Por Luciana Gurgel

Luciana Gurgel

Ambientalista de carteirinha, o rei Charles III teve sua participação na COP27 vetada pelo governo britânico, no que seria a estreia na diplomacia global depois da morte da rainha Elizabeth.

Mas nesta semana, a monarquia executa na área internacional mais uma de suas “ofensivas de charme”, como são apelidadas as ações de RP organizadas pelos Windsor. William e Kate partiram para os EUA em um roteiro que inclui todos os elementos para encantar os fãs e deliciar a mídia local, que adora a realeza.

Só que desta vez não é apenas diplomacia entre países e show midiático. A viagem está sendo tratada pela imprensa britânica como uma demonstração de força dos membros oficiais da monarquia no território conquistado por Harry e Meghan quando se mudaram para o país e passaram a cultivar um relacionamento próximo com jornalistas e celebridades.

Os dois casais no funeral da rainha

Nos funerais da rainha Elizabeth II, em setembro, especulou-se que os irmãos poderiam fazer as pazes depois de visitarem juntos as homenagens deixadas para a avó. Mas detalhes da viagem sugerem que isso está fora dos planos.

William e Kate chegaram a Boston nesta quarta-feira (30/11) para um tour de três dias, culminando com a cerimônia que anunciará os vencedores do Prêmio Earthshot.

Um elenco estelar vai se apresentar na cerimônia: Beyoncé, Annie Lenox, Ellie Goulding. Billie Ellish, David Attenborough, Cate Blanchett e Rami Malek.

Harry e Meghan irão para Nova York dias depois, onde estarão entre os homenageados pela fundação Robert F.Kennedy. Daria até para fazer um esforço e passar por Boston.

O problema é que o Prêmio Ripple of Rope que eles aceitaram receber é em reconhecimento à coragem do casal ao desafiar a “estrutura de poder” da família real. Mesmo que houvesse chance de reaproximação, estaria sepultada.

De qualquer forma, dificilmente eles seriam convidados para disputar atenções, pois, segundo os que se ocupam de enxergar nas entrelinhas, a visita é uma oportunidade para William e Harry mostrarem nos EUA quem são os verdadeiros representantes da monarquia.

No estilo tradicional de soprar coisas para a mídia, “fontes” disseram aos jornais que a cerimônia será o momento “Super Bowl” de William. Para que trazer concorrentes?

A visita acontece na sequência de outras histórias envolvendo o afastamento litigioso de Harry e Meghan do núcleo duro da monarquia.

Extratos de uma biografia da rainha que sai em dezembro revelam que ela se preocupou com o “excesso de amor” do neto pela princesa logo após o casamento, o que teria feito com que o apaixonado tolerasse o suposto bullying contra funcionários da chamada “Firma”.

O livro pinta uma Meghan mal-agradecida, afirmando que a rainha gostava dela e teria até autorizado a continuidade de sua carreira como atriz.

Por um golpe de sorte para os Sussex, no primeiro dia de William nos EUA, sua madrinha foi demitida da equipe do Palácio de Buckingham por declarações racistas a uma ativista negra durante uma cerimônia liderada pela rainha consorte Camilla. É mais um lance na guerra de relações públicas que está em curso.

A monarquia “sob nova gerência” dá passos para se afastar de seus membros-problema − Harry, Meghan e também Andrew.

Os rumores são de que o suposto filho preferido nutria esperança de sair do ostracismo depois que pagou uma indenização milionária e encerrou o processo por abuso sexual a que respondia. Mas não vai acontecer. Esta semana apareceram reportagens dando o afastamento como fato consumado.

Em uma ação orquestrada, Charles neutraliza o irmão Andrew, enquanto William neutraliza o irmão Harry. Esses movimentos demonstram que a família real continua afiada no que faz melhor: polir sua imagem e sutilmente mandar para escanteio quem pode embaçá-la.

Afinal, um Andrew com apenas 8% de admiração do público, segundo o acompanhamento do YouGov, ou uma Meghan com 27% ou um Harry com 38% nada acrescentam à popularidade da monarquia.

Uma dura realidade é que o rei Charles continua patinando em 5º lugar, admirado por 44% dos entrevistados.

Kate, com 66%, e William, com 65%, são as estrelas que brilham na lista dos mais admirados depois da rainha, que segue com 73% (Anne e Diana estão, respectivamente, nas 3ª e 4ª posições). Por isso, usá-los para minar Harry e Meghan no palco americano que reverbera em todo o mundo é mais um lance perfeito.


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