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domingo, julho 6, 2025

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De papo pro ar ? Em inglês, não!

Muita gente sabe que o radialista Moraes Sarmento detestava música norte-americana. Em 1958, o roqueiro Tony Campello, de batismo Sérgio Beneli, estava lançando seu primeiro disco, um daqueles bolachões de 78 rpm. Um divulgador da Odeon o acompanhou até a rádio onde Sarmento apresentava programa só de músicas brasileiras, naturalmente. Tony se apresentou, dizendo quem era etc. e tal. Sarmento olhou pra ele com certo desprezo e uma dose de pena e disse: ? Estão sacaneando você, mas hoje eu vou abrir um exceção. E pôs para rodar a balada-rock Forgive me, dos brasileiros Mário G. Filho e Celeste Novaes, não sem antes se desculpar perante os ouvintes. N. da R.: Já está no www.jornalistasecia.com.br a quarta edição de Jornalistas&Cia Memória da Cultura Popular, que reproduz entrevista de Luiz Gonzaga, o ?Rei do Baião?, a Assis Ângelo, publicada em março de 1984 no suplemento D.O. Leitura, do Diário Oficial do Estado de São Paulo. 

Diário Catarinense publica série sobre crianças traficadas há 25 anos

O Diário Catarinense publica desde domingo (4/8), e durante sete dias, uma série de reportagens sobre crianças brasileiras traficadas para o Oriente Médio entre 1985 e 1988, cuja repercussão nacional provocou mudanças na legislação do País sobre adoção. A repórter Mônica Foltran, que desde o ano passado se interessou pelo tema ao descobrir um grupo de jovens que busca por seus pais biológicos no Brasil, foi a Israel conversar pessoalmente com os adultos que têm, hoje, idades entre 25 e 28 anos. Em Jerusalém e Tel Aviv, testemunhou as feridas nunca curadas: jovens em busca de sua verdadeira identidade e pais adotivos impotentes e tristes diante do sentimento de abandono dos filhos que eles adotaram. A série mostra como o Diário conseguiu fazer o que as autoridades dos países envolvidos ? especialmente o Brasil ? não conseguiram até hoje: estabelecer laços entre mães e filhos vendidos. O material também está disponível no www.diario.com.br/orfaosdobrasil.

Contratações no R7

Seguem aquecidas as movimentações no R7. Recentemente, Gustavo Heidrich, que era editor na Pais & Filhos, foi contratado como chefe de Reportagem. Formado na UnB, ele teve passagens por Iphan e Correio Braziliense antes de vir para São Paulo, em 2006, onde também foi colaborador e repórter da Abril, principalmente na revista Nova Escola. Felipe Branco Cruz começou em 1º/8 como repórter de Entretenimento, como setorista de Cinema. Fluminense de Barra Mansa, está em São Paulo desde 2007, quando participou do Curso de Focas do Estadão, e desde então vinha atuando como repórter de Variedades no JT. Na mesma editoria, para a reportagem da coluna de Daniel Castro, chegou Andreia Takano, ex-Agora SP, com passagens por Quem Acontece e O Fuxico. Outros recém-chegados são: Tiago Alcântara Silva, como redator de Tecnologia (ex-Superdownloads); Fabiana de Lima Grillo, redatora de Saúde (ex-assessora de Imprensa da Johnson & Johnson); Alexandre de Oliveira Saconi, redator de Brasil (ex-UOL); Giodescson Mendes Oliveira, redator de Homepage (ex-Estadão); e Renata Sakai (ex-Ego), em Famosos e TV. O R7 tem como diretora de Conteúdo Aline Sordili.

McDonald?s com Coca-Cola gera ?indigestão? na imprensa brasileira

No último dia 1º/8 diversos veículos brasileiros e internacionais viram-se em meio a uma confusão envolvendo uma fala do ministro de Relações Exteriores da Bolívia, David Choquehuanca, na qual citava a Coca-Cola. A ?barriga? aconteceu depois que o chanceler, em discurso à população, fez uma alusão a data do ?fim do mundo? segundo o calendário Maia (21 de dezembro de 2012), dizendo que ela deveria marcar o início de uma ?nova era? para o povo boliviano ? e para isso utilizou, como símbolo, o nome de um tradicional refrigerante local em detrimento da multinacional americana. ?O dia 21 de dezembro de 2012 tem que ser o fim da Coca-Cola e o começo do Mocochinchi?, teria dito o diplomata. A informação foi mal interpretada, ou até mesmo distorcida, pela Agência Venezuelana de Notícias, que teria relacionado a essa informação uma possível falência da rede de restaurantes McDonald?s naquele país ? o que seria impossível, pois a empresa não opera na Bolívia desde 2002, por razões comerciais. A mídia internacional ? a brasileira inclusive ? repercutiu a agência como se o ministro houvesse determinado uma data para o fim das operações das empresas americanas na Bolívia. No mesmo dia, o governo boliviano negou essa informação e afirmou que o discurso de seu ministro havia sido mal interpretado.

Marcos Augusto Gonçalves estreia coluna na Folha

Editorialista da Folha de S.Paulo, Marcos Augusto Gonçalves é agora também colunista do caderno Cotidiano (página 2). Será uma coluna para desafiar e contestar semanalmente os clichês mais comuns na capital paulista, pela visão de um fluminense que vive na cidade há 28 anos. O texto de estreia deu o tom: ?novo espaço de diálogos e experimentações artísticas? no edifício Copan. Na Folha desde 1984, foi editor de Ilustrada, Domingo e caderno Mais, além de correspondente na Itália. No final da década de 1990, deixou o jornal para ser diretor Editorial no Lance, retornando ao jornal como editor de Opinião em 2003. No ano passado lançou o livro 1922 ? A semana que não terminou (Companhia das Letras). Suas crônicas entram no lugar da coluna Bichos, que passa a ser publicada pela revista sãopaulo a partir do próximo domingo (12/8).

Últimos dias de inscrição para o Esso

Faltam poucos dias para o encerramento das inscrições para a 57ª edição do Prêmio Esso. Na noite de 15/8, às 23h59, horário de Brasília, sai do ar a página que recebe os arquivos digitais e o sistema trava qualquer acesso. Quando as inscrições eram feitas com material físico, havia pessoas que avisavam aos organizadores, enviando nome dos candidatos e das matérias, e postavam depois seus impressos ou gravações, de modo a valer como prazo o carimbo dos correios. Agora é preciso ficar mais atento, pois quando o relógio virar os trabalhos passarão para as pastas dos jurados. Mídia impressa será julgada, inicialmente, por uma comissão de 35 membros que indicará, em votação online, os que passarão à fase final. No ano passado, todos os trabalhos foram examinados por pelo menos três jurados numa primeira abordagem. Os selecionados na primeira fase foram então submetidos a novas análises por grupos de quatro, seis e até 13 jurados ? caso da Região Sudeste, onde se concentraram quase 50% das inscrições. O sistema de múltiplas aferições fez com que os 1.272 trabalhos inscritos chegassem a ser examinados 5.467 vezes, no total, considerando o número de vezes em que foram analisados. Os vencedores, tanto no impresso como no Telejornalismo, continuarão a ser escolhidos por comissões finais de premiação, em reuniões para as quais é exigida a presença dos jurados e o debate entre eles.

Editora Escala lança Meu Pet

A Editora Escala lança este mês Meu Pet, publicação mensal sobre comportamento animal, de circulação nacional e tiragem de 30 mil exemplares, que irá abordar assuntos como cuidados com higiene e saúde, nutrição, educação, além de histórias sobre adoção e ONGs que atuam na proteção de animais de estimação.

A Chefia de Redação é de Renata Armas, que conta na sua equipe com a editora Samia Malas, a redatora Carla Gasparetto e o chefe de Arte Gabriel Arrais.

J&Cia Memória da Cultura Popular ? Ode a Lua

Esta quarta edição de Jornalistas&Cia Memória da Cultura Popular, mais uma vez realizada em parceria com Assis Ângelo, jornalista e estudioso da cultura popular (http://assisangelo.blogspot.com.br), a partir de material que integra o acervo do seu Instituto Memória Brasil, é uma verdadeira ode a Luiz Gonzaga, o Lua, uma homenagem ao rei do baião por duas importantes efemérides: o 23º aniversário de sua morte, no último dia 2 de agosto, e o início das comemorações por seu centenário de nascimento, em 13 de dezembro. Nela, Assis reproduz entrevista que fez com Gonzagão para o extinto suplemento D.O. Leitura, do Diário Oficial do Estado de São Paulo, em março de 1984, atualiza informações sobre Lua e transcreve o primeiro capítulo do livro infanto-juvenil sobre a vida do mestre-sanfoneiro que está prestes a lançar, entre outras novidades. Uma delas ele revelou a J&Cia no último dia 31/7: ?Por um desses felizes acasos com que a vida nos brinda, descobri que o rei do baião Luiz Gonzaga tocou e gravou disco ao lado de Pixinguinha e outros craques da nossa música, como João da Baiana, Dante Santoro e Luiz Americano, num conjunto do português José Lemos. Isso antes de ele ingressar como profissional contratado da extinta Victor, em 1941, no Rio de Janeiro. Interessante, não é? Luiz realmente era de um talento enorme. Lembro que uma vez lhe perguntei se tocava outros instrumentos. E ele, rindo: ?Naquele tempo, os cabras eram cobras e eles me engoliriam se eu não tocasse pelo menos um violãozinho, né??. Eis, pois, uma bela descoberta para os leitores do J&Cia Memória da Cultura Popular. Certamente traremos outras novidades no livro Luiz Gonzaga, o Divisor de Águas da Música Brasileira, ainda inédito, aprovado para captação pela Lei Rouanet, mas ainda sem editora?. Alguém se habilita?  Jornalistas&Cia Memória da Cultura Popular ? Ode a Lua (Luiz Gonzaga)

Edgar Gonçalves Júnior chega ao Diário Catarinense

Edgar Gonçalves Júnior despediu-se de Blumenau e do Jornal de Santa Catarina para ser o editor-chefe do Diário Catarinense, ali compondo com a editora-executiva de projetos especiais Deca Soares, o editor-chefe digital Marcelo Fleury e o diretor de Redação dos jornais da RBS em Santa Catarina Ricardo Stefanelli, o quarteto que lidera o jornal. Gaúcho de Alegrete, formado pela UFRGS, Edgar atuou por 12 anos como editor-chefe do Santa, posto em que foi substituído pelo até então editor-executivo Evandro de Assis; ele também dirige o recém-lançado suplemento regional O Sol Diário. Os novos editores de Geral e de Economia do DC são, respectivamente, Tarcisio Poglia e Alessandra Ogeda. Ex-editor executivo do Notícias do Dia, com 28 anos de carreira em rádio, televisão e, principalmente, jornal, Tarcísio desenvolveu o projeto do Economia SC, um dos mais influentes sites de economia do Estado. Alessandra estava como repórter na editoria havia dois anos; antes, trabalhou no Jornal de Santa Catarina, em Blumenau, e passou quase três anos estudando na Espanha.  Segundo Stefanelli, “essas mudanças preparam a Redação para as novidades editoriais que devem ser anunciadas em breve”.

O Brasil visto por um correspondente internacional

Larry Rohter, hoje no caderno de Cultura de The New York Times, lança Brasil em alta ? a história de um País transformado (Geração Editorial), versão em português para Brazil on the rise ? the story of a country transformated (Palgrave), lançado nos Estados Unidos em 2010. Poliglota, formado em História, Economia e Ciências Políticas pela Georgetown University, em Washington (de onde é egressa boa parte da equipe do Departamento de Estado norte-americano), Rohter foi correspondente no Brasil em duas temporadas, de 1977 a 1982 e de 1998 a 2008. O interesse dele pelo País aconteceu partiu do interesse por Clotilde, então tradutora da Globo em Nova York, hoje sua esposa e mãe de seus dois filhos. ?Eu fazia pós-graduação sobre a China na Columbia, mas fui desviado, graças a Deus?, brinca. E emenda: ?Sabe, o Gil tem aquela canção, Aquele abraço, e isso não existe na China, só no Brasil. Aquele abraço?. Foi também na sucursal da Globo na Big Apple que conseguiu seu primeiro emprego: ?Eu tinha várias tarefas. Trabalhei no Jornal Nacional, comprando videoteipe de telejornais das tevês americanas, trabalhei no Festival Nacional da Canção, no Rio?. Ficou na emissora de 1971 a 1973, quando foi para o Washington Post como crítico de cinema, música e literatura. O passo seguinte foi como correspondente do jornal e da revista Newsweek no Brasil, onde chegou em 1º de setembro de 1977. A partir de então, o que se observa na carreira de Rohter é a realização do sonho do menino de Chicago, que aos oito anos via-se percorrendo o mundo em busca de notícias. Além de Brasil, foi correspondente na Ásia e na América Central (onde cobriu guerras em Nicarágua, El Salvador e Guatemala, na década de 1980). Também atuou como chefe de sucursal de NYT no México e no Caribe. Em entrevista ao Portal dos Jornalistas, Rohter fala sobre sua trajetória profissional, da paixão pelo Brasil, a polêmica com o presidente Lula e os próximos passos da carreira: Portal dos Jornalistas ? Como começou a se interessar pelo Brasil? Larry Rohter ? A verdade é que eu estava fazendo pós-graduação em História e Política da China moderna. E minha namorada, hoje minha mulher, trabalhava na Globo (ela é tradutora e intérprete). Nas aulas eu estudava a China, mas nas horas livres ia a festas e outros eventos com brasileiros da sucursal da Globo em NY. Aquilo foi o passo inicial. Depois de alguns meses, a Globo me convidou para trabalhar no escritório deles em NY. Claro que passei a me interessar cada vez mais pelos assuntos ligados ao trabalho. Isso foi durante a ditadura, em pleno governo Médici [início da década de 1970]. Portal ? Sobre o Brasil, especificamente, que mudança destaca desde quando você começou a se interessar, lá na década de 1970, até o momento atual? Rohter ? São mudanças profundas. Na verdade, o subtítulo do meu livro ? A história de um país transformado ? vem dessas mudanças, que ocorreram tanto no campo político como no econômico. Mas é preciso lembrar que quando cheguei ao Brasil, em 1972, o País estava vivendo debaixo de uma ditadura militar. Hoje em dia, claro que é eminentemente democrático, com uma vida cívica muito vigorosa, 20 e não sei quantos partidos, imprensa que não sofre censura. E vejamos os dois últimos presidentes: um líder sindical e a atual ex-guerrilheira. Mas, em 1972, os militares temiam os sindicatos e os guerrilheiros. Significa dizer que Lula e Dilma representam o pesadelo da ditadura. Mas veja o que aconteceu com eles no poder: o País não caiu numa ditadura comunista, muito ao contrário. Ficou ainda mais democrático do que era durante o governo do Fernando Henrique. Então, para mim são transformações profundas no âmbito político. E, ao mesmo tempo, no mesmo lastro, a economia também foi transformada. Trato disso em dois capítulos do livro: um fala sobre a economia e o outro, do âmbito político. No campo econômico, o Brasil de 1972 era um país cujas principais exportações eram café, açúcar etc., a indústria tinha um lugar, mas não um lugar destacado. Juscelino fundou a indústria automobilística na década de 1960. Mas, em 1972, podemos dizer que a indústria ainda era incipiente. E eu me lembro que em julho, agosto ? esta época do ano em que estamos agora ?, o País se preocupava com as geadas. Será que haverá geada em Minas Gerais ou no interior de São Paulo, que vai acabar com a safra de café? Isso já é coisa do passado, porque as exportações são imensas e diversificadas hoje em dia. Produtos industriais, comestíveis, grãos, minério de ferro, outros metais, madeira. E isso dá muita flexibilidade ao Brasil. Não é um país que depende de um produto só, como era há 40 anos. Então, a diversificação da economia brasileira é para mim uma mudança fundamental que destaco no meu livro. Portal ? Acha que essas mudanças são perceptíveis no cenário internacional? Que as pessoas veem hoje o Brasil de uma forma diferente da que viam, inclusive imprensa e cidadãos comuns? Rohter ? Estamos falando de duas esferas diferentes. Acho que a imprensa já tem uma imagem diferente do Brasil. Paulatinamente, a imagem do País está mudando. Já não é apenas o país de carnaval, futebol, praia etc. e tal. Também existe, sobretudo na imprensa especializada (em economia, negócios, finanças, comércio internacional), conhecimento dessa nova realidade, que o Brasil já é a sexta economia do mundo. E pouco a pouco acho que a nova percepção está penetrando também no mundo do cidadão comum. Quando meu livro foi lançado aqui nos EUA, em 2010, eu andei pelo país. 17, 18 cidades; 53, 55 eventos, palestras, entrevistas etc.. E me surpreendi com o teor das perguntas, que para mim revelaram mais conhecimento da realidade do novo Brasil. Perguntas sobre o que seria melhor, comprar ações da Petrobras ou da Vale do Rio Doce? Perguntas dessa natureza. Também perguntas sobre a política internacional do Brasil e outras mudanças recentes, que mostram um acompanhamento do Brasil no cenário mundial. E quando eu fazia palestras, falava, por exemplo, da compra de empresas americanas por grupos brasileiros. Em algumas cidades, claro, as pessoas se surpreendiam com isso, mas em outras, não. Já era fato conhecido. Portal ? Já tinham alguma informação prévia e, às vezes, informações profundas sobre o País… Rohter ? Sim, sim! Claro que depende um pouco do lugar. Na Flórida, por exemplo, o Brasil é o principal parceiro comercial. Então, lá, todo mundo sabe e já ouviu falar dessas transformações. E em outros lugares ? no coração do país, um pouco afastado do Brasil, sem muitos laços comerciais ou histórias ? é uma situação um pouco diferente. Portal ? Em que cidades morou aqui no Brasil? Rohter ? Eu sempre morei no Rio de Janeiro. Portal ? Mas viajava por todo o País… Rohter ? Sim. Por todos os 27 estados. E [passei] muito tempo em São Paulo e muito tempo em Brasília. Bom, a família da minha mulher é carioca. Então, eu tinha neles uma base de apoio e pessoas com quem sempre gostei de passar meu tempo, lazer. Mas viajar pelo País também foi algo de que sempre gostei. E destacaria Recife entre as cidades que curto. Sou muito fã de cordel, de desafio [repentistas], xilogravura, todas essas manifestações culturais do Nordeste que você vê facilmente em Pernambuco, no Recife. Claro que existem também no Ceará, na Paraíba. Mas é sempre mais fácil encontrar essas coisas em Pernambuco. E além de Recife sempre gostei de Belém do Pará. Portal ? O que acha que há de melhor e de pior no Brasil? Rohter ? Acho que o calor humano, a afetividade do brasileiro é muito louvável. Sempre desfrutei desse calor humano. Caminhando pelas ruas, por exemplo, as pessoas me reconhecem e querem bater papo comigo, comentar matérias que escrevi ou falar comigo sobre os últimos acontecimentos do País. Sempre gostei disso. Viajando pelo País, no interior, sertão, Amazônia, a presença de um estrangeiro sempre despertava curiosidade. E as pessoas me convidavam para sentar, comer, beber, tomar um café na casa deles e sempre foi algo muito prazeroso falar com o povão. Agora, o outro lado, o aspecto não tão agradável é a bagunça. Portal ? Em que sentido? Rohter ? As filas desordenadas, os carros estacionados na calçada, as coisas que qualquer brasileiro vai reconhecer do cotidiano. Portal ? Um dos capítulos de seu livro fala em “mito do paraíso racial”. Em que situações, por exemplo, observa a existência de racismo no Brasil? Rohter ? É mais disfarçada do que aqui. Começo dizendo que o racismo não é apenas um problema brasileiro. É um problema universal, inclusive aqui nos EUA. Mas acho que nós, aqui, fomos mais rápidos em reconhecer que temos o problema e que temos que enfrentar esse problema. Acho que o Brasil foi muito reticente, que resistiu no reconhecimento desse problema. E o primeiro passo para resolver um problema é reconhecer que ele existe. Não basta dizer ?ah, não! Nós não temos problemas de raça. Nosso problema é de classe?, porque as duas coisas são bem ligadas, relacionadas. E, muitas vezes, o que parece ser um problema de classe, na realidade é um problema de raça. Então, a ideia de democracia racial, de paraíso racial, não corresponde à realidade do País. No capítulo sobre racismo, cito vários exemplos tirados do cotidiano de amigos e conhecidos meus que mostram as dimensões do problema. Sei que o capítulo é um pouco polêmico, mas quero provocar o debate. E espero ter a oportunidade de conversar com brasileiros sobre esse capítulo. Portal ? Durante o período em que esteve no Brasil, vivenciou alguma situação de racismo? Rohter ? Sim, presenciei. Conto algumas histórias no livro. Cheguei numa época em que os anúncios nos jornais, para empregos, exigiam ?boa aparência?. E quando eu perguntei aos primos da minha mulher ?o que significa isso??, eles explicaram: ?Significa que se você é negro, não vai receber esse emprego. Que é melhor não desperdiçar o seu tempo buscando aquele emprego?. Isso nos anos 1970. Claro que as coisas mudaram e melhoraram. Há negros no Congresso, na Corte Suprema. Mas ainda existe um abismo social entre negros e brancos. Social e econômico. O negro ganha menos. É mais provável que ele seja vítima de violência policial etc.. Portal ? E a população prisional no País, que é predominantemente negra também… Rohter ? Sim. Mas eu diria que nós ainda temos esse mesmo problema aqui. Embora tenhamos um presidente negro, a população prisional continua sendo desproporcionalmente negra. E outra coisa: eu diria que a mudança profunda aqui nos EUA começou com a Corte Suprema, em 1954, declarando ilegal a discriminação nas aulas, nas escolas, na educação. Isso já faz 58 anos. Nesse meio tempo, surgiu uma classe média negra. E isso é muito importante. Que o negros também façam parte da classe média. Portal ? O que pensa sobre a política de cotas raciais nas universidades que vem sendo implementada no Brasil? Rohter ?  Acho que em teoria o País precisa tomar medidas para ajudar os afrodescendentes. O problema no Brasil é ser muito mais complicada do que aqui nos EUA a definição de quem é negro e quem não é. Acho que o Lula usou critérios raciais no primeiro mandato. No segundo, a política mudou um pouco, para ajudar os menos favorecidos, os pobres. Que é outra maneira de ajudar os negros. Mas acho que o País precisa adotar medidas dessa natureza. A forma exata depende do lugar e da conjuntura. Portal ? Sobre a polêmica envolvendo seu nome, em 2004, da matéria publicada sobre o presidente Lula. Como supõe que seria a reação das autoridades do governo norte-americano numa situação contrária? Por exemplo, em que um correspondente brasileiro nos EUA emitisse em matéria uma opinião contrária ao presidente, que o presidente tomasse por ofensa, como fez o presidente Lula. Rohter ? Tenho certeza de que não teria acontecido absolutamente nada. Porque, na verdade, vários correspondentes brasileiros criticaram fortemente o Bush e o governo não tomou nenhuma medida contra eles. Agora, diria que minha matéria não foi opinativa. Foi fundamentada em fatos e declarações de políticos, jornalistas e outras pessoas com conhecimento íntimo do Palácio do Planalto. Quando falei logo no início [da entrevista] sobre a transformação do Brasil num país eminentemente democrático, aquele episódio de 2004 para mim é uma prova disso. Porque as instituições brasileiras funcionaram como devem funcionar. A Corte Suprema baixou uma liminar proibindo minha expulsão, o Executivo acatou e a imprensa brasileira ? mesmo não gostando da matéria ? defendeu o princípio da liberdade de imprensa. O princípio de que um jornalista pode escrever livremente. Então, para mim, o resultado do episódio foi uma prova de que o Brasil é um país democrático. Porque eu fiquei. E ainda hoje vou e volto sem problemas. Portal ? Então o saldo foi positivo? Rohter ? Sim, e acho que para o País também. Porque nenhum outro correspondente estrangeiro foi ameaçado com expulsão por ter escrito matéria que não era do agrado do governante. Portal ? E qual é o seu próximo destino? Rohter ? Gosto muito de escrever livros. E pretendo continuar escrevendo livros. E livros sobre o Brasil, porque para mim o Brasil é um tema inesgotável. São tantos aspectos da vida brasileira que acho interessantes… é uma fonte que não acaba nunca! Música, cinema, política, acho que cada capítulo do livro mais recente daria um novo livro. Pretendo aproveitar alguns desses temas nos próximos livros. Pretendo visitar o Brasil sempre para me atualizar, para renovar o conhecimento do país e do povo. Claro que aqui em NY acompanho pela imprensa, leio online os principais jornais e revistas. Mas não há nada como caminhar pelas ruas rua ouvindo as conversas. Ou sentar numa mesa de botequim em São Paulo ou Rio de bater papo com o pessoal. Portal ? Sempre quis ser jornalista? Rohter ? Sim. Inclusive posso ser mais específico: sempre quis ser correspondente estrangeiro. Porque quando eu tinha oito anos, no jornal local de onde nasci, Chicago, sempre lia com muita curiosidade as matérias dos correspondentes estrangeiros, principalmente na América Latina e na Ásia (China, Japão, Malásia, Filipinas etc.). Então, sendo criança, eu pensei: ?Puxa, que vida interessante!?. Viajar, conhecer outras culturas, outras realidades e escrever, isso é para mim. É a vida que eu quero. E tive sorte! Porque, além de ser correspondente no Brasil, fui correspondente no México, na América Central, no Caribe, na China, no Japão, nas Filipinas. Então foi o sonho realizado.

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