O ministro da Justiça e Segurança Pública André Mendonça pediu à Polícia Federal a abertura de inquérito para investigar a conduta do colunista Ruy Castro, da Folha de S.Paulo, após a publicação do artigo Saída de Trump: mate-se, no qual sugere que o presidente Jair Bolsonaro deveria cometer suicídio.
No texto, Castro escreveu que “se Trump optar pelo suicídio, Bolsonaro deveria imitá-lo. Mas para que esperar pela derrota na eleição? Por que não fazer isso hoje, já, agora, neste momento? Para o bem do Brasil, nenhum minuto sem Bolsonaro será cedo demais”. Ricardo Noblat, de Veja, compartilhou o trecho em suas redes sociais, e foi muito criticado. A revista na qual trabalha emitiu nota de repúdio à atitude do colunista.
Em sua conta no Twitter, o ministro escreveu que alguns jornalistas chegaram “ao fundo do poço”: “Hoje dois deles instigaram dois presidentes da República a suicidar-se. Apenas pessoas insensíveis com a dor das famílias de pessoas que tiraram a própria vida podem fazer isso. Apenas pessoas irresponsáveis cometem esse crime contra chefes de Estado de duas grandes nações. Fazê-lo é um desrespeito à pessoa humana, à nação e ao povo de ambos os países”.
A Agência Pública, em parceria com o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), lançou as Microbolsas Acesso à Internet, que incentivam a produção de pautas investigativas sobre acesso à internet no Brasil e as diversas questões relacionadas ao tema, como falta de acesso a dispositivos, franquias de dados limitadas, falta de infraestrutura e de políticas públicas de acesso à internet, práticas abusivas e pouco transparentes de empresas de telecomunicação, aumento da desinformação, entre outras.
Ao todo, serão distribuídas quatro bolsas de R$ 7 mil. Para realizar a inscrição, é preciso enviar uma breve apresentação do repórter, referência profissional, resumo e descrição da pauta, plano de trabalho e plano de orçamento para a produção da reportagem. As inscrições vão até 5/2 e os vencedores serão anunciados a partir do dia 18 de fevereiro.
Com o banimento de Donald Trump das maiores redes sociais do planeta (Facebook, Instagram, Snapchat e Twitter, este último seu app mais inseparável), a pergunta agora é: qual ou quais empresas vão herdar o poderoso exército de simpatizantes do quase-ex-presidente da maior potência do planeta?
Gab, MeWe, Rumble, TheDonald.win, Dlive e ainda a Parler, caso volte para o ar, são as que disputam uma fatia da pizza ainda muito poderosa de Trump: 88 milhões de seguidores no Twitter.
Entre essas empresas, duas merecem destaque. A Gab, incorporação de mais de 600 mil seguidores depois que Trump saiu do Twitter, e a MeWe, apresentando-se na contramão das gigantes digitais. Seu CEO, Mark Weinstein, critica o modelo de negócios do Facebook. Para ele, o ‘capitalismo de vigilância’” praticado pela rede social é “maior evento socioeconômico da história da humanidade”.
A apresentadora Mariana Godoy anunciou sua saída do Grupo Bandeirantes, depois de apenas sete meses de trabalho na emissora. Ela agradeceu ao apoio que recebeu de toda a família Saad e à Direção de Jornalismo e Entretenimento do canal.
Mariana foi contratada pela Band inicialmente para apresentar um programa matinal, mas depois foi deslocada para as noites de segunda-feira. Em setembro, estreou no comando do talkshow Melhor Agora. Acabou contraindo a Covid-19 e teve que se afastar por um tempo, retornou ao trabalho, mas logo pediu nova licença ao canal para cuidar da saúde, pois estava sofrendo de ansiedade.
Ex-TV Globo e RedeTV, em sua publicação de despedida nas redes sociais, a apresentadora escreveu que “a vida é feita de escolhas, e eu escolhi buscar novos horizontes. Sigo em frente com o coração agradecido. (…) Agora chegou o momento de partir e aonde eu for, de alguma forma, levarei um pouquinho de cada um de vocês”.
O repórter José Raimundo Oliveira anunciou sua saída da TV Bahia, afiliada à Rede Globo, após 31 anos de casa. Em publicação de despedida no Instagram, ele declarou que “o horizonte é indefinido por enquanto. E desafiador. É hora de pensar e avaliar. E daqui a pouco pegar a estrada novamente. Aliás, novas estradas pela frente. E ainda muita história pra contar”. Por causa da pandemia, Raimundo, que tem mais de 60 anos, estava trabalhando em home office.
Nascido na Bahia, ingressou na TV Aratu, afiliada da Globo em Salvador, na década de 1980. Em 1987, começou a trabalhar na Globo Nordeste. Três anos depois, retornou à capital baiana para integrar a equipe da TV Bahia, criada em 1985. Ao longo da carreira, foi responsável por coberturas importantes, como a visita do papa João Paulo II, em 1980, eleições municipais, estaduais e nacionais, além de ter entrevistado políticos, ministros e até presidentes.
Amanda Audi, 33 anos e 13 de profissão, deixou no final de dezembro a equipe do Intercept Brasil, onde estava desde 2018, e assumiu em 4/1 o cargo de diretora-executiva do Congresso em Foco, em Brasília. Ela vai coordenar e supervisionar as atividades realizadas em todas as áreas da organização do portal: produção e distribuição de conteúdo; marketing; tecnologia e design; desenvolvimento de produtos; e gestão de pessoas e de finanças. “Enfim, mandará em todos nós!”, diz trecho de texto publicado pelo portal.
Sylvio Costa, fundador do site, celebrou a chegada dela: “Amanda é uma pessoa incrível, tanto pelas qualidades profissionais quanto pessoais, e todas as conquistas que já alcançou e os muitos prêmios que recebeu demonstram isso. É muito raro encontrar alguém tão jovem com tanta maturidade profissional e tanta vontade de aprender a fazer coisas novas. Enfim, é a pessoa certa para embarcar nesta startup em plena ascensão que somos hoje”. Ele afirma que 2020 foi um dos anos mais marcantes dos quase 17 anos do portal, e que a audiência do site cresceu mais de 60% em relação ao ano anterior e várias frentes novas foram abertas.
No Intercept, Amanda publicou uma série de reportagens sobre a Vaza Jato, o caso das mensagens vazadas do aplicativo Telegram dos integrantes da Lava Jato em Curitiba. Escreveu ela em texto de despedida: “Que o Intercept continue falando bem alto. E vocês, também!”. E em sua conta no Twitter, no final do ano, registrou: “Vida longa ao jornalismo. Ao Intercept, Congresso em Foco e a todos os outros veículos e jornalistas que trabalham pesado para que poderosos sejam fiscalizados e a democracia continue existindo, mesmo com tantos golpes. Seguimos juntos. Todos juntos. Nossa voz não será calada”.
Graduada pela Universidade Federal do Paraná, Amanda destacou-se em diversos prêmios jornalísticos. Conquistou o 1º lugar na categoria Melhor repórter de mídia impressa nos prêmios Mulher Imprensa 2020 e Comunique-se 2019. Ainda nesse ano, foi indicada ao One World Media. Com breve passagem pelo Congresso em Foco em 2018, também esteve em Gazeta do Povo, Poder360 e foi produtora da RPC, afiliada da Rede Globo no Paraná.
O Washington Post fechou em dezembro um acordo com a empresa de tecnologia The Market Desk para adotar a tecnologia Unified ID 2.0 em substituição aos cookies de terceiros, no que pode se tornar um novo padrão para a indústria. Por ela, os usuários terão uma identidade única para logar em qualquer site da internet e mais controle da privacidade.
O jornal, que fechou 2020 comemorando recordes de receita, de audiência e anunciando contratações, cumpre a promessa feita por Jeff Bezos ao adquiri-lo em 2013: inventar e experimentar.
Em um movimento importante para determinar o futuro dos cookies de terceiros, com implicações para as empresas jornalísticas, o órgão de controle de concorrência britânico anunciou na manhã desta sexta-feira (8/1) em Londres a abertura de uma investigação contra o Google Private Sandbox, pacote de soluções anunciado pela empresa para ser implantado gradativamente até 2022.
A Competition Markets Authority (CMA) atendeu ao pedido feito há dois meses pela organização Marketers for Open Web (MOW), formada por empresas jornalísticas e de tecnologia. Em seu estudo que deu origem à nova legislação para as plataformas digitais anunciada em dezembro, a CMA destacou o risco de o projeto do Google minar a capacidade dos editores de gerar receita e afetar a concorrência em publicidade digital, consolidando o poder de mercado do gigante digital.
Andrea Coscelli, CEO da CMA, destacou também questões sobre privacidade nas redes: “Como o CMA descobriu em seu recente estudo de mercado, as propostas do Privacy Sandbox do Google têm impacto significativo sobre editoras e sobre o mercado de publicidade digital, mas também há questões de privacidade a serem consideradas, razão pela qual continuaremos a trabalhar em conjunto com o Information Commissioner’s Office (IOC) à medida que avançamos nesta investigação, ao mesmo tempo em que nos envolvemos diretamente com o Google e outros participantes do mercado sobre nossas preocupações”.
Augusto Nunes (Crédito: Divulgação / Record TV / Edu Moraes)
Augusto Nunes assume em 18/1 a Direção de Redação do portal R7. Além de manter sua coluna diária no site, ele permanece como comentarista do Jornal da Record.
Nascido em Taquaritinga (SP), estudou na ECA-USP e começou sua trajetória pelas redações em 1970, como revisor dos Diários Associados. Foi redator-chefe da revista Veja e diretor de Redação de Jornal do Brasil, O Estado de S. Paulo, Gazeta Mercantil, Zero Hora e das revistas Época e Forbes. Apresentou durante oito anos o programa Roda Viva, da TV Cultura. Venceu cinco vezes o Esso de Jornalismo.
É autor das biografias de Tancredo Neves e Luís Eduardo Magalhães, e escreveu A esperança estilhaçada — Crônica da crise que abalou o PT e o Governo Lula. Organizou e editou o livro Minha razão de viver: Memórias de um repórter, sobre Samuel Wainer.
A decisão de uma juíza britânica negando o pedido de extradição de Julian Assange do Reino Unido para os Estados Unidos sob o argumento de que ele poderia cometer suicídio em uma penitenciária do outro lado do Atlântico, anunciada na segunda-feira (4/1), foi recebida com sentimentos mistos.
De um lado, evitou (por ora) que o fundador do Wikileaks caísse nas mãos da justiça americana para responder a 18 acusações que podem lhe custar 175 anos de cadeia. Por outro, decepcionou quem esperava a validação da tese de que a publicação de dados confidenciais de interesse público estaria protegida pela Primeira Emenda à Constituição americana (que assegura liberdade de expressão e de imprensa).
Uma preocupação que transcende o caso de Assange. Entidades como Repórteres Sem Fronteiras, Human Rights Watch, Anistia Internacional e Comitê para a Proteção dos Jornalistas alertaram para o risco de o entendimento virar parâmetro para processos contra jornalistas, empresas de notícias e fontes que revelem segredos oficiais. Isso inibiria o jornalismo investigativo, ameaçado pelo peso de condenações.
O caso de Assange não chegou ao fim. Talvez ele não seja mesmo extraditado após recursos ainda cabíveis. Se for, caberá à justiça americana decidir se o vazamento foi legal à luz do interesse público, um resultado que pode influenciar a prática do jornalismo investigativo.
No Reino Unido, novas regras para convidados em programas de TV
Enquanto isso, as TVs no Reino Unido também têm motivos para se preocupar com efeitos legais sobre o que transmitem. No dia 21 de dezembro, o Ofcom, órgão de controle das telecomunicações, anunciou acréscimos ao Broadcasting Act, que regula o setor de radiodifusão.
A partir de abril, as emissoras deverão informar previamente entrevistados de determinados programas sobre “riscos para seu bem-estar e medidas para mitigá-los”. O conceito de “risco” aplica-se a pessoas “não acostumadas com exposição pública”, e a programas que atraiam grande interesse da imprensa e de mídias sociais, e os que envolvam confronto e situações emocionalmente desafiadoras.
É uma resposta a um caso ocorrido em 2019: um homem suicidou-se depois de gravar para o programa do apresentador Jeremy Kyle. Ele foi submetido a um detector de mentiras para testar sua infidelidade, de forma humilhante. O programa saiu do ar e Kyle responde a um inquérito policial.
Esta é uma situação recorrente no Reino Unido. Tragédias assim costumam gerar mudanças aqui. Outro exemplo é a história da adolescente que cometeu suicídio depois de ver posts sobre o tema em redes sociais, o que deu impulso a uma lei severa para proteger as crianças de conteúdo ilegal, que entra em vigor este ano. A justificativa para as duas iniciativas é a mesma: duty of care, ou o dever de cuidar dos vulneráveis.
Programas jornalísticos ficaram isentos, atendendo ao lobby das emissoras. O Ofcom disse que as novas regras valerão para noticiários apenas quando “a necessidade de cuidados adicionais for identificada para um determinado participante”.
Há zonas cinzentas. Programas de variedades, de viagens ou de quiz fazem entrevistas e recebem convidados. Um participante deles pode alegar que foi exposto, ainda que não seja um programa que explora a miséria humana, alvo primário das mudanças.
E o que dizer da cobertura de um acidente ou catástrofe, em que um repórter de rua entreviste um personagem sobre sua perda? Sob essa ótica, até o noticiário das seis pode ser enquadrado, se um entrevistado julgar-se exposto.
Reclamações dessa natureza são analisadas pelo Ofcom, que costuma ser ponderado. Mas os riscos para emissoras elevam-se porque descontentes podem recorrer à justiça.
O caso de Assange e as novas normas para programas de TV no Reino Unido parecem distantes, mas têm algo em comum. O papel do departamento jurídico tende a se tornar cada vez mais relevante em uma empresa jornalística.