Fábio de Castro passou a colaborar com reportagens para o site Direto da Ciência, de Maurício Tuffani. Atuando desde 2002 na cobertura de ciência, meio ambiente e saúde, teve passagens por Agência USP de Notícias, Agência Fapesp e Estadão, onde trabalhou até recentemente.
Formado em Jornalismo pela USP em 1996, Fábio iniciou o curso de Filosofia na mesma universidade, mas o interrompeu para seguir rumo à França, onde de 2000 a 2001 fez mestrado em Ciências da Comunicação e da Informação na Universidade Paris III (Nouvelle Sorbonne). No mesmo período, trabalhou na Reuters e como correspondente internacional do Jornal da Gazeta, da TV Gazeta de São Paulo. No Brasil, após fazer especialização no Laboratório de Estudos Avançados de Jornalismo Científico da Unicamp, cursou na USP o mestrado em Comunicação pelo Programa em Integração da América Latina (Prolam), onde também iniciou o doutorado.
Desde que abrimos a editora Máquina de Livros, há menos de dois meses, alguns fatos têm-nos chamado a atenção. O aquecimento do mercado de conteúdo é um deles. Poucos dias após o lançamento de nosso primeiro título, “A Farra dos Guardanapos”, de Sílvio Barsetti, já havíamos sido procurados por três produtoras e uma empresa de licenciamento, interessadas em adquirir os direitos do livro para filme e série. Esta semana fechamos com a produtora Escarlate e a previsão é a de que, em no máximo dois anos, a “Farra” esteja nos cinemas. Outra questão interessante é a quantidade de colegas jornalistas que nos contatam com livros para a publicação.
Ambas são boas surpresas. A editora foi desenhada a partir do conceito do livro como um “hub”, em que o conteúdo seja compatível com os demais meios e possa, a exemplo da “Farra”, ser roteirizado para cinema, TV, teatro… Não imaginávamos, porém, que o interesse fosse tão grande e ainda mais por conteúdo de não ficção: reportagens, biografias, etc., que são a nossa praia. Há claramente uma forte expansão da indústria do audiovisual, a despeito de crises, aqui e no mundo. O crescimento do mercado no Brasil vem dobrando em intervalos cada vez menores e hoje movimenta algo em torno de R$ 50 bilhões, o que fica evidente, sobretudo, na quantidade e na qualidade de produções para cinema, TV e internet.
Não é por outra razão que nosso primeiro livro tenha estado no centro de uma disputa já no momento em que chegava às livrarias: a matéria-prima da indústria audiovisual é o conteúdo. A base de toda a engrenagem são histórias reais ou não, edificantes, tristes, emocionantes, instigantes, inspiradoras…
Assim, não deixa de ser alentador o fato de encontrarmos tantos jornalistas com livros prontos. Nos chamou a atenção também o fato de todos, com raríssimas exceções, serem de poesias, contos ou romances, gêneros, portanto, fora do escopo da Máquina de Livros. Aliás, vale a ressalva: atuamos no chamado segmento de não ficção por pura deformação profissional. Como jornalistas nos tornamos dependentes do conteúdo produzido pela realidade e dela extraído.
Não cremos, porém, que todo jornalista seja um candidato a ficcionista. A explicação para isso reside no fato de o espaço destinado à realidade ter estado circunscrito a jornais, revistas, rádios e TVs. Ninguém imaginaria fazer uma reportagem por conta própria, sem ter onde publicá-la. O mesmo vale para um perfil ou uma biografia. É natural, assim, que para a maioria de nossos queridos colegas o livro represente uma alternativa ao que não cabe nos ambientes jornalísticos: o conto, a novela e a poesia, que compõem o chamado segmento de ficção.
Mas não é novidade que a publicação de um livro de contos ou de poesia, da forma convencional – via editora, com tiragem parruda e distribuição em grandes redes de livrarias –, seja tarefa simples. Ao contrário. Uma das principais dificuldades é a concorrência: as prateleiras das livrarias estão repletas de títulos nacionais e estrangeiros. A notícia nova é que há uma crescente demanda dos mercados editorial e audiovisual por conteúdos de não ficção, isto é, por algo que os jornalistas sempre fizeram: produção de conteúdo a partir de fatos reais.
A realidade é um inesgotável manancial de conteúdo. Não há um dia sequer em que não nos deparemos com duas ou três histórias que renderiam bons livros. Nesse sentido, nossa tarefa se limita a enxergar os fatos a serem trabalhados inicialmente em formato livro. Na certidão de nascimento de nossa editora fizemos questão de registrar que o livro é o começo e não o fim do caminho. A estante é o lugar do livro físico, mas ele deve caber em tela do computador, de cinema, no celular, no iPad, em áudio, em auditórios de universidades, em salas de aula e por aí vai.
Nesse sentido, nossas primeiras experiências no mercado de conteúdo editorial mostram que poucos profissionais estão tão aparelhados para atender a esta multiplicidade de demandas como os jornalistas. Não é exercício de futurologia, mas uma mensagem que nos é enviada pelo presente: nesses tempos em que a inteligência artificial faz seu debut e se apresenta como a panaceia do mundo, o simples exercício de apurar e contar uma boa história tende a se valorizar cada vez mais.
De fato, o fechamento de redações e o enxugamento das equipes, com cortes de pessoal aqui e ali, podem representar o fim de uma estrada, mas não do caminho. O mercado tem “manchetado” que há novos e desafiadores trajetos para quem domina os fundamentos da atividade: enxergar, apurar e escrever histórias.
Portanto, encontrar o mercado de conteúdo em franca expansão e jornalistas que já escrevam ficção é um alento para quem, como nós, aposta na indústria de conteúdo e busca gente disposta a trabalhar em não ficção. Basta mostrar que não é necessário fugir da realidade para reencontrar espaço no mercado. Há demanda por boas histórias extraída da realidade; há novas formas de financiamento –associação a produtores e investidores, crowdfunding, pré-venda, para citar apenas alguns deles – e, claro, de retorno financeiro.
Até onde se sabe, os algoritmos não contam histórias. Ou ainda não aprenderam a contá-las da forma que nos habituamos a absorvê-las. Assim, a boa notícia é que, num mundo em acelerada transformação, esta segue sendo uma tarefa exclusivamente humana e muito valorizada.
Daniela Chiaretti (Valor Econômico), Eliane Brum (El País) e Fabiano Maisonnave (Folha de S.Paulo) integram comitê consultivo sobre cobertura da Amazônia
O Pulitzer Center lançou em 12/9 o Rainforest Journalism Fund, iniciativa que deve investir U$ 5,5 milhões nos próximos cinco anos para aumentar a consciência ambiental do público com relação a temas urgentes das florestas tropicais pelo mundo.
Subvencionado pelo Ministério de Clima e Meio Ambiente da Noruega, por meio da NICFI (Norwegian International Climate and Forest Initiative), o fundo investirá nesse período em perto de 200 projetos originais de reportagens internacionais sobre clima e meio ambiente. Ele também financiará treinamento de primeiros socorros e de sobrevivência em ambientes hostis a 75 jornalistas que operam em regiões de florestas tropicais.
A ideia ganhou corpo quando um grupo de repórteres da América do Sul propôs a constituição de um fundo para o jornalismo amazônico a fim de aumentar a cobertura dessa importante região. As florestas tropicais estão entre os principais campos de batalha das mudanças climáticas, além de serem um dos mais promissores caminhos para a mitigação, e até a reversão, de suas consequências adversas para o meio ambiente e a saúde pública. Os meios de comunicação crescentemente carecem de recursos para bancar reportagens que tragam à luz esses temas; jornalistas que fazem esse tipo de cobertura frequentemente enfrentam grandes riscos à sua segurança. Segundo o Pulitzer Center, esse tipo de reportagem é um bem público essencial, que requer apoio externo para ter sucesso em atingir audiências tanto em nível local como internacional, o que o Rainforest Journalism Fund proverá.
Como parte do apoio do fundo a repórteres locais com experiência regional, o Pulitzer Center trabalhará com comitês consultivos de jornalismo e coordenadores com experiência em cada uma das principais regiões de florestas tropicais do mundo: Amazônia, África Central e Sudeste da Ásia. Eles terão papel preponderante nas decisões de alocação das subvenções.
No comitê da Amazônia, o primeiro a ser constituído, estão o coordenador Jonathan Watts (editor global de meio ambiente do jornal inglês The Guardian, que atuou por muitos anos no Brasil), Eliane Brum (produtora de vídeos e colunista do El País, atualmente baseada em Altamira, no Pará), Daniela Chiaretti (repórter do Valor Econômico em São Paulo, especialista em questões ambientais), Thomas Fischermann (correspondente do semanário alemão Die Zeit na América do Sul), Adriana León (correspondente do Los Angeles Times e diretora para liberdade de imprensa do Ipys – Instituto Prensa y Sociedad no Peru), Fabiano Maisonnave (correspondente da Folha de S.Paulo em Manaus) e Simon Romero (correspondente do The New York Times no Rio de Janeiro)
“O Rainforest Journalism Fund é uma iniciativa de repórteres da América do Sul que querem mais apoio para a cobertura local e internacional da Amazônia”, diz Watts. “Sabemos por experiência própria que fazer reportagens na região é difícil e caro. Mas é de crucial importância para a humanidade entender e responder às ameaças do desmatamento, das perdas da biodiversidade e das mudanças climáticas”.
Para Daniela Chiaretti, o sucesso da criação do fundo deve-se principalmente ao empenho de Jonathan, que há dois anos trabalha para viabilizá-lo: “Foi dele a iniciativa de procurar Ola Elvestuen, ministro norueguês do Clima e Meio Ambiente, que, coincidentemente, já pretendia fazer algo com relação às florestas tropicais. E foi de Ola a sugestão de propor a gestão do fundo ao Pulitzer Center, o que dá mais credibilidade ao projeto”. Segundo ela, eles agora discutem com o comitê os critérios tanto para as subvenções às reportagens quanto para a disseminação delas.
Nos próximos meses, o Pulitzer Center constituirá comitês e coordenadores regionais na África e na Ásia, além de fazer no pulitzercenter.org uma chamada para propostas de reportagens sobre florestas tropicais.
A Escola de Dados promove em Salvador, de 20 a 22/9, o curso Introdução ao Jornalismo de Dados, a ser ministrado por Juan Torres, editor de Inovação no Correio, gerente da Escola de Dados e diretor da Abraji.
Para participar das aulas, na Unifacs (Campus Tancredo Neves), o investimento é de R$ 450. Outras informações pelo [email protected].
O Conselho Nacional do Café (CNC) realiza o Prêmio Café Brasil de Jornalismo 2018 com o objetivo de reconhecer o desenvolvimento de pautas sobre os pontos sustentáveis da atividade cafeeira no Brasil. O tema central é A importância do cooperativismo cafeeiro na economia regional. Podem participar trabalhos publicados/veiculados em emissoras de rádio e de televisão, jornais, revistas e portais de notícias na forma de texto, vídeo e/ou áudio, no período de 1º de janeiro e 31 de outubro de 2018.
Serão distribuídos R$ 90 mil em prêmios, divididos em quatro categorias (TV, Rádio, Impresso e Internet). O campeão de cada categoria receberá R$ 10 mil; o segundo colocado, R$ 7,5 mil; e o terceiro, R$ 5 mil. Inscrições até 1º de novembro no site.
O Nexo publica a partir desta segunda-feira (17/9), um novo podcast, o Durma com essa. O programa vai ao ar de segunda a quinta, no fim da tarde. Será apresentado em dupla, em revezamento entre o editor-chefe Conrado Corsalette e os editores executivos Olívia Fraga e José Orenstein.
A cada episódio, será abordado o fato mais instigante do dia, com potencial de repercutir e reverberar para além do ciclo diário da notícia. A transmissão estará disponível no site do Nexo ou em plataformas como Soundcloud, Apple e Google podcasts, além de aplicativos de streaming como Spotify e Deezer.
Como parte da Semana pela Paz, que se realiza até a próxima sexta-feira (21/9) na cidade de São Paulo, a Fundação Armando Álvares Penteado recebe nesta segunda-feira (17/9), às 15h, a Conferência Estadual de Jornalismo pela Paz. O evento, gratuito, vai abordar as alternativas para o combate de discurso de ódio nas redes sociais e na mídia, assim como fake news, jornalismo de periferia e o uso da comunicação pelo ativismo. Estão confirmadas as participações de Guilherme M. (Quebrando Tabu), Amanda Kamancheck (Think Olga) e Cintia Gomes (Agência Mural). Inscrições pela internet.
Este ano, a Semana pela Paz marca o 70º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A mobilização é uma iniciativa do projeto O mundo que queremos, parceria entre Rede Brasil do Pacto Global da ONU e Governo do Estado de São Paulo. Ela inclui atividades culturais e debates sobre direitos humanos, inclusão de minoria, xenofobia e feminicídio. Confira a programação completa no site da ONU no Brasil.
Como manter o equilíbrio (e a sanidade) para sobreviver à crise do jornalismo será o tema do debate desta terça-feira (18/9) no Clube da Imprensa, série de encontros que discute na capital paulista o presente e o futuro do jornalismo. Em nova temporada, sempre às terças-feiras, agora no Tubaína Bar (rua Haddock Lobo, 74), começa com uma happy hour, às 18h, com um som ambiente nas picapes, seguida do debate, por volta das 20h, e tem transmissão ao vivo pelo Facebook do Clube da Imprensa.
O objetivo deste debate será refletir sobre o momento emocional dos jornalistas, que têm sofrido bastante com o desemprego e a extinção de postos de trabalho. O painel contará com as participações de Bel César, psicóloga clínica com formação em musicoterapia no Instituto de Orff em Salzburgo, Áustria, e Adi Leite, fotógrafo, jornalista e coach. A mediação será de Hélio Gomes, diretor de Mídias Digitais da Editora Três.
Criado por Hélio, Milton Gamez, Rica Ramos, Denize Bacoccina, Clayton Melo, Edson Franco e Marcia Minilo, o Clube conta com o apoio institucional da Associação Nacional dos Editores de Revista (Aner) e divulgação de Jornalistas&Cia, Portal dos Jornalistas, Comunique-se e A Vida no Centro.
Lucas Figueiredo marcou para os próximos dias dois lançamentos de seu livro O Tiradentes (Cia das Letras), em que explora aspectos poucos conhecidos da vida privada do mártir da Independência e lança um novo olhar sobre sua figura histórica, símbolo imortal da cidadania indignada com os desmandos da opressão.
Em São Paulo, será nesta segunda-feira (17/9), às 19h, na Livraria da Vila da Vila Madalena (rua Fradique Coutinho, 915), dentro da programação dos Encontros Folha & Companhia – livros, ideias e autores, numa bate-papo com mediação de Oscar Pilagallo. Em Belo Horizonte, está marcado para 20/9 (quinta-feira), às 19h30, como parte do Sempre um papo, no Auditório da Cemig (av. Barbacena, 1.200, Santo Agostinho), com a participação especial de Ângelo Oswaldo de Araújo Santos.
Embora a história de Tiradentes seja amplamente conhecida, muitos aspectos da biografia dele permaneceram semiocultos em arquivos pouco explorados. A partir de cinco anos de abrangente pesquisa em acervos de Brasil, Portugal, França e EUA, e de descobertas mais recentes da historiografia, Lucas propõe uma nova abordagem biográfica de Tiradentes, aliando rigor historiográfico a uma narrativa organizadora dos fatos dispersos na escassa documentação disponível.
Ele reconstitui a trajetória do alferes, desde a sua experiência familiar, os anos de juventude, quando foi mascate, o trabalho no baixo escalão dos oficiais –, enfrentando as engrenagens da burocracia estatal –, o ofício paralelo de tratar (e tirar) dentes, até seu envolvimento na Conjuração Mineira. Em paralelo, faz um retrato vívido das Minas Gerais e do Rio de Janeiro do século XVIII: seus personagens, acontecimentos, e a circulação dos ideais revolucionários. Deixando para trás as especulações e os relatos fabricados, e unindo verve literária e rigor histórico, o livro é um trabalho de investigação que dá a Tiradentes a dimensão humana apagada na formação de sua história. A capa é de Mateus Valadares. Ele está à venda (e-book e impresso) na Amazon.
Ex-repórter da Folha de S.Paulo, do Estado de Minas, pesquisador da Comissão Nacional da Verdade e consultor da Unesco, além de autor dos livros-reportagem Morcegos negros (2000), Ministério do Silêncio (2005), O Operador (2006), Olho por Olho (2009) e Boa Ventura! – A corrida do ouro no Brasil (2011), todos publicados pela Record, e Lugar nenhum: militares e civis na ocultação dos documentos da ditadura, pela Cia das Letras, Lucas acaba de assinar com essa editora contrato para escrever a biografia de Juscelino Kubitschek.
Ciça Kramer, gerente de Jornalismo da Band TV, assumiu também a gestão do Esporte, ficando responsável por todo o conteúdo das duas áreas. Com isso, Guilherme Baumhardt e Caco da Motta deixam de ser gerentes de Jornalismo das rádios Bandeirantes e Band News, e de Esportes da TV e das rádios, respectivamente, para contribuírem diretamente com o conteúdo.
A emissora integrou as equipes de conteúdo de rádio e televisão em um mesmo ambiente físico, trazendo o time de esportes. Baumhardt volta para os microfones ao lado de Diego Casagrande, no comando do Primeira Edição, da BandNews FM, e do Rádio Livre, da Rádio Bandeirantes.