Faleceu em 20/8, aos 85 anos, José Carlos Fonseca Ferreira, pioneiro das relações públicas do Brasil, que fundou, em janeiro de 1964, ao lado de José Rolim Valença, a AAB – Assessoria Administrativa do Brasil, agência que abriu caminho para o desenvolvimento de um segmento que hoje fatura cerca de R$ 3 bilhões por ano e agrega perto de 1.500 empresas em todo o País. Afastado há quase dez anos de suas atividades profissionais, em decorrência de uma profunda depressão, teve uma piora em seu quadro e, hospitalizado, acabou vitimado pela Covid-19.

Gerente de Comunicações Públicas da Ford por três anos, entre 1960 e 1963, optou por empreender com sua própria empresa ao vislumbrar a janela de oportunidades que o mercado oferecia para essa atividade, então inexistente no Brasil. Liderou a AAB, ao lado de Rolim, por 15 anos, vendendo o controle da agência para o Grupo Ogilvy & Mather, do qual acabou sendo executivo, ao presidir a Ogilvy & Mather Direct por cinco anos.

Integrante daquele primeiro time da AAB, Carlos Eduardo Mestieri lembra: “Entrei na AAB em 1963, quando ela estava sendo realmente estruturada. Ocupei o Departamento de Relações Governamentais. Também chegaram para o time Vera Giangrande, que ocupou o Departamento Educacional, e Antônio De Salvo, responsável pelo Departamento de Imprensa. As áreas de Publicaçōes e Arte, Pesquisa de Opinião e Estratégia eram orientadas e coordenadas pelo próprio José Carlos e pelo Rolim. Durante anos a AAB representou no Brasil as maiores empresas de relações públicas internacionais. Como se vê, foi uma verdadeira escola da atividade. Saí de lá em 1975 para montar a Inform, que hoje é tocada por minha filha, Roberta, agora com o nome de Mestieri PR. De Salvo havia criado a ADS e Vera, convidada, assumiu a Diretoria de Relações Públicas da Squibb e tempos depois seria minha sócia na própria Inform. Com as saídas dos pioneiros, começava o segundo capítulo da AAB, com outros nomes que também se destacariam nas relações públicas do País”.

Sobre a AAB, disse Lalá Aranha, profissional de RP que também esteve na agência e a conheceu de forma profunda, em texto publicado em 10/11/2016 no Portal Aberje: “A AAB foi o berço dos profissionais de RP mais reconhecidos do Brasil. (…) Em 1979, José Carlos e Rolim inauguraram as AAB-RS e Brasília, das quais me tornei sócia. Convivi, de perto ou de longe, com estes mestres por quase duas décadas. Estudei seus cases, li seus livros e trabalhei com alguns deles. (…) Embora com outras formações de origem, todos se tornaram oficialmente relações públicas, pois foram beneficiados pelo provisionamento e se registraram no Sistema Conferp. E fizeram escola no Brasil. A escola do planejamento, das auditorias de opinião, das ações estratégicas, dos grandes eventos e das coalizões e alianças corporativas. Esta escola, da qual me orgulho de ter pertencido com um grupo de profissionais da geração seguinte, como o jornalista Celso Barata, as RPs Sandra Martinelli, Gisela Heitzman, Elisa Prado e Suzel Figueiredo e os publicitários Rogério Ruschell e Luiz Marcio Caldas Junior, dentre outros, era uma agência sem ‘firulas e ações múltiplas’. Ações 100% voltadas para a administração da comunicação, construção positiva da imagem e do relacionamento dos clientes – empresas e organizações – que atendíamos”.

 

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