Ana Paula Padrão ofereceu um almoço para convidados em São Paulo no último dia 12/4 para comemorar 50 milhões de pageviews de seu portal Tempo de Mulher. Na rede em fase experimental desde agosto passado, ele estreou em fevereiro no MSN, que responde por sua hospedagem sem, no entanto, interferir no conteúdo. Em entrevista ao Portal dos Jornalistas, Ana Paula informou que, além do portal, Tempo de Mulher é um projeto multiplataforma: terá eventos periódicos ao longo do ano; o Laboratório da Mulher, responsável pela continuidade das pesquisas sobre o universo feminino; e cursos presenciais e à distância. Confira a seguir a íntegra da entrevista: Portal dos Jornalistas ? Como surgiu a ideia do portal? Ana Paula Padrão ? Há muitos anos estudo o universo feminino e há cerca de quatro decidi transformar em negócio o que era apenas um interesse pessoal meu. Para isso, contratei um instituto de pesquisa. Primeiro, fiz um ano de pesquisa sobre plataformas de comunicação para mulheres nos EUA, na classe média americana, que eu considerava a mais parecida com a brasileira. Depois trouxe essa pesquisa pra cá e ampliei as sondagens, com pesquisas quantitativas, qualitativas, grupos de discussão, pesquisa etnográfica, visita à casa das pessoas… Foram três anos nesse processo para descobrir quem é a nova mulher brasileira, o que que ela pensa, quais os seus sonhos, como ela se comporta, quais os seus grandes valores (família, casamento, educação…), como ela consome, como está inserida no universo de consumo e como absorve a informação. Estudei também a minha transversalidade de imagem. Será que eu falava tão bem com a mulher média brasileira quanto falo com a mulher de classe AB? Descobri de sim, que tenho uma transversalidade de imagem bastante significativa. A partir de todo esse conjunto de informações, montamos a primeira plataforma do projeto Tempo de Mulher, que é o portal. Ficamos com ele independente de agosto até dezembro [de 2011], analisando propostas de grandes portais. Queríamos esse tempo para perceber se haveria alguma rejeição, alguma mudança grave de rumo. Não houve, inclusive porque nas pesquisas também expusemos o portal, o leiaute, minhas fotos, a maneira de comunicação, os assuntos. Não tivemos grandes problemas de rejeição e por isso consideramos que deveríamos ir para um portal maior. O MSN nos fez uma proposta muito boa e achamos que o nosso público era muito parecido com o deles, que a parceria fazia muito sentido. PJ ? E como analisa esses 50 milhões de acessos em apenas três meses? Ana Paula ? Quando chegamos ao MSN, tínhamos já uma ideia bastante boa do que era o portal. Nas previsões mais otimistas do MSN ? e nossas também ? imaginávamos até 5 milhões no primeiro mês, talvez 8 [milhões] no segundo… e talvez chegar até 10, 15 milhões em seis meses. Quando tivemos 22,5 milhões no primeiro mês, ficamos: ?Oh!. Será que é uma coincidência??. No segundo mês, foram 27, quase 28 milhões… Claro que não esperava tamanho sucesso, mas hoje, olhando pra trás, vejo que realmente fazer pesquisa tem muito significado, porque sabíamos quais eram os assuntos de interesse dessa mulher, sabíamos como comunicar esses assuntos para ela, como fazê-la absorver esse conteúdo. E sabíamos que, quando elas nos dessem retorno, nos alimentaríamos de outras pautas e de outras informações. E foi exatamente isso que aconteceu. Fora isso, temos no MSN um parceiro espetacular, que gosta das nossas matérias e nos leva frequentemente para a home. Isso nos expõe a um volume muito maior de pessoas. PJ ? Como foi o processo de escolha da equipe do portal? Ana Paula ? Começamos a montar a equipe levando em consideração vários aspectos. O primeiro: alguém que entendesse muito de portal feminino ? então, eu trouxe alguém com esse perfil para dirigir o portal, a Ana Kessler, que veio do Bolsa de Mulher. Segundo: pessoas que de fato tivessem boa vivência do que é a mulher média brasileira. Assim, em vez de buscar pessoas em universidades muito sofisticadas, fomos buscar jornalistas formados em universidades mais periféricas, porque têm vidas mais parecidas com a mulher com quem a gente quer conversar, ideias de pautas melhores. Estão mais afinadas com a cultura, com os gostos, com o paladar, com a maneira de falar dessas pessoas. Fizemos um misto de jornalistas experientes com recém-formados ou com pequena experiência, mas formados num universo parecido com o que queríamos atingir. Acho que é a parceria perfeita: uma boa pesquisa, um bom projeto de conteúdo e uma equipe maravilhosa! A equipe é muito batalhadora, eles estão felicíssimos, supermotivados. Trabalhar com gente legal é tudo de bom!
Marlos Ney Vidal e sua arte de revelar segredos
Marlos Ney Vidal é repórter, fotógrafo e diagramador do Vrum, caderno de Veículos do Estado de Minas, e editor-chefe do blog Autos Segredos. Nascido em João Monlevade (MG), ele sempre gostou de carros e tornou-se um especialista em revelar segredos automotivos. A atividade começou por acaso, com um flagra da terceira geração do Fiat Palio nas ruas de Betim (MG), em 2003. O furo teve grande repercussão na mídia especializada e, desde então, ele não parou mais de colecionar imagens e informações preciosas, passando a reunir esse material no Auto Segredos há três anos. “No começo eram 300 visitas ao dia e agora mais de 15 mil”, comemora. Além de fotos e reportagens, o espaço, que ele pretende transformar em site nos próximos três meses, funciona como “tira dúvidas” de leitores sobre compra de veículos. “Procuro responder a todos os questionamentos e solicitações dos internautas e o site poderá contribuir ainda mais para essa interatividade”, diz. Jornalistas&Cia Imprensa Automotiva ? Um carro inesquecível Marlos Ney Vidal ? O Chevrolet Opala foi um carro que marcou minhas infância e adolescência. Meu pai teve um, mas na época eu não tinha idade para dirigir. Mais tarde tive a oportunidade de guiar modelos de amigos e alimento até hoje a ideia de ter um exemplar para restaurar. J&Cia Auto ? Um momento automotivo que marcou sua vida Marlos ? Quando consegui meu primeiro flagra automotivo, em 2003. Nunca tivera uma foto publicada, nem saído para qualquer pauta. Mas, por conta própria, peguei meu carro e fui atrás para ver se conseguia algum registro do novo Fiat Palio 2004. E com dois ou três dias de espera flagrei o carro sem nenhuma camuflagem. Segundo o que disse o Marco Antonio Lage à época, o carro havia saído apenas para dar uma volta na pista e, para minha sorte, consegui um único e revelador fotograma. J&Cia Auto ? Onde iniciou suas atividades nessa área? Marlos ? Em 2001, como diagramador do caderno de Veículos do Estado de Minas (atual Vrum), convidado pelo Emílio Camanzi. Já estou no jornal há 20 anos, onde comecei como office-boy, e sempre tive contato com a redação. Cursei Jornalismo na PUC/MG e tenho especialização em Artes Visuais. Também tenho trabalhos publicados em vários sites, revistas e jornais, como Jornal do Carro (JT), Autoesporte, UOL Carros, entre outros. J&Cia Auto ? O que mais o impressiona na imprensa automotiva? Marlos ? A paixão dos profissionais pelo assunto. J&Cia Auto ? Um profissional da imprensa automotiva para homenagear o segmento Marlos ? Na realidade são dois, que formavam uma bela dupla. Um que não tive a oportunidade de conhecer e que infelizmente não está mais entre nós, o Nehemias Vassão, e o Claudio Laranjeira, que espero conhecer pessoalmente. J&Cia Auto ? Livro de cabeceira Marlos ? Gosto das obras do inglês Nick Hornby, sempre estou relendo Um grande garoto, Como ser Legal e Febre de bola. Mas o título de que mais gosto é Alta Fidelidade. J&Cia Auto ? Time de coração Marlos ? Cruzeiro Esporte Clube. J&Cia Auto ? O que mais gosta de fazer nos momentos de descanso? Marlos ? Para ser sincero, quando se começa a vida de blogueiro fica complicado ter momentos de descanso, pois, quando não estou no jornal ou nas ruas para alguma seção de fotos, provavelmente estou redigindo ou apurando alguma notícia no computador de casa. Porém, tento organizar meu tempo e nas folgas prolongadas e férias tenho viajado bastante para a praia com a família. Mas não tem jeito: à noite, no hotel, sempre estou com o computador ligado… J&Cia Auto ? Algum hobby especial? Marlos ? O que mais tenho feito é passear com o meu filho João Pedro, que está com um ano e oito meses. É só parar o carro na garagem que ele já fala “passeá papai”. E ele já reconhece até os carros… Não sabe, claro, as marcas, mas associa o modelo a quem tem um igual. Não é raro ele dizer: “olha o carro do vovô, do vizinho” e por aí vai… J&Cia Auto ? Tipo de música que mais aprecia Marlos ? Tenho gosto variado, gosto de Pop Rock nacional e tenho escutado bastante o álbum Nó Na Orelha, do paulista Criolo. Já pagode e música baiana não descem hora nenhuma. J&Cia Auto ? Na televisão, qual programa predileto? Marlos ? Não sou muito de assistir televisão, mas, gosto da programação do Multishow, como o De cara limpa, com Fernando Caruso, e o 220 volts, de Paulo Gustavo. J&Cia Auto ? Quais os jornais e revistas de que mais gosta? E sites especializados? Marlos ? Os que acompanho são Vrum (Estado de Minas), Jornal do Carro (Jornal da Tarde) e Carro ETC. (O Globo). Entre as revistas, Quatro Rodas, Autoesporte e Car and Driver, e sites Auto Esporte, Carplace, Vrum, UOL Carros e o Autos Segredos, claro! J&Cia Auto ? Um sonho por realizar Marlos ? Viver viajando atrás dos segredos automotivos e poder me dedicar 100% ao assunto que mais me fascina no setor.
Jornal JÁ terá edição impressa ainda este mês
A exemplo do que fez em março, a equipe do Jornal JÁ prepara nova edição impressa de cerca de 2 mil exemplares para circular ainda este mês, desta vez com assuntos de economia e desenvolvimento do Rio Grande do Sul. ?Queremos começar pequenos novamente e ter um público bem restrito?, projetou o diretor Elmar Bones. Ele informou que a nova edição impressa está sendo trabalhada com foco na estiagem do Estado. A retomada do JÁ está em andamento e o próximo passo é lançar em breve o site. ?Ainda é um projeto, mas acreditamos que os dois meios caminharão juntos?, destacou Elmar. Outros aspectos que deverão ser trabalhados neste ano são projetos de livros e campanha de assinaturas. A Cooperativa de Leitores, proposta do JÁ para ter a participação ativa do público no jornal, também segue em formatação. Enquanto aguardam consultoria da Federação das Cooperativas, os envolvidos querem avaliar a melhor maneira jurídica de compor o grupo. Reuniões abertas ao público seguem sendo realizadas às 5as.feiras, às 17h, na redação do jornal.
Vaivém das redações!
Confira o resumo das mudanças que agitaram nos últimos dias as redações de São Paulo, Distrito Federal, Minas Gerais e Rio Grande do Sul: São Paulo: Adauri Antunes deixou a sucursal paulista de O Globo depois de quase 11 anos como repórter de Nacional e Política. Seus contatos pessoais são 11-8661-9700 e adauriantunes@gmail.com. Depois de seis anos, Rodrigo Borges deixa o Destak para ser editor na revista ESPN. No jornal, vinha editando Diversão & Arte e escrevendo como colunista, mas começou como editor de Esportes. Borges fez parte da equipe que fundou o Lance, em 1997, e acumula passagens pelos sites SportsJÁ e Grande Prêmio e colaborações para Veja, Época e Yahoo. Distrito Federal: Depois de pouco mais de dez anos no Correio Braziliense, onde começou como estagiária, a subeditora de Turismo Mariana Ceratti deixou o jornal na semana passada para trabalhar no Banco Mundial. Para o lugar dela foi promovido Ataíde de Almeida Jr., que era repórter de Suplementos. A equipe também recebe Bruno Silva, transferido do site Eu, Estudante!. Minas Gerais: A repórter do Hoje em Dia Iêva Tatiana Queiroz Ribeiro deixou o caderno Eu Acredito e está agora no caderno de Economia do jornal. Rio Grande do Sul: Eduarda Streb, que estava havia três anos no canal SporTV, no Rio de Janeiro, retornou a Porto Alegre para ficar novamente perto da família e tocar projetos no Rio Grande do Sul: ?É uma combinação de tudo. Adoro o povo gaúcho e quero voltar a atuar aqui. Com isso, aproveito para ficar perto da minha família?. Repórter de esportes, Eduarda atuou por 14 anos no Grupo RBS. André Pase assumiu o espaço dedicado aos games no caderno ZH Digital, no lugar de Diego Guichard, repórter do Globoesporte.com. Ele assina também o blog Multiplayer, em zerohora.com. Professor no curso de Comunicação Social da PUC-RS e coordenador da especialização em Desenvolvimento de Jogos Digitais na mesma instituição, André acaba de voltar do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, onde obteve o título de PhD em estudos comparados de mídia com ênfase em jogos.
Está no ar o site do Prêmio J&Cia/HSBC de Imprensa e Sustentabilidade
O site do Prêmio Jornalistas&Cia/HSBC de Imprensa e Sustentabilidade já está em operação, com as informações sobre esta terceira edição, como Regulamento, Perguntas e Respostas, detalhamento das categorias, segmentos e premiações. Este ano, o valor líquido a ser distribuído entre os vencedores aumentou, chegando à casa dos três dígitos. Serão R$ 102 mil, o terceiro maior do País em valor, a serem distribuídos pelas categorias Mídia Nacional e Mídia Regional, além de uma categoria Especial ? a Rio+20 ? e do Grande Prêmio. Saiba mais pelo www.premiojornalistasecia.com.br ou pelo Facebook.
José Paulo Lanyi lança série de livros sobre Jornalismo
José Paulo Lanyi (jplanyi@gmail.com), atualmente na equipe de Comunicação do vereador paulistano Gilson Barreto, decidiu publicar este ano uma série de trabalhos que produziu ao longo da primeira década deste século XXI. ?É uma compilação de trabalhos publicados no Comunique-se e no Observatório da Imprensa?, explica Lanyi. O primeiro, Crítica de Jornalismo ? Livro I, reúne 26 textos publicados apenas no Comunique-se. A obra completa terá cinco volumes, sempre com o mesmo título. O autor calcula que 150 dos cerca de 300 textos que publicou ao longo de sua carreira estarão na coleção. Portal dos Jornalistas ? O que abordam esses textos? José Paulo Lanyi ? Ilustram o dia a dia das redações, as minhas experiências e as dos meus colegas, dos veículos em que trabalhei ou aquelas que me foram relatadas por jornalistas de outras empresas, e também por fontes e pessoas citadas em reportagens e artigos. É importante dizer que o jornalismo não é feito apenas por jornalistas, mas por profissionais de vários setores dos veículos e pelas nossas fontes. Procuro ter em mente que não devemos “enfiar o jornalismo goela abaixo da sociedade”. A tendência do jornalista (e dos donos dos veículos) é impor a sua visão de mundo, de cima para baixo. É o jornalista aqui, a sociedade lá. É uma “(suposta) sabedoria vertical”. Procurei alertar, por meio desses mais de 300 artigos sobre jornalismo, para a necessidade de termos mais humildade ? não a do “capacho”, do subserviente, mas a do realista que deve considerar que, como qualquer outro cidadão, é um ser humano sujeito a falhas e a fraquezas. Como, além de jornalista, sou escritor de ficção, tenho facilidade de contar histórias, fictícias ou não, em prosa e em diálogos. Aliás, neste primeiro volume conto uma que inventei para realçar uma distorção da realidade. Também reflito muito sobre o cotidiano da sociedade e sobre o sentido das coisas. Cheguei a cursar uma graduação (na Faculdade São Bento/SP) e a iniciar um mestrado em Filosofia na PUC-SP. Tenho interesses filosóficos e atualmente escrevo um ensaio nessa área sobre ditadura ideológica, que chamo de “ideolatria” (um câncer entre jornalistas). Tentar entender a vida, refletir sobre o funcionamento do universo (sem se deixar contaminar “demais” pelas ideologias) é essencial para a prática do bom jornalismo. PJ ? O que o motivou a reunir em livros esses textos? José Paulo ? Como a maioria dos escritores, tenho “fetiche por livros”. Gosto de pegá-los, folheá-los, vê-los pela casa, em cima da mesa, no sofá, na estante… O livro é um símbolo de conhecimento, talvez o mais poderoso de todos eles. Ele nos inspira um sentido de permanência, de eternidade. Nos dá uma sensação de que “não passamos a vida em branco”. Sem contar que é prático, podemos lê-lo em qualquer lugar, com grande conforto, por vezes muito maior do que quando fazemos uma leitura na tela de algum aparelho eletrônico. PJ ? Por que decidiu publicar também em formato e-book? José Paulo ? Sou a favor de todas as formas de comunicação. O e-book é uma delas e eu a aprecio. Vivemos em um tempo em que muitos só se informam pelo meio digital. Isso é bom? É ruim? Tanto faz. O que importa é ler. E, claro, devemos considerar a qualidade do conteúdo. Seja em livro de papel, seja em formato digital. O segundo volume, Crítica de Jornalismo ? Livro II, também pela AGBook (como todos da série), deve sair em um mês. Lanyi também é autor de Calixto ? Azar de quem votou em mim (2000, romance) e Deus me disse que não existe (2002, romance cênico), ambos pela Editora O Artífice, e Quando dorme o vilarejo (Prêmio Vladimir Herzog em 2002), pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. SERVIÇO Lançamento do livro Crítica de Jornalismo ? Livro I, de José Paulo Lanyi Editora: AGBook Número de páginas: 131 Versão impressa: R$ 29,86 Versão digital: R$ 7,24 Disponível para compra aqui.
Memórias da Redação – Último lugar do mundo para trabalhar
A história desta semana é uma colaboração de Eduardo Ribeiro, diretor de Jornalistas&Cia e deste Portal dos Jornalistas. Último lugar do mundo para trabalhar Estávamos em meados de 1977. A equipe de Casa Claudia, sob a batuta do redator-chefe Sinval Medina, na Editora Abril, então no prédio da rua do Curtume, na Lapa, zona oeste de São Paulo, funcionava como uma orquestra. E se a comparação fosse com um time de futebol, era daqueles em que a união é a grande arma. Escalado para fazer as reportagens de serviço, que me propiciariam a conquista de meu único prêmio jornalístico, o Abril, vi-me diante do desafio de fazer uma sobre reformas de casa. Teria que dar dicas, mostrar armadilhas, pesquisar alternativas de mão de obra e por aí afora, para ajudar as donas de casa a reformarem suas moradias. Vendo-me em palpos de aranha, a editora-chefe Emeri Loreto, morta em setembro do ano passado (ver J&Cia 815), me chamou para uma conversa e além de me dar várias orientações e dicas pôs nas minhas mãos um exemplar da revista A Construção São Paulo, título semanal da Editora Pini especializado em Construção e Engenharia, tradicional até hoje. Eram umas 15 ou no máximo 20 páginas editoriais e outras 80 com tabelas de preços de tudo quanto é material e mão de obra que se possa imaginar, e os rentáveis classificados. Era ? e penso que continua sendo ? a bíblia dos construtores, engenheiros e arquitetos. Perfil e méritos da revista à parte, o fato é que naquele momento eu estava diante do que até então me pareceu a mais horrorosa publicação da face da terra. Folheei-a e fiquei imaginando como alguém podia trabalhar em algo tão árido, tão chato e tão feio. Disse aos meus botões: ?Está aí o último lugar em que eu iria trabalhar na vida?. Fiz a matéria e ela, modéstia às favas, ficou boa, muito provavelmente pelo copy do Sinval. Algumas semanas após a publicação da matéria, meu amigo de faculdade Antonio Oliveira Mafra, hoje dirigindo a agência de comunicação Textos & Idéias e ? se a memória não me falha ? então trabalhando na Assessoria de Comunicação do Governo de São Paulo, no Palácio dos Bandeirantes, ligou dizendo que sabia de uma vaga numa revista técnica para repórter e se eu não estava interessado nela. Contou que o haviam convidado, mas como ele estava bem não tinha interesse em mudar de trabalho e por isso pensou em mim. ? Que revista é essa, Mafra? ? perguntei. ? A Construção São Paulo, da Editora Pini ? ele respondeu. Não acreditei… Ia logo dizer que não interessava quando, instigado pela curiosidade, perguntei sobre o salário. Eram uns 20% a mais do que eu ganhava. Jovem, precisando acumular experiência, alargar os conhecimentos, enfrentar o mercado, resolvi ir conversar e lá me abalei para a rua Anhaia, no Bom Retiro, para conversar com o diretor de Redação Jarbas de Hollanda e o chefe de Redação Nildo Carlos de Oliveira. Saí convencido de que não seria daquela vez que mudaria de emprego. Afinal, estava trabalhando num lugar especial, numa equipe espetacular e amiga e não valeria a pena fazer a troca por tão pouco. Mas achei que valeria uma barganha com a chefia da Casa Claudia e assim fiz: comuniquei que havia recebido o convite, que ganharia mais, que poderia começar já na próxima semana, mas que, na verdade, eu gostaria de continuar ali mesmo. Queria apenas um reajuste. Portadora de meu pleito, Emeri foi à diretora de Redação Olga Krell, que rapidamente liquidou o assunto: ?Se quiser ficar é com o salário que ganha. Se não quiser, pode ir embora?. Magoeei!!! Ora, se não valia naquela revista 20% a mais de salário, o que continuaria fazendo ali? Pior, jovem, se me acovardasse naquele momento, o que seria de meu futuro? Bati no peito e disse alto e bom tom em meus pensamentos: ?Está decidido, eu vou para o último lugar em que imaginei trabalhar na vida. Adeus, Abril!?. E lá fui, com grande dor no coração, aprender a escrever sobre taludes, cálculos estruturais, gabiões, arquitetura bancária, leito carroçável e coisas do gênero. Fiquei por dois anos e acabei me encontrando com Claudio Fragata Lopes, colega de Jornalismo da Faap, e Sydnei Monteiro que, para minha alegria, 34 anos depois voltou agora ao meu convívio, no Portal dos Jornalistas. Ilustra este texto uma foto daquela turma, com os nomes que ainda consigo me lembrar, com a ajuda do Sydnei.* Legenda da foto, no sentido horário: Eduardo Cesário Ribeiro, Luís Teixeira, James, Silvana Pini, Denise Yamashiro, Fernando, Sydnei Monteiro, ? (encoberto), Alice, Nildo Carlos de Oliveira, Jarbas de Hollanda, Kazumi Kuzano, Marcinha, Nilda Maluf (encoberta), Mariza Passos, Madalena B. Borgonove, Sérgio, José Wolf, Veronika Simic, Claúdio Fragata Lopes e Tonhão.
Repórteres do Estadão falam sobre cobertura na Coreia do Norte
Numa ação diplomática inédita em sua história, a Coreia do Norte concedeu visto a milhares de estrangeiros para visitarem o país durante a festa do centenário de nascimento do fundador do país, Kim Il-Sung (1912?1994), no último domingo (15/4). O governo contabiliza que há, hoje, cerca de 10 mil turistas no país ? um recorde ?, com dezenas de profissionais de imprensa entre eles, interessados em também cobrir o polêmico lançamento do satélite Kunmyongsong-3. O Estadão é o único veículo da América Latina presente na comitiva, e logo com duas pessoas: Cláudia Trevisan, correspondente na China, e Lisandra Paraguassu, repórter de Brasília. Elas estão em Pyongyang desde o último sábado e, além de cumprirem a pauta principal, têm publicado suas impressões sobre este que é considerado o regime mais fechado do mundo. Cláudia e Lisandra falaram com o Portal dos Jornalistas via Skype, a partir da sala de imprensa do Hotel Yanggok, na capital Pyongyang, poucas horas depois de publicarem na internet a matéria sobre a falha no lançamento do dispositivo. Portal dos Jornalistas ? Há muitos correspondentes de outros países com vocês? Cláudia Trevisan ? Da América Latina somos as únicas. O maior número de jornalistas é da China, naturalmente. Mas tem muita gente também da Rússia, Japão, Europa, Estados Unidos… As emissoras de tevê americanas como NBC e CNN recebem muita atenção do regime, que faz um esforço constante em mostrar que o projeto espacial deles é pacífico, que o satélite não é uma ameaça. PJ ? Mesmo com o forte monitoramento das comunicações, tem sido tranquilo enviar material para o jornal e para o blog? Cláudia ? Sim. O jornal está dando um espaço ótimo desde domingo passado, quase uma página diária, e também temos enviado muita coisa para o portal. O blog não dá tanto tempo quanto eu gostaria, não tem sido um material abundante. Temos acesso completo à internet, mas só a partir daqui, da sala de imprensa do hotel. Então acabo me concentrando em outras coisas… Lisandra Paraguassu ? A maior dificuldade é o confisco dos celulares: todo mundo tem de deixar o seu no aeroporto. Internet só no call center do hotel. Então não dá para dar um flash, fazer uma atualização em tempo real… Ficamos, por exemplo, cerca de seis horas incomunicáveis hoje. Cláudia ? Para nós nem foi um drama tão grande. Primeiro porque somos de texto e trabalhamos enquanto é noite ou madrugada no Brasil. Mas as tevês, por exemplo, ficaram seis horas sem programação daqui… ?Fora do ar? no dia que era mais importante, no dia do lançamento do foguete. PJ ? É verdade que há sempre uma pessoa indicada pelo Ministério das Relações Exteriores acompanhando vocês? Cláudia ? Sim, um funcionário das relações exteriores que acaba funcionando como intérprete… Nos primeiros dias era um sujeito que falava português, que estudou na UnB inclusive, morou no Brasil. Agora é outro, que fala inglês. Também são eles que passam todas as informações para gente. É uma espécie de guia, tradutor e guarda-costas, tudo junto [risos]. Lisandra ? Tem até uma braçadeira que a gente tem que ficar usando, que deve servir, obviamente, para identificarem a gente de longe [Laura mostra o acessório por meio da câmera do Skype: é azul, com ideogramas brancos]. Esse aqui, para imprensa, também tem um ?P? escrito, que deve ser de press [imprensa]. Mas é impossível fazer qualquer coisa sozinha, mesmo com a braçadeira. É impossível até sair para dar uma caminhada. O hotel fica estrategicamente localizado numa ilha, no meio de um rio, no meio da cidade. Além da barreira da língua, que é outro impeditivo. Cláudia ? O que me surpreendeu é que apesar de todo esse controle, eles parecem bem flexíveis com imagem. A maior parte do que vimos foi pela janela do ônibus ou do trem, e aí aproveitamos para tirar fotos. Mas, pelo que nos disseram os jornalistas que já estiveram aqui em outra ocasião, dessa vez há uma postura diferente. Dizem que, antes, eles eram extremamente paranoicos com qualquer registro fotográfico, qualquer reprodução de imagem. Lisandra ? Também permitiram que a gente conversasse com trabalhadores, com pessoas nas ruas… Sabemos que mesmo esses momentos de encontro acontecem dentro de um sistema totalmente organizado, para fazer propaganda, com o filtro do interprete, mas tivemos liberdade para abordar as pessoas na rua. No dia em que a gente visitou a casa onde nasceu o Kim Il-Sung, por exemplo, podíamos falar aleatoriamente com turistas norte-coreanos. PJ ? Diante da mídia ocidental, o povo costuma defender o regime? Cláudia ? Sim. A propaganda permeia a vida das pessoas de forma integral, desde o nascimento até a morte. Há, por isso, uma uniformidade no comportamento, no discurso, nas respostas, no pensamento… Já faz parte da natureza deles. Lisandra ? Eles acreditam mesmo, não é uma coisa forçada. Hoje foi inaugurada uma estátua ao líder fundador e tinha gente chorando na plateia, e era legítimo aquilo. Cláudia ? Não podemos ignorar o poder que exerce o fato de crescer com aquilo dentro de si, e sem acesso à internet, à mídia, a nada. O acesso à comunicação é supercontrolado. Não podem mandar e-mails para o exterior ou receber e-mails. Eles só acessam uma espécie de intranet, com conteúdo do país, produzido pelo Estado… A TV e o jornal são pura propaganda, na qual a dinastia Kim é apresentada como a responsável por tudo de bom que acontece no país, como sábios que conhecem tudo e fazem sacrifícios intensos pelo país. Que são os mentores de toda a infraestrutura pública, que são pessoas extremamente benevolentes, que compartilham dores e alegrias com seu povo. PJ ? Há muitos turistas aí neste momento, além dos jornalistas? Cláudia ? O número de turistas estrangeiros têm crescido bastante… Há mais chineses, pela proximidade. Mas ano passado, sem contar esses países próximos, vieram 4 mil ocidentais para o país. Vêm sempre em grupos, só podem andar em grupo. Agora há 10 mil em Pyongyang, entre turistas, jornalistas, oficiais… É um marco, nunca houve tantos turistas no país ao mesmo tempo. PJ ? Sofreram alguma dificuldade ou preconceito de gênero? Cláudia ? Não. PJ ? Já sabem qual a programação de comemoração do centenário de Kim Il-Sung? Cláudia ? A gente não tem a menor ideia do que vai ser, do horário, da cerimônia, nada. Sabemos que vai ter o que chamam de People Parade [parada popular]. Deve ter algum show, há milhares de pessoas trabalhando nisso, talvez um desfile militar. Ainda estavam decidindo se fariam o desfile no domingo ou se vai ser no dia 25 de abril, como de costume, quando é o aniversário do Exército. Ouvi informações de que adiantariam, por conta da data do centenário. Lisandra ? É importante dizer que a gente nunca sabe nossa programação. Eles chegam à noite, antes de irmos para o quarto, e dizem: ?Às 7h30 da manhã no lobby?. Às vezes nos falam com só algumas horas de antecedência. À tarde, eles dizem na hora do almoço que o grupo vai sair tal hora. Para aonde vamos, não se sabe. Cláudia ? Um passeio mais inofensivo até falam, mas é raro. Hoje fomos à inauguração da estátua e antes só haviam dito que íamos ?para um lugar muito importante, tem que estar aqui às 13h45?. Não sabíamos mais nada. PJ ? E a questão do satélite, como foi a repercussão interna? Cláudia ? Não se falou nada do satélite ou do foguete. Ficamos sabendo que falhou pelas agências internacionais. O próprio governo confirmou durante um anúncio de 48 segundos na tevê Estatal e depois desapareceu do noticiário ou da programação. PJ ? É muito difícil atravessar o dia desinformadas? Lisandra ? É a questão da internet. Aqui você tem uma sensação de estar desplugada do mundo… É muito difícil, especialmente para a gente, que se acostumou a estar conectada em agências, na internet, no noticiário em tempo real. Mas aqui passamos o dia inteiro sem ter ideia, sem poder ligar, nada. Em Pequim, onde fica a Cláudia, por exemplo, não se acessa muitos sites por conta de filtros. Aqui não tem nada, só a intranet deles. Mesmo para nós, jornalistas, que conseguimos certo grau de acesso, tem uma coisa curiosa: conseguimos navegar pelas páginas de jornais de qualquer país do mundo, exceto um: a Coreia do Sul. Não conseguimos entrar em sites de jornais sul-coreanos.
DGABC TV estreia em 23/4, com Auto Diário entre os destaques
O Diário do Grande ABC prepara a estreia, em 23/4, da DGABC TV, canal online que terá programas de entrevistas, notícias da região, mercado de imóveis, cultura e lazer e veículos, entre outros, com programação coordenada por Eduardo Donato e Juliana Bontorim (julianabontorim@dgabc.com.br e 11-4435-8302/7737-2359), editora de Conteúdo. A atração do setor automobilístico é o Auto Diário, que vai ao ar às 4as.feiras, às 9h, com 15 minutos de duração e apresentação de Alice Camargo e da própria Juliana, que depois ficará disponível on demand. O Auto Diário e o caderno Automóveis, que circula toda 4ª.feira, são produzidos por núcleos independentes, mas alinhados em temas e reportagens, com eventual participação da equipe do impresso no programa. É possível assistir a um piloto em http://migre.me/8DU8D, incluindo matéria feita por Sueli Osório, editora de Automóveis do DGABC, sobre o BMW ActiveHybrid 7. Destaques do jornal ? O caderno que circulará em 18/4 traz um comparativo ? também assinado por Sueli ? entre o Peugeot 308 (versão Feline 2.0 com transmissão automática) e o Fiat Bravo Absolute Dualogic. Outros destaques são a reportagem de Lukas Kenji, que conferiu da boleia do Accelo 815 como é o desempenho do caminhão leve da Mercedes-Benz em trechos urbano e rodoviário; as impressões de Leone Farias sobre o Mitsubishi Lancer Evolution X; e o relato de Vagner Aquino sobre a linha de produção da Honda Automóveis, em Sumaré.
Em Minas, TV Integração compra TV Panorama
A TV Integração, afiliada da Globo Minas no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, assumiu o controle integral da TV Panorama, afiliada da rede em Juiz de Fora, e passa a levar sua programação para Zona da Mata, Campos das Vertentes e Serra da Mantiqueira, atingindo mais de 5,5 milhões de telespectadores em 233 municípios. Os reflexos da aquisição vão desde a grade de programação até a engenharia e tecnologia do canal. A programação trará novidades que integrarão cada vez mais a área de cobertura, unindo cultura e divulgando informação e entretenimento. Dois programas já consolidados nas praças da TV Integração começam a ser exibidos em rede: Carona, de entretenimento e cultura, apresentado por Cecília Ribeiro nas manhãs de sábado; e Bem Viver, que ganha coapresentação. Panorama Rural muda para MG Rural, com a apresentação de Márcio Santos em Juiz de Fora. Panorama Notícia passa a Integração Notícia, com produção totalmente local. Já nos MGTV 1ª e 2ª edição as mudanças se dão pelo aumento da cobertura; em Juiz de Fora a apresentação continua sob responsabilidade de Érica Salazar e Sérgio Rodrigues.






