Ulisses Capozzoli

    Ulisses Capozzoli nasceu em Cambuí, no sul de Minas Gerais, cursou Jornalismo na Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), de 1972 a 1976. Antes de se formar em jornalismo, entrou para o curso de economia na mesma instituição, estudou durante três anos e nunca concluiu. Em 1983, entrou para o curso de extensão universitária no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) também da USP. Entre 1987 e 1990, estudou Psicanálise na Biblioteca Freudiana Brasileira, em São Paulo.

    Concluiu mestrado, na USP, em História da Ciência, em 1997, e o doutorado, na mesma instituição, em, em 2003. No primeiro caso trabalhou com a passagem da ciência mágica da Idade Média para a ciência moderna através das viagens de descobrimentos portuguesas que implicaram numa ampla reformulação do conceito do mundo passando pela reformulação de embarcações (até o desenvolvimento da caravela), velames (pano latino para permitir a navegação contra o vento dominante), correntes marinhas, encontro com o outro (no caso do costeamento da África principalmente) e navegação estelar (para viagens no Atlântico, que os português chamavam de “mar-oceano”.

    Em São Paulo, formou-se e consolidou sua carreira de jornalista científico.

    A primeira relação de Ulisses foi com o jornalismo econômico. De fato, nos primeiro anos, 1974, trabalhou no Jornal da Tarde, e em seguida na Folha de São Paulo, escrevendo nessa área.

    Uma profunda revisão profissional, por volta de 1983, fez com que ele abandonasse não apenas o curso de economia mas também a decisão de escrever sobre economia. Foi quando se voltou para uma área que cultivava desde a infância: a astronomia, relacionada ao jornalismo científico.

    Cobriu a área de ciência na Folha e participou de viagens pioneiras para a Antártida, onde o Brasil começava a instalar sua base de pesquisas nas ilhas Rei George. Cobriu também a saga do cometa Halley em seu retorno de 1985/86.

    Trabalhou no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), editando a Revista Brasileira de Tecnologia, e depois na assessoria de comunicação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Voltou em 1991 para a Folha de S.Paulo e no ano seguinte foi para O Estado de S.Paulo. Ali, participou da adaptação do Caderno 2 de domingo para um Caderno Especial recheado de conteúdo científico.

    Ganhou, em 2001, a incumbência de tropicalizar a renomada revista americana Scientific American, e ocupou o cargo de editor até março de 2004, quando saiu para editar Astronomy Brasil. Mas retornou a Scientific American Brasil dois anos depois, onde permanece.

    Em 2000 passou a ocupar a cadeira de presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Científico.

    Em 2013 segue colaborando com frequência para o Observatório da Imprensa e conclui uma coletânea de contos de ficção científica que deve ser publicada em 2014, com título de O infinito e a eternidade. São relatos de viagens espaciais, quase sempre relacionados à solidão desses futuros navegadores. O espaço é um ambiente agressivo e perturbador e os personagens desses relatos refletem essa situação. 

    Ulisses participou como observador com cientistas da USP de uma das primeiras expedições brasileiras de pesquisa ao continente gelado, cujo relato transformou em livro: Antártida: a Última Terra, lançado pela editora Edusp, em 1995. Mesclada à narrativa, Capozoli apresenta na obra um pouco da história do continente gelado, incluindo as várias tentativas de alcançá-lo, as expedições de reconhecimento, os tratados internacionais, descrevendo também a vida animal e vegetal, os recursos que podem ser explorados e as principais pesquisas em curso nas diversas bases estrangeiras ali estabelecidas.

    Em parceria com Rosana Bond, voltou ao tema e escreveu para a Viagem pela Geografia que em quatro edições a partir de 1996, contou aventuras do personagem Roaldo que ao realizar uma viagem fascinante ao planeta gelado, apresenta aos leitores a Antártica, título do livro.  A obra oferece ainda uma síntese geográfica do continente e instrui sobre a importância do gelo, o controle de temperatura, a manutenção do nível dos mares, a reserva de água doce, o perigo flutuante dos icebergs e a ação do homem no ecossistema da Antártida.

    Em 2004, Capozzoli, em coautoria com Fernando Gewandsznajder, lançou o livro Origem e História da Vida, um paradidático pela Editora Ática, que em resumo aborda a origem da vida no planeta: Como surgiu a vida na Terra? Quais foram as condições que deram origem à vida? Como surgiram e se desenvolveram os seres humanos?

    Pela editora Record lançou o No reino dos astrônomos cegos – Uma história da radioastronomia lançou um ano depois (2005). Na obra com um estilo dinâmico, explica o que é, para que serve e como se desenvolveu a radioastronomia no Brasil. Nessa trajetória brasileira da ciência ele discute o estado da ciência no Brasil, fortemente afetado pelo positivismo.

    Capozzoli acredita numa ciência a serviço da humanidade. Filósofo sobre o tema, entende que a ciência “pode amenizar o sofrimento humano, fornecendo, por exemplo, um relato sobre a historia do Universo e a origem da vida”. Defende a ideia de que “os humanos, na Terra, ocupam apenas um pontinho insignificante ao lado de uma estrela insignificante, que é apenas uma entre bilhões de outras”, numa galáxia que também é apenas uma, entre outras bilhões que dançam no salão cósmico embaladas pela gravitação universal.

     

     

    Atualizado em dezembro/2013 – Portal dos Jornalistas

    Fontes:

    Informações conferidas pelo jornalista

    http://www.museudavida.fiocruz.br/brasiliana/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=90&sid=31#boxe_ulisses