Morreu na última sexta-feira (4/2) Edgard Alves, referência do jornalismo esportivo, aos 73 anos, vítima de um infarto. Profissional da Folha de S.Paulo desde 1967, esteve presente em sete Olímpiadas e em cinco Jogos Pan-Americanos. Desde 2012, assinava uma coluna sobre esportes olímpicos no jornal. Deixa a mulher Iara, os filhos Aline e Leandro, e os netos Pietra e Victor.
Edgard cobriu os Jogos Olímpicos de Montreal 1976, Moscou 1980, Atlanta 1996, Sydney 2000, Atenas 2004, Pequim 2008 e Rio 2016. Chamado carinhosamente de Degas por companheiros, era muito cuidadoso com a apuração dos fatos e não aceitava erros em seus textos e de seus colegas. O estilo rigoroso na escrita contrastava com sua solidariedade e seu companheirismo.
Era comum na redação jornalistas de todas as áreas se dirigirem até a mesa dele para tirar dúvidas de português ou pedir informações sobre esporte. Apreciava e era especialista em basquete, atletismo e boxe.
Edgard foi também diretor do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, na gestão de 1984 a 1987. Paulo Zocchi, ex-presidente e atual diretor da entidade, recordou que, quando entrou na Folha, em 1985, Edgard se destacava “pela defesa vigorosa dos direitos e reivindicações dos jornalistas, enfrentando a direção do jornal em várias oportunidades. Era um incansável organizador do Sindicato. Sua firmeza, integridade e coragem davam um exemplo luminoso num momento particularmente difícil, com demissões em massa e avanço na precarização das relações de trabalho”.
Juca Kfouri também homenageou o colega: “Pense em alguém sério. Em alguém correto. Em alguém ético. Em alguém competente. Perfeccionista. Intransigente. Pois pensou no jornalista Edgard Alves (…). Era raro vê-lo sem boina, e absolutamente impossível não o encontrar solidário com quem precisasse”.
Em texto publicado na Folha, Paulo Victor, que trabalhou e se tornou amigo de Edgard, escreveu que o jornalista era “um grande contador de histórias. (…) um mestre discreto, ouvidor-geral de focas aflitos e conselheiro seguro de veteranos – solícito a quem precisasse. (…) Um exemplo de jornalista íntegro, ético, generoso e gentil, como atestam colegas, atletas, entidades esportivas. Interessava-se genuinamente pelas pessoas”.
Outros colegas de profissão também prestaram homenagens a Edgard nas redes sociais:
Edgard Alves viajou para Sydney-2000 com duas caixas de papelão cheias de papéis. Eram seus arquivos olímpicos. Tirei sarro, claro. Até o dia em que bati na porta do quarto dele pra pedir ajuda. Foi-se hoje um dos maiores jornalistas que conheci, um gigante e um amigo do coração pic.twitter.com/d8ot52ldsq
— Fábio Seixas (@fabio_seixas) February 4, 2022
Edgard foi um colega gentil e atencioso. Me recebeu com muito carinho quando passei a assinar uma coluna no caderno de esporte da Folha, um ambiente totalmente masculino. Em uma semana é a segunda grande perda entre os jornalistas da casa. Descanse em paz https://t.co/W73h4rO0AI
— Mariliz Pereira Jorge 🇧🇷 (@marilizpj) February 5, 2022
Um grande jornalista e amigo, Edgard Alves sempre me surpreendia com suas ligações só para saber como eu estava. Figura rara, preocupado sempre com o outro. Deixou lições de jornalismo e de camaradagem. Companheiro de Folha, de ESPN e de qualquer dia. Descanse em paz, Degas! 🧡 pic.twitter.com/tqOVA08TQ3
— Rodrigo Bueno (@RodrigoBuenoTV) February 4, 2022