Estreia em São Paulo neste domingo (14/4), no cine Reag Belas Artes (rua da Consolação, 2.423), às 12h30, o documentário Acordo com Lampião só na boca do fuzil, inspirado no livro Os homens que mataram o facínora (Editora Realejo), de autoria de Moacir Assunção, que também assina o roteiro. A direção, montagem e cinematografia é de Marcelo Felipe Sampaio. A entrada é franca.
O documentário conta a história dos Nazarenos, moradores do distrito de Nazaré do Pico, cidade de Floresta (PE), que enfrentaram Lampião, a Coluna Prestes e a polícia de Pernambuco nos primeiros anos do século XX. Eram os únicos combatentes que Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião (1897-1938), temia, tanto que tentou por várias vezes fazer acordos de paz com eles, recebendo de volta a frase-título deste documentário: “Acordo com Lampião só na boca do fuzil”.
Haverá sorteio de camisetas e livros. Veja aqui o trailer.
Com tantos jornalistas formados em boas faculdades e ainda assim desempregados mundo afora, é preciso abrir novas escolas de jornalismo? No Reino Unido está nascendo mais uma, só que bem diferente e necessária.
A Cocoa School of Journalism and Creative Arts começa a funcionar esta semana em Beckenham, no sul de Londres, uma região desfavorecida, onde as notícias são quase sempre negativas e pouco inspiradoras para quem não nasceu nobre e branco.
A iniciativa é de Serlina Boyd, que em 2020 fundou a revista Cocoa Girl, dedicada a meninas negras entre 7 e 11 anos, que, como a filha dela, Faith, não se sentiam representadas na imprensa nem na vida cotidiana.
Faith e Serlina Boyd
Faith tinha seis anos quando sofreu bullying na escola devido à cor de sua pele. A mãe transformou a indignação em um projeto que virou referência em mídia inclusiva e ganhou apoio de todos os lados − de ONGs a marcas comerciais voltadas para crianças, que correram para se associar a ele.
A fundadora da Cocoa Girl é do ramo: ela formou-se em design no Instituto de Artes de Surrey, trabalhou como diretora de arte em empresas e publicações diversas e administrava um negócio de cuidados infantis antes de se deparar com a situação que a impulsionou a criar a revista.
O sucesso da primeira edição foi imediato: a Cocoa Girl vendeu mais de 11 mil cópias apenas online. Meses depois veio a Cocoa Boy, para meninos.
O projeto foi premiado em 2020 como lançamento do ano pela British Society of Magazines. Serlina Boyd passou a dar palestras e participar de eventos em todo o país, principalmente em escolas, que adotaram a revista como peça de apoio para as aulas.
O visual da revista é pop. As crianças não são apenas personagens. Elas também escrevem, fazem entrevistas e publicam fotos e ilustrações, auxiliadas por profissionais. Com a escola, esse aprendizado em jornalismo será sistematizado e expandido.
O currículo ensinará às crianças os fundamentos do jornalismo, como reportagem, edição de vídeo e ilustração, mas irá além das técnicas de imprensa.
Ao apresentar o ideia, Serlina Boyd disse que o projeto da escola foi concebido como um centro de criatividade, abordando também estudos como escrita criativa e música, para dar aos alunos inspiração na busca de caminhos diversificados para as suas vidas.
Os adultos também terão vez. Cursos noturnos ensinarão habilidades como contação de histórias e moda.
O problema de Boyd vai ser administrar a demanda: mais de 300 pais tentaram inscrever os filhos assim que a notícia do lançamento da Cocoa School of Journalism and Creative Arts tornou-se pública.
Representação de negros na mídia dominada pela elite
Muitos devem fazer parte da parcela da população que não se vê representada na mídia tradicional, um problema global e particularmente grave no Reino Unido, com uma imprensa dominada por profissionais brancos e originários da elite econômica e social do país.
O mais recente levantamento do Instituto Reuters para Estudos do Jornalismo sobre lideranças negras na imprensa, divulgado em março, mostrou que apenas 7% dos chefes principais das grandes redações britânicas não são brancos. No Brasil é ainda pior: a taxa é zero, assim como na Alemanha.
A criadora da Cocoa Girl citou um relatório do Sutton Trust, uma organização que promove a mobilidade social no Reino Unido, apontando que 80% dos editores do país foram educados em escolas privadas, enquanto apenas 11% dos jornalistas têm origem na classe trabalhadora e 0,2% são negros.
Dizendo-se chocada com as estatísticas, ela defende que mais jornalistas negros contem as histórias das pessoas negras, ecoando o que pregam especialistas como os pesquisadores do Instituto Reuters.
No relatório deste ano, o Instituto chamou a atenção para sinais de que, depois do chamado “acerto de contas racial” desencadeado pelo assassinato de George Floyd e pelo movimento Black Lives Matter, a diversidade e a inclusão nas redações podem estar perdendo força. As demissões em massa estariam atingindo os negros de forma mais acentuada, segundo o Reuters.
No caso da iniciativa da Cocoa School of Journalism and Creative Arts, não se trata apenas de inclusão racial, mas também de dar a crianças as ferramentas para praticar jornalismo de e para crianças, ideia que não é nova mas nem por isso deixa de ser importante.
Muitas dessas crianças poderão chegar à idade adulta inspiradas pelo poder transformador do jornalismo e capacitadas a se tornarem profissionais de imprensa, contribuindo para quebrar a barreira racial e quem sabe alcançar o topo da cadeia de comando em redações influentes − o que seus avós e pais não conseguiram.
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Hélio Gomes assumiu como vice-presidente de conteúdo do portal iG. Ele se junta aos também vice-presidentes Thiago Feitosa, Alexandre Rodrigues e Paulo Leal no board da empresa, todos respondendo ao CEO Nuno Vasconcellos.
Gomes será responsável pelo conteúdo do portal e pela gestão da publicidade programática, ao lado de Fábio Condutta Villas Bôas, que assume o cargo de diretor de produto editorial. Outra novidade no iG é o retorno de Ludmila Pizarro Alves Silva, que atuará como editora-chefe na empresa, posto que já havia exercido anteriormente.
“Não poderia estar mais feliz e honrado ao ser recebido por mais uma instituição da mídia brasileira, uma casa que chega a 25 anos de história com espírito renovado e ambições belíssimas”, publicou Gomes em seu LinkedIn. “Além de representar mais um desafio gigante, esse movimento também me ajuda a olhar para trás e ressignificar capítulos marcantes destes meus 30 anos de batalha”.
Além do trabalho no portal iG, Gomes continuará à frente da Verborum, rede de sites próprios que dirige ao lado de Fábio Condutta. Antes, Gomes atuou como diretor em diversos veículos de imprensa, como Editora Três, Grupo Mix de Comunicação, Terra, Revista Gallileu e Jovem Pan. Foi também repórter da Folha de S.Paulo e da Revista Trip.
O Terra lança nesta quinta-feira (11/4) o Terra Agora, jornalístico comandado por Cazé Pecini que informará o público sobre temas como política, economia, notícias locais e internacionais.
Semanal, com duração de uma hora, trará o noticiário hard news de maneira leve, “porém mantendo a responsabilidade jornalística exigida em cada discussão”. Cazé também receberá especialistas que abordarão os assuntos mais relevantes do momento, sendo o primeiro deles Ícaro Malta, repórter do Terra Entretê.
Com transmissão ao vivo, Terra Agora terá distribuição multiplataforma pelo canal Terra Brasil no YouTube, além de X (ex-Twitter), Tik Tok, Kwai, Facebook e na capa do portal.
No X, antigo Twitter, o narrador Paulo Andrade anunciou que sua estreia no Grupo Globo será no próximo sábado (13/4), na transmissão do jogo entre São Paulo e Fortaleza, no SporTV e Premiere: “Com direito a ‘friozinho na barriga’ de estreia. Vamos juntos!”
Depois de passagens como jogador de futebol nas categorias de base, começou no jornalismo esportivo no interior de São Paulo, em 1999, narrando e apresentando programas ligados aos times do ABC Paulista. Esteve em TV Gazeta e RedeTV. Fez parte da equipe esportiva do SBT em campeonatos importantes.
Em 2003, convidado por José Trajano, transferiu-se para a ESPN e considera um aprendizado a experiência que lá adquiriu nesses 20 anos. Como apresentador do canal, comandou o programa Linha de Passe. Obteve grande reconhecimento nas transmissões dos jogos dos campeonatos inglês e espanhol e da Uefa Champions League. Ele se destaca pela emoção nas narrações.
Milton Leite deixará o Grupo Globo após participar dos Jogos Olímpicos de Paris. Com 34 anos dedicados ao jornalismo esportivo, os últimos 19 na Globo, e narrador de diversas modalidades, Leite preferiu diminuir o ritmo de trabalho e voltou a morar em Jundiaí, no interior de São Paulo, onde está a família. Aos 65 anos, ficou conhecido pela irreverência e por seus bordões.
Contratado em 2005, para integrar as transmissões do futebol no SporTV e Premiere, no ano seguinte cobriu sua primeira Copa para a Globo, a da Alemanha. Com cinco Copas na bagagem, e igual número de Jogos Olímpicos – contando os deste ano em Paris –, foi também apresentador dos programas SporTV Repórter, Arena SporTV e Grande Círculo.
Porém, conforme o Lance, ele tem outros motivos para querer se afastar. Segundo o jornal, desde o ano passado, Leite vinha perdendo espaço nos jogos da emissora. Sentiu também a demissão de Maurício Noriega, companheiro de transmissão, ainda no ano passado. Agora, viu a chegada do narrador Paulo Andrade, ex-ESPN, para o SporTV e o Premiere, com estreia prevista para sábado (13/4), no Morumbi.
Panama Papers (Crédito: Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos)
Teve início nessa segunda-feira (8/4) o julgamento de 27 pessoas envolvidas no escândalo Panama Papers, investigação jornalística de 2016 publicada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), que denunciou um grande esquema de evasão fiscal e lavagem de dinheiro envolvendo personalidades do mundo inteiro através do extinto escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca.
O julgamento ocorre oito anos após a investigação do ICIJ, que envolveu cerca de 376 jornalistas de 76 países. O Panama Papers vazou em 2016 cerca de 2,6 TB de informações confidenciais sobre mais de 210 mil paraísos fiscais offshore, de autoria do escritório Mossack Fonseca.
O caso revelou que chefes de Estado e de Governo, líderes políticos, personalidades das finanças, do esporte e das artes ocultaram propriedades, empresas, bens e lucros através da criação de empresas de fachada e contas bancárias em outros países onde poderiam esconder o dinheiro.
Entre os réus estão os fundadores do escritório, Jürgen Mossack e Ramón Fonseca Mora, acusados de lavagem de dinheiro, além de outros advogados e ex-funcionários do extinto escritório. As audiências continuarão até 26 de abril. O julgamento estava marcado para 2021, mas foi adiado.
O Panama Papers causou grande impacto no mundo todo. Alguns premiês de países ao redor do globo citados na investigação renunciaram aos seus cargos. O caso também gerou milhares de investigações e protestos, além da aplicação global de regras mais rígidas relacionadas a offshores.
O caso Panama Papers venceu o Prêmio Pulitzer na categoria reportagem explicativa.
Faleceu no último domingo (7/4), aos 76 anos, o escritor, jornalista e ex-diretor adjunto de redação da CartaCapital Maurício Dias. Ele vinha enfrentando uma doença pulmonar crônica nos últimos anos e faleceu em casa, no Rio de Janeiro.
Além da passagem por CartaCapital, onde também foi editor especial e comandou a coluna Rosa dos Ventos, Maurício teve atuou em Veja e IstoÉ, da qual foi chefe da sucursal no Rio. Em 1990 foi editor do Informe JB, coluna do Jornal Brasil.
Como escritor, publicou o livro A mentira das urnas: crônicas sobre dinheiro e fraudes nas eleições, em que analisa o fenômeno do caixa 2 e com uma coleção de casos da carreira de repórter.
Pai de Mário, Pedro e Laura, Maurício foi cremado na segunda-feira (8/4).
Marcelo Torres começa nesta segunda-feira (8/4) como correspondente do Jornalismo do SBT na América Latina. O profissional apresentava com Márcia Dantas o SBT Brasil, porém no mês passado eles foram substituídos por César Filho. Torres ficará sediado em Buenos Aires, na Argentina, de onde trará as principais noticias aos telejornais da emissora.
Em comunicado, Marcelo declarou estar empolgado com o novo momento profissional: “Estou muito animado com este novo desafio de conferir a América Latina em um período em que o continente vive momentos decisivos em países como Argentina e Venezuela. É um privilégio ter a chance de traduzir para o público brasileiro a realidade de nossos vizinhos”.
Marcelo formou-se pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru e tem mestrado em jornalismo internacional pela Universidade de Westminster, na Inglaterra. No canal, além de apresentar o SBT Brasil por quatro anos, foi correspondente em Londres e realizou coberturas de grandes eventos esportivos e guerras no Afeganistão, no Iraque e a Primavera Árabe.
Relatoras da ONU ligadas aos diretos das mulheres enviaram uma carta ao Estado brasileiro na qual pedem a anulação de processos contra a repórter Schirlei Alves, que denunciou humilhações sofridas no tribunal pela influencer Mariana Ferrer, que declarou ter sido vítima de estupro em 2018.
A jornalista foi condenada a um ano de prisão em regime aberto e R$ 400 mil de multa por difamação, após publicar uma reportagem na qual expõe falas ofensivas e humilhantes direcionadas a Mariana Ferrer pela defesa do empresário André de Camargo Aranha, acusado de estuprá-la. A influenciadora chegou a chorar e implorar por respeito após ter sido desqualificada pelo advogado de defesa, Cláudio Gastão da Rosa Filho. Aranha foi absolvido em 2021.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) advertiu o juiz do caso, Rudson Marcos, por ter permitido “excessos de comportamento do advogado de defesa”. Posteriormente, Schirlei Alves foi condenada por difamação em processos movidos pelo próprio juiz e pelo promotor Thiago Carriço de Oliveira. Ela recorre da decisão.
Na carta, as relatoras da ONU destacam o trabalho da jornalista em denunciar a má conduta do judiciário brasileiro: “Desejamos expressar nossa preocupação com o processo e a condenação da Sra. Alves sob a acusação de difamação criminosa em relação ao seu trabalho como jornalista investigativa e defensora dos direitos humanos. Tal ação parece ser uma tentativa de intimidá-la e silenciá-la por denunciar, criticar e expor a má conduta do judiciário”.
As relatoras lembram também que a reportagem de Alves levou a uma “reforma judiciária significativa”, com a aprovação da Lei Mariana Ferrer, sancionada em 2021, que protege vítimas e testemunhas de crimes sexuais no contexto de julgamentos. A carta pede também medidas protetivas para mulheres jornalistas que cobrem crimes sexuais.
Assinam a carta Rene Khan, relatora especial sobre a promoção e proteção do direito à liberdade de opinião e expressão; Mary Lawlor, relatora especial sobre a situação dos defensores dos direitos humanos; Reem Alsalem, relatora especial sobre a violência contra mulheres e meninas, suas causas e consequências; e Dorothy Estrada-Tanck, presidente do Grupo de Trabalho da ONU sobre discriminação contra mulheres e meninas.