Quando vim para São Paulo, em dezembro de 1970, queria fazer pós-graduação na USP (o primeiro mestrado da América Latina só seria implantado em 1972) e minha pesquisa sobre jornalismo tinha como principal alvo o Jornal da Tarde. Como profissional da área e como professora na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, admirava à distância a edição inovadora do vespertino paulistano. Mal sabia eu que já em 1971 viria a trabalhar nessa redação. Murilo Felisberto (1939-2007), o editor-chefe, me recebeu e ao saber de meu interesse em incorporar o JT à minha pesquisa imediatamente me convidou para ler e comentar o jornal com os editores, diariamente.
Que desafio: de manhã, trabalhar no curso de Jornalismo da USP com o laboratório recém-criado, a Agência Universitária de Notícias; à tarde ler inteirinho o Jornal da Tarde, escrevendo à margem observações de conteúdo e estilo; à tardinha chegar ao centro e sentar com o grupo de criação do jornal, partilhar com eles minha leitura (crítica?). É aí que entra a presença forte de um líder de equipe, Laerte Fernandes. No meu trânsito profissional, não conheci um núcleo de prática e reflexão tão coeso como esse. E, entre os jornalistas que se dispunham a aperfeiçoar a edição do dia seguinte, lá estavam na reunião, de segunda a sexta-feira, Laerte, Fernando Mitre, Ivan Ângelo, entre outros. Durante dois anos, nesse ambiente em que recebiam com respeito uma iniciante da pesquisa, aprendi quanto o JT se diferenciava no mercado brasileiro.
Hoje, a perda de Laerte Fernandes − parceiro de profissão e amigo que até há pouco encontrava vez por outra num café da praça Buenos Aires, em Higienópolis − me faz desejar que essa preciosa herança permaneça viva na memória e na experiência dos jovens jornalistas do futuro.
Cremilda Medina
A colaboração desta semana é de Cremilda Medina, pesquisadora e professora titular sênior da Universidade de São Paulo, autora da edição inaugural da série Jornalistas&Cia Academia.
Em reunião virtual realizada em 27/8, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) reelegeu Marcelo Rech (Grupo RBS) presidente da entidade para o biênio 2020-2022. No mesmo evento, foram definidas as composições da Diretoria, do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal.
Em discurso, o presidente da ANJ destacou tópicos relevantes para o jornalismo nacional, como a necessidade de plataformas digitais pagarem veículos de notícias pelo uso de seus conteúdos, além do combate à desinformação, transparência durante o trabalho e defesa da liberdade de imprensa.
Além de Rech, integram a nova Diretoria os vice-presidentes Carlos Fernando Lindenberg Neto, o Café, da Rede Gazeta (ES); Maria Judith de Brito, da Folha de S.Paulo; Álvaro Augusto Teixeira da Costa, do Correio Braziliense; Ana Amélia Cunha Pereira Filizola, da Gazeta do Povo; Antonio Carlos Peixoto de Magalhães Junior, do Correio (BA); Francisco Mesquita Neto, de O Estado de S.Paulo; Jaime Câmara Júnior, de O Popular (GO); João Roberto Marinho, de O Globo; Luciana de Alcântara Dummar, de O Povo (CE); Mário Alberto de Paula Gusmão, do Jornal NH (RS); Sylvino de Godoy Neto, do Correio Popular (SP); e Walter de Mattos Junior, do Diário Lance! (RJ).
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) divulgou em 26/8, Dia Internacional da Igualdade Feminina, uma pesquisa sobre as condições de trabalho de jornalistas mulheres que são mães, durante a pandemia de coronavírus. A pesquisa, realizada entre 7 e 17 de agosto, foi respondida por 629 profissionais de todo o País. Os dados revelaram sobrecarga de trabalho na maioria das participantes.
Segundo o levantamento, cerca de 60% das mães jornalistas estão trabalhando de casa, e 63% dividem as tarefas de cuidar dos filhos com os maridos. Porém, quase 86% das entrevistadas sentem-se sobrecarregadas pelo trabalho durante a quarentena, por conciliarem atividades da profissão com tarefas domésticas.
Vale lembrar que a maioria das participantes (cerca de 83%) têm filhos que cursam até o 5º ano do Ensino Médio, desde bebês até crianças de 10 a 11 anos, em fase de intenso aprendizado.
Em pergunta aberta sobre a sobrecarga de trabalho, os relatos incluíram dificuldades de ajudar os filhos durante aulas remotas; de conciliar esta e outras responsabilidades com o trabalho jornalístico; cobranças por desempenho no teletrabalho sem qualquer tipo de empatia por parte de seus superiores; e a sensação de estarem o tempo todo tendo que se colocar à disposição para o trabalho.
A Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom), em parceria com o movimento de transformação e renovação Brahma Kumaris, faz nesta terça-feira (1º/9), às 17h30, live sobre estabilidade em tempos de crise.
Carlos Henrique Carvalho, presidente-executivo da Abracom, e Vânia Bueno, fundadora da Anima Convivência, conversam com Ken O’Donnell, coordenador para a América do Sul da Brahma Kumaris. Ele vai falar sobre equilíbrio emocional, saúde mental e como aplicar técnicas de meditação no trabalho para combater o estresse.
A live será realizada na plataforma Microsoft Teams. Para receber o link gratuito de acesso, envie nome, cargo e empresa para eventos@abracom.org.br.
Mais estratégica e essencial do que nunca, a Comunicação agigantou-se ao longo dos últimos meses no combate da pandemia, atuando no apoio às principais lideranças políticas e empresariais no esforço em informar, combater fake news e levar conteúdos consistentes à sociedade. Essa é a principal conclusão do recém-encerrado 23º Congresso Mega Brasil de Comunicação, Inovação e Estratégias Corporativas, realizado, de forma online e gratuita, ao longo de 15 manhãs, de 10 e 28 de agosto.
Segundo Eduardo Ribeiro, diretor da Mega Brasil, a solidariedade talvez seja o grande legado da pandemia para as empresas e mesmo para o ambiente da comunicação: “Ao longo das 15 manhãs, o Congresso revelou, dia a dia, o poder que a pandemia teve de unir forças, recursos e pessoas para combater não só a pandemia, mas sobretudo seus efeitos, em especial junto aos mais vulneráveis. E coube à comunicação um papel estratégico em alinhar as ações, os discursos, os insigths, o engajamento e a mobilização dos vários stakeholders. Foi possível ver no evento o quanto as empresas caminharam na direção de seu papel social e cidadão”.
Para Marco Rossi, também diretor da Mega Brasil e curador do evento, o Congresso apontou as tendências que estão chegando e vieram para ficar: “Foi importante ver e constatar como a Comunicação se engrandeceu nesse processo, reiventando-se e ajudando as empresas a também se reinventarem, seja na consolidação do trabalho à distância, na valorização do humanismo, no afloramento de um olhar ainda mais social e no próprio modo de fazer comunicação, com inovações na linguagem, nas plataformas, nos fluxos e na interação com os vários públicos. O impacto foi imenso, mas as respostas e a reação da comunicação, um grande ensinamento para as próprias organizações”.
O evento, que registrou mais de 7 mil visualizações ao longo da jornada e que contou com o apoio de 30 organizações, teve como tema central Comunicação, Tecnologia e Humanismo – Tendências e Transformações. Dele participaram cerca de 60 convidados, distribuídos em 20 painéis, entre eles a Arena da Inovação, que debateu O Humanismo no centro de gravidade; o Fórum do Pensamento, sobre Sociedade Líquida; e o Prêmio Personalidade da Comunicação, que homenageou o jornalista e escritor Laurentino Gomes.
Também frequentaram a arena virtual do evento temas como Ideologia, Políticas Públicas, Cultura Organizacional, Terceiro Setor, Diversidade (com ênfase nos refugiados), Comunicação Inclusiva e um painel acadêmico debatendo As transformações que o coronavírus provocou no metabolismo da comunicação e da sociedade, com as professoras Lucia Santaella, da PUC-SP, e Maria Manuela Martins, da Universidade do Minho (Braga – Portugal).
A Mega Brasil está preparando o painel Crème de la Crème, com o melhor do Congresso, que poderá ser visto pelos participantes inscritos. Os convidados desse painel são os jornalistas Carol Silvestre, Cristina Vaz de Carvalho, Maria Luiza Abott, Ricardo Mituti, Rosana Dias e Sandro Rego.
Jornalistas de Santa Catarina relatam baixa qualidade de dados sobre a pandemia
Profissionais de imprensa de Santa Catarina relataram à Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) que estão tendo dificuldades para acessar dados sobre a pandemia de coronavírus. Eles também criticam a qualidade das informações, que é baixa.
Desde junho, o Governo de Santa Catarina não faz mais coletivas de imprensa sobre a pandemia. O boletim epidemiológico do Estado informou que os detalhes dos casos, que eram publicados diariamente, não estariam mais nos informes, mas disponíveis em um arquivo de dados abertos. Segundo a denúncia, o problema é que a qualidade dos dados é ruim, com diversas informações duplicadas e imprecisas, e quem não tem o conhecimento necessário para analisar e interpretar tais dados acaba perdendo informações importantes sobre a pandemia.
Cristian Edel Weiss, repórter da NSC, afiliada da Rede Globo em Santa Catarina, conta que sua equipe vem rastreando os registros errados. Na semana passada, foram 28 óbitos duplicados. Tais informações podem confundir não apenas a imprensa, mas também o Ministério da Saúde, que usa como fonte as secretarias estaduais de saúde. Ele destaca, por exemplo, o caso de uma mulher que foi declarada como “morta”, e depois como “recuperada”.
Procurada pela Abraji, a assessoria de imprensa do governo catarinense declarou que foram testadas diferentes estratégias de comunicação durante a pandemia. Segundo a assessoria, a equipe segue atendendo pontualmente pedidos de jornalistas e o secretário de Saúde, André Motta Ribeiro, concede entrevistas individuais regularmente.
FIJ aponta nove mortes de jornalistas por Covid-19 no Brasil; na América Latina são 171
A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) divulgou uma pesquisa sobre os impactos da Covid-19 nos profissionais de imprensa na América Latina. Os dados apontam que, até 19 de agosto, 171 jornalistas morreram de coronavírus na região, nove deles no Brasil.
A pesquisa usou informações de 13 países. Peru, com 82 profissionais de imprensa mortos, e Equador, com 40, são as regiões com maior número de vítimas de coronavírus da região. Brasil, com nove, está em 4º lugar, atrás do México, com 13 mortos.
As vítimas da doença no Brasil citadas no levantamento foram: Rodrigo Rodrigues, apresentador Sport TV (Rio de Janeiro – 28 de julho); José Raimundo Alves, repórter cinematográfico freelance (Salvador − 5 de agosto); Mário Marques Nunes Jr (Bob Jr.), repórter cinematográfico da TV Meio Norte (Terezina – 24 de julho); Letícia Neworal Fave, assessora de imprensa da Universidade do Futebol (Jundiaí/SP − 19 de junho); Lauro Freitas Filho, editor do Jornal Monitor Mercantil (Rio de Janeiro – 28 de maio); Alexandre Rangel, assessor de imprensa da Câmara Municipal de Fortaleza (Fortaleza − 15 de maio); Marcos Dublê, repórter cinematográfico da TV Metrópole (Fortaleza − 7 de maio); Luiz Marcello de Menezes Bittencourt, da Rádio USP (São Paulo − 30 de abril); e Roberto Fernandes, da TV/Rádio Mirante (São Luís – 22 de abril). A pesquisa não levou em conta três radialistas: Márcio Garçone, da TV Band Rio e CNT (Rio de Janeiro – 5 de maio); Robson Thiago, operador de câmera do SBT Rio (Rio de Janeiro − 21 de abril); e José Augusto Nascimento Silva, editor de vídeo do SBT Rio (Rio de Janeiro – 13 de abril).
As professoras Ana Cecília Nunes, da Pucrs, e Ana Marta Flores, da Universidade de Nova de Lisboa, estão fazendo uma pesquisa sobre inovações em jornalismo durante a pandemia. O objetivo é escrever um artigo científico, mapeando estas inovações e compreendendo como os profissionais de imprensa estão lidando com este período.
A pesquisa tem apenas duas perguntas: a primeira é para saber a que grupo o participante pertence, e a segunda para descrever ou colocar links de exemplos de inovações que tenha visto. Não é preciso se identificar para responder à pesquisa. É possível entrar em contato com as professoras através dos e-mails ana.nunes@pucrs.br e amflores@fcsh.unl.pt.
O Arena de Ideias, da In Press Oficina, vai abordar nesta quinta-feira (27/8), às 9h30, pelo canal da agência no YouTube, as transformações necessárias para impactar positivamente o cenário da comunicação durante a pandemia. A moderação é de Patrícia Marins, sócia-diretora da In Press. Inscrições gratuitas.
A plataforma Bora Saber lança o curso online Jornalismo investigativo. Apurar: populismo e fake news, ministrado pela repórter especial da Folha de S.Paulo Patrícia Campos Mello. Em três aulas, ela discutirá como líderes populistas utilizam as redes sociais para criar grandes redes de desinformação e fake news. O curso será de 20 a 22 de outubro, das 19h às 20h30, na plataforma Zoom.
A primeira aula será sobre Fake News. A eleição do Whatsapp no Brasil, o assassinato de reputações. A segunda abordará a Ascensão do populismo no mundo e a pandemia. E a terceira e última tratará de Máquina do ódio. Bolsonaro e o manual de Viktor Obrán para acabar com a mídia crítica. O curso custa R$ 290. Inscreva-se!
O Knight Center lança o curso gratuito No rastro digital do dinheiro público: Como fiscalizar gastos da União, estados e Municípios, coordenado pelo economista Gil Castello Branco, fundador da ONG Contas Abertas. As aulas, online, duram quatro semanas, com início em 7 de setembro.
Natália Mazotte, diretora da Abraji, e Carlos Brenner, vice-secretário-geral da Associação Contas Abertas, também são instrutores do curso. O objetivo é capacitar jornalistas para que possam fiscalizar e analisar o fluxo do dinheiro público. O curso inclui videoaulas, leituras, fóruns de discussão, questionários e encontros no Google Meets. Inscreva-se!
A Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom) realizou em 25/8 eleição para a escolha de sua nova diretoria. O pleito foi com chapa única, Mercado Forte, liderada por Daniel Bruin, da XCOM, que tem como vice-presidente Zé Schiavoni, da Weber Shandwick, e Carina Almeida, da Textual, como secretária-geral.
Além deles, integram a nova diretoria Renato Salles, da FSB, como diretor de assuntos legais e Ana Julião, da Edelman, como diretora de finanças. No conselho fiscal estão Vitor Fortes, da In Pacto, Claudia Zanuso, da Duecom, e Beth Garcia, da Approach, tendo Gustavo Diamantino, da Press-à-Porter, como suplente. Na nova configuração de governança da Abracom, o grupo integra o conselho gestor.
A diretoria eleita nomeará para diretorias não estatutárias nas áreas de relações institucionais e governamentais, capacitação profissional, dados e parâmetros de mercado, expansão e mobilização e outros cargos dedicados à execução de um plano de trabalho, que tem como pontos centrais a melhoria do ambiente de negócios, ética e diversidade, e relacionamento institucional.
A nova gestão vai se encerrar em 2022, ano em que a Abracom completará 20 anos de fundação, representando um mercado que movimenta mais de R$ 2,5 bi ao ano e emprega cerca de 17 mil profissionais. A posse da nova diretoria já foi realizada no encerramento da assembleia. As diretorias estaduais de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Pernambuco, Bahia, São Paulo e Rio Grande do Sul serão eleitas nos próximos dois meses em plenárias dos associados locais.
Em coletiva de imprensa virtual em 26/8, a rádio Jovem Pan (JP) anunciou a campanha Em setembro tem, que promove a estreia de cinco programas.
O primeiro é Tô na Pan, apresentado por Leo Dias e Ligia Mendes, com as últimas notícias do mundo dos famosos, participação de artistas e conexão direta dos principais assuntos nas redes sociais. O programa, que estreia na próxima segunda-feira (31/8), irá ao ar de segunda a sexta, às 11h30 no FM e às 12h na plataforma de streaming Panflix.
Na terça-feira (1/9), estreia Conselho do CEO, com o comentarista de negócios Carlos Sambrana, que dará semanalmente dicas sobre empreendedorismo e como abrir o próprio negócio, traçando paralelos com os cenários político e econômico atuais.
Posteriormente, Augusto Nunes estreia o Direto ao Ponto, programa de debates com um convidado por edição, que será entrevistado por uma bancada diversa de formadores de opinião. A atração, produzida por Paula Azzar, ex diretora do Roda Viva (TV Cultura), irá ao ar às segundas-feiras, às 21h30.
Com os correspondentes internacionais Érico Aires, de Portugal, Mariana Janjácomo, de Nova York, e Monica Yanakiew, da Argentina, o programa de variedades De Tudo um Pouco estreia em 14/9 e trará notícias sobre diversos temas, como moda, costumes, cinema, esporte, gastronomia, viagem, política, economia, relacionamentos, redes sociais e saúde.
A JP estreia ainda a série Tá explicado, que vai esmiuçar temas atuais sobre política, economia, saúde, tecnologia, entre outros, que interferem na vida das pessoas. A apresentadora Lívia Zanolini conversará com especialistas para esclarecer os assuntos de forma didática e confiável.