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sábado, julho 5, 2025

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Filomena Salemme deixa comando da Rádio Estadão

Filomena Salemme deixou nesta 3ª.feira (4/6) a Rádio Estadão, que ajudou a desenhar, inclusive na etapa anterior de parceria com a ESPN. Estava havia 20 anos na emissora, ali tendo entrado ainda nos tempos de Eldorado. Foi repórter, editora, chefe de Reportagem, chefe de Redação e, por último, editora-chefe por sete anos. Antes, esteve em CBN, Rádio Diário do Grande ABC e Diário de S.Paulo. Professora da cadeira de Radiojornalismo da  Cásper Líbero, continuará a se dedicar ao magistério, mas deve retomar as atividades profissionais após período de férias, conforme disse a Jornalistas&Cia. Seu e-mail pessoal é filomena.salemme2102@gmail.com. Para o lugar dela chegou Rafael Colombo, que estava na Rádio Bandeirantes desde 1999, onde foi repórter, chefe de Reportagem e âncora. Ele acumulará a função de editor-chefe com a de coapresentador do Estadão no Ar – Primeira Edição.

Começa Semana Estado de Jornalismo Ambiental

Começou nesta 3ª.feira (4/6) a Semana Estado de Jornalismo Ambiental, iniciativa do Grupo Estado em parceria com a Tetra Pak, como parte das comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado nesta 4ª.feira (5/6). Dirigido a estudantes de Jornalismo de todo Brasil, vai promover palestras na sede do jornal, em São Paulo, além de viagens para Paraná e Suécia aos alunos que se destacarem durante o evento, como parte do Prêmio Tetra Pak de Jornalismo Ambiental, iniciativa complementar ao curso. Até 7/6, especialistas em mares, rios e represas, representantes de ONGs e jornalistas da área debaterão com os estudantes os principais desafios da preservação do meio ambiente. A temática da água ganha mais importância já que a ONU definiu 2013 como o Ano Internacional de Cooperação pela Água. Haverá, ainda, blocos sobre questões florestais, reciclagem, desenvolvimento sustentável e meio ambiente urbano. No painel de abertura do evento, a ex-ministra Marina Silva e Washington Novaes, colunista do Estadão e representante da WWF Brasil, discutiram o tema Meio Ambiente – nossos principais desafios. Os participantes que tiverem 100% de presença nas palestras poderão produzir uma reportagem sobre algum dos temas debatidos e os seis melhores trabalhos terão sua matéria publicada no portal do Estadão (www.estadao.com.br), estarão classificados para a final e ganharão uma viagem ao Paraná para conhecer reservas florestais locais. Após esta fase, os finalistas serão entrevistados por jornalistas do Grupo Estado, representantes do meio acadêmico e da Tetra Pak. O vencedor, além de ter sua reportagem veiculada na versão impressa do Estadão, ganhará uma viagem à Suécia para conhecer florestas do país. Mais informações pelos 11-3277-8891, ramais 29 e 33, e 99462-9496 ou marco@luciafaria.com.br e grupoestado@luciafaria.com.br.

Prêmio CNI divulga finalistas

Depois de quase um mês de análise e dois dias de debates, a comissão de seleção  do Prêmio CNI – composta por Isabel Versiani (Folha de S.Paulo), Mauro Zanatta (Valor Econômico), Leonêncio Nossa (Estadão), Regina Alvarez (O Globo), Rodrigo Orengo (Band News), João Beltrão (TV Record), Rose Nascimento (SBT), Clarissa Oliveira (Portal IG) e Luciano Pires (FSB Comunicações) – escolheu os três melhores trabalhos em cada uma das 12 categorias. Ao todo, foram inscritos 339 trabalhos. Nesta segunda edição, o concurso distribuirá R$ 310 mil em valores brutos. Os melhores nas categorias Impresso Jornal, Impresso Revista, Telejornalismo, Radiojornalismo e Internet serão contemplados com R$ 25 mil cada. Aos destaques regionais (Sul, Norte, Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste) serão concedidos R$ 15 mil. Cada um dos vencedores dos prêmios especiais de Educação e de Inovação receberá R$ 30 mil. E o Grande Prêmio José Alencar de Jornalismo pagará R$ 50 mil ao melhor entre todos os inscritos. Os finalistas são: Impresso Jornal: André Borges e Ruy Baron (Valor Econômico), com duas reportagens: BR 163, uma “revolução” adiada durante 30 anos e O pesado custo ambiental de Tapajós; e Rosana de Vasconcellos e equipe (Folha de S.Paulo), com O Brasil que mais cresce. Impresso Revista: Sérgio Lírio (CartaCapital), com O etanol no limbo; Humberto Maia Junior, Alexandre Rodrigues, Patrick Cruz, Alexa Salomão e Márcio Kroehn (Exame), com Ambiente de negócios; Patrick, Alexa e Márcio também concorrem, ao lado de Daniel Barros e Vladimir Brandão, com Um trilhão de reais empacados. Internet: Darlan Alvarenga, Raquel Freitas e Felipe Turioni (G1), com Desafios da indústria; Roberta Soares (JC Online), com Imobilidade do trabalhador; e Paulo Favero, Eduardo Asta, Almir Leite e Jonatan Sarmento (Estadão.com.br), com Arquitetura, construção e desenvolvimento dos 12 estádios da Copa 2014. Radiojornalismo: Patrick Santos (Jovem Pan), com A indústria que encolhe; Everson Teixeira (Jornal do Commercio), com As tecnologias e a indústria da construção; e Natália Pianegonda e equipe (Bandnews FM), com Qualificação profissional: a porta para o futuro. Telejornalismo, todos da TV Globo: Nelson Araújo, Sandro Queiroz, Josuel Ávila, Rogério Rocha, Donizeti dos Santos, Wilson Berzuini, Ivan Belmiro, Epitácio Araújo, Mariana Fontes, Fernando Cesar, Olympio Giuzio e Orlando Daniel (Globo Rural), com Rio+20 – Agroindústria e meio ambiente; Tonico Ferreira, Ellen Nogueira, José Alan Dias e Fernando Ferro (Jornal Nacional), com A importância da indústria brasileira; Sônia Bridi, Paulo Zero, Tiago Ornaghi, André Modenesi e Ana Pessoa (Fantástico), com Brasil – Quem paga é você. Especial – Educação: Ana Ligia Scachetti e equipe (Revista Nova Escola), com Guia de tecnologia na educação; Fernanda Salla, Camila Camilo, Elisa Meirelles, Ana Ligia Scachetti, Elisângela Fernandes, Bruna Nicolielo, Wellington Soares, Maggi Krause, Beatriz Santomauro, Beatriz Vichessi, Paula Nadal e Denise Pellegrini (Revista Nova Escola), com O que faz deles campeões; e Mariana Niederauer (Correio Braziliense), com Apagão de mão de obra qualificada. Especial – Inovação: Alexandre dos Santos, Kamila Kondôr, Paulo Mario Martins, Julia Braga, Rodrigo Nogueira, Josué Luz, Vinícius Carvalho, Ricardo Mendes e Carlos Gomes (TV Globo/Globo Universidade), com Economia Criativa; Angela Fernanda Belfort (Jornal do Commercio/PE), com Conexão futuro; e Marina Gazzoni (Estadão), com Uma nova missão para o ITA. Destaque Regional – Centro-Oeste: Lilian Tahan, Ana Maria Campos, Flávia Maia e Daniel Ferreira (Correio Braziliense), com Indústria candanga; Marcone Prysthon, Fernanda Galvão, Sabino Lima, Vianey Bentes, Cacá Soares, Rogério Sanches, Joelson Maia e Caroline Manhani Garcia (TV Globo Brasília/DFTV 1ª edição), com O impacto da falta de energia no desenvolvimento econômico do DF; e Priscilla Castro e equipe (Rede Record/DF), com Fábrica de sonhos. Destaque Regional – Nordeste: Giovani Sandes e Angela Fernanda Belfort (Jornal do Commercio/PE), respectivamente com Desafio metropolitano e Conexão futuro; e Renata Moura e Andrielle Mendes (Tribuna do Norte/RN), com Crescer. Destaque Regional – Norte: Marcelo Freire (Diário da Amazônia/RO), com Rondônia investe em logística e infraestrutura; Nicacia Waneskca, Kleberson Santos, Raimunda Graciete Araujo e Adil Bahia (RBA TV/PA), com Orgulho de ser do Pará; e Daniela Assayag e equipe (TV Amazonas), com Borracha – Apogeu e queda do ouro branco da Amazônia. Destaque Regional – Sudeste: Aguirre Talento (Folha de S.Paulo), com Às margens da usina de Tucuruí, 12 mil famílias vivem sem energia; Rosana Cerqueira, Edilson Rizzo, Osmar Sena, Rodrigo Cunha, Patricia Ruiz e Renata Puccinelli (GloboNews/Jornal das Dez), com Brasil sobre trilhos; e Paulo Henrique Lobato, Luiz Ribeiro, Marta Vieira, Liliane Correa e Carlos Marcelo Carvalho (Estado de Minas), com O Brasil de Gonzaga. Destaque Regional – Sul: Caio Cigana, Humberto Trezzi e Guilherme Mazui (Zero Hora/RS), com A agonia das estradas; Ivani Schütz, Mariana Pessin e Karina Chaves (RBS TV), com Mercosul – 22 anos; e Daisy Trombetta, Pablo Gomes, Darci Debona, Danilo Duarte, Larissa Guerra, Janaina Cavalli, Simone Kafruni, Charles Guerra, Sirli Freitas, Fernando Ferrary, Renato Nascimento, Guto Kuerten, Flavio Neves, Julio Cavalheiro e Alessandra Ogeda (Diário Catarinense), com SC Potência econômica. A próxima etapa é a avaliação dos finalistas pela Comissão de Julgamento, formada por jornalistas, empresários e acadêmicos. A divulgação dos vencedores e a entrega dos prêmios será em 30/7, em Brasília, com a presença de todos os finalistas. 

Vaivém das redações!

Confira o resumo das mudanças que movimentaram nos últimos dias as redações de São Paulo, Distrito Federal, Minas Gerais e Espírito Santo: São Paulo: Cristina Ribeiro de Carvalho assumiu na semana passada o cargo de subeditora na Revista Participações, cobrindo o mercado de fundos de investimentos em participações. Cristina deixou no início de maio o Brasil Econômico, onde cobria macroeconomia e política na editoria de Brasil. O novo contato dela é cristina.part@esirius.com.br. Depois de três anos como repórter da coluna Painel da Folha de S.Paulo, Fábio Zambeli (fzambeli@gmail.com) começou em 27/5 como editor-assistente de Poder do jornal. Distrito Federal: Troca de cadeiras no Correio Braziliense. Helena Mader foi transferida de Política para Cidades, em substituição à repórter Lilian Tahan, que seguiu recentemente para Veja Brasília. Na vaga de Helena, em Política, entrou Ana D’Angelo, também transferida, mas de Economia, substituída por Simone Kafruni, vinda do Diário Catarinense. Thayza Alves e Suélen Emerick, que cuidavam dos suplementos Casa e Concurso, deixaram o Jornal de Brasília. Os cadernos foram incorporados ao conteúdo da publicação.  Minas Gerais: Tomaz de Alvarenga deixou o G1 da Região dos Lagos (RJ) e voltou para Belo Horizonte, onde está em busca de novas oportunidades. O contato dele é tomazafcampos@gmail.com. Juliana Denari (julianadenari@diariodocomercio.com.br) começou no Diário do Comércio como repórter da editoria de Negócios. Diogo Finelli, ex-editor do site do Cruzeiro, está agora na editoria de Esportes do Portal do Hoje em Dia. O novo contato dele é dfinelli@hojeemdia.com.br. Espírito Santo: De volta ao Espírito Santo, terra natal de seu marido, Loreta Fagionato, ex-redatora deste Portal dos Jornalistas, começou em 22/5 como subeditora do jornal A Tribuna. Em São Paulo, ela também passou pela redação do Portal BBel. Seus novos contatos são 27-3331-9000, 9954-5591e loretafn@gmail.com.

O pensamento vivo de Fidel Castro

Está à venda na internet, pela Amazon (http://migre.me/eH2lE), por preço equivalente a 11 dólares, a versão para Kindle do livro Fidel – discursos, mensagens, reflexões, de Ludenbergue Góes. São transcrições que revelam as opiniões, conceitos e memórias de Fidel Castro durante seus quase 50 anos no governo de Cuba. Nos textos, o líder cubano fala dos antecedentes da Revolução, do desembarque e dos combates em Sierra Maestra e da derrubada de Fulgêncio Batista. Lembra também detalhes autobiográficos e faz duras críticas a adversários, principalmente os Estados Unidos. Um dos destaques da publicação é um longo bate-papo, ao vivo, via emissora de rádio, entre Fidel e o então presidente da Venezuela Hugo Chávez. Na apresentação do livro, o autor esclarece que não tem objetivos políticos ou ideológicos e a intenção é apenas fornecer subsídios para a discussão em torno das ideias e das ações de Fidel Castro. Góes, que trabalhou por 32 anos no Estadão, teve passagens pelas tevês Bandeirantes e Globo e integrou a Assessoria de Comunicação do Governo do Estado de São Paulo nas gestões de Mário Covas e Geraldo Alckmin, é também autor de ABC do Código da Vinci (Conex, 2005), Mulher brasileira em primeiro lugar (Ediouro, 2007), Todos os ganhadores do Prêmio Nobel de Literatura – 1901-2010 (Global, 2010) e O sequestro do Santa Maria – um sonho de liberdade (Cia das Letras, 2011), obra que conta a história do sequestro do transatlântico Santa Maria, um dos mais luxuosos navios de Portugal, em 1961.

Blog de Mariana Kalil vira webseriado

O blog Por Aí, de Mariana Kalil, que também é publicado em coluna homônima aos domingos pela revista Donna, de Zero Hora, ganhou em 1º/6 seu primeiro episódio em vídeo, como parte do projeto de criação de um webseriado de mesmo nome. Com base nos textos da colunista, que retrata situações de seu cotidiano com uma visão divertida sobre a própria vida, a atração mantém o tom na adaptação de aproximadamente cinco minutos, interpretada pela atriz gaúcha Cris Bocchi. Com direção e roteiro de Marlise Brenol, editora multimídia e responsável pelo canal de vídeos de Zero Hora, o webseriado tratará com leveza mesmo os momentos dramáticos que uma mulher entre 30 e 40 anos encara em seu cotidiano. “Neste primeiro momento, a periodicidade será trimestral”, explica Mariana. “Estamos começando, tudo é muito novo e a equipe que fez este episódio é a mesma que cuida de toda zerohora.tv. Para os novos episódios, a proposta é contar com a participação dos leitores do blog e dos telespectadores do canal para ajudar a escolher a próxima aventura”. O vídeo está disponível em www.marianakalil.com.br ou www.zerohora.tv.

Roberto Civita e Jornalistas&Cia

Por Eduardo Ribeiro, diretor e editor de Jornalistas&Cia Numa ocasião, de tanto ouvir falar sobre Jornalistas&Cia – que vivia furando o cerco oficial das empresas, inclusive da Abril, para levar informações à comunidade jornalística sobre os bastidores das redações e a movimentação profissional –, quis saber do então diretor da Secretaria Editorial Laurentino Gomes, hoje o consagrado autor de 1808 e 1822, quem era a pessoa que comandava a publicação, que vivia surpreendendo. E chegou a comentar: “Por que não tentamos trazer essa pessoa aqui para a Abril?”. Grande e antigo amigo, Laurentino sabia que o assunto não prosperaria, mas não resistiu em comentar a conversa com RC. Interessante é que o meu primeiro emprego com carteira assinada foi na SAIB – Sociedade Anônima Impressora Brasileira, então o braço gráfico da Abril, no prédio da Marginal Tietê, em 1969,  então com 14 anos. Eu era office-boy e ali permaneci por seis anos, ocupando ao longo desse período outras funções. Saí em 1975 e já em 1976 estava de volta, então para assumir meu primeiro emprego no Jornalismo, como repórter-estagiário da revista TV Guia (que existiu por apenas seis meses), a convite de Luiz Laerte Fontes, e ao lado de Wilson Baroncelli, atual editor-executivo de J&Cia. Ali fiquei, nessa segunda passagem, por um ano e meio, quando decidi partir para outras experiências profissionais, deixando para trás boas recordações. Em 2005, RC recebeu a mim e a Marco Antonio Rossi, meu sócio na Mega Brasil Comunicação, em sua espaçosa sala de reuniões no Edifício Abril das Nações Unidas, quando fomos comunicá-lo de que seria o homenageado daquele ano com o Prêmio Personalidade da Comunicação, o mesmo que no ano anterior havia sido entregue a Ruy Mesquita. Carismático e sempre bem-humorado, mostrou-se feliz com a homenagem, mas não perdeu a oportunidade de uma blague: “Quando começam a se lembrar da gente pelo passado e a nos conferir medalhinhas por isso, é porque já não despertamos mais tanto interesse assim nas mulheres, não é mesmo?”. Numa mesa integrada pelos senadores Renan Calheiros, quando presidiu o Senado pela primeira vez, e Edison Lobão, RC disse, em seu discurso, ao receber o prêmio na noite de 4 de maio de 2005 (reproduzido na edição 1904 da revista Veja, de 11/5/2005): “Além de minha paixão vitalícia pela palavra escrita, todos os que me conhecem sabem da minha pregação sobre o que chamo de indissolúvel interdependência entre a democracia, a imprensa livre e a livre iniciativa. Isso pode parecer óbvio – como acontece com todas as grandes verdades após sua formulação –, mas é absolutamente essencial para entender que a multiplicidade de vozes necessárias para garantir e fortalecer a democracia só pode existir numa sociedade em que a sua liberdade é assegurada, em que a entrada é franqueada a quem quiser e puder se habilitar, em que a concorrência em todas as frentes gera a publicidade, que, por sua vez, fecha o círculo virtuoso ao viabilizar a existência de múltiplos meios de comunicação. “Acredito que haja um outro círculo virtuoso em ação: à medida que elevarmos o nível de nossas publicações, à medida que produzirmos reportagens e matérias mais inteligentes, mais bem pesquisadas, mais claras e mais bem apresentadas, o público passará a gostar e a exigir mais disso, e a valorizar os veículos que o fornecem. “Uma das principais atribuições de um editor é buscar o equilíbrio permanente entre a excelência e a integridade de suas publicações e a saúde econômica e financeira de sua empresa: para mim, as duas coisas não são antagônicas, mas sim complementares. “Sem se tornar chata ou dogmática, e lembrando sempre que uma das suas principais funções é tornar o importante interessante, a imprensa – e os meios de informação em geral – deve ser uma força que ajude a compreender o mundo, construir uma sociedade melhor, defender a comunidade e ajudar os seus leitores, telespectadores, internautas e ouvintes a viver melhor.” Em 19 de julho de 2007, RC voltaria a ter contato direto comigo e, desta vez, com Jornalistas&Cia, ao dar uma longa entrevista para a série Protagonistas da Imprensa Brasileira, que também contou com as presenças do editor-executivo Wilson Baroncelli e do professor, autor e pesquisador Manoel Carlos Chaparro. A íntegra da edição, publicada no dia 26 de julho, pode ser conferida no http://migre.me/eLsIE. Mas reproduzimos a seguir alguns dos trechos mais marcantes da conversa: “A única coisa importante que vou falar hoje, o resto vocês podem descartar (risos), é que ser um editor responsável consiste essencialmente, na minha visão, em saber equilibrar não apenas o curto e o longo prazo, mas os dois lados da equação, que são o conteúdo e o negócio… Sem conseguir esse equilíbrio ao longo dos anos, primeiro, não se tem sucesso e, segundo, não se é um bom editor. É simples assim. “Quando começamos a fazer revistas mais sofisticadas e mais complicadas, tivemos que separar claramente as redações e a parte comercial e erguemos quase um muro chinês, enorme, entre elas. E como isso funciona na essência, há 40 anos ou mais? Blindando as redações contra as pressões dos anunciantes e com independência em relação ao Governo. Não estou falando no Governo Federal, mas nos governos municipais, estaduais e federal. Deus e todo mundo que tem algum poder adora aplauso e odeia crítica. Simples assim. Então, o que é preciso fazer? Nós temos uma posição definida e a mantemos. E se o Governo ficar irritado, lamento. Se o Governo parar de anunciar, pena. “A postura de Veja é basicamente de que a lei deve ser cumprida e que o Brasil precisa acabar com a corrupção em todos os níveis. Estamos atrasando o desenvolvimento do País e sendo extremamente injustos com a população na medida em que permitimos que os governantes cuidem de seus interesses em vez dos interesses da população, e na medida em que se desvia dinheiro de recursos públicos, que são escassos e preciosos, para favorecer seja quem for, e não ao interesse público. “Veja tem uma posição clara, ninguém duvida de como ela se situa. Tem gente que não a suporta e não a tolera, não quer ver nem pintada. A esquerda acha que somos de direita, a direita acha que somos de esquerda, os liberais acham que somos contra, e deve ter as mães carolas que acham que somos antirreligião. Deve haver de tudo entre os que não querem saber da revista. Mas a torcida é de cinco, seis, sete, oito milhões de pessoas por semana. Eles gostam, e a gente faz para eles. “O Diogo Mainardi acrescenta a Veja o extremo da indignação. E ele é lido por isso. A gente precisa ter colunistas como o Diogo. Nós temos o príncipe dos colunistas brasileiros, na minha avaliação, que é o Roberto Pompeu de Toledo, ponderado, elegante, inteligentíssimo, e é sempre um grande prazer ler os quase “ensaios” que escreve. A mesma revista tem Lia Luft, Cláudio Moura Castro, Stephen Kanitz, e tem o Diogo Mainardi, que eu acho ótimo. Eu penso numa revista como um grande buffet, como daquelas churrascarias que têm mesas com dez metros de saladas, queijos, verduras, alcachofras… Ninguém come aquilo tudo. Pegam meia dúzia de coisas e voltam contentes para a mesa. Tem gente que gosta de pimenta. Então, nós lhes damos o Diogo… Ele é o canhão solto no convés de Veja.  “Morro de saudades de Realidade. Eu adorei, foi um dos melhores momentos da minha vida e possivelmente da vida de todos os que estavam na redação naquela época. Mas não dá mais para fazer. Não pelo assunto, mas pela velocidade das coisas. A grande mensal não existe mais no mundo. Não tem! A velocidade do mundo faz com que as semanais estejam com dificuldades. Isso de chegar e abalar as coisas com grandes reportagens acabou. Primeiro, as pessoas não têm mais tempo de ler as grandes reportagens, e nem vontade. Nós medimos onde elas param de ler e ficamos aflitos com isso. Às vezes pensamos: “O melhor do texto está lá no último terço”, só que elas não leem o último terço. Elas largam. Alguém disse uma vez que a coisa mais fácil de um leitor fazer na vida é parar de ler. Então, qual é o desafio para todos nós? É, primeiro, fazer com que ele comece a ler cada matéria, não importa em que meio; segundo, que continue lendo. E que não nos largue, porque se ele disser ‘isso não quero ler, aquilo não quero ler, isso é chato’, não vai comprar a revista por muito tempo e nós não vamos ter revista. Então, Realidade, hoje, venderia no Brasil, com muito esforço, 100 mil exemplares. E a um custo alto. Teria pouca publicidade e uma vida muito difícil, além de um esforço muito grande. Então, não fazemos. Eu adoraria. Sacudia o Brasil, fazia a terra tremer, fez a cabeça de uma geração. “Eu e muita gente estávamos muito preocupados com o que viria com o Lula. E o que descobrimos é que o Lula é um homem de bom senso, equilibrado, moderado, não é ideólogo, é pragmático. O Brasil ganhou na loteria ao eleger Lula, porque era loteria. Poderia ter sido um desastre, poderíamos ter tido um Chávez. E tivemos um Lula, que, na minha opinião, a única coisa que não está fazendo e deveria fazer – e não entendo por que não faz – é promover as reformas. Porque ele tem maioria no Congresso, tem 70% de popularidade, sabe o que está errado e precisa ser consertado, sabe que isso contribuiria para acelerar o desenvolvimento do País. Nós estamos crescendo 4,5% esse ano, mas poderíamos estar crescendo 7 ou 8%, facilmente, só removendo barreiras. E o Governo não faz, não entendo por quê. Aliás, se o presidente um dia me receber será o meu único assunto com ele. Eu queria que ele me explicasse.” [N. da R.: Ricardo Boechat citou trecho dessa entrevista na reportagem do Jornal da Band de 27/5 sobre a morte de Roberto Civita. Confira em http://migre.me/eLybi) Sidnei Basile, que na Abril ocupou a direção de Redação do Grupo Exame, a Diretoria de Secretaria Editorial e, ao final, a Vice-Presidência de Relações Institucionais, revelou que ao menos em uma ocasião Jornalistas&Cia esteve num relatório anual que sua área preparou para RC sobre a imagem da empresa junto a seus stakeholders: foi a íntegra de uma edição em que J&Cia destacava, com a manchete Casa de ferreiro, espeto de ferro, uma bem-sucedida iniciativa da empresa na relação com seus colaboradores. Obcecado com a formação e o aprimoramento profissional, sobretudo com a formação intelectual e humanística dos editores, RC sempre que pôde participou pessoalmente ou deu apoio a iniciativas que tinham como objetivo melhorar o jornalismo e os jornalistas. Em particular, eu, pessoalmente, cheguei a ter duas ou três rápidas conversas com ele sobre a criação no Brasil de um Fórum Permanente de Editores, com o objetivo de pensar e repensar o jornalismo e contribuir para o seu aprimoramento, para a sua relevância, para que cumprisse de forma mais efetiva sua missão social. Mas era tudo para ontem, porque, como ele afirmava, “o País não podia mais esperar; já havia perdido muito tempo com irrelevâncias”. Ao final, ele próprio acabou abraçando uma iniciativa de grande relevância: a criação do IAEJ – Instituto de Altos Estudos em Jornalismo, em 2010, para fomentar projetos e iniciativas educacionais de estudos em jornalismo, sempre em parceria com instituições especializadas e reconhecidas. Desse Instituto nasceu o curso de Pós Graduação em Jornalismo com Ênfase em Direção Editorial da ESPM, coordenado por Eugênio Bucci e cuja terceira turma teve início em março de 2013. Suas longas passadas, ao lado de Maria Antonia, na praia da Baleia (Litoral Norte de São Paulo), comuns nas férias de verão e feriados prolongados, muitas vezes interrompidas por encontros com amigos ou admiradores, são agora coisa do passado e das lembranças.

Autoesporte de junho traz edição 2013 do Guia Qual Comprar

A edição de junho da revista Autoesporte chega ao mercado com o Guia Qual Comprar 2013, publicação que traz um comparativo de 45 páginas com os carros de melhor custo-benefício do mercado em 15 categorias, três a mais do que em 2012. Nesta edição, a nona da história do guia, foram avaliados 211 veículos de até R$ 250 mil, entre nacionais e importados. A análise considerou os comparativos de desempenho já feitos pela publicação e dados mercadológicos, como cotação de cesta de peças, valor do seguro, depreciação depois de um ano, garantia e previsão de lançamento de uma nova versão, ou de fim de linha. “É uma edição mais trabalhosa e exige mais tempo e apuração por parte de nossa equipe”, explica o diretor de Redação Marcus Vinicius Gasques. “São muitos dados e automóveis avaliados e ainda temos que cruzar as informações sobre cada um deles com aspectos como desvalorização, preço de seguro e peças de reposição, tudo isso de maneira muito coerente. São várias impressões e leituras da edição pela nossa equipe, mais do que o normal para uma edição padrão, para que possamos minimizar possíveis erros”. O trabalho começou em abril, com um grupo de colaboradores atualizando a tabela de preços dos automóveis e apurando a cesta de peças; a equipe da revista entrou no processo em maio. Além do comparativo, que ocupa quase metade das páginas, a edição traz suas pautas regulares, como test drives e lançamentos. “Diferentemente de uma edição regular, esse especial é dirigido não apenas ao nosso publico habitual, mas também o consumidor em geral, que tem o interesse em saber quais são as melhores opções no mercado”, lembra Gasques. Em outras seis páginas o Guia analisa se vale ou não a pena esperar 28 carros que serão lançados nos próximos meses, como VW Up e Peugeot 2008 ou as novas gerações de Corolla, Focus, Logan, Sandero, Golf e Ka. Já nas bancas, o especial também está disponível nas versões para tablets e smartphones. Vencedor do Prêmio Carro do Ano 2013, o Hyundai HB20 também foi escolhido como melhor opção na categoria Hatch Compacto, enquanto sua versão sedã, o HB20S, ganhou entre os Sedãs Compactos. A fabricante também faturou a categoria de Utilitário Premium, com o ix35. A Ford foi o principal destaque entre as fabricantes, com quatro veículos na lista: New Fiesta (Hatch Compacto Premium), Fusion (Sedã Premium), EcoSport (Utilitário) e Ranger (Picape). A Chevrolet teve o Cruze Sport6 classificado como melhor Hatch Médio, e o Spin como Monovolume/Perua. Mercedes-Benz também teve dois carros no topo da lista: Classe A, como melhor Hatch Médio Premium, e C180, melhor Cupê. Autoesporte reconheceu ainda Honda Civic como melhor Sedã Médio; Volkswagen Gol, Hatch de Entrada; Audi A4 Avant, Monovolume/Perua Premium; e Land Rover Evoque, melhor Utilitário de Luxo.

Joaquim Ferreira dos Santos deixa coluna em O Globo

Joaquim Ferreira dos Santos deixa a coluna Gente boa no Segundo Caderno de O Globo, mas mantém a crônica semanal na última página do caderno. “Ele quis sair da coluna, depois de dez anos, e ficar com a crônica”, diz Ascânio Seleme, diretor de Redação de O Globo. “Quem sabe passa a escrever matéria, tem um belo texto. Ainda vamos negociar um contrato diferente. Eu não tinha um plano para isso”. Cleo Guimarães, que se saiu bem cobrindo férias e ausências do titular, assume o posto interinamente por um período de avaliação.

A morte de Roberto Civita – Os desafios da sucessão

Não será fácil a missão de substituir Roberto Civita. Era um homem determinado, preparado, carismático e, sobretudo, muito querido particularmente pelos cerca de 9 mil colaboradores. Recebeu uma empresa saudável e promissora do pai Victor Civita e, a partir dela, construiu um conglomerado editorial que em 2012 chegou próximo aos R$ 3 bilhões. Acertou mais do que errou, mas sobretudo empreendeu.

Montou negócios e desfez-se deles quando precisou ou achou conveniente; abriu e fechou revistas, atento ao público, ao caixa e ao mercado; mexeu a valer no comando de suas empresas, nomeando e destituindo presidentes e diretores, na busca dos executivos ideais; contrariou (muitos) interesses ao bancar o ritmo alucinante e agressivo de denúncias da Veja, sua filha dileta e da qual se orgulhava de se dizer editor; encarou a educação como missão e como oportunidade de negócios, montando um respeitável conglomerado, além da Fundação Victor Civita, focada na formação de professores; e foi obstinado com a formação profissional, a ponto de, em 2010, estimular e financiar a criação do IAEJ – Instituto de Altos Estudos em Jornalismo, para fomentar projetos e iniciativas educacionais de estudos na área, que deu origem ao primeiro curso de Pós Graduação em Jornalismo com Ênfase em Direção Editorial, que já segue em sua terceira turma na ESPM. Patrão, sempre conduziu a Abril como um dos melhores lugares para se trabalhar e não faltam testemunhos a respeito mundo afora.

Empresário, Roberto Civita investiu, ganhou, perdeu e foi pioneiro em campos como a tevê segmentada e a internet. Cidadão, criticou quando muitos eram só elogios e elogiou quando a crítica era a tônica, além de colocar suas publicações a serviço do ideário que sempre defendeu (ainda que por vezes sob pesadas críticas). Pai de família, nem sempre teve o tempo que desejaria para os filhos, pela brutal carga de trabalho, mas chegou ao final da vida com os filhos ao seu lado.

Roberto Civita e Jornalistas&Cia

A tristeza do precoce adeus Nos corredores da Abril, o luto oficial é espontâneo. As pessoas, como que em respeito à dor de uma perda de grandes proporções, falam menos e mais baixo, entram nos elevadores sem muita animação para puxar conversa, circulam sem a habitual alegria.

Barulhentas por natureza, as redações estão temporariamente mais silenciosas, com fechamentos quase litúrgicos, como diz um editor. Na tarde da última 2ª.feira (27/5), enquanto o corpo de Civita estava sendo velado, centenas dos cerca de 3.270 funcionários que trabalham no Novo Edifício Abril, na Marginal do Pinheiros, em São Paulo, deram um abraço simbólico no prédio e bateram palmas para o chefe que partiu. Como o tempo e a vida não param, já nesta 3ª.feira (28/5), um dia após a cremação e dois da morte de Roberto Civita, houve a entrega do Prêmio Abril de Publicidade, um dos mais importantes do País no campo da comunicação, no Auditório Ibirapuera. Claro, não foi cancelado, porque é preciso seguir em frente, mas ficou a amargura pelo infortúnio de proximidade tão indesejada.

Na cerimônia, Civita recebeu uma bela homenagem e a festa seguiu seu curso, como tem de ser. Passados os momentos de contrição, os olhos de todos se voltam para o futuro, para o que acontecerá com a Abril, no pós-Roberto Civita. Há uma grande expectativa em relação à reestruturação em curso. A empresa, como de resto grande parte da mídia, vê-se diante de um cenário de alta complexidade, e que Roberto vinha enfrentando antes da doença. A diferença é que com ele vivo e à frente dos negócios o remédio poderia ser amargo, mas todos tinham confiança em que a dosagem seria certa, com decisões sóbrias e coerentes com o ideário até aqui construído pela organização. Sem ele, uma sensação de orfandade se apossa e ninguém arrisca prognósticos. Como apurou este Portal dos Jornalistas, a reestruturação da Editora Abril é inevitável.

Embora venha conseguindo manter equilibrada a circulação de seus títulos, a empresa enfrenta uma queda acentuada e contínua de publicidade, que não lhe deixa muitas alternativas. As contas não fecham e serão necessárias medidas que busquem, de um lado, melhorar as receitas e, de outro, reduzir as despesas, binômio que tanto inferniza e atemoriza a vida das organizações e seus colaboradores.

Entender o mercado

Trata-se, de forma objetiva, de fazer mais com menos e aí é que crescem os temores, sobretudo nas áreas de negócios (jornalismo e publicidade). Onde acontecerão os cortes? Nas áreas de negócios, já tão enxutas e em alguns casos no limiar de comprometer o padrão Abril de qualidade? Nas áreas corporativas, aquelas que integram o estafe da alta direção da empresa, em que despontam, além do falecido RC, Jairo Leal, Fábio Barbosa e Giancarlo Civita? Nas demais áreas de apoio? “Se tiver bom senso, a empresa preservará a área de negócios, que já deu sua cota de sacrifício em cortes recentes e hoje está à beira de um colapso”, diz um editor da casa. “Grande parte de nossas redações tem hoje dez, 15 profissionais e reduzir ainda mais será suicídio”, acrescenta, lembrando que as redações e a publicidade são o coração da empresa e se pararem de pulsar comprometerão todos os demais órgãos, inclusive os altos escalões, que passarão a ter cada vez menos coisas para administrar. Para entender o que se passa na Abril, empresa conhecida por sua capacidade de gestão e de excelência, é preciso analisar o que acontece com o mercado. Há pelo menos três motivos que explicam a queda de receita publicitária dos meios impressos em geral e das revistas em particular: 1°) a decisão empresarial de concentrar cada vez mais as verbas de publicidade na tevê aberta, sobretudo na Rede Globo, na busca de atingir essa nova e crescente classe média que vem surgindo no País (a despeito da própria perda de audiência dessa mesma tevê aberta em relação a  outros meios); 2°) o surgimento de uma nova geração de CEOs, que, acostumados a permanecer temporadas menores numa mesma organização (dois a três anos em média), focam suas ações e investimentos no curtíssimo prazo; e 3°) a consequente mudança nas estratégias de marketing, que estão canalizando as verbas de publicidade cada vez mais para ações de varejo, com o objetivo de retorno imediato. “Ora – diz um outro editor ouvido por este J&Cia – todos sabem que o meio revista, por suas características editoriais, refinamento e ciclo de maturação, não se presta adequadamente ao varejo, mas sim à construção e consolidação das marcas. Quem anuncia em revista busca a perenidade, tem um olhar de médio e longo prazo. Quem faz varejo anuncia hoje para vender amanhã. É aí que as coisas começam a se complicar para quem, como nós, produz revista. Temos o desafio de entender o que está se passando, estancar e reverter esse processo, e fazer as mudanças necessárias, mas tudo isso sem abrir mão da independência editorial”.

Uma Abril mais dócil? Essa independência, que Roberto Civita sempre garantiu, 24 horas por dia, nos 365 dias do ano, é o que se teme perder, já que não há, entre os atuais dirigentes da Abril, alguém com aquele perfil, inabalável na defesa de seus ideários e pródigo na construção de inimizades, erguidas tijolo a tijolo a cada denúncia nas páginas das revistas que dirigia. Com a ausência de RC, quem na Abril teria um perfil parecido para fazer esse papel? O moderado e conciliador Fábio Barbosa, presidente da Abril Mídia e da Abril S/A e homem com uma longa experiência no setor financeiro mas ainda com pouca quilometragem numa empresa jornalística? O filho Giancarlo Civita, agora presidente pleno do Grupo Abril, que também ainda não foi testado de forma mais contundente nas adversidades do negócio, nas pressões mais intensas? Tenderia a empresa a mudar sua conduta editorial em casos mais polêmicos, nas denúncias contra o poder e os poderosos, na sua linguagem muitas vezes agressiva, como hoje é o DNA de sua principal revista, Veja? Teríamos, enfim, uma Abril mais dócil? Disse um editor da empresa a Jornalistas&Cia que a morte de RC “aconteceu em paralelo ao outro movimento, que é o da tal reestruturação.

Não saberia dizer até que ponto a saída do Jairo [Leal] da operação tem a ver com a saúde do RC. Existia uma crença de que ele não voltaria mais para o dia a dia, que se voltasse para casa já seria uma vitória enorme. A ida do Jairo para o Conselho parece perfeita nesse sentido. É o mais preparado da família (sim, ele é como se fosse de sangue) para representar os Civita no Conselho”. Gianca, como é conhecido o agora presidente do Conselho de Administração da Abril, em discurso de despedida no velório do pai, e falando em nome dos irmãos, garantiu que não: “A dor indescritível da perda de nosso pai torna-se suportável somente pela certeza de que ele teve uma vida plena em que fez frutificar suas convicções em uma obra memorável. Roberto Civita foi um líder, uma referência de pensamento e ação em benefício da democracia e do avanço social, econômico e cultural do Brasil. Nosso pai era um entusiasta do Brasil. Ele acreditava no Brasil. Durante toda a sua vida mostrou em atos e palavras que uma nação de verdade, viável e justa não nasce ao acaso. Ela precisa ser construída. Ele tinha certeza de que as ferramentas para isso são a educação e a liberdade de expressão. A esses dois fundamentos, que ele via como inseparáveis, nosso pai dedicou sua vida. Como seus filhos, reiteramos o compromisso que já havíamos feito a ele de perseverar na busca da verdade, na melhoria da qualidade de vida dos brasileiros e no fortalecimento das instituições democráticas no Brasil.

Esse foi o legado que ele recebeu do nosso avô, Victor Civita. Esse é o legado que eles nos deixou. Vamos ser fiéis a ele”. Para muitos, uma mudança na postura de Veja não seria necessariamente uma rendição, mas uma volta ao “bom jornalismo” que marcou muitos de seus quase 50 anos de vida. “Isso é balela”, garante um ex-editor, que lá esteve nos tempos de Collor. “A revista sempre mostrou coerência na sua luta contra os poderosos de plantão, nas denúncias contra a corrupção, o mau uso do dinheiro público e os malfeitos em geral. Ao fazer isso já foi taxada de petista, de tucana e agora de uma revista de direita. Veja não mudou, mudaram os grupos de poder e os malfeitos que Veja sempre denunciou e continuará denunciando”.   Mudanças virão E o chão de fábrica – no caso, das redações –, como estaria reagindo à morte de Civita e ao porvir? Portal dos Jornalistas traz aqui o depoimento de uma editora, que ali já passou por outras crises, nenhuma como essa: “Aqui a coisa está bem triste, como seria de se esperar. Sentimento generalizado: 2ª.feira, dia 27, os funcionários deram um abraço simbólico no prédio, com maciça adesão espontânea. Pode-se dizer muita coisa de RC, mas nos quesitos gentileza, educação e carisma o homem era uma unanimidade do bem. Sempre muito solícito e sorridente, era do tipo que segurava a porta do elevador para o pessoal da limpeza, por exemplo.

Por suas escolhas políticas angariou, fora daqui, muitos desafetos, mas internamente esse viés se dissipava. Era o patrão e pronto. Há tempos procurava seu sucessor sem muito êxito e agora fica a pergunta: o filho que assume está à altura da tarefa? Novos tempos e turbulências se avizinham, é o pensamento comum. Ninguém sabe bem o que acontecerá com a empresa. Os pessimistas já pensam no pior: enxugamento radical dos quadros e fechamento de muitas revistas. Outros acham que ele vai simplesmente dar continuidade ao trabalho do pai. Há quem diga que ele não gosta dos problemas trazidos pela Veja, os processos, as encrencas com os políticos. Isso dito, é a revista que banca a editora como um todo e em time que está ganhando não se mexe. Existe uma corrente que acha que chegou a hora de pitacos na Veja, que sempre teve o dr. Roberto como para-raios e ninguém ousava passar por cima dele, obviamente.

Mas e agora? O que ninguém discorda: mudanças estão a caminho. Só resta saber se serão para o bem – ou para o mal, com a vitória de alguns burocratas enciumados com o peso da revista no grupo. Há mesmo quem cogite a subida de Eurípedes Alcântara para o posto de diretor-presidente… Quem viver, verá. Aguardemos os próximos e emocionantes capítulos”. De um repórter de uma das revistas mensais, J&Cia recebeu o seguinte depoimento: “Dia de velório com cara de dia de velório. Foi assim esta 2ª.feira que agora está terminando. Triste partida, um tanto precoce, a de Roberto Civita. Estamos todos agora na expectativa do que vão fazer com o legado por ele deixado. E principalmente com o legado de convicções, pois o material, dos negócios, embora interesse a todos que vivemos dele, creio que é menos importante.

A questão é mesmo a das ideias, das bandeiras, da disposição de criticar e lutar. O RC, concorde-se ou não com o que ele representava, tinha uma tenacidade ímpar. Vamos ver o que o tempo nos trará”. E um editor afirmou que a morte de RC, mesmo esperada, baqueou muita gente mesmo: “Por conta dela e da espera da reestruturação (que deve ser anunciada terça que vem), ficou tudo muito paralisado. (…) Acho que está assim: a vida continua no operacional, mas o estratégico deu uma travada. Semana que vem isso deve mudar. Veremos”.

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