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quinta-feira, março 28, 2024

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Memórias da Redação ? PC Farias na linha. Pânico na redação

Celso de Freitas diz ter lido no J&Cia 836 a história de Sandro Villar sobre Fausto Canova – “Dupla de competentes profissionais, com os quais trabalhei na década de 80, no Sistema Globo de Rádio” – e sugeriu reproduzirmos uma que ele postou em 8/3 no seu blog. Com 34 anos de carreira, Celso teve passagens por Estadão e Diário do Grande ABC, ficou 14 anos de Sistema Globo de Rádio em São Paulo, participou da equipe que montou a CBN e foi diretor de Jornalismo da Rádio Capital.

Desde novembro de 1995 é diretor de Redação da Agência Rádio 2 de Notícias e à noite “pega no pé da molecada”, no posto de professor de Radiojornalismo da Universidade São Judas Tadeu. Também deu aulas na Universidade Braz Cubas, de Mogi das Cruzes, e na Uninove. PC Farias na linha. Pânico na redação – Alô, é Paulo Cesar que tá falano. PC Farias… A produtora quase teve um enfarte. O sujeito mais procurado do País estava ali, no telefone da redação da CBN, a rádio que estava no começo de atividades.

O sombra do governo Collor, que estava atolado num mar de corrupção, comandado por ele, PC Farias. A Polícia Federal, a Interpol, todo o aparato de caça a criminosos estava atrás dele. E ele ali, pronto para dar uma entrevista à CBN e se defender. Era muita areia para o caminhãozinho da Elaine Gomes puxar. Mas a Alemãzinha reforçou o eixo, acelerou forte, mas com cuidado, engatou a primeira e… seja o que Deus quiser! Correu para o estúdio, avisou o apresentador de plantão naquele sábado que o homem estava na linha.

Todo mundo se encheu de adrenalina. O apresentador tremeu na base. O manda-chuva da República de Alagoas estava ali, à mão. Era só perguntar. O apresentador puxou o fôlego, mandou o sonoplasta abrir microfones e foi fundo. A entrevista fluiu bem, PC Farias respondeu o que lhe foi perguntado, simpático como convém a todo fugitivo. Nem bem terminara a entrevista, o repórter Edison de Castro – Ah, ele aprontando aqui, de novo? – começa a questionar a produtora se aquele sujeito que falara em nome de PC Farias não seria um impostor.

A Alemãzinha, então, se deu conta do perigo que corria. Na hora bateu uma dor no pescoço – Olha a guilhotina dando a primeira martelada! O rosto na hora virou um pimentão, o sangue subiu em segundos, o tom de voz baixou. – Será, Edison? É a voz dele. Eu tenho certeza. Olha o sotaque alagoano! E o Edison, também chamado de Português, jogou mais alguns paus de lenha, sequinhos, na fogueira: – Ué, pode ser um outro nordestino, fazendo a voz do PC… E a essa altura a Polícia Federal deve ter monitorado toda a entrevista. Se for um impostor, vai dar um rolo danado.

Não quero nem estar aqui na segunda-feira! – Oh, Edison, não estraga, vai! A CBN no começo, um fiasco daqueles jogaria toda a credibilidade da emissora no lixo. A temperatura subiu ao limite máximo em toda a equipe, que cumpria aquele plantão de um sábado até ali modorrento. E aí, é ou não é o PC? Elaine murchou, foi no bebedouro, pegou um copo d’água gelada. Tomou, repetiu a dose, lançou um olhar perdido para o chão. Responsável, cumpridora de horários e tarefas, exigente consigo mesma, era uma produtora tida pela equipe como das mais eficientes.

Não merecia dançar por uma fatalidade daquelas. Oh, Português, porque você foi plantar uma minhoca dessas na cabeça do pessoal? Olha o estado da Elaine… O apresentador continuava firme, tocando a programação, mas o tom de voz já não era tão enfático, como fora na entrevista com o PC. Ele também sentiu a barra naquela dúvida. Sobraria para ele também? Claro, foi ele quem fez a entrevista. Para o ouvinte, toda a culpa era dele. Não havia, ainda, internet naquele começo de anos 90. Só no dia seguinte é que se saberia o resultado daquela iniciativa, quando os jornais chegariam às bancas.

Claro, Folha, Estadão, Veja, iam repercutir aquela entrevista que todos perseguiam e que fora dada à novata CBN. Batata! No domingo a edição de Veja trouxe trechos da conversa, dando como verdadeira a entrevista, com repercussões entre pessoas que tinham ligação com a busca do fugitivo e também com a defesa dele.

Na CBN, o domingão foi de comemoração pura, com direito a repeteco da gravação e também repercussão, citando Veja, claro. Tá vendo, Edison de Castro, Lugar de repórter é na rua! Vai caçar matéria no Ibirapuera, vai ao pronto-socorro de Itaquera, vai ver se eu estou lá na esquina! Lógico, o Português fez o mais óbvio trabalho de um bom jornalista, que é colocar em dúvida tudo o que não está 100% claro. Mas que ele provocou um frio na barriga de toda a equipe, ah se provocou!

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