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quinta-feira, março 28, 2024

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Seguem tensas as relações entre governo e imprensa argentina

Por Márcia Carmo ([email protected]), de Buenos Aires, especial para o Portal dos Jornalistas. A negativa do dono da emissora de televisão C5N não foi suficiente para afastar o fantasma de censura a um programa que criticava o governo da presidente Cristina Kirchner. O apresentador e comunicador Marcelo Longobardi entrevistava, no dia 13/3, à noite, o ex-chefe da Casa Civil do governo argentino Alberto Fernández quando a transmissão, ao vivo, foi interrompida com as manchetes da hora cheia. No dia seguinte, esse era ?o? assunto nas principais emissoras de rádio do país. Foi censura ou não foi censura? Mas que alguma coisa estranha aconteceu não há duvidas, diziam na Rádio Mitre, do grupo Clarín, crítico do governo. Quase ao mesmo tempo, antes das nove da manhã, o dono da C5N e da Rádio Diez, a mais ouvida da Argentina, ligou ao vivo para o programa de Longobardi nesta última. Daniel Haddad pediu desculpas e atribuiu o fato a questões de ?formalidade? da grade. E disse: ?Esta reação mostra que a sociedade está atenta e isto é muito importante?. Segundo ele, a Argentina mostrou que não tolera mais atos do passado. Mas naquela noite Alberto Padilla, ex-CNN, estava no estúdio, esperando para ser o próximo entrevistado de Longobardi e ouviu quando os produtores do programa da C5N disseram que o ministro do Planejamento Julio de Vido, homem forte do Kirchnerismo, tinha telefonado. Padilla escreveu o episódio no Twitter: ?Fui testemunha da repressão à imprensa argentina. Tiraram o programa de Longobardi do ar. Os operadores me disseram que foi de Vido?. E no dia seguinte disse à Rádio La Red, também de Buenos Aires: ?Conheço e respeito Daniel Haddad, mas eu estava lá e não vi problema técnico ou de grade. Vi outra coisa, vi que o programa foi suspenso?. O episódio ocorreu num momento em que as críticas das autoridades argentinas aos jornalistas ? principalmente do Clarín e do La Nación ? são parte do cotidiano. As críticas são clássicas nos discursos da presidente mostrados ao vivo pelas tevês locais. Há poucos dias ela criticou matéria do jornal El Cronista e semana passada acusou de ?nazis? e ?anti-semitas? jornalistas do Clarín e do La Nación. Seu tom surpreende o jornalismo. É, no mínimo, desconcertante. Mas recebe apoio de seus seguidores. Quando ela fez estas declarações, o grupo que a ouvia no Museu do Bicentenário a aplaudiu com fervor. Preocupante.

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