Organizações defensoras da liberdade de imprensa consideraram uma “infundada tentativa de silenciamento” a nova tentativa de Augusto Aras, ex-procurador-geral da República, de obter a condenação do repórter André Barrocal, da revista CartaCapital.
Em 2022, Aras apresentou uma queixa-crime contra Barrocal motivada pelas críticas dele a sua atuação enquanto estava à frente da chefia do Ministério Público Federal. Contudo, a 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu encerrá-la após entender que as falas foram protegidas pela liberdade de imprensa.
Apesar da derrota, recentemente Aras decidiu apelar ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em nota conjunta, as entidades criticaram o ato e afirmaram que ele representa a vontade de promover o “silenciamento da crítica pública e de criminalização do jornalismo”.
O comunicado ressalta que autoridades públicas, independentemente de cargo e vertente política, “estão sujeitas à fiscalização e crítica não só da imprensa, como também da sociedade” e finaliza que críticas que se restringem ao exercício de um cargo “não devem ser coibidas pelo Judiciário, sob risco de caracterizarem censura”.
O conselho curador do Troféu Audálio Dantas – Indignação, Coragem, Esperança definiu, por unanimidade, que Ricardo Kotscho será o homenageado de 2024. A cerimônia de entrega será em 7 de junho, Dia Nacional da Liberdade de Imprensa, no Salão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo.
Prestes a completar 60 de jornalismo, a trajetória de Kotscho na imprensa confunde-se com a própria história do jornalismo brasileiro. Vem de uma família repleta de jornalistas. É neto, pelo lado materno, de um popular jornalista alemão, irmão do também jornalista Ronaldo Kotscho, e pai da também jornalista Mariana Kotscho.
Atuou em muitos veículos da imprensa brasileira, nas funções de repórter, repórter especial, editor, chefe de Reportagem, colunista, blogueiro e diretor de Jornalismo. Foi correspondente do Jornal do Brasil na Europa nos anos de 1977 e 1978, e exerceu o cargo de secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, no período de 2003 a 2004. Seu blog Balaio do Kotscho, criado em 2008, foi hospedado no portal iG e no R7, antes de chegar ao UOL, em 2020.
Ganhou vários prêmios Esso, em 1975, 76, 78 e 95; o Vladimir Herzog, em 1981 e 83; o Comunique-se, em 2010 e 2012; o Top Blog, em 2009; entre outros. Em 2008, foi um dos cinco jornalistas brasileiros contemplados com o Troféu Especial de Imprensa da ONU. Tem também 20 livros publicados.
Ricardo Kotscho se une a outros importantes nomes da imprensa que foram agraciados anteriormente com o Troféu Audálio Dantas, como Patrícia Campos Mello, Mara Régia Di Perna, Luís Nassif, Jamil Chade, Julian Assange, Eliane Brum, Bruno Paes Manso, Juliana Dal Piva, entre outros.
O narrador Téo José assinou contrato com a plataforma de streamingZapping para comandar jogos da Série C do Campeonato Brasileiro de futebol. Ele se junta à equipe composta pelo também narrador Marcelo do Ó e os comentaristas Luiz Ademar, Bruno Camarão e Fabiano Linhares.
“Estou muito feliz porque a Zapping apresenta um projeto esportivo muito sólido e no qual eu acredito muito desde o início. É uma filosofia que une o melhor do esporte com a tecnologia. Não tenho nenhuma dúvida que tem tudo para revolucionar a forma como consumimos o esporte no Brasil”, comentou o narrador.
A estreia de José ocorreu no sábado, na partida entre Remo e Volta Redonda. A Zapping vai transmitir ao todo 65 partidas da Série C, sendo 38 delas exclusivas. Nesta segunda-feira, às 20h, a plataforma exibirá Confiança e Londrina, com narração de Marcelo do Ó e comentários de Bruno Camarão.
Téo José já havia trabalhado para a Zapping anteriormente. Em 2023, liderou transmissões do Mundial de Handebol Feminino. Aos 60 anos, o narrador trabalhou anteriormente em Rede Manchete, Rede TV, Fox Sports, Jovem Pan e Bandeirantes. Seu último emprego foi no SBT, onde ficou de 2020 até o final de fevereiro deste ano, narrando jogos de Champions League, Libertadores, estaduais e da seleção brasileira masculina e feminina.
O Instituto Serrapilheira lançou a edição de 2024 de seu edital para apoiar podcasts que abordem temas sobre ciência. Neste ano, a iniciativa apoiará exclusivamente projetos liderados por pessoas negras, com o objetivo de ampliar a diversidade no mercado audiovisual. As inscrições vão até 14 de maio, às 16h.
Serão selecionados ao todo oito projetos, que receberão apoio financeiro de até R$ 55 mil para a produção dos podcasts, além de treinamento com especialistas da área. As propostas devem ter a ciência como destaque principal, e as equipes devem ser compostas em sua maioria por pessoas negras. Serão aceitos projetos já em execução e outros que ainda estejam em fase de pré-lançamento.
O treinamento será conduzido pelo Laboratório 37, empresa de comunicação com foco em áudio, responsável pelo podcast 37 Graus. Será um treinamento online de 7 semanas, e uma etapa presencial em cidade que ainda será definida. É importante que os participantes tenham disponibilidade para viagens. O Serrapilheira pagará os custos das viagens necessárias. A ideia é que, ao final do treinamento, os selecionados produzam uma temporada piloto de nível profissional.
A apresentadora Chris Flores deixou o SBT nesta sexta-feira (19/4), após sete anos de casa. A decisão para a saída da jornalista foi em comum acordo com a emissora. Ao Notícias da TV, Flores declarou que estava cansada de trabalhar com notícias sobre celebridades e não se via em novos projetos do SBT.
A jornalista apresentava o Fofocalizando desde 2020, mas afastou-se do comando do programa em novembro do ano passado para concluir sua graduação em História e apresentar um projeto de mestrado. Segundo ela, chegou ao fim seu ciclo de trabalho no setor de celebridades: “Fofoca não fazia mais sentido, não queria mais fazer um programa para falar sobre a vida dos outros, de celebridades. Já passei por essa fase e considero uma missão cumprida”, disse ao Notícias da TV.
Flores deixa o SBT pela porta da frente e está aberta para um possível retorno no futuro. A jornalista deve se dedicar às redes sociais e ao mestrado, além de outros projetos comerciais, mas está disponível para novas propostas na televisão. Ela chegou ao SBT em 2016, e assumiu a apresentação do Fofocalizando em 2020, durante a pandemia de Covid-19. O programa se tornou um dos maiores faturamentos da emissora. Antes do SBT, Flores também trabalhou por quase dez anos na Record TV.
A publicação tem como objetivo preparar os trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS) para o diálogo com os usuários sobre temas controversos e com potencial de impactar o bem-estar da sociedade.
Pâmela Pinto (Fiocruz) é associada da ABCPública e participou da produção do guia. A jornalista e pesquisadora explica que a cartilha foi pensada para ajudar os profissionais de saúde de diversos perfis a entender as questões que levam à desinformação e ajudá-los a dialogar com seus pacientes: “Foi um processo de também estimular a ideia de que esses profissionais precisam igualmente se preparar. É importante que eles tenham uma abordagem estratégica de como convencer os pacientes sobre temas de saúde, valorizando a ciência, valorizando a pesquisa, porque as informações sobre saúde causam impacto direto na nossa vida, no nosso corpo”.
O guia Desinformação sobre saúde: vamos enfrentar esse problema? possui uma linguagem simples e objetiva. Confira na biblioteca da ABCPública. A cartilha foi elaborada por um consórcio de pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF), da Fiocruz e de três Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia – Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT), Estudos Comparados em Administração de Conflitos (INCT-InEAC) e Disputas e Soberanias Informacionais (INCT-DSI).
A Folha de S.Paulo lançou um podcast em que colunistas do jornal analisam os principais destaques no cenário político, econômico, cultural e comportamental. Apresentado por Tati Bernardi, Thiago Amparo e Fábio Zanini, A que Pauta Chegamos! aprofunda as discussões do noticiário com uma dose de humor.
Na edição de estreia, em 18/4, os três discutiram a crise entre Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, e Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais. Também foram abordadas as falhas na gestão da educação do governo Lula e o risco de guerra entre Irã e Israel. O trio ainda analisou como a geração Z enxerga clássicos como a série Sex and the City.
Com edição e som de Raphael Concli, o programa está disponível nas principais plataformas de áudio, sempre às quintas-feiras, às 7 horas. Confira o primeiro episódio aqui.
A 19ª edição do Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) vai homenagear a professora e escritora Fabiana Moraes.
Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Fabiana nasceu em Recife e se tornou a primeira de sua família a concluir o ensino superior. Além da graduação, obteve mestrado em Comunicação e doutorado em Sociologia, na mesma instituição.
Teve passagens por veículos como Jornal do Commercio, UOL e revista piauí. Na Abraji, atuou como diretora no biênio 2016-2017. Atualmente é colunista no The Intercept Brasil e na revista Gama.
Fabiana venceu três prêmios Esso de Jornalismo pelas reportagens Os Sertões, O Nascimento de Joicy e A Vida Mambembe, e posteriormente transformou as duas primeiras em livros. Também publicou Nabuco em Pretos e Brancos, e seu mais recente, A pauta é uma arma de combate.
A homenagem será no primeiro dia do congresso, 11/7, às 16h30, no Teatro ESPM, na ESPM-SP (campus Álvaro Alvim), em São Paulo. O evento terá transmissão ao vivo.
A Folha Espírita, jornal focado em notícias sobre atividades espíritas no Brasil e no mundo, completa 50 anos de circulação nesta quinta-feira (18/4). Totalmente digital desde 2020, a FE está com um novo portal, que reúne todas as edições anteriores do jornal, e vai realizar uma live nesta mesma quinta para celebrar o marco.
A Folha Espírita foi criada por José de Freitas Nobre, jornalista e ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, após receber um recado de Chico Xavier. O médium confiou a ele a responsabilidade de lançar um jornal espírita para venda em bancas, e que deveria ter o apoio do Grupo Espírita Cairbar Schutel, de Diadema (SP). Foi então que nasceu a FE.
Ao longo dos 50 anos de trabalho, o jornal cobriu movimentos históricos ligados ao espiritismo, como a campanha do Prêmio Nobel para Chico Xavier, a ação contra o aborto em nível nacional e o trabalho em conjunto com a Associação Médico-Espírita de São Paulo na realização de uma pesquisa científica sobre a mediunidade de Francisco Cândido Xavier, que gerou até roteiros para programas de televisão e de cinema. Além do trabalho jornalístico, a FE teve atuação no lançamento de livros com temáticas espíritas, com a FE Editora, criada em 1990 e comandada por Marlene Nobre, esposa de Freitas Nobre. Foram mais de 100 mil livros vendidos.
Desde outubro de 2020, a Folha Espírita tem formato totalmente digital. A publicação passou também a ser gratuita, não havendo mais necessidade de ser assinante para acessar as publicações mensais. Também nessa época, a FE lançou seu podcast, disponível em diversas plataformas de áudio e em seu portal. A editora da FE é Cláudia Santos.
Um ano e meio após o lançamento do ChatGPT, o uso da inteligência artificial (IA) generativa no jornalismo ainda continua sendo objeto de análises para entender como os profissionais a estão absorvendo em seu cotidiano, suas expectativas e medos.
Ao mesmo tempo em que foram divulgados os resultados da pesquisa A Inteligência Artificial para jornalistas brasileiros, feita pelo grupo Tecnologias, Processos e Narrativas Midiáticas da ESPM-SP em parceria com o Jornalistas&Cia, outro estudo mostrou o panorama da IA nas redações globais.
O trabalho, publicado na semana passada, foi feito pela Associated Press em conjunto com a Northwest University, dos EUA, e a Universidade de Amsterdã.
Enquanto organizações como New York Times e Getty Images adotaram posição de confronto e recorreram à justiça contra o uso de seu conteúdo para treinar os LLM (Large Language Models) sem remuneração, a AP seguiu outro caminho.
Foi a primeira grande organização de jornalismo a fechar um acordo com uma empresa de inteligência artificial generativa para uso de seu conteúdo, acordo celebrado com a OpenIA em agosto do ano passado.
Pouco depois, a agência de notícias formalizou um manual de regras para o uso da tecnologia por seus profissionais, um sinal de que usar a IA não é mais uma opção no jornalismo e sim um caminho sem volta.
Mas enquanto algumas organizações jornalísticas estão mais avançadas na sistematização do uso da inteligência artificial e na exploração de suas possibilidades, outras ainda engatinham. E foi isso que o estudo da AP mapeou.
Medos e expectativas no uso da IA no jornalismo
O objetivo foi identificar como a indústria de mídia tem lidado com as promessas e desafios iniciais da IA generativa, a partir da opinião de 292 profissionais, principalmente dos EUA e Europa.
O percentual dos que afirmaram já estarem usando a IA é superior ao constatado pela pesquisa da ESPM-SP: 56% no Brasil contra 73% no mundo.
Assim como no Brasil, a pesquisa da AP revelou que a maioria dos profissionais usa a IA na apuração de informações e produção de textos, e 49% acham que tarefas ou fluxos de trabalho já mudaram devido a ela.
Há um aspecto positivo para os que se alarmam com a possibilidade de a IA eliminar postos de trabalho − movimento que na verdade vem acontecendo na indústria de mídia muito antes de a tecnologia tornar-se popular.
Os entrevistados mencionam que novas funções estão sendo criadas, incluindo algumas ligadas à produção e entrega de conteúdo, como edição de vídeos de IA, verificação de fatos, design de interface e experiência do usuário.
No geral, diz o estudo da AP, há uma mudança no trabalho humano em direção à gestão, ao produto, a alguns novos cargos − e muito trabalho técnico para incorporar e manter sistemas que envolvem IA e automação.
Isso representa uma oportunidade para os que estiverem sintonizados com as transformações e dispostos a navegarem nelas em vez de rejeitá-las ou duvidar de seu avanço.
ChatGPT substituindo o colega jornalista na mesa ao lado
Depois que muitas redações adotaram o trabalho remoto ou híbrido devido à Covid-19 e que o isolamento foi apontado como risco para a troca de experiências e criatividade, a IA também parece estar sendo usada para substituir o rico convívio com o colega da mesa ao lado − para o bem ou para o mal.
Um entrevistado na pesquisa da AP disse: “Em vez de pedir ajuda a um colega para criar um título, sempre peço primeiro ao ChatGPT”.
Junto com o encantamento, no entanto, aparecem as preocupações éticas. As mais presentes foram a falta de supervisão humana (21,8%), a imprecisão (16,4%) e os preconceitos no conteúdo gerado pela IA (9,5%).
Nada muito diferente do que outras pesquisas já apontaram. Mas a AP aprofundou um pouco mais e perguntou se havia algum algum uso de IA generativa que deveria ser desencorajado no jornalismo.
Entre os entrevistados que mencionaram proibições como parte da resposta a preocupações éticas, a maioria (56%) concordou que a geração de conteúdos inteiros com a tecnologia deveria ser proibida, uma vez que os modelos ainda não são confiáveis − o que algumas empresas jornalísticas já determinaram em seus manuais internos.
Outro uso da IA rejeitado por 17% dos jornalistas consultados é na formulação de perguntas para uma entrevista. Um dos participantes do estudo disse: “As entrevistas muitas vezes mudam de rumo no meio do caminho por causa do instinto do repórter. Como a IA corresponderá a isso?”.
É uma resposta que remete ao ponto central desse processo: a IA não serve para fazer tudo sozinha, mas pode ajudar a formular perguntas melhores com base em pesquisas mais abrangentes, que o bom profissional, dotado de instinto jornalístico, saberá aproveitar na conversa.
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