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Amazônia Real: “Pelado” é peça-chave no caso de Dom Phillips e Bruno Pereira

Um dia antes do desaparecimento do jornalista britânico e do indigenista, o pescador Amarildo da Costa de Oliveira, o ‘Pelado’, tentou intimidá-los apontando armas para o grupo que combatia as invasões da TI Vale do Javari. Na imagem, momento da prisão de “Pelado” (Foto Reprodução TV Globo).
Texto publicado originalmente em 8/6/2022 pela Amazônia Real
*Por Kátia Brasil

O pescador Amarildo da Costa de Oliveira, chamado de “Pelado”, preso na Delegacia da Polícia Civil de Tabatinga (AM), se tornou peça-chave para elucidar o sumiço do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira. A afirmação parte tanto de uma testemunha que esteve com a dupla até poucas horas antes de os dois não serem mais vistos quanto da Polícia Federal. Nesta quarta-feira (8), o órgão federal afirmou que não descarta “nenhuma linha investigativa, inclusive homicídio” sobre os desaparecidos na Amazônia.

“Pelado” está preso por porte de munição de uso restrito. Mas o que a testemunha ouvida pela agência Amazônia Real revela é ainda mais grave. Na manhã de 4 de junho, Pelado e mais dois pescadores ameaçaram com armas o indigenista Bruno Pereira, o jornalista Dom Philips e toda a equipe de Vigilância Indígena da Univaja (EVU). “Pelado” procurou intimidar o grupo que estava em outra embarcação no rio Ituí a caminho de uma missão para impedir a invasão do grupo à Terra Indígena (TI) Vale do Javari.

“O Pelado é um dos caras mais perigosos da região do Ituí. Já deu vários tiros na base e já trocamos tiro com ele. Pelado é peça fundamental nesse quebra-cabeça, não pode ser solto”, afirmou a fonte da Amazônia Real, que afirma que “Pelado” tem envolvimento com o tráfico de drogas.

Um dia antes do desaparecimento do jornalista britânico e do indigenista, o pescador Amarildo da Costa de Oliveira, o ‘Pelado’, tentou intimidá-los apontando armas para o grupo que combatia as invasões da TI Vale do Javari. Na imagem, momento da prisão de “Pelado” (Foto Reprodução TV Globo).

Em coletiva na sede da Polícia Federal, em Manaus, o superintendente Eduardo Alexandre levantou a hipótese de o narcotráfico estar relacionado ao desaparecimento de Bruno Pereira e Dom Phillips. “As investigações apuram o envolvimento de quadrilhas de tráfico de drogas na região. Estamos buscando saber se houve algum crime nesse desaparecimento”, disse.

Além das invasões na TI Vale do Javari, o narcotráfico usa rotas dentro e fora da terra indígenas para escoar em embarcações carregamentos de drogas produzidas no Peru e na Colômbia. Uma fonte ouvida pela Amazônia Real afirma que Amarildo da Costa de Oliveira, o “Pelado”, tem envolvimento com o tráfico de drogas. “Ele (Pelado) é envolvido com o Janeo, Churrasco, Nei, Valmir Benjamin, Caboco, Colômbia, o peruano que comanda o tráfico na região”.

Já o superintendente da Polícia Federal lembrou, na coletiva, que a região que faz fronteira com o Peru e Colômbia é “bastante perigosa, onde há uma criminalidade intensa, tráfico de drogas”, e também garimpo ilegal, exploração ilegal de madeira e pesca ilegal. E que, por isso, a investigação não descarta a ocorrência de crime no  desaparecimento.

“Vamos apurar eventual homicídio caso tenha ocorrido. Não descartamos nenhuma linha investigativa. Nós estamos na busca das pessoas, não só crimes apurados, mas busca de embarcações, de desaparecidos”, disse Eduardo Alexandre. A PF abriu um inquérito, que se soma a outro da Polícia Civil. Cerca de 250 agentes e dois aviões atuam nas buscas do indigenista e do jornalista britânico e um gabinete de crise foi montado para tentar elucidar o caso.

Superintendente Eduardo Alexandre, na coletiva de imprensa da Polícia Federal, em Manaus
(Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real)


Repercussão internacional

Depois de iniciar tardiamente as operações de busca e elucidação do caso, o governo federal mobilizou diversas forças policiais e de segurança para atuar no Vale do Javari. O caso, de repercussão internacional, lança os holofotes para uma conflituosa região da Amazônia, onde as atividades do tráfico de drogas, garimpo ilegal e roubo de madeira ocorrem à luz do dia. Diversas equipes de jornalistas brasileiros e internacionais, inclusive a Amazônia Real, estão a caminho da região.

Como publicou a reportagem, uma fonte indígena afirmou que o jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Araújo Pereira foram vítimas de uma emboscada no domingo (5) no deslocamento de embarcação entre as comunidades São Rafael e Cachoeira em direção à cidade de Atalaia do Norte, um percurso de 2 horas de viagem.

Segundo a Univaja, a última informação de avistamento deles é da comunidade São Gabriel, que fica rio abaixo da comunidade São Rafael.

A nova testemunha ouvida pela reportagem é ligada à Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari), que também falou sob anonimato por temer risco de vida. Ela ajuda a explicar pontos ainda obscuros no caso, oferecendo detalhes dos últimos passos do jornalista e do indigenista.

Bruno Pereira e Dom Philips iniciaram a visita à Equipe de Vigilância Indígena (EVU) na localidade chamada Lago do Jaburu na sexta-feira (3 de junho). No dia seguinte, por volta das 5h40, a equipe avistou “Pelado” numa lancha (voadeira ou canoa de alumínio) com motor de 60 HP, mais potente do que os usados por Bruno e Dom, que estavam numa voadeira com motor de 40 HP. A equipe de vigilância trabalha num barco chamado de canoão, que tem motor também de 40 HP, mas tem rádio de transmissão e o Dispositivo de Comunicação Satelital SPOT.

“Estávamos na nossa base, o canoão, na margem esquerda do rio Itacoaí, quando eles passaram: o pescador Pelado e mais dois pescadores, que não conseguimos identificar. Aí nós montamos, rapidinho, uma equipe de nove homens (todos indígenas) e seguimos atrás deles em direção à base (da Funai), pois eles iriam invadir a Terra Indígena (Vale do Javari), que é ilegal. O motor dele 60 HP é veloz, nós seguimos atrás deles”, disse.

Policiais militares conduzem a lancha apreendida de Amarildo de Oliveira, o Pelado
(Foto: Reprodução redes sociais)

Mesmo apesar da diferença na potência dos motores, a testemunha contou que a equipe da EVU conseguiu interceptar a voadeira do “Pelado”. Em outra embarcação, Bruno Pereira, funcionário licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), mas que trabalha na Univaja, e Dom Philips acompanharam toda a fiscalização. O jornalista que colabora com o jornal britânico The Guardian registrou em imagens a ação, pois estava fazendo uma reportagem sobre o trabalho dos indígenas.


“Eles ameaçaram o Bruno”

“O Pelado parou o barco em frente à placa da demarcação da Terra Indígena, já em terra indígena. Saiu da canoa (a voadeira) fazendo de conta que não estava acontecendo nada ali. Quando nos aproximamos, Bruno mais à frente de nós, o Pelado e os outros dois levantaram as espingardas tentando nos intimidar. Eles ameaçaram o Bruno”, afirmou a testemunha. Segundo essa fonte, a equipe da vigilância indígena, sempre acompanhada de Bruno e Dom em outra embarcação, decidiu seguir em direção à Base da Frente de Proteção Etnoambiental Vale do Javari da Funai, no rio Ituí.

A EVU, Bruno Pereira e Dom Philips, segundo a testemunha, voltaram para a base do Canoão no Lago do Jaburu, onde pernoitaram de sábado para domingo (5). Pela manhã, o indigenista e o jornalista deixaram o local ao amanhecer. O percurso entre o lago e a comunidade ribeirinha é de 15 minutos em via fluvial.

“Eles disseram que iriam passar na comunidade São Rafael para falar com o pescador ‘Churrasco’, mas o lugar é onde mora o Pelado. Ele (Bruno) nos falou que iria passar rápido, mas não tínhamos o teor dessa conversa”, disse.


Munição de uso restrito

A Polícia Militar do Amazonas informou que prendeu o pescador Amarildo da Costa de Oliveira, 41 anos, o “Pelado”, na terça-feira (7). “Pelado” foi preso na comunidade ribeirinha São Gabriel, o último lugar que avistaram Bruno e Dom no domingo passado. “Os policiais encontraram munição de uso restrito e permitido e chumbinhos”, disse o delegado Alex Perez, titular da 50ª Delegacia Interativa de Polícia Civil de Atalaia do Norte (distante a 1.138 quilômetros de distância, em linha reta, de Manaus).

Detido na comunidade de São Gabriel, próximo a Atalaia do Norte, Amarildo da Costa de Oliveira é conhecido como “Pelado
(Foto Reprodução redes sociais)

“Churrasco”, que é tio de “Pelado” e presidente da comunidade São Rafael,  e também “Janeo” foram detidos na segunda-feira (6) por suspeitos de envolvimento no sumiço do indigenista e do jornalista, mas liberados pela Polícia Civil, que abriu um inquérito para investigar.

A Polícia Civil afirma que “Pelado”, que cumpre a prisão em flagrante na Delegacia de Tabatinga, negou envolvimento com o desaparecimento do indigenista e do jornalista. No entanto, a lancha que ele usou foi apreendida e passará por perícia.

Para a nova testemunha ouvida pela Amazônia Real, “ele (Pelado) não ameaçou a gente só agora, tudo aconteceu antes. Ele não pode ser solto igual o Churrasco e o Janeo”. E acrescentou: “A Polícia Militar encontrou na comunidade São Rafael o motor 60 HP, que foi apreendido, junto com o dono, o Pelado. A lancha estava no porto da casa dele. Mas não encontraram nada, nada, nada que fosse suspeito de ser pertence do Bruno e do Dom”.

Perguntado se a equipe de vigilância indígena registrou a ação de “Pelado” e os outros dois homens no rio Itacoaí, a testemunha elucidou uma dúvida que paira sobre as investigações: “Quem registrou tudo foi o Dom. Fotografias, filmes, as agendas, todos os documentos estavam com eles. O Bruno iria levar tudo para a Polícia Federal na segunda-feira (6)”.

Questionado por que a equipe de vigilância EVU não acompanhou Bruno Pereira e Dom Philips na ida à comunidade São Rafael, já que havia um clima de animosidade e era temerário deixá-los seguirem sozinhos a uma área potencialmente conflagrada, a testemunha declarou: “Era muito cedo, 3 e 4 horas da manhã que eles se levaram. Olha, ele falou que iria passar rápido no Churrasco e seguir viagem, nós não tínhamos ciência do que aconteceria a conversa na comunidade”.

“Por incrível que pareça, no dia seguinte sentimos que a área estava vazia, não tinha ninguém circulando com o motor 60HP. Quando foi por volta das 10 horas de domingo (5) recebemos a notícia que Bruno e Dom não chegaram em Atalaia. Nós começamos a nos preocupar”.

“Nas buscas que fizemos até agora, somos mais de 30 indígenas, pelos igapós, furos, lagos, todos os igarapés, principalmente na beira do rio, não achamos um vestígio do Bruno e do Dom”, disse a testemunha, explicando que a investigação se centralizada entre as localidades de São Gabriel e Cachoeira “Mas temos esperança de encontrar uma pista”.


Livro sobre a Amazônia

Dom Phillips morava em Salvador, e estava acompanhando o trabalho da Univaja como parte de uma pesquisa para escrever o livro Como salvar a Amazônia. Antes do Vale do Javari, o jornalista tinha passado pelo Acre também para visitar populações indígenas.

O indigenista Bruno Pereira é servidor concursado da Funai desde 2010 e foi coordenador regional do Vale do Javari, em Atalaia do Norte até 2016, e coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Diretoria de Proteção Territorial da Funai, até 2019. Segundo o site Rede Brasil Atual, o indigenista saiu do cargo por pressões de ruralistas.

Plataforma Earth News Terra aborda meio ambiente, clima e geografia humana

Plataforma Earth News Terra aborda meio ambiente, clima e geografia humana
Lourival Sant'Anna e Marcello Queiroz (Crédito: Alê Oliveira)

Foi ao ar em 5/6, Dia Mundial do Meio Ambiente, a plataforma Earth News Terra, site bilíngue que traz informações sobre meio ambiente, clima e geografia humana.

“A Amazônia é a metade do território do Brasil, e a casa de 30 milhões de pessoas”, diz a descrição do projeto. “As soluções para os problemas da humanidade, na forma de princípios ativos, insumos industriais e até os algoritmos do comportamento dos seres vivos estão escondidos na Amazônia e em outros biomas. Nossa tese é de que o Brasil só será um país avançado se descobrir essas soluções e, claro, patenteá-las. Para isso, é preciso promover o encontro entre a ciência e o conhecimento dos povos que vivem na floresta, que a entendem intimamente”.

Além de notícias em geral, o site tem uma editoria específica sobre a Amazônia e uma newsletter chamada Carta da Terra, enviada nas noites de sexta-feira. A Earth News Terra  também tem um podcast, de mesmo nome, que vai ao ar no YouTube. No episódio de estreia, Lourival Sant’Anna, editor do projeto, conversa com o líder indígena Almir Suruí sobre a criação da primeira universidade indígena do Brasil.

A equipe do projeto é formada pelo editor Lourival Sant’Anna, o diretor Marcello Queiroz, a repórter Luciene Kaxinawá, o editor de imagem Adriano Gambarini, o especialista em saúde Fabio Tozzi, a editora digital Isabela Mota, o repórter fotográfico Érico Hiller e a especialista em nutrição Valeria Paschoal. Para entrar em contato com a redação do projeto, escreva para o e-mail [email protected]

O Portal Imprensa conversou com Lourival Sant’Anna sobre a iniciativa e sobre conflitos nos territórios da Amazônia, levando em conta o recente desaparecimento do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira. Confira!

Leonardo Felix vence Prêmio AEA de Meio Ambiente

O Prêmio AEA de Meio Ambiente contemplou Leonardo Felix, editor da Mobiauto, e Guilherme Justino, da plataforma Um só planeta (Globo).
O Prêmio AEA de Meio Ambiente contemplou Leonardo Felix, editor da Mobiauto, e Guilherme Justino, da plataforma Um só planeta (Globo).

Anunciado na manhã desta quinta-feira (9/6), o resultado do Prêmio AEA de Meio Ambiente da Associação de Engenharia Automotiva consagrou, na categoria Jornalística, a reportagem Como a VW criará carros elétricos nacionais movidos a etanol, de Leonardo Felix, editor da Mobiauto.

Félix levou também uma das menções honrosas com a reportagem Afinal, carro elétrico polui mais que a combustão? Este estudo responde. A outra menção honrosa ficou para Guilherme Justino, da plataforma Um só planeta (Rede Globo), com a matéria Rumo à transição verde, mundo tem o desafio de “massificar” transporte com emissão zero.

Em sua 15ª edição, a premiação recebeu 46 inscrições em suas três categorias: Inovação Tecnológica e Ambiental; Responsabilidade Social e Governança Corporativa; e Jornalística. Os trabalhos foram analisados por uma banca de jurados liderada por Mário Reis, coordenador do evento.

Twitter, areia movediça para jornalistas, faz mais uma vítima

Twitter, areia movediça para jornalistas, faz mais uma vítima

Por Luciana Gurgel 

Luciana Gurgel

Rede social preferida de jornalistas, políticos e figuras influentes, o Twitter é um campo minado para quem ainda não entendeu que certas gracinhas podem virar desastre, dependendo de quem publica.

A nova vítima é o repórter David Weigel, do Washington Post, suspenso por um retuíte sexista que, mesmo depois de removido com pedido de desculpas, abriu uma crise interna e externa no jornal.

Twitter, areia movediça para jornalistas, faz mais uma vítima
David Weigel

Wiegel, profissional experiente que cobre política na capital americana, é ativo na plataforma, tuitando e retuitando furiosamente. Quem faz isso nem sempre tem tempo de avaliar as consequências do que compartilha.

Em 2017, o jornalista publicou uma foto de um comício do então candidato Donald Trump mostrando vários assentos vazios. Mas a imagem tinha sido feita antes de o público chegar. Ele se desculpou, porém não aprendeu a lição.

Desta vez a ofensa foi com as mulheres. Wiegel retuitou uma postagem de Cam Harless, coapresentador do podcast “The Mad Ones”, que dizia: “Toda garota é bi. Você só precisa descobrir se é polar ou sexual”.

O retuíte e o pedido de desculpas:

Twitter, areia movediça para jornalistas, faz mais uma vítima

 

Twitter, areia movediça para jornalistas, faz mais uma vítima

Quem gritou foi uma colega de redação, Felicia Sonmez, que ano passado processou o Washington Post por proibi-la de cobrir casos de abuso sexual sob o argumento de que, por ter sido vítima de um, não teria imparcialidade para relatar histórias semelhantes.

Sonmez disse no Twitter: “É fantástico trabalhar em um meio de comunicação onde retuítes como esse são permitidos”.

Segundo a CNN, a jornalista também questionou o colega no canal interno, afirmando que o retuíte enviou “uma mensagem confusa sobre os valores do Post”.

E aí está a questão que aflige corporações e empresas jornalísticas: a conta no Twitter é pública ou privada? Quem tuíta em uma conta assinada como profissional de uma empresa fala apenas em nome pessoal?

O público não percebe assim. E estilhaços de uma postagem como a de Wiegel atingem a empresa jornalística.

Nem todos veem com bons olhos as restrições impostas por empregadores sobre posts em redes sociais. Em 2020, a BBC foi criticada pelo pacote de regras baixado para os jornalistas, que recomendava até não tuitar sob efeito de álcool.

A corporação vive pisando em ovos, porque tuítes de seus jornalistas volta e meia viram notícia, apontados como defesa de a ou b. Na maioria dos casos, são apenas reclamações de incomodados com cobertura negativa.

Mas o episódio de Wiegel entra em outra esfera. Em uma frase, o tuíte conseguiu ser ofensivo a mulheres, a bissexuais e a pessoas com transtorno de bipolaridade.

No caso do Post, há um agravante para a situação: ano passado o jornal nomeou Sally Buzbee, primeira mulher a chefiar sua redação na história, prometendo uma atitude diferente sobre diversidade.

Para tentar apagar o incêndio, Buzbee soltou um memorando exigindo que os repórteres “tratem uns aos outros com respeito e gentileza”. Mas Felicia Sonmez, que teve seu processo contra o jornal arquivado há um mês, não se deu por satisfeita e continuou atirando na direção.

E pior: nem todos entenderam o recado da chefe. A autora da reclamação foi recriminada por um colega, Jose Del Real, adivinhem onde? NoTwitter, claro.

Ele pôs mais lenha na fogueira ao dizer que a tática de Buzbee “não resolve nada”, e arrematou com um caridoso (para com o colega homem) “Felicia, todos nós erramos de vez em quando”.

A questão é o limite entre erro e ofensa – que, no caso, saiu “coassinada” por um dos mais influentes jornais do mundo, que tem como missão denunciar injustiças.

Nesse contexto, fica difícil criticar uma organização de mídia que regula a atividade de seus jornalistas nas redes. Mesmo com desculpas, remoção da postagem e medidas disciplinares, essas histórias têm vida longa nas plataformas.

O caso continua repercutindo, com matérias na imprensa, comentários nas redes sociais e brigas internas. Enquanto isso, o autor da postagem original está fazendo a festa, alimentando a polêmica que lhe deu mais notoriedade.


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FIJ elege nova diretoria e Fenaj mantém-se no Comitê Executivo

Maria José Braga, presidente da Fenaj
Maria José Braga, presidente da Fenaj

A jornalista francesa Dominique Pradalié é a nova presidente da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ). Ela foi eleita pelos delegados do 31° Congresso Mundial dos Jornalistas, realizado na semana passada em Mascate, capital de Omã. Na ocasião, Maria José Braga, presidente da Fenaj, foi reeleita para novo mandato no Comitê Executivo da entidade.

Foram eleitos ainda para o Comitê Administrativo da FIJ a peruana Zuliana Lainez, como primeira vice-presidente (sênior); a indiana Sabina Indrejit e o palestino Abu Baker Nasser assumam as outras duas vice-presidências. O inglês Jim Boumelha assume a Tesouraria.

Maria José foi a segunda candidata mais votada para o Comitê Executivo, atrás somente da representante do Sindicato Nacional do Canadá, Jeniffer Monreau. Também foram eleitos outros 15 integrantes de vários continentes e países.

Maria José Braga, presidente da Fenaj
Maria José Braga, presidente da Fenaj, foi reeleita para o Comitê Executivo da FIJ

Conheça os +Admirados da Imprensa do Agronegócio

Confira os +Admirados da Imprensa do Agronegócio

O jornalismo do agronegócio é novamente o destaque de Jornalistas&Cia, chegando à segunda edição da premiação dos +Admirados desse segmento profissional. Com recorde de votação e uma acirrada disputa, vamos agora conhecer, neste especial, os vencedores que brilharam nos dois turnos de votação.

Com patrocínio de Cargill, Syngenta Proteção de Cultivos e Yara, apoio de Mosaic Fertilizantes e Portal dos Jornalistas, além de apoio Institucional da CNA e da Rede Brasil de Jornalistas Agro, o certame distingue os jornalistas e veículos em nove categorias: Veículo Impresso, Veículo especializado, Site/Blog, Canal Digital, Programa de TV aberta, Programa de TV em canais especializados, Programa de Rádio, Podcast e Agência de Notícias, além dos tradicionais TOP 25 jornalistas +Admirados do País, que, este ano, em razão de um empate, viraram TOP 26.

“A votação de fato surpreendeu e foi a maior de todas as que já fizemos na série +Admirados, que inclui Economia, Esporte, Saúde e Imprensa Automotiva. Tanto que a totalização de votos obtida em 2021, na primeira edição, que era nosso norte inicial, foi alcançada logo na arrancada, o que surpreendeu bastante”, assinala Edu Ribeiro, diretor deste Jornalistas&Cia.

Responsável por gerenciar todas as etapas do prêmio, o diretor de Projetos Especiais Vinicius Ribeiro ressalta que esse aumento de votos provocou um trabalho ainda mais cuidadoso na apuração dos dois turnos, sobretudo para evitar distorções e mesmo tentativas de fraude: “O sistema desenvolvido pela Jornalistas Editora foi concebido de modo a identificar e anular as eventuais irregularidades, o que nos dá a certeza de um resultado consistente e justo. Desse modo, os vencedores saem de fato consagrados por essas duas votações e com isso vão conseguir dar um lustro ainda maior às carreiras vitoriosas que já têm”.

Vinícius lembra ainda da acirrada disputa em todas as categorias, ressaltando, no entanto, que em Programa de Rádio a disputa foi ainda maior: “Esse foi o resultado mais apertado de toda a premiação, tanto que os eleitos entre os TOP 3 e mesmo o campeão só foram definidos efetivamente nas últimas horas da votação, encerrada no último dia 2 de junho”.

Dentre os 26 jornalistas premiados, 16 fazem parte das equipes de veículos que também foram eleitos, com destaque para Terraviva, que figura com cinco nomes na lista final. Na sequência, estão Canal Rural, Globo Rural e Notícias Agrícolas, com três nomes cada.

Vale acrescentar que, em números gerais, foram mais de 200 os profissionais indicados ao longo da votação e cerca de 330 veículos/programas.

Neste especial, os 26 jornalistas eleitos e os três veículos vencedores em cada uma das nove categorias são apresentados em ordem alfabética.

Os jornalistas TOP 5 e os veículos campeões serão conhecidos na cerimônia de premiação, marcada para 5 de julho, em formato hibrido, um almoço no restaurante Figueira Rubayat, em São Paulo, com transmissão ao vivo pelo canal do Portal dos Jornalistas no YouTube.

Confira a lista completa.

Vicente Nunes passa a correspondente do Correio Braziliense em Portugal

Vicente Nunes passa a correspondente do Correio Braziliense em Portugal

Depois de 35 anos de profissão completados em maio, 22 dos quais no Correio Braziliense, o editor executivo Vicente Nunes acertou com o jornal sua saída do País para trabalhar como correspondente em Portugal, para onde embarcou nessa terça-feira (7/6). Em conversa com este J&Cia, Vicente, um dos +Admirados Jornalistas de Economia do País, fala sobre as motivações que o levaram a fazer a mudança.

Jornalistas&Cia – Como foi tomar essa decisão após tantos anos de trabalho em Brasília e no Correio Braziliense? O que o motivou?

Vicente Nunes – Na verdade, eu já vinha planejando me desligar do trabalho que atualmente cumpro no jornal, mas com a pandemia tive que adiar meus planos. Pretendo estudar um pouco, dar uma parada no ritmo do dia a dia. Nesse sentido, já vinha negociando com o Correio, com quem tenho uma ótima relação. E, na semana passada, conseguimos chegar a um acordo que fosse bom para mim e para o jornal. Dessa forma, continuarei no CB, como correspondente, baseado em Lisboa. É bom lembrar que entre 2000 e 2002 fui correspondente em Nova York, época em que cobri o atentado às torres gêmeas, e agora, mais de 20 anos depois, decido voltar a ser correspondente. Começo a nova etapa do meu trabalho no dia 1º de julho.

J&Cia – E como será essa mudança na prática, inclusive deixar o País nesse momento ímpar na história do Brasil?

Vicente – O momento no País está mesmo muito difícil, mas estou precisando desse distanciamento do dia a dia no trabalho. E acompanhar, de perto, como as pessoas de fora estão vendo o País. Tenho conversado com pessoas que deixaram o Brasil e avalio que, com a bagagem que adquiri nesses anos de trabalho, tenho boas chances de trazer para o Correio justamente essa visão de fora. Pretendo fazer muitos vídeos, entrevistas especiais, manter a participação na coluna CB Poder, veiculada pela TV Brasília, e manter meu blog ativo. Aliás, o mais importante disso é que vou voltar a ser repórter, como gosto, neste especial momento em que completo 35 anos de redação. Sou do interior de São Paulo, de Guaratinguetá, comecei minha carreira no Jornal do Commercio, no Rio de Janeiro, para onde me mudei e cursei a faculdade de Jornalismo. E preciso admitir que minha paixão é a reportagem. Por isso, saio de peito aberto. Tenho muitas histórias legais para serem vividas e contadas. O continente, assim como o mundo, estão também fervilhando, inflação alta, polarização política, ascensão da extrema direita etc.

J&Cia − Imagino, então, que com a mudança você deverá deixar um pouco a cobertura de Economia…

Vicente – Sim, na prática devo ampliar o leque de cobertura para outros assuntos. Quero muito também contar histórias de gente, pois há muitas pessoas fazendo coisas importantes lá fora.

J&Cia − E, com tantos anos no Correio, com uma atuação cada vez mais dinâmica, chegando a ser atualmente um dos editores executivos do veículo (ele divide o trabalho com Plácido Fernandes), como ficará o jornal nessa nova fase?

Vicente – O CB tem uma força de trabalho espetacular, que vai continuar tocando o jornal de forma ampla e com boas pautas. A equipe é composta por profissionais competentes e comprometidos com a história do veículo.

J&Cia − Como acha que o País seguirá após este histórico pleito eleitoral? Como você vê o futuro do Brasil?

Vicente – O País tem futuro. Vai conseguir superar este momento porque tem instituições fortes, e acredito que as pessoas não vão optar novamente pelo retrocesso. O Brasil não vai errar de novo. Ele não aguenta essas fissuras que foram criadas internamente, não aguenta mais quatro anos sem quebrar de vez. Mesmo trabalhando de fora, estarei torcendo muito para o País.

Ana Dubeux, diretora de Redação do CB, que em 5/6 escreveu sobre a despedida de Vicente, disse que o jornal ainda estuda a substituição dele na editoria executiva.

Em decisão inédita, Jair Bolsonaro é condenado por ataques a jornalistas

O presidente Jair Bolsonaro foi condenado a pagar R$ 100 mil em indenização por dano moral coletivo à categoria dos jornalistas após ação do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP). Divulgada em 7/6, dia em que se comemora o Dia Nacional da Liberdade de Imprensa, a decisão dada pela Juíza Tamara Hochgreb Matos, da 24ª Vara Cível da Comarca da capital paulista, é a primeira desse tipo contra um governante em exercício.

Em 7 de abril de 2021 o SJSP entrou com uma Ação Civil Pública contra o presidente, na qual requeria à justiça que Bolsonaro não mais proferisse novas manifestações de ofensa, deslegitimação ou desqualificação à profissão de jornalista ou à pessoa física dos profissionais de imprensa, bem como de vazar/divulgar quaisquer dados pessoais de jornalistas, além de uma indenização de R$ 100 mil, em favor do Instituto Vladimir Herzog.

Na decisão, a juíza citou diferentes ataques de Bolsonaro aos jornalistas e ressaltou que ele “reiteradamente manifesta-se, em seus pronunciamentos públicos e em redes sociais, de forma hostil e belicosa contra a categoria dos jornalistas profissionais, desprezando-os e desqualificando-os, como categoria e até mesmo como pessoas.”

Um dos trechos da sentença destaca também que: “Com efeito, tais agressões e ameaças vindas do réu, que é nada menos do que o Chefe do Estado, encontram enorme repercussão em seus apoiadores, e contribuíram para os ataques virtuais e até mesmo físicos que passaram a sofrer jornalistas em todo o Brasil, constrangendo-os no exercício da liberdade de imprensa, que é um dos pilares da democracia”.

 

Documento aponta falhas na aplicação da LGPD ao jornalismo

Documento aponta falhas na aplicação da LGPD ao jornalismo

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a Associação Data Privacy Brasil de Pesquisa (Data Privacy) lançaram o relatório Jornalismo e proteção de dados pessoais: a liberdade de expressão, informação e comunicação como fundamentos da LGPD, que aborda a não aplicabilidade da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) às atividades jornalísticas.

O texto usa como pano de fundo os cada vez mais frequentes ataques à liberdade de imprensa e o uso da LGPD para impedir a atividade jornalística. O relatório conclui que, “enquanto direito fundamental, a proteção de dados pessoais não pode ser avocada como barreira para atividades jornalísticas, uma vez que a liberdade de expressão é constitucionalmente garantida, ao passo que também fundamenta a LGPD”.

O documento discute ainda temas como acesso à informação, atividades jornalísticas como investigação, apuração, escrita e divulgação, além de uma interpretação ampla da definição de jornalista, destacando a função primordial de informar a população.

Para a Abraji e a Data Privacy, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), como guardiã da LGPD, não deve regulamentar o tema e deve “evitar distorções nos incentivos à atividade jornalística no Brasil e no tratamento de dados pessoais”.

Confira o relatório na íntegra.

Omissão federal dá o tom em buscas por Dom Phillips e Bruno Pereira

Passadas mais de 48 horas do desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira, poucos esforços federais foram registrados no intuito de encontrar os profissionais, que viajavam pelo Vale do Javari, região remota no estado do Amazonas.

Apesar das pressões de familiares, jornalistas brasileiros e estrangeiros, entidades de apoio ao jornalismo e veículos internacionais de imprensa, até o final dessa segunda-feira (6/6) apenas o Ministério da Defesa havia emitido uma nota em resposta ao caso, afirmando que “está em condições de cumprir missão humanitária de busca e salvamento, como tem feito ao longo de sua história, contudo as ações serão iniciadas mediante acionamento por parte do Escalão Superior”. O problema é que o tal acionamento ainda não havia acontecido até a manhã desta terça-feira.

Segundo reportagem de Fábio Pontes e Elaíze Farias, para o site Amazônia Real, após pressão da Embaixada da Inglaterra, a Marinha do Brasil e a Polícia Federal chegaram a iniciar na tarde de segunda uma busca pelos profissionais, mas sem nenhum apoio aéreo e que foi interrompida ao anoitecer, dificultando assim o sucesso da missão.

 

“Autoridades brasileiras, nossas famílias estão desesperadas. Por favor, respondam à urgência do momento com ações urgentes. Governo do Brasil, onde estão Dom Phillips e Bruno Pereira?”, clamou Alessandra Sampaio, esposa se Dom.

Com o aumento das pressões internacionais, na manhã desta terça-feira o Comando Militar da Amazônia, órgão ligado ao Ministério da Defesa, informou que “desencadeou uma busca na região do município de Atalaia do Norte (AM), empregando uma equipe de militares combatentes de selva, utilizando a embarcação Lancha Guardian”.

Ainda assim o esforço é considerado muito pequeno, dado o tamanho da área e a complexidade de efetuar buscas no local. “É tão absurdo e ao mesmo tempo cruel saber que as autoridades brasileiras negaram ontem um helicóptero para fazer as buscas de duas pessoas desaparecidas numa região de 8,5 milhões de hectares”, alertou Eliane Brum, +Premiada Jornalista da História do Brasil, que desde 2017 vive em Altamira, no Pará.

 

Sobre o caso

Dom Phillips (Arquivo Pessoal)

Radicado no Brasil desde 2007, Dom Phillips é repórter freelance para o jornal inglês The Guardian e já colaborou com reportagens para Washington Post, New York Times e Financial Times. Ao lado de Bruno pereira, participava de expedições pela Amazônia desde 2018, com o objetivo de relatar problemas relacionados aos indígenas na região para o The Guardian.

Nesta nova incursão, viajou à região do Vale do Javari para realizar entrevistas para um livro sobre meio ambiente que está produzindo com o apoio da Fundação Alicia Patterson.

“Quero dizer a vocês que Dom Phillips, meu marido, ama o Brasil e ama a Amazônia. Ele poderia viver em qualquer lugar do mundo, mas escolheu viver aqui. Quinze anos atrás, Dom deixou seu país, a Inglaterra, para viver no Brasil”, completou Alessandra.

Segundo a União das Organizações Indígenas dos Povos do Javarari (Univaja), a equipe vinha recebendo ameaças antes do desaparecimento. “A ameaça não foi a primeira, outras já vinham sendo feitas a demais membros da equipe técnica da Univaja, além de outros relatos já oficializados para a Polícia Federal, ao Ministério Público Federal em Tabatinga, ao Conselho Nacional de Direitos Humanos e ao Indigenous Peoples Rights International”, informou a entidade em nota.

A Univaja informou ainda que eles foram vistos pela última vez por volta das 6h da manhã de domingo (5/6), na comunidade Ribeirinha São Rafael. Eles se reuniriam com uma liderança local, mas após não encontrarem a pessoa no destino, optaram por seguir viajem até Atalaia do Norte, há aproximadamente duas horas dali. Esta foi a última notícia que se teve de ambos.

Jonathan Watts, editor de meio-ambiente do The Guardian, publicou mensagem no Twitter pedindo ajuda das autoridades brasileiras para encontrar a equipe: “Dom Phillips, um excelente jornalista, colaborador regular do Guardian e um grande amigo, está desaparecido no Vale do Javari na Amazônia depois de ameaças de morte ao indigenista e companheiro de viagem Bruno Pereira, que também está desaparecido. Ligando para as autoridades brasileiras para lançar imediatamente uma operação de busca”.

Às 14h, saiu de Atalaia do Norte uma primeira equipe de busca da Univaja, formada por indígenas extremamente conhecedores da região. A equipe cobriu o mesmo trecho que Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips supostamente teriam percorrido, inclusive, os “furos” do rio Itaquaí, mas nenhum vestígio foi encontrado.

A última informação de avistamento deles é da comunidade São Gabriel – que fica abaixo da São Rafael –, com relatos de que avistaram o barco passando em direção a Atalaia do Norte. Às 16h, outra equipe de busca saiu de Tabatinga, em uma embarcação maior, retornando ao mesmo local, mas novamente nenhum vestígio foi localizado.

Edital

O Amazon Rainforest Journalism Fund (Amazon RJF) abriu até 8/6 um edital emergencial para a cobertura das violações à floresta amazônica no Vale do Javari, no estado do Amazonas, e para acompanhar as buscas pelo jornalista e pelo indigenista, caso eles não sejam localizados nesse período. Os projetos devem ser enviados até meia-noite desta quarta-feira, e serão avaliados no mesmo dia, para que os selecionados possam viajar imediatamente. As inscrições podem ser feitas neste link.

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