de jornalismo em 2019 e na história, chega nesta edição ao seu último recorte: o dos Grupos de Comunicação. Maior conglomerado de mídia do Brasil, o Grupo Globo segue isolado na primeira colocação tanto do recorte histórico quanto no de 2019, e em ambos os casos tem a RBS, sua afiliada no Rio Grande do Sul, na segunda colocação.
O terceiro lugar no levantamento dos +Premiados do Ano ficou com a Rede Record, que se valeu do ótimo desempenho de sua principal emissora de TV em 2019, enquanto que no recorte histórico os Diários Associados mantiveram-se na posição pelo segundo ano consecutivo.
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) fez para o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP) um relatório sobre os efeitos da crise no jornalismo para os profissionais da área. Segundo o estudo, que analisou dados de 2004 a 2018, o número de jornalistas com carteira assinada vem diminuindo desde 2013: Em 2018, foram registrados aproximadamente 13 mil profissionais, número que corresponde a uma redução de 20% do total de empregos com carteira assinada registrados em 2013 (pouco mais de 16 mil – maior número registrado no estudo).
A pesquisa aponta que o setor mais afetado é o de Jornais e
Revistas, cujos empregos diminuíram drasticamente: Desde 2013, quando existiam
aproximadamente três mil empregados, o segmento perdeu mais de dois mil
empregos, e em 2018 registrava apenas 1.173 jornalistas com carteira assinada
na área. O setor de Rádio e TV é o que mais se manteve estável em relação ao
número de empregos registrados.
A função com maior índice de registro em carteira é a de
editor (23%). Com apenas 4%, repórteres de Rádio e TV e produtores de texto
representam os menores índices. Outro dado relevante é que a maioria absoluta
dos profissionais atua em empresas privadas, cerca de 76% do total. O setor
público corresponde a aproximadamente 10%.
A BBC anunciou nesta quarta-feira (29/1) centenas de demissões em sua divisão de notícias, como parte da mais dolorosa redução de custos dos últimos tempos. Serão cortados na BBC News 450 postos de trabalho, o que visa a economizar 80 milhões de libras até 2022. Ainda não se sabe se os cortes atingirão a empresa no Brasil.
“A ideia é reunir equipes de apuração e produção dos vários programas, que hoje funcionam de forma isolada e com muita redundância, pequenos feudos”, analisa Luciana Gurgel, colunista deste Portal dos Jornalistas que vive em Londres. “É uma pena, mas empresarialmente faz sentido, principalmente no momento em que eles precisam fazer algo para se defender na questão da taxa. Vai ser interessante observar se vão ficar apenas no jornalismo, ou vão tesourar também o entretenimento, que é onde tem mais gente, mais feudos e maiores salários”.
Segundo Luciana, o mais importante disso é o que está nas entrelinhas: “A mudança do modelo de broadcasting para o modelo digital, que está lá no meio do comunicado. Que demanda menos gente, menos equipamento, menos tempo de edição. É claro que o sistema de pool para os programas que ficam na grade da TV é uma forma de economizar muitos postos. Mas penso que é mais do que isso. É uma adaptação ao mundo em que vai ter mais gente consumindo notícias por meio digital do que assistindo TV. Estamos no meio de uma revolução”.
Luciana abordou a crise da BBC na semana passada, em sua coluna na edição 1.240. Confira!
Após 160 anos da Imperial Comissão Científica e Comissão Exploradora das Províncias do Norte – mais conhecida como “Comissão das Borboletas” –, O Povo refez os percursos dessa que foi a primeira expedição científica formada só por brasileiros (entre 1859 e 1861). O objetivo foi, segundo o jornal, “buscar as histórias, os vestígios, as transformações e os saberes de hoje, produzidos por quem se debruça, nas universidades, sobre o que produziu a comissão no século XIX. E também o conhecimento da própria gente do povo, naturalistas de hoje, formados pela experiência”.
O resultado começa a ser publicado com o primeiro volume de Expedição Borboletas – Quando a ciência brasileira descobriu o Ceará, disponível em diversas plataformas: online (http://especiais.opovo.com.br/borboletas), webdoc e vídeos (YouTube) e Instagram (#ExpediçõesBorboletas). Confira bastidores e mais informações nos stories.
A partir de 3/2, Kennedy Alencar comandará na CBN uma nova coluna, diretamente de Washington: Pastoral Americana, para cobrir as eleições à Presidência dos Estados Unidos. O nome do boletim é inspirado no livro de mesmo nome do escritor Philip Roth, que ganhou um Prêmio Pulitzer em 1998.
“Depois de acompanhar a crise política brasileira nos
últimos anos, será interessante cobrir uma eleição americana disputada entre
Donald Trump, um exemplo clássico de masculinidade tóxica, e o candidato ou
candidata democrata que será escolhido nas primárias”, escreveu Alencar em sua
coluna no iG.
Pastoral Americana irá ao
ar de segunda a sexta, sem horário definido, durante a programação da CBN. O
comentarista despediu-se de sua coluna A Política como ela é em 16/1, afirmando
que ela ficará “arquivada por um bom tempo”.
O UOL estreou nesta terça-feira (28/1) o podcastFutebol
Bandido, que discute escândalos de corrupção dentro do futebol no Brasil e
no resto do mundo, como a organização da Copa do Mundo de 2014, João Havelange
na Fifa, contratos obscuros envolvendo grandes craques do futebol mundial,
entre outros.
Fazem parte da equipe especialistas na cobertura de
corrupção no futebol: Juca Kfouri, responsável pela denúncia da máfia da
loteria esportiva nos anos 1980; Rodrigo Mattos, que ganhou o Prêmio
Esso de Jornalismo e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva, ambos
em 2012; e Jamil Chade, eleito o melhor correspondente brasileiro no
exterior pelo Comunique-se.
O podcast terá oito episódios, lançados às
terças-feiras, destacando bastidores, investigações jornalísticas, entrevistas
e análises de personalidades corruptas. O episódio de estreia traz a história
de Ricardo Teixeira, cartola que, em meio a polêmicas e casos obscuros,
ascendeu à Presidência da CBF, até sua queda em 2012, devido a investigações
internacionais. Segundo a reportagem, uma curiosidade é que Teixeira não
gostava de futebol: “Ele não assistia aos jogos”, relata Rodrigo Mattos. “O
Blatter (ex-presidente da Fifa) pelo menos gostava e assistia. O Ricardo
Teixeira não assistia aos jogos de futebol. Às vezes, ia à final da Champions
League ou Copa do Mundo e ficava vendo um tablet”.
A Rede TV anunciou nesta terça-feira (28/1) a contratação de Homero Salles para a Vice-Presidência de Conteúdo. Com mais de 40 anos de experiência em televisão, Salles chega para melhorar o posicionamento da RedeTV no mercado, atuando diretamente nos setores de criação e produção, para valorizar o conteúdo e alterar estrategicamente a grade de programação da emissora.
Ele iniciou a carreira na TV Rio Preto, em 1974. Três anos
mais tarde, foi para o SBT, onde permaneceu por 20 anos, dirigindo programas
como Domingo Legal, Domingo no Parque e Viva a noite, ao
lado de Silvio Santos e Gugu Liberato. Em 1977, conheceu Amilcare Dallevo Jr.,
presidente da RedeTV, e o ajudou a realizar o projeto que mais tarde se
tornaria a emissora que hoje o contratou.
De 1999 a 2006, comandou a GGP Produções, empresa
audiovisual de Gugu Liberato. Muito amigo do falecido apresentador, Salles
retornou ao SBT para assumir a direção de seu programa alguns anos mais tarde.
Foi responsável pela negociação de Liberato com a Record, e em 2008, assumiu a
direção-geral do Programa do Gugu. Em 2017, retornou à GGP Produções,
onde permanecerá até 3/2, dia de sua estreia na RedeTV.
Morreu em 24/1 o ex-comentarista esportivo Sérgio Noronha, aos 87 anos, vítima de pneumonia. Ele estava internado em um hospital na Zona Sul do Rio de Janeiro.
Noronha sempre foi muito respeitado no jornalismo
esportivo. Iniciou a carreira como redator da revista O Cruzeiro, onde se
destacou por suas crônicas e textos esportivos, até chegar ao Jornal do Brasil.
Começou na TV Globo em 1975, onde permaneceu até 2009. Nesse
período, tornou-se uma das referências no jornalismo esportivo, com destaque
para a cobertura da Copa do Mundo de 1982, na Espanha. Alguns amigos que fez
nos tempos de TV Globo, como Galvão Bueno, Marcos Uchôa e Arnaldo
Cezar Coelho, prestaram homenagens a ele. Uchôa destacou que o diferencial
de Sérgio Noronha era que ele “soube passar de uma boa linguagem escrita para
uma boa linguagem falada”. Em 2018, foi diagnosticado com Alzheimer e passou a
morar no Retiro dos Artistas.