Em processo de recuperação judicial, a Abril Comunicações assinou um acordo de renegociação de dívidas com o governo federal. O valor total do passivo chega a R$ 830 milhões, e como garantia o grupo ofereceu 16 marcas, entre elas Veja, Quatro Rodas, Capricho, Você S/A, Mundo Estranho, Placar, Viagem e Turismo, Cláudia, Boa Forma e Guia do Estudante.

Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, a transação tributária dará à empresa até 70% de desconto sobre o total devido, percentual máximo permitido em lei. A redução aplica-se a multas, juros e encargos, não sendo válida para o principal da dívida (valor original do passivo). O governo e a empresa não informaram o montante final a ser pago. O acordo foi assinado entre a Abril e a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, em 18 de maio.

Segundo o documento, a transação tem como objetivo equacionar o passivo fiscal, encerrar disputas na Justiça e superar a “situação transitória de crise econômico-financeira” da empresa. O montante a ser pago após o desconto será parcelado e as dívidas não previdenciárias terão um prazo de dez anos, enquanto as previdenciárias, de cinco.

“Tendo em vista que a Abril não tem como objetivo a venda dos seus títulos editoriais a terceiros, manter as marcas em garantia foi uma solução inteligente, pois dá a tranquilidade para a procuradoria de contar com a garantia sobre os ativos mais importantes e históricos da Abril, ao passo que não representa nenhum constrangimento operacional no desempenho das atividades editoriais do grupo”, informou a empresa em comunicado à Folha.

Em 2018, após anunciar uma dívida de cerca de R$ 1,6 bilhão, a Abril entrou com pedido de recuperação judicial. No mesmo ano, a família Civita, que controlava o grupo, fechou a venda da companhia para o empresário Fábio Carvalho por um valor simbólico de R$ 100 mil. O gestor tem histórico de assumir empresas em dificuldades e trabalhar pela retomada do negócio.

Como parte do plano de recuperação, o grupo vendeu a revista Exame no fim de 2019 para o BTG Pactual, por R$ 72 milhões. Em maio deste ano, os prédios que compunham a sede da Abril na Marginal Tietê, em São Paulo, foram arrematados por R$ 118,8 milhões em leilão, pela Marabraz.

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