Renato Gasparetto
Renato Gasparetto

Por Renato Gasparetto(*), especial para Jornalistas&Cia/Portal dos Jornalistas

Há algumas semanas, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mobilizou a Cúpula de Líderes sobre o Clima, que reuniu alguns dos principais líderes mundiais, para discutir ações de enfrentamento às mudanças climáticas. Entre os convidados estavam integrantes do Fórum de Energia e Clima de Grandes Economias, que concentra os 17 países responsáveis por 80% das emissões gases de efeito estufa, dentre eles o Brasil, além das nações vulneráveis às mudanças climáticas e países que se destacam na preservação do meio ambiente.

Durante o encontro, o presidente Jair Bolsonaro destacou que o País está aberto à cooperação internacional na área ambiental, além de reforçar que vamos reduzir a zero o balanço das emissões de carbono até 2050. A promessa veio logo após o envio de uma carta a Biden declarando o compromisso do Brasil com o fim do desmatamento ilegal na Amazônia até 2030.

Todos esses esforços são necessários. A crise climática representa um risco para a estabilidade global, com impacto direto na economia. Hoje, esse é um dos maiores desafios da humanidade. Estudos do Met Office, serviço britânico de meteorologia, revelam que desde o início da Revolução Industrial o planeta aqueceu 1,1 grau. Pode parecer pouco, mas as consequências podem ser observadas nas anormalidades climáticas crescentes, como calor elevado ou frio inesperado (em janeiro último a Espanha teve a maior nevasca em 50 anos), bem como crises hídricas (como a que atingiu São Paulo em 2014) e ciclones mais frequentes.

O impacto social e econômico dessas variações climáticas é enorme. O sistema de saúde, por exemplo, padece com o atendimento a ocorrências de doenças tipicamente sazonais fora de seu período normal. Pandemias aparecem. O agronegócio é afetado – e consequentemente o suprimento de alimentos–, as indústrias e escolas fecham.

Modelos climáticos indicam que a Terra está no caminho de enfrentar um aquecimento entre 3 e 4 graus até 2100, se não diminuirmos  as consequências do efeito estufa no planeta. O número é preocupante. Segundo cientistas, o máximo de aquecimento que o planeta aguentaria antes de sofrer consequências gravíssimas seria de 2 graus, neste mesmo horizonte de tempo.

Os dados revelam a criticidade da situação e exigem que todos os setores da sociedade (e não apenas os governos) se unam para encontrar uma solução. Embora o setor de telecomunicações tenha baixo impacto ambiental quando comparado a outros segmentos, também assumimos nosso papel em busca de soluções.

A pandemia elevou a percepção da essencialidade das operadoras de telecomunicações, pois ajudamos a diminuir a pegada de carbono dos nossos clientes quando conseguimos evitar viagens de avião ou deslocamentos dentro das cidades, substituindo reuniões presenciais por videoconferências. Afinal, a economia passou a se viabilizar graças às conexões virtuais. Porém, mesmo a tecnologia gera emissões, que também precisam ser neutralizadas. E estamos trabalhando para isso no nosso cotidiano.

A tecnologia que promove as conexões só é capaz de desempenhar seu papel se houver energia elétrica para todos e também para garantir o funcionamento de seus negócios. Consciente dessa questão, a maior empresa de telecomunicações do Brasil, com 96 milhões de clientes, foi a primeira empresa do setor na América Latina a atingir a marca carbono neutro em 2019, com 100% de utilização de energia renovável. Essa companhia reduziu, entre 2015 e 2020, em 70% as emissões de gases de efeito estufa (GEE), com a meta de se tornar uma empresa Net Zero até 2025

A economia circular é outro conceito com o qual é preciso trabalhar na prática. Nosso país está entre os que mais produzem lixo eletrônico no mundo, e as grandes marcas do segmento precisam estar comprometidas em promover o consumo consciente e dar a destinação adequada para esses resíduos. A logística reversa também precisa voltar seu foco para os equipamentos eletrônicos ao final da vida útil, por isso é importante convidar a sociedade a refletir sobre as ações necessárias para tornar o mundo mais sustentável.

Um programa da maior marca de telefonia no País já conseguiu coletar, por meio de um programa específico, cerca de 7,6 toneladas de resíduos eletrônicos, como cabos, carregadores, baterias, pilhas e celulares, em 2020, um volume 15% maior do que no ano anterior. O valor que resulta da reciclagem do lixo eletrônico é destinado a projetos de formação e fluência digital voltados para educadores e alunos mantidos por uma fundação da companhia. É importante observar que em 2020, essa empresa também encaminhou para reciclagem 96,5% de todo o volume de resíduos eletroeletrônicos gerados em sua operação, com mais de 13,5 mil toneladas separadas e descaracterizadas para serem reincorporadas à cadeia produtiva como novos insumos.

À medida em que os serviços são expandidos para levar conectividade a todo o Brasil, com novas redes de fibra e estruturas para o 5G, cresce também o desafio de encontrar soluções que nos permitam avançar com o menor impacto. Precisamos crescer de modo sustentável e alinhado às expectativas da sociedade, nos aspectos Ambientais, Sociais e de Governança (ESG), com menos emissões, menor uso dos recursos naturais e um cuidado cada vez maior com os resíduos, inclusive os que estão nas mãos dos clientes. Acreditamos que só teremos um planeta saudável se cada pessoa e organização fizer a sua parte. ESG não é mais opção, é premissa para a perenidade das empresas.


(*) Renato Gasparetto é Vice-presidente de Relações Institucionais e Sustentabilidade na Vivo

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