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sexta-feira, abril 26, 2024

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Memórias da redação ? Vida na redação

A colaboração desta semana é de Wanderley Midei, que por anos foi do Estadão e têm publicado histórias como esta na comunidade Extadão do facebook. Ele também publica seus textos e poemas no blog wanderleymidei.zip.net. Vida na redação Já falei aqui da aventura que era trabalhar no prédio, então novo, do Estadão na Marginal. Quem viveu pode confirmar. Pois hoje me deu uma certa saudade de algumas coisas vividas tanto na Major Quedinho quanto na Celestino Burroul. Quando ainda estávamos na Major Quedinho, 28, não víamos praticamente a rua. As janelas tinham divisões fixas que dificultavam a visão. Nos dias de plantão, aos finais de semana, era comum a gente jogar bola, com uma bola de papel reforçada com durex, próximo ao setor de Comunicações. Fazíamos dois golzinhos com latas de lixo e tentávamos jogar para passar o tempo até que começassem a chegar as noticias, normalmente dos jogos daquele dia. Às vezes jogávamos malha com aquelas almofadinhas redondas de borracha para molhar o dedo, muito comuns então em bancos e nas redações. Era comum também jogar futebol no corredor entre o Estado e o Jornal da Tarde, o chamado Túnel do Tempo. Como, naquela época, o Estadão não funcionava aos domingos, pois não circulava na 2ª, mas tínhamos de fazer plantão, e como o JT tinha a sua Edição de Esportes, a redação ficava cheia. Então, até que a muvuca começasse, o negócio era jogar bola. Bem, mudamos com todas as dificuldades para a Marginal. Prédião… As janelas eram verdadeiras pinturas, um quadro com imagens da cidade de São Paulo, que aparecia com todo o seu esplendor do lado de lá do rio Tiete. Havia um terrenão vazio onde hoje está a ACM. Vacas pastavam por lá. Cavalos comiam grama. E casais homo ou hetero às vezes se encontravam para relações entre as poucas arvores. E tudo era visto pelo pessoal da redação do Estadão. Chegamos a jogar nossa bolinha de fim de semana na redação, com o mesmo esquema do antigo, na Major Quedinho. Com mais espaço, claro. Mas o que mais me lembro era a gente fazendo pequenos cones com tiras de papel sulfite ou mesmo laudas (naquela época não existia computador, era máquina de escrever mesmo, portanto tínhamos papel à vontade), que jogávamos da janela da redação. Logo atrás da minha mesa havia uma porta para o parapeito da janela, então nos divertíamos ali. Era um passatempo ver o vento levar esses nossos “helicópteros” adiante. Alguns colegas montavam aviõezinhos de papel e os lançavam dali também. Dessas janelas a gente via também gaviões voando pelo terreno vazio em direção à serra da Cantareira ou em busca de algum pequeno animal perdido para garantir a refeição. Alguns passarinhos chegavam a entrar na redação pela porta da janela aberta pela gente. E voavam apavorados pela redação sob o olhar dos conscientes jornalistas. Alguns funcionários iam toda manhã colocar migalhas de pão ou restos do almoço no parapeito das janelas para que os passarinhos viessem comer. O prédio da Marginal era distante, mas nos mostrou, de certa forma, uma liberdade com relação à cidade que não tínhamos na Major Quedinho. Mas em ambos os prédios adorávamos passar a maior parte da nossas vidas fazendo o melhor jornal do Brasil. Éramos felizes e sabíamos disso.

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