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Conheça os finalistas dos +Admirados da Imprensa do Agro

Confira os +Admirados da Imprensa do Agronegócio

Jornalistas&Cia preparou esta edição especial para que você conheça os jornalistas e publicações finalistas da segunda edição do Prêmio Os +Admirados da Imprensa do Agronegócio. Com patrocínio de Cargill, Syngenta Proteção de Cultivos e Yara, apoio de Mosaic Fertilizantes e Portal dos Jornalistas, além de apoio Institucional da CNA e da Rede Brasil de Jornalistas Agro, o certame distingue os jornalistas e veículos em nove categorias: Veículo Impresso, Veículo especializado, Site/Blog, Canal Digital, Programa de TV aberta, Programa de TV em canais especializados, Programa de Rádio, Podcast e Agência de Notícias, além dos tradicionais TOP 25 jornalistas +Admirados do País.

Foram mais de 200 jornalistas indicados, dos quais 59 são finalistas, representando 28 veículos. E mais de 330 veículos e programas foram indicados nas nove categorias, dos quais 82 são finalistas.

Neste primeiro turno, os eleitores puderam indicar livremente os jornalistas e veículos +Admirados em cada uma das categorias. Já na segunda fase, que começa nesta quinta-feira (19/5), os participantes poderão indicar, dentre os finalistas, até cinco nomes
por categoria, do 1º ao 5º colocado. Os +Admirados serão definidos a partir da somatória de pontos conquistados neste turno, com cada posição rendendo uma pontuação específica (1º lugar: 100 pontos; 2º lugar: 80 pontos; 3º lugar: 65 pontos; 4º lugar: 55
pontos; e 5º lugar: 50 pontos).

A votação seguirá aberta até 2 de junho, e a cerimônia de premiação está marcada para 5 de julho, de forma presencial, no restaurante Figueira Rubayat, em São Paulo.

Confira a lista completa dos finalistas aqui.

Levantamento aponta baixa presença de negros nas agências de comunicação

A fim de valorizar o cidadão negro na sociedade brasileira, a TV Cultura criou o programa semanal Negros em Foco.
A fim de valorizar o cidadão negro na sociedade brasileira, a TV Cultura criou o programa semanal Negros em Foco.

Lançada na última segunda-feira (16/5) pela Mega Brasil, publicação revela que a presença de negros nas agências de comunicação é de 20,7%, entre os 17 mil colaboradores – 11,2% de pardos e 9,5% de negros

Um levantamento inédito, realizado pelo Anuário da Comunicação Corporativa, finalmente jogou luzes sobre a presença dos negros em um dos mais importantes segmentos da comunicação corporativa no País, o das agências de comunicação, cujas 900 agências (1.500 se consideradas as micro de perfil informal) empregam pouco mais de 17 mil profissionais. Coordenado pelo Instituto Corda – Rede de Projetos e Pesquisas, o estudo revela que os negros empregados na atividade são 20,7%, sendo 11,2% de pardos e 9,5% de negros. O inusitado, segundo analisa Maurício Bandeira, que assina o estudo, é que os pretos não estão sub-representados, já que eles são 9,3% do total da população brasileira. Já os pardos, que são 46,5% da população, sim, e de forma acentuada (35,3% a menos).

“Há aqui uma ponderação metodológica”, afirma Bandeira no comentário que fez para o Anuário, “que faz com que esses resultados sejam vistos e analisados como uma primeira aproximação sobre a questão racial nas agências de comunicação. Diferentemente de como se procede no censo demográfico do IBGE, onde a autodeclaração da cor/raça foi o procedimento utilizado, nesse estudo a informação veio de um questionário respondido pela empresa, que identificou, segundo seus próprios critérios, a composição racial de seus empregados. Isso pode trazer distorções a esses resultados, mas também nos aproxima dessa questão nesse setor econômico, e abre essa importante discussão, até aqui não colocada publicamente”.

Versão digital já disponível

A edição digital do Anuário da Comunicação Corporativa 2022 já está acessível e pode ser consultada gratuitamente no site da publicação. Nas suas 312 páginas são apresentadas reportagens sobre o mercado assinadas pelos repórteres Ceila Santos, Cristina Vaz de Carvalho, Dario Palhares, Fernando Soares, Martha Funke e Vanderlei Campos, além de um artigo de autoria de Carlos Parente e Renato Delmanto, sobre os cuidados empresariais e da comunicação corporativa em relação às eleições presidenciais.

A edição impressa estará disponível no final de maio e será comercializada pela Mega Brasil pelo preço de R$ 100, mais custo de postagem.

Justiça de SP julga improcedente ação de ex-assessor parlamentar contra a Abraji

A juíza Mônica Lima Pereira, da 2ª Vara Cível de São Paulo, julgou improcedente a ação movida pelo ex-assessor parlamentar Leonardo Antonio Corona Ramos contra a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).

Corona Ramos pedia a retirada de reportagens sobre suspeita de ameaças de morte contra o jornalista Pedro Zambarda, do portal DCM, que citam o nome dele, além de uma indenização financeira e que os réus (a Abraji, o próprio Zambarda e o DCM) fossem proibidos de fazer reportagens sobre ele.

Em 2020, Zambarda e o DCM publicaram reportagens sobre conflitos e desentendimentos de Corona Ramos com uma terceira pessoa, além de relatarem a denúncia de que seria funcionário fantasma do gabinete do deputado estadual Roberval Conte Lopes Lima (PL-SP), em 2007.

Após a publicação das reportagens, Zambarda passou a receber ameaças em seu celular de um número desconhecido, que se se identificava como “Corona”. A Abraji divulgou o fato em outubro de 2020, com base nos documentos obtidos na época e nas tentativas de contato com as partes envolvidas.

O delegado de polícia responsável pela investigação concluiu que não havia como estabelecer a autoria do crime, e, enquanto tramitava a ação contra Abraji, Zambarda e o portal DCM, o caso foi arquivado, sem que houvesse uma solução.

Na decisão, a juíza Mônica Lima Pereira entendeu que a matéria da Abraji “se limitou a informar sobre as denúncias apresentadas pelo corréu Pedro à Polícia Civil, bem como sobre os fatos que eram conhecidos do público no momento da publicação da matéria, de modo que não há indicação de que tenham ultrapassado o limite do razoável ou tenham provocado qualquer tipo de dano moral indenizável ao autor”.

Corona Ramos ainda pode recorrer da decisão em segunda instância.

Folha de S. Paulo cria comitê de Inclusão e Equidade

Buscando promover a diversidade na redação do jornal, a Folha de S. Paulo criou o Comitê de Inclusão e Equidade. Com 17 profissionais, a iniciativa é uma das medidas criadas após 208 jornalistas assinarem uma carta em repúdio à publicação do artigo Racismo de Negros contra Brancos Ganha Força Com Identitarismo, do antropólogo Antonio Risério, em janeiro desse ano.

Com encontros trimestrais com a secretária-assistente de redação e editora de diversidade, Flávia Lima, o comitê é formado por 12 jornalistas negros e 5 brancos, sendo 11 mulheres e 6 homens. Estão sendo trabalhadas iniciativas que garantam a pluralidade e inclusão em todos os setores do jornal, dentro e fora da redação.

O primeiro encontro já aconteceu no dia 7/4 e contou com a participação do diretor de redação, Sérgio Dávila.

Caê Vasconcelos estreia coluna de tema LGBT+ na Ponte Jornalismo

Caê Vasconcelos despediu-se da redação da ESPN Brasil e assumiu como repórter de segurança pública e direitos humanos no UOL Notícias.
Caê Vasconcelos despediu-se da redação da ESPN Brasil e assumiu como repórter de segurança pública e direitos humanos no UOL Notícias.

Caê Vasconcelos estreou na última quarta-feira (18/5) a coluna Pluralidades na Ponte Jornalismo. Autor do livro Transresistência: Pessoas Trans no Mercado de Trabalho, ele irá colaborar semanalmente com artigos que dão visibilidade à luta e às conquistas de pessoas trans, trazem dicas culturais, reflexão interseccional sobre gênero e raça, e principalmente, contam sua própria vivência como homem trans.

Sendo o primeiro jornalista trans a ocupar a bancada do Roda Viva e passar por mastectomia, hoje atua como editor na ESPN Brasil e, de acordo com a Ponte Jornalismo, deve lançar neste ano a primeira agência de jornalismo feita por pessoas transvestigêneres.

“Uma coisa que eu percebi com a transição é que o que eu tinha para falar era importante de ser ouvido. A gente está em um momento, ainda em 2022, em que poucas pessoas trans têm acesso efetivamente aos espaços e conseguem ter sua voz ouvida”, disse. “A galera está aí falando dentro de suas áreas, nas redes sociais, mas acho que o jornalismo tem um potencial que é diferente das outras áreas. As artes conseguem funcionar de uma forma, o esporte de outra, outras profissões também”.

Caê deu início à transição de gênero no período em que trabalhou como repórter na Ponte, entre 2017 e 2021. Ele já contribuía escrevendo sobre algumas de suas experiências mais marcantes.

STJ arquiva ação de Augusto Aras contra repórter da Carta Capital

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) arquivou em 17/5 uma queixa-crime do procurador-geral da República (PGR) Augusto Aras contra o jornalista André Barrocal, da CartaCapital, pela publicação de um texto em 2020, no qual classifica Aras como “cão de guarda de Bolsonaro” e “PGR de estimação do presidente”.

O artigo em questão faz críticas à atuação de Aras como PGR, como a omissão em relação a condutas do presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia de Covid-19, e a postura dele em defender as Forças Armadas tem respaldo constitucional para intervir na política. Na ação contra Barrocal, o PGR alegou que teve a honra ofendida.

A ação foi arquivada por quatro dos cinco votos possíveis. O ministro Sebastião Reis, um dos que votou pelo arquivamento, declarou que, “no momento em que vivemos, não tem como amordaçar, mesmo que de forma indireta, aquela que tem cumprido seu papel no debate público”. Já o ministro Rogério Schietti, também favorável a arquivar a ação, disse que “jornalistas, ainda que critiquem acidamente declarações públicas de autoridades, não podem ser criminalmente responsabilizados”.

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Sindicato do DF realiza debate/ato contra assédio judicial a jornalistas

Sindicato do DF realiza debate/ato contra assédio judicial a jornalistas

O Sindicato dos Jornalistas do DF (SJPDF) realiza na próxima segunda-feira (23/5), às 20h, um ato/debate sobre assédio judicial a jornalistas. O evento, na sede da entidade, terá a presença de Rubens Valente, José Cristian Góes, Vasconcelos Quadros (Agência Pública) e Nayara Felizardo (Intercept).

Rubens e José Cristian falarão sobre processos que sofreram após a publicação de textos abordando a atuação do judiciário. Rubens foi condenado a pagar mais de R$ 310 mil ao ministro do STF Gilmar Mendes por danos morais, após citar episódios da vida do magistrado no livro Operação Banqueiro. Graças a uma vaquinha organizada por amigos, conseguiu arrecadar a quantia necessária. Até o momento, a campanha arrecadou cerca de 92% da meta estipulada.

Já José Cristian foi condenado cível e criminalmente por uma crônica que escreveu em 2012. O texto, em primeira pessoa, era ficcional. O desembargador Edson Ulisses de Melo, do Tribunal de Justiça de Sergipe, sentiu-se ofendido com o texto, que não mencionava seu nome, e o processou.

Vasconcelos e Nayara produziram reportagens sobre assédio judicial a jornalistas e detalharão o que constataram. O debate/ato será no auditório do SJPDF (SIG, quadra 2).

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Jornalista é agredido a pedradas em Ouro Fino (MG)

O jornalista e youtuber Alexandre Megale foi agredido a pedradas na segunda-feira (16/5) no bairro Pinhalzinho dos Góes, em Ouro Fino (MG). O suspeito da agressão é o vereador na cidade Paulo Luiz de Cantuária (MDB), conhecido como Bem-te-vi. Segundo Megale, a agressão deu-se após denúncia feita pelo jornalista sobre o vereador, em vídeo publicado na internet.

Em seu canal Sul das Gerais, Megale publicou uma reportagem sobre o vereador, que teria sido condenado a 16 anos de prisão em primeira instância por estupro de vulnerável. O caso corria em segredo de justiça, mas o jornalista teve acesso à decisão.

Segundo relato de Megale, Cantuária fechou a moto do jornalista com o carro e o atacou com pedradas, uma delas o acertou na cabeça. Megale contou também que recebeu ameaças de morte. Segundo a Polícia Militar, após o ocorrido, o suspeito fugiu do local, tomando rumo ignorado. Megale foi socorrido e teve ferimentos leves, já que o capacete amorteceu a maioria dos golpes. Ele teve a mão ferida ao tentar se defender.

O g1 procurou a assessoria de comunicação da Câmara de Ouro Fino, que informou que o caso ainda não chegara oficialmente à casa e que ainda não conseguira contato com o vereador. A Abraji tentou entrar em contato com Cantuária, mas o vereador não respondeu aos telefonemas.

Em nota, a Abraji repudiou o ocorrido e exigiu providências das autoridades: “Um ataque dessa natureza não pode ficar impune, tampouco ser tratado como mera desavença. O jornalista foi agredido por exercer seu papel de informar. É preciso que as autoridades, incluindo a Câmara Municipal, façam a defesa da liberdade de imprensa e responsabilizem o agressor”.

Como ter sucesso ao empreender no jornalismo

Como ter sucesso ao empreender no jornalismo

Este conteúdo foi publicado originalmente pela Associação de Jornalismo Digital em 17 de maio de 2022

Por Fernanda Giacomassi

O período regular do “Jornalismo Empreendedor: Estratégias de Sustentabilidade para Meios Digitais Independentes”, curso gratuito do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, oferecido em parceria com a SembraMedia e a Associação de Jornalismo Digital (Ajor) se encerrou na última sexta-feira (13).

Ao longo de cinco semanas, especialistas deram dicas, apresentaram estudos de caso e refletiram sobre as novas narrativas para monetizar, promover e ter sucesso ao lançar um veículo jornalístico. Além das aulas, os alunos participaram de webinars ao vivo com empreendedores de meios nativos digitais que compartilharam suas experiências de carreira, gestão e negócios.

A capacitação foi direcionada a pessoas que têm uma ideia de projeto e querem colocá-la em prática; jornalistas que desejam levar seu projeto atual para o próximo nível ou professores que desejam conhecer ferramentas para ensinar os estudantes no cotidiano da sala de aula. Ao todo, 5.453 pessoas participaram das aulas, disponíveis em espanhol e português. O Brasil foi o país com mais inscritos, com 1.664 até o momento.

Segundo Marcelo Fontoura, professor de jornalismo digital e de dados na Escola de Comunicação, Artes e Design Famecos da PUCRS e instrutor da versão traduzida, o engajamento dos participantes nos fóruns de discussão foi expressivo.  Para ele, o curso cumpre o mérito de sistematizar conteúdos de diferentes disciplinas e que são essenciais para quem quer lançar seu próprio negócio: “Existe muito material sobre jornalismo digital, muito material sobre empreendedorismo, e mesmo sobre jornalismo empreendedor, mas muito não está reunido. O curso propõe um caminho pedagógico que ajuda os futuros empreendedores estruturarem a sua ideia em torno de necessidades bem específicas”.

Apesar de fase regular ter sido concluída, o treinamento ficará disponível por mais três semanas para que os alunos, ou novos inscritos, completem as atividades e tenham direito ao certificado, oferecido gratuitamente pelo Centro Knight graças ao apoio da Google News Initiative (GNI) e da Climate and Land Use Alliance (Clua).

Dicas para tirar sua ideia do papel

Dividido em cinco módulos, o curso abordou diferentes tendências e eixos do jornalismo empreendedor para ajudar os alunos no planejamento e execução da sua ideia de negócio, desde como criar um projeto até como aumentar a visibilidade, distribuição e alcance de um veículo.

Para Fontoura, um dos principais desafios de quem quer empreender na área é pensar na sustentabilidade do negócio. “De fato, é um desafio de todo o mercado, não apenas dos alunos do curso. Normalmente nos voltamos sempre para as mesmas formas de receita, e não sabemos como aplicar outras ideias”, afirma. “Outra dificuldade comum é encontrar a comunidade com a qual se quer trabalhar. Jornalistas costumam ter dificuldade de pensar na audiência, e hoje não se pode iniciar um projeto jornalístico sem isso”.

Separamos cinco pontos essenciais compartilhados durante curso e que podem ser aplicados em organizações jornalísticas:

1. Fique atento às tendências do setor

Ninguém empreende sozinho. Como todo negócio, o jornalismo também acompanha tendências culturais, econômicas, tecnológicas, de inovação, etc. Conhecer o que outras organizações estão fazendo para alcançar sucesso pode ajudar no planejamento do seu próprio negócio.

Existem diversos relatórios e pesquisas que trazem um panorama do jornalismo pelo país e mundo. Um deles é o “Ponto de Inflexão Internacionaliniciativa da SembraMedia lançada em 2021 e que mostra dados detalhados sobre a mídia digital na América Latina, Sudeste Asiático e África. A organização também tem uma seção de casos de estudo em seu site na qual compartilha análises detalhadas de como veículos estão inovando em diferentes áreas de negócio.

Outra iniciativa é o Playbook de Startups da Google News Initiative, que traz recursos, recomendações e exemplos de sucesso para ajudar empreendedores no lançamento de startups de notícias digitais. Todo o material foi desenvolvido em parceria com especialistas do setor de notícias e na criação e desenvolvimento de startups digitais.

2. Conheça seu modelo de negócios

Um modelo de negócio é a descrição das bases sobre as quais uma empresa gera valor nas diversas etapas que compõem os processos de produção, circulação e consumo de seus serviços. Ele descreve, por exemplo, que tipo de produto a empresa oferece, qual o seu público-alvo, quais os recursos necessários para seu funcionamento e como ela se apresenta ao mercado. 

Uma das ferramentas mais utilizadas para estruturar e visualizar um modelo de negócio é o Business Model Canvas. O curso de Jornalismo Empreendedor disponibilizou uma versão traduzida do documento para que os estudantes brasileiros completassem ao longo das aulas. A SembraMedia também disponibiliza uma série de recursos gratuitos que explicam o passo a passo de aplicação do modelo.

Ter um olhar sistêmico sobre todas as áreas do negócio permite identificar mais facilmente possíveis falhas, assim como propor soluções. Um ponto importante: a comunicação, tecnologia e a indústria jornalística estão em constante movimento. Por isso, é ideal que as redações revejam o seu Canvas periodicamente.

3. De olho nas métricas

Medir o progresso do site, redes sociais ou projetos específicos desenvolvidos pela sua iniciativa jornalística é central para garantir que a organização está no caminho certo para o sucesso. Mas atenção: as métricas que você vai utilizar dependerá sempre do objetivo central do seu negócio

Para uma iniciativa que se financia por meio de assinaturas, por exemplo, é essencial garantir que as audiências consumam o conteúdo de seus sites e cheguem até a página de compra. Já uma iniciativa que se financia por publicidade no Youtube precisa que o maior número possível de pessoas assista aos seus conteúdos neste canal. Um financiamento por programa de membros, por sua vez, precisa medir a proximidade com a sua comunidade e a escuta ativa de sua audiência.

É importante que a equipe estratégica do veículo defina os KPI’s (Key Performance Indicator, ou Indicador-Chave de Desempenho em tradução livre) que vão guiar o projeto, e utilize ferramentas para mensurar periodicamente se a iniciativa está ou não atingindo estas expectativas. Este texto da Fundação Gabo compartilhado durante o curso dá alguns conselhos de como humanizar a mensuração de impacto dos meios para as audiências.

4. Diversifique suas fontes de receita

Estudos como o “Ponto de Inflexão Internacional” têm demonstrado que a diversificação de fontes de receitas é essencial para a sustentabilidade financeira de veículos nativos digitais. No levantamento, a SembraMedia identificou 30 tipos diferentes de fontes de ingresso que são utilizadas por iniciativas digitais.

Mas atenção: é preciso cautela. Utilizar muitas fontes de receita de uma só vez pode ser contraproducente, principalmente em equipes pequenas. Revise seu Modelo Canvas para entender quais são os serviços que a sua organização pode oferecer e se eles vão ao encontro dos seus objetivos de negócio.

Além disso, considere ter um funcionário dedicado exclusivamente à área comercial. A mesma pesquisa identificou que os veículos que informaram ter este cargo em suas equipes obtiveram de seis a nove vezes mais receita.

E, claro, inove sempre! Escute sua audiência e comunidade para entender quais lacunas de informação e serviços não estão sendo preenchidas e como sua organização pode ajudar.

5. Cuide e promova sua marca

Qual é a missão, visão e valores da sua organização? Quem está por trás dos conteúdos? Como você financia as suas investigações? A transparência de informações agrega valor ao negócio jornalístico e transmite profissionalismo e seriedade à organização. Por isso, é importante investir na comunicação dos propósitos da sua marca e na declaração de visão da sua organização. 

Durante o curso, Natalie Van Hoozer, embaixadora da SembraMedia nos Estados Unidos e especialista em audiências, falou sobre a importância de se estruturar a página “Sobre nós” nos veículos. É através dela que a organização vai comunicar seu impacto, alcance e êxito para outras organizações, público potencial e possíveis financiadores.

Mostrar quem são as pessoas que produzem conteúdo para a sua organização e quais os princípios editoriais que guiam esses profissionais dá mais credibilidade à iniciativa. Além disso, ajuda a diferenciar uma organização de jornalismo profissional de portais que mimetizam a linguagem da imprensa para espalhar desinformação.

Este artigo do IJNet sobre o Alma Preta, divulgado durante o curso, mostra a importância de se ter missão, visão e valores nítidos. Expressa ainda como modelo de negócio, atuação jornalística e valores estão intimamente conectados.

Dica extra por Marcelo Fontoura:

“Minha dica é bem direta: tente algo. Qualquer coisa! O quanto antes nós testarmos hipóteses, mais cedo a indústria jornalística terá subsídio para lançar iniciativas cada vez mais bem sucedidas. Precisamos também incorporar o pensamento enxuto e de MVP (Produto Mínimo Viável, em tradução livre): os primeiros lançamentos de algum produto não serão bons, mas permitem validar hipóteses e entregar algum tipo de valor ao público. Como você pode começar um projeto jornalístico desta maneira?”

Christchurch, Buffalo e a responsabilidade das mídias − sociais e tradicionais − no combate ao racismo

Por Luciana Gurgel

Luciana Gurgel

Há duas semanas, o presidente dos EUA, Joe Biden, fez um manifesto pela diversidade ao nomear a jornalista Karine Jean-Pierre como porta-voz.

Negra, imigrante (nasceu na Martinica), criada no bairro novaiorquino Queens e gay, ela se tornou uma das faces mais visíveis da maior potência do planeta, transmitindo as posições do governo nos briefings da Casa Branca assistidos no país e no mundo.

No entanto, o recado enviado por Biden não está sendo bem assimilado. O atentado em Buffalo, que custou 12 vidas, foi mais um da série de atos movidos por ódio racial, chaga que os EUA não conseguem curar. E que para muitos acadêmicos e ativistas agravou-se com a ajuda das redes sociais, solo fértil para teorias conspiratórias como a da grande substituição, que teria inspirado o autor da matança de sábado, Payton Gendron.

A ideia é que a imigração destruirá valores das sociedades brancas e exterminará a civilização ocidental.

A associação das redes com crimes motivados por teorias conspiratórias e ódio a minorias não acontece só nos EUA. Jake Davison, um britânico de 23 anos adepto do Incel, movimento de aversão a mulheres, matou cinco pessoas em agosto passado.

Dois meses depois, o somaliano Ali Harbi Ali, de 25 anos, assassinou o parlamentar britânico David Amess a facadas, alegando vingança contra políticos favoráveis a ataques aéreos na Síria.

O criminoso, agora condenado à prisão perpétua, foi apontado como exemplo do que a inteligência britânica chama de bedroom radicals, jovens aliciados no tempo em que ficaram trancados em seus quartos durante a pandemia.

A organização Center for Countering Digital Hate tem sido uma das mais fervorosas críticas da atuação das empresas de mídia digital no controle do discurso de ódio.

Imran Ahmed, diretor-geral da ONG, escreveu no The Guardian que a tragédia de Buffalo poderia não ter acontecido se o problema tivesse sido enfrentado depois do caso de Christchurch, na Nova Zelândia, em 2018.

Ahmed observou que o autor “usou a mesma cartilha digital que o terrorista de Christchurch: imagens ao vivo do ataque e um ‘manifesto’ citando a grande substituição e outras teorias supremacistas brancas”. E destacou que o americano mencionou o terrorista de Christchurch em seu manifesto.

Para Ahmed, estes não são ataques de lobos solitários, e sim de indivíduos conectados por meio de comunidades online, compartilhando ideias, táticas e conteúdo. Ele cobra ação de governos para regulamentar as plataformas, seguindo o exemplo do Reino Unido e da União Europeia.

Ainda que as redes tenham sua parcela de responsabilidade, que não é pequena, elas não estão sozinhas nisso.

Uma das entrevistadas na edição especial sobre DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão) do MediaTalks, que circula no final de maio, é a diretora do Get The Trolls Out, programa do Media Diversity Institute do Reino Unido que monitora discurso de ódio racial e religioso em mídias sociais e no jornalismo tradicional em oito países.

Os males causados à sociedade pela chamada “mídia de opinião”, cujo principal exemplo é a americana Fox News, foram destacados pela Repórteres Sem Fronteiras no índice anual de liberdade de imprensa. Na mesma semana, o secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou a mídia polarizada no discurso pelo Dia Mundial da LIberdade de Imprensa.

A Fox é uma das que permite o endosso de teorias como a da substituição, que faz parte da narrativa do controvertido âncora Tucker Carlson. Mas dela já se espera isso.

O problema é que tais narrativas aparecem também em veículos menos visados. Na semana em que o parlamentar britânico foi esfaqueado, um artigo de opinião no jornal conservador Daily Telegraph, que não é um tabloide irresponsável, tinha um título feito sob medida para alimentar preconceitos: “A União Europeia é um império falido que condenou a si próprio à irrelevância”.

Regulamentar plataformas pode ajudar, mas não vai fazer milagres − até porque a dark web continuará fora de controle. O jornalismo tradicional também tem que ser parte da solução. Ou pelo menos não ser parte do problema.

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