A área de Comunicação Corporativa global da Stellantis, sob os cuidados do vice-presidente executivo Bertrand Blaise, passou por novas mudanças em sua estrutura nos últimos meses. A principal delas envolve o trabalho do brasileiro Fernão Silveira, que já era responsável pela área de Estratégia, Planejamento e Monitoramento de Performance, e que desde março passou a responder também por Gerenciamento de Crise e Relacionamento com a Mídia.
A mudança ocorre pouco tempo depois da própria ida de Fernão para a Holanda, em janeiro deste ano, onde está localizada a sede do grupo, em Hoofddorp, cidade da região metropolitana de Amsterdã. Promovido em maio do ano passado, após três anos respondendo pela área de Comunicação da FCA para a América Latina – e após a fusão com a PSA, da própria Stellantis –, o executivo seguiu trabalhando os primeiros meses do Brasil, mas optou pela mudança para a Europa com a família em janeiro, passando assim a atuar mais próximo da direção da área.
“A possibilidade de viver na Europa foi algo que pessoalmente e profissionalmente fez muito sentido para mim e para minha família”, explica Fernão. “A diversidade cultural que encontramos aqui é algo que eu valorizo muito e espero poder aprender bastante com isso. Além disso, poder atuar fisicamente mais próximo da direção do grupo faz muito sentido para o trabalho que estou desenvolvendo”.
Em entrevista a este Portal dos Jornalistas, Fernão Silveira falou sobre essa nova fase, as novidades do cargo e o importante momento para profissionais de comunicação brasileiros em companhias globais.
Portal dos Jornalistas – Como está sendo a adaptação a este novo momento?
Fernão Silveira – Assumi essa posição na estrutura global da Stellantis pouco mais de um ano atrás, e desde então tudo tem sido muito dinâmico. Na verdade, acho que desde que entrei na FCA, em 2018, nunca cheguei a ter um momento de calmaria. Tudo muda muito rápido, o que, se pararmos para pensar, é uma característica da própria indústria automotiva. Já em relação à vinda para a Europa, faz pouco mais de quatro meses que nos mudamos, e, ao mesmo tempo que tudo é muito recente (estamos inclusive desempacotando ainda algumas caixas que vieram do Brasil), também parece que já estamos aqui há anos, de tanta coisa que já aconteceu nesse período.
PJ – Como fica o escopo do seu trabalho com esse novo desafio assumido em março?
Fernão – Agora eu tenho atuado de maneira muito mais completa na estratégia de Comunicação Corporativa do grupo. Sou responsável por cuidar de todo o planejamento global, do que será publicado e como será publicado em relação aos grandes projetos corporativos.
PJ – É uma estrutura muito grande?
Fernão – Por questões estratégicas, a gente não divulga o tamanho total de nossa equipe, mas de maneira prática, temos uma estrutura bastante enxuta e muito bem estabelecida, mas que se beneficia de uma rede global muito ampla, e que representa não apenas as operações locais do grupo, mas também as marcas que dele fazem parte. Vale destacar que atualmente são 14 marcas, cada uma bem diferente das outras, mas com valores muito bem estabelecidos.
PJ – Quais as principais novidades que vocês estão preparando para o futuro?
Fernão – Muitos projetos importantes, que definirão o rumo do grupo, estão sendo e serão anunciados ao longo dos próximos meses e anos. Como não poderia deixar de ser, dentro da Stellantis estamos dando um passo muito grande rumo à eletrificação, e por isso teremos diversas novidades neste sentido. Nossa aspiração é ser não apenas uma “car company”, que a gente tem sim muito orgulho de ser, mas o que queremos mesmo é nos tornar referência como uma “tech car company”, estando na vanguarda da tecnologia, principalmente em eletrificação. É uma missão que envolve todo mundo em nossa equipe. Uma transformação muito bacana e interessante.
PJ – Em menos de um ano, a imprensa automotiva brasileira viu dois executivos que representavam duas de suas mais tradicionais marcas serem promovidos a cargos de relevância nas operações globais de suas companhias, primeiro você e depois Priscilla Cortezze, que assumiu recentemente como head de Comunicação Corporativa do Grupo Volkswagen. A que você atribui este movimento e como é visto o profissional brasileiro internacionalmente?
Fernão –O profissional de comunicação corporativa brasileiro, especialmente na indústria automotiva, é muito resiliente, principalmente porque está acostumado a trabalhar em uma indústria inserida em um país extremamente desafiador. A gente brinca que se você faz comunicação no Brasil, você faz em qualquer lugar do mundo. O Brasil não é pra qualquer um. É um país de muitas complexidades.
Além disso, o comunicador brasileiro tende a ser flexível, é aberto a novas tendências e muito acostumado a trabalhar sob crise. Isso nos dá um diferencial muito grande.
Também tem a questão de que, cada vez mais, as grandes multinacionais estão atentas às questões relacionadas à diversidade cultural de suas equipes. É fundamental para o sucesso de uma marca saber comunicar com uma única voz, mas sem deixar de lado os diferentes sotaques.
E, para finalizar, em relação a Priscilla, é uma excelente profissional que eu não tenho dúvida de que terá muito sucesso aqui na Europa. É muito legal ver esse movimento, especialmente no caso da Priscilla, por se tratar de uma posição feminina em um setor que ainda engatinha quando falamos de diversidade de gênero.