Por Ciro Dias Reis (*)
O Brasil chegou a ser a sétima economia do mundo há poucos anos, mas hoje seu PIB ocupa um tímido 12% lugar no ranking global. Além da avaliação econômica, países também podem ser analisados pela ótica do soft power, ou sua capacidade de influenciar tendências, cenários e mesmo os rumos da diplomacia internacional. Nesse quesito, uma avalição recente colocou o Brasil em modestíssimo 29%.
A imprensa internacional sempre influencia a percepção de pessoas em todo o mundo acerca das condições de cada país onde a cobertura está sendo feita, impactando também a decisão de investidores. E aqui não há muito a celebrar.
A imagem do Brasil na imprensa internacional foi predominantemente negativa no primeiro semestre de 2021, repetindo o cenário de 2020. Das 2.928 notícias veiculadas de janeiro a junho em 13 importantes publicações de nove países de Américas, Europa e Ásia, 58% apresentaram uma visão desfavorável em relação ao País. Daquele total, mais da metade (1.528) teve como foco a Covid-19, e desse universo 64% dos textos adotaram tom negativo.
É o que aponta levantamento conjunto da Imagem Corporativa e do SEE Suite, laboratório digital e de social media do Grady College of Journalism and Mass Communication/University of Georgia, dos Estados Unidos.
A Imagem Corporativa começou a aferir a ótica da imprensa internacional sobre o Brasil em 2010. De lá até 2015 as percepções dos jornalistas internacionais foram positivas em 65% das notícias, em média (novidade do Pré-Sal, crescimento econômico, investment grade, euforia em sediar o Mundial de Futebol e as Olimpíadas). A partir de 2015 a curva começou a se inverter, em função de problemas econômicos do País e da multiplicação de escândalos financeiros relacionados ao ambiente governamental. A tendência negativa permanece até agora.
(*) Ciro Dias Reis é presidente da Imagem Corporativa; Global Chair da PROI Worldwide; board member da International Communications Consultancy Organisation; ex-presidente Abracom