A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e o Farol Jornalismo lançaram o especial O Jornalismo no Brasil em 2022, que discute o futuro da profissão no próximo ano. O projeto, que chega à sexta edição, reúne textos de dez profissionais sobre diversos temas, como democracia, eleições, ataques à imprensa, fake news, jornalismo e saúde, entre outros.
“Promover o jornalismo de qualidade é um dos pilares da Abraji, e os artigos neste novo especial em parceria com o Farol podem contribuir para que nós, jornalistas, tomemos um tempo para avaliar os desafios e oportunidades para melhorar cada vez mais a nossa prática profissional”, destaca Marcelo Träsel, presidente da Abraji.
Participam do projeto Sylvio Costa (Congresso em Foco), que escreve sobre jornalismo e democracia; Juliana Dal Piva (UOL), sobre as eleições de 2022; Veronica Toste (Universidade Federal Fluminense), sobre ataques a jornalistas; Luís Felipe dos Santos (Aos Fatos), sobre desinformação; Maria Vitória Ramos (Fiquem Sabendo), sobre a Lei de Acesso à Informação; André Biernath (BBC Brasil), sobre saúde e a Covid-19; Lenne Ferreira (Alma Preta), sobre direitos humanos; Laércio Portela (Marco Zero Conteúdo), sobre colaboração e distribuição; Ana Flávia Marques (Universidade de São Paulo), sobre trabalho online; e Gustavo Torniero (Yahoo), sobre acessibilidade na profissão.
A Ponte Jornalismo lança na próxima quarta-feira (15/12), em parceria com a Fundação Heinrich Böll, o podcast Prove Sua Inocência, sobre histórias de pessoas que foram vítimas de condenações sem provas, debatendo os abusos cometidos pelo Estado, polícias, Ministério Público, Judiciário, sistema prisional, entre outros.
Ao longo de seis episódios, a produção traz depoimentos dessas vítimas, todos homens negros e periféricos, e análises de especialistas no tema, como as advogadas criminalistas Dora Cavalcanti e Priscila Pamela dos Santos, e o tenente-coronel aposentado da PM paulista e mestre em direitos humanos Adilson Paes de Souza. A apresentação e apuração jornalística é de Maria Teresa Cruz.
“A nossa proposta, com esse podcast, é expor os vieses e as injustiças cometidas pelo sistema de Justiça”, explica Antonio Junião, cofundador da Ponte Jornalismo e coidealizador do podcast. “Queremos alcançar um público mais amplo, que muitas vezes não está habituado a debater esses temas e que tem, na maioria das vezes, o populismo penal dos veículos de mídia sensacionalista como referência no debate sobre segurança pública. Esse projeto alia o rigor do jornalismo investigativo a uma linguagem emocionante e atraente”.
Um dos casos contados é o de Jonatas Barbosa dos Santos, morador da periferia de Guarulhos, na Grande São Paulo. Ele foi preso após bater a bicicleta em uma viatura da polícia, mas, por ter o mesmo nome de um integrante da facção criminosa PCC, que era procurado pela Justiça, foi condenado a mais 16 anos de prisão. “O fato de Jonatas ter tido uma passagem pelo sistema prisional sete anos antes pesou muito mais do que qualquer outra evidência”, explica a Ponte.
O Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul ajuizou ação civil pública contra o apresentador Sikêra Jr. e a Rede TV por comentários discriminatórios contra a população LGBTQIA+ no programa Alerta Nacional. As falas foram a propósito da história em quadrinhos sobre o novo Superman, filho de Clark Kent, que se assumiu bissexual.
Em 26/11, durante o telejornal, Sikêra e a equipe do programa compuseram e interpretaram uma música com falas homofóbicas e que associa a comunidade LGBTQIA+ à pedofilia. A letra dizia:
“O mundo tá bagunçado,
tá de cabeça pra baixo, no banheiro da menina pode entrar macho. Agora o Super Homem
tá derretendo o anel.
E quem também entrou na onda foi Papai Noel. Mas a intenção dessa corja desgraçada
É tirar a inocência da nossa criançada.
Não vem com esse papo de ideologia
Vai se lascar pra lá com a sua pedofilia”.
A ação pede que os réus sejam condenados a pagar uma indenização de R$ 10 milhões por danos morais coletivos, que seriam destinados à comunidade LGBTQIA+ por meio de estruturação de centros de cidadania, entidades de acolhimento, promoção de direitos, entre outros. Além disso, o MPF pede que o programa em questão seja excluído dos sites e redes sociais, “como forma de limitar o dano perpetrado pelas falas discriminatórias e preconceituosas”.
Vale lembrar que, em junho, o MPF ajuizou uma ação contra Sikêra e a Rede TV justamente por homofobia. O apresentador atacou uma campanha publicitária do Burger King com a temática da diversidade, e chamou o público LGBTQIA+ de “raça desgraçada”.
Morreu nesta quinta-feira (9/12), o jornalista, professor, historiador e escritor pernambucano Fernando Menezes, aos 86 anos, no Recife, vítima de parada cardíaca. Deixa a esposa Maria Norma Salvador Menezes; três filhos, Fred, Andrea e Henrique; e seis netos.
Segundo Henrique, seu primogênito, Fernando “dedicou a vida ao jornalismo”. Formado em Direito e História, foi professor do Departamento de História da Universidade Federal de Pernambuco e do curso de Jornalismo da Universidade Católica.
O filho destacou que ele foi muito querido pelos amigos ao longo de mais de seis décadas dedicadas à comunicação: “Era uma pessoa simples, humilde, dedicada aos amigos e de uma correção exemplar. Muito ético, muito certo, e foi muito ligado aos amigos que fez durante a vida. Era muito amado”.
Em nota, Romerinho Jatobá, presidente da Câmara Municipal do Recife, prestou homenagens a Fernando e lembrou que o jornalista “teve uma atuação marcante em diversos veículos de comunicação, foi um dos mais importantes cronistas desportivos da história do futebol pernambucano, além de ter sido secretário de Imprensa do Estado”.
Funcionários da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), em greve desde o dia 26 de novembro, denunciaram que foram intimidados por policiais militares acionados pela direção da empresa. A ação ocorreu nesta quarta-feira (8/12), um dia após os grevistas rejeitarem a proposta patronal da EBC.
Segundo vídeo postado no perfil Fica EBC no Instagram, Glen Valente, diretor da empresa, acionou duas viaturas e seis policiais por causa de som que estava com os funcionários. O aparelho, porém, estava desligado.
“Não aceitamos esse tipo de intimidação, EBC! Os jurídicos das entidades já analisam o caso como prática antissindical, perseguição e abuso de poder”, afirmou a Comissão de Empregados EBC, que classificou a ação da empresa como “claramente política”.
Em assembleia, os trabalhadores da EBC em São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal rejeitaram a proposta patronal por 343 contra 137 votos. Tal proposta mantinha uma série de retirada de direitos, a instituição do banco de horas de forma pouco transparente, o reajuste não retroativo à data-base (1º de novembro de 2020) e a extinção da progressão de carreira vigente, bem como o anuênio e o quinquênio.
Segundo informações enviadas pela comissão à imprensa, cerca de 70% dos funcionários com cargos comissionados aderiram à paralisação. O e-mail denuncia também supostas tentativas de sabotagem da assembleia por parte da empresa.
“Mesmo com a diretoria da EBC tentando manipular trabalhadores, com ameaças e ataques à livre organização sindical, o recado foi dado: não aos cortes de direitos, não ao banco de horas e não aos cortes salariais”, diz o texto.
Em encontros entre governantes, executivos e líderes de organizações, a profusão de palavras faladas nas reuniões e escritas em documentos é marca registrada, assim como extensas reportagens e artigos de opinião sobre grandes eventos globais.
Não foi diferente na COP26, que ao longo de duas semanas ocupou o noticiário internacional e a pauta da diplomacia em todo o planeta.
No entanto, imagens podem ser mais poderosas do que palavras. Mesmo aquelas usadas nos gritos de guerra entoados por manifestantes que tomaram as ruas da cidade escocesa de Glasgow sob chuva, inspirados pela sueca Greta Thunberg, pedindo “justiça climática agora”.
Veio da distante ilha de Tuvalu, no Pacífico Sul, o que muitos consideraram a ação de comunicação de maior impacto de toda a conferência.
O país insular está afundando, e isso não era novidade. Mas o hábil ministro do Meio Ambiente, Simon Kofe, que muito merecidamente acumula o cargo com a pasta da Comunicação, fez com que boa parte do mundo prestasse atenção no problema em seu famoso discurso com água pelos joelhos.
Simon Kofe: “Todos estamos afundando”
Não se pode dizer que ele também não tenha sido hábil com as palavras. A afirmação “We are sinking, but so is everyone else” (“Nós estamos afundando, mas todos estão”) é simples e eficiente, lembrando que a emergência climática é problema de todos.
Além de importante como mensagem para a causa ambiental, é um exemplo de ação de comunicação criativa e eficiente, daquelas que dá vontade de ter feito.
Na verdade, não é nova a ideia de um país ameaçado pelo aumento do nível dos oceanos fazer algo dentro d’água para chamar a atenção. Em 2009, antes da COP de Copenhagen, o primeiro-ministro das Maldivas fez uma reunião de gabinete dentro de uma piscina, com direito a coletiva de imprensa.
E se há um “pai” desse modelo, ele poderia bem ser o Greenpeace, que há 50 anos usa cenas de impacto para protestar contra a destruição do planeta.
Uma das ações mais recentes da organização aconteceu no Reino Unido, antes da COP26. Em um vídeo chamado Wasteminster ou Westminster, o Greenpeace denunciou a montanha de lixo plástico que o país despacha diariamente para países pobres.
No áudio, a voz do primeiro-ministro Boris Johnson em falas durante discursos sobre os compromissos ambientais do país. No vídeo, uma animação do plástico acumulando-se até cobrir a Downing Street 10, onde fica a sede do governo britânico.
O desafio de controlar as mudanças climáticas não é pequeno, e isso ficou evidente na COP26, que terminou sem o acordo que a ciência queria.
Para chegar lá, comunicação eficiente e um “jornalismo implacável”, como pede Mark Hertsgaard, fundador e diretor da coalizão de imprensa Covering Climate Now, são parte da equação.
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Cadu Doné, que atuava como repórter no jornal O Tempo, de Belo Horizonte, foi censurado e demitido do veículo após fazer uma reportagem sobre um vereador do estado que destinou R$ 640 mil de emenda parlamentar para seu próprio instituto. A informação é de Juca Kfouri, que publicou na íntegra a reportagem de Doné em seu blog no UOL, informando que O Tempo teria se recusado a publicá-la, o que gerou uma crise que terminou na demissão do repórter.
Na reportagem, Doné aponta que Álvaro Damião (DEM), vereador de BH e jornalista esportivo da Rádio Itatiaia e da TV Alterosa, destinou a quantia em questão para o instituto Bacana Demais, que pertence ao próprio vereador.
“Esse caso se relaciona com o orçamento impositivo recém-aprovado”, explica Doné. “(…) A emenda do tipo impositiva é algo que o vereador sugere e a prefeitura é obrigada a pagar. Cada vereador de BH tem direito de indicar cerca de dois milhões desse tipo de emenda. Verbas dessa natureza necessariamente precisam ser destinadas para algo em BH – não caberia encaminhar algum dinheiro ligado a esse mecanismo para o interior do estado”.
Crédito: Reprodução/Blog do Juca
O repórter destaca ainda que a informação veiculada na reportagem é pública e que no próprio site do Instituto Bacana Demais há um texto apresentando Álvaro Damião como fundador do projeto.
Por fim, Doné deixa claro que a ação do vereador não é ilegal, mas chama a atenção o fato da quantia ser destinada a um projeto próprio: “Ele pode afirmar que sua intenção ‘é de desenvolver atividades de assistência social’. Mas obviamente seria, para pegar leve e recorrendo a um eufemismo, de bom tom que direcionasse seu suposto ímpeto humanitário para uma instituição que não a sua – e buscar apoios, financiamento para seu projeto por outros caminhos”.
O Terra lançou esta semana a plataforma Visão do Corre, canal de conteúdo que visa a dar maior visibilidade às vozes e iniciativas de favelas e periferias do Brasil. A equipe da plataforma é formada por jornalistas e produtores audiovisuais vindos das favelas de todo o País, que vivem o verdadeiro “corre” do dia a dia, inspirando o nome da plataforma.
O objetivo é mostrar uma agenda positiva sobre periferias e comunidades, destacando temas como diversidade, criatividade e riqueza de projetos, negócios e histórias de vida. Visão do Corre já tem parcerias com Alma Preta, Ponte Jornalismo e Agência de Notícias das Favelas (ANF).
“Queremos valorizar as iniciativas de quem vive nas comunidades, favelas e periferias do País, abrindo janelas para projetos culturais, eventos esportivos, programas profissionalizantes e histórias inspiradoras desses espaços pouco explorados nos veículos tradicionais de comunicação”, explica Claudia Caliente, diretora do Terra. “E tudo isso com a linguagem das ruas, de forma inclusiva e genuína, proporcionando uma aproximação verdadeira com o público. Conteúdo produzido por e para quem vive nas ‘quebradas’”.
A plataforma está dividida em seis editorias: em Corre pro Futuro, o internauta encontra temas ligados a educação, profissionalização e preparação para o mercado de trabalho; Bora Empreender estimula o espírito empreendedor dos moradores de comunidades, valorizando iniciativas criativas e inspiradoras; Rolê de Quebrada traz ações e projetos artísticos que tenham como protagonistas os moradores de periferias; Tá On? aborda a digitalização e como ela pode ajudar a impulsionar o sucesso pessoal e profissional; Deu Jogo divulga projetos sociais e incentiva a prática do esporte como meio de inclusão; e Pega a Visão destaca personagens, histórias e negócios de moradores de periferias que deram certo.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) realiza nesta quarta-feira (8/12), às 17h, um debate sobre a perseguição judicial contra jornalistas. O evento marca a nova fase do Projeto Ctrl+X, que passa a monitorar processos com características de assédio à imprensa.
Participam Tais Gasparian, advogada especialista em mídia e internet; Carlos Eduardo Gaio, advogado da ONG Media Defence; e Tai Nalon, diretora executiva de Aos Fatos. A mediação é de Reinaldo Chaves, coordenador de projetos da Abraji.
Além do debate, o evento apresentará a nova fase do Ctrl+X, que tem 5.526 processos registrados, sendo 5.514 deles com pedidos de retirada de conteúdo e 342 com pelo menos uma das novas variáveis adicionadas: solicitação de indenizações, processos diretamente contra pessoas, processos com origem nos Juizados Especiais Cíveis e ações criminais.
Carlos Eduardo Gaio explica que “a utilização do Judiciário para perseguir jornalistas e defensores de direitos humanos é um fenômeno mundial”, que frequentemente ocorre na forma de ações judiciais estratégicas contra a participação pública (SLAPPs, na sigla em inglês).
Sob o crivo de 66 jurados de grande experiência e reconhecimento, o Prêmio Latino Americano de Excelência e Inovação em PR conheceu, em 2/12, Dia Nacional das Relações Públicas, os cases que conquistaram o Troféu Jatobá PR e as organizações e cases que fizeram jus às premiações especiais. O certame foi prestigiado por 98 organizações, que inscreveram 225 cases, 112 deles classificados nas shortlists para a etapa final.
Estiveram em disputa 31 categorias, dez delas exclusivas para Grandes Agências, outras dez para Agências-Butique, cinco para Organizações Empresariais, cinco para Organizações Públicas e uma – PR Internacional – aberta a todo o mercado.
O Jatobá PR é uma iniciativa do GECOM – Grupo Empresarial de Comunicação, que tem a Jornalistas Editora (responsável por este J&Cia e pelo Portal dos Jornalistas) entre seus organizadores. São parceiros na empreitada Boxnet (também patrocinadora do evento de premiação), Business News e Mega Brasil Comunicação. O prêmio contou ainda com o apoio institucional de Abracom, Conrerp 2ª Região e I’Max.
Além dos cases campeões, a premiação distinguiu com o Troféu Jatobá PR os Cases do Ano e as Organizações do Ano, nas quatro verticais existentes, e também a Organização Destaque do Ano. Confira aqui todos os vencedores da edição 2021 da premiação.