Geisy Garnes, repórter do jornal Campo Grande News, foi intimada pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul a prestar esclarecimentos após divulgar um áudio que mostra desentendimento entre dois delegados do estado. A intimação, assinada pelo delegado Elton de Campos Galindo, da Seção de Investigação de Corregedoria-Geral da Polícia Civil do MS, diz que se a jornalista não comparecer estará praticando crime de desobediência.

O áudio em questão mostra uma discussão entre Adriano Geraldo Garcia, delegado-geral da Polícia Civil do Estado, e Daniela Kades, também delegada, que teria ocorrido durante reunião com os titulares das delegacias de Campo Grande.

A divulgação do material teria gerado uma série de denúncias contra a administração de Garcia, como um pedido de apuração sobre a possível ligação dele com o jogo do bicho e outro de afastamento dele do cargo.

Repórter do MS é intimada a revelar fonte de áudio de delegados - Campo Grande News
Delegado Adriano Geraldo Garcia

A Corregedoria-Geral vem tentando descobrir a fonte de Geisy. Em uma das tentativas, a polícia estacionou uma viatura em frente à redação do Campo Grande News com o giroflex ligado. O jornal informou à polícia que a única gravação disponível do áudio estava na reportagem publicada, de acesso público.

“Não bastasse a garantia constitucional, já é entendimento consolidado nas cortes superiores: o jornalista não pode ser constrangido ou se tornar alvo de investigação para revelar sua fonte”, declarou o jornal.

Em nota, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) repudiou a medida da Corregedoria: “O direito ao sigilo da fonte é um preceito constitucional brasileiro, previsto no inciso XIV, do Art. 5º: É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional. A Abraji repudia toda e qualquer medida que vise cercear esse direito constitucional de jornalistas. Qualquer iniciativa do poder público, em qualquer esfera, de tolher esse direito é uma ameaça expressa à liberdade de imprensa e compromete o exercício jornalístico em seu papel de fiscalizar e acompanhar os diversos atores sociais”.

Com informações do Campo Grande News.


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