O Estadão promoveu demissões na direção e no setor editorial de sua sucursal em Brasília. O jornal dispensou Andreza Matais, chefe da sucursal e editora-executiva de Política, e o jornalista e escritor Leonêncio Nossa, que atuava como editor de Especiais do Estadão.

Matais chegou ao Estadão em 2013, e estava há mais de dez anos no jornal. Antes do Estadão, trabalhou na sucursal de Brasília da Folha de S.Paulo. Ao longo da carreira, recebeu diversos prêmios por seu trabalho. Pela Folha, fez parte da equipe que produziu a premiada série de reportagens que acabaram levando à queda do então ministro da Casa Civil Antonio Palocci, em 2011, no início do primeiro mandato de Dilma Rousseff. Também foi responsável pelo furo do caso da refinaria da Petrobras em Pasadena. Em mensagem aos colegas de redação, atribuiu sua demissão a uma “mudança na política do jornal”.

“Pessoal, tudo bem com todos? O jornal decidiu por uma mudança na política e isso inclui minha saída da empresa. Agradeço aos coordenadores e aos repórteres pela entrega, confiança e tamanho talento. Foi um privilégio ter convivido com cada um de vocês. Vou levar comigo as trocas que tive com cada um de vocês. Um grande beijo e sigo acompanhando agora como leitora o trabalho incrível dessa turma”, diz a mensagem.

Recentemente, Matais envolveu-se em uma série de polêmicas. No final do ano passado, a jornalista foi denunciada no Ministério Público do Trabalho do Distrito Federal (MPT-DF) por ter supostamente coagido repórteres recém-contratados a produzir matéria associando o ministro da Justiça Flávio Dino a uma mulher conhecida como “dama do tráfico do Amazonas”.

Em outubro do ano passado, Matais publicou uma reportagem com o título Lula atuou em operação para banco emprestar US$ 1 bilhão à Argentina e barrar avanço de Javier Milei. George Marques, assessor da Secretaria de Comunicação Institucional da Presidência, contestou a matéria, dizendo que continha informações falsas, e associou o texto à “extrema-direita e ao gabinete do ódio”. Em resposta, ela escreveu “11.306,90”, em referência ao salário do assessor, atitude muito criticada nas redes sociais.

Leonêncio Nossa formou-se em jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo, e tem mestrado e doutorado em História. Chegou ao Estadão em 2001. Antes do jornal, trabalhou em A GazetaJornal do Brasil e Época. É autor de livros como Viagens com o presidente, Homens invisíveis e O rio. É um dos mais premiados jornalistas da região Centro-Oeste, segundo ranking de Jornalistas&Cia. Venceu, entre outros prêmios, o Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, o Embratel de Jornalismo (2011) e o Estadão de Reportagem Especial (2011).

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Recebemos de Andreza Matais mensagem afirmando que esta tem várias informações sobre ela que não correspondem à realidade dos fatos.

Transcrevemos a íntegra a seguir:

Prezado senhor Eduardo Ribeiro, a respeito da matéria “Estadão faz demissões na sucursal de Brasília”, gostaria de esclarecer quatro trechos:

  1. “No final do ano passado, a jornalista foi denunciada no Ministério Público do Trabalho do Distrito Federal (MPT-DF) por ter supostamente coagido repórteres recém-contratados a produzir matéria associando o ministro da Justiça Flávio Dino a uma mulher conhecida como ‘dama do tráfico do Amazonas’.” Não fui denunciada pelo Ministério Público do Trabalho. O que existiu sobre esse caso foi uma acusação anônima que não virou denúncia, não foi acatada. A propósito, os repórteres de política de Brasília, Rio e São Paulo do Estadão assinaram e publicaram uma carta aberta para negar a autoria dessa e de outras acusações. No âmbito do MPT o que existem são investigações na esfera trabalhista contra o jornal.
  2. “Em outubro do ano passado, Matais publicou uma reportagem com o título ‘Lula atuou em operação para banco emprestar US$ 1 bilhão à Argentina e barrar avanço de Javier Milei’.” Não sou autora do texto. Como se tratava de uma coluna de opinião, não participei nem mesmo do processo de edição.
  3. “George Marques, assessor da Secretaria de Comunicação Institucional da Presidência, contestou a matéria, dizendo que continha informações falsas, e associou o texto à ‘extrema-direita e ao gabinete do ódio’. Em resposta, ela escreveu ‘11.306,90’, em referência ao salário do assessor, atitude muito criticada nas redes sociais.” Esse trecho ignora que o assessor da Presidência publicou foto de uma jornalista marcando com uma seta na cabeça dela. Ele ainda defendeu uma prática de “bateu, levou”. O que fiz foi defender uma colega de um ataque misógino e leviano. Esse caso precedeu a campanha de linchamento que eu sofreria depois.
  4. “Recentemente, Matais envolveu-se em uma série de polêmicas.” Jornalistas&Cia faz um relato de minha trajetória que não cita conquistas obtidas nos últimos cinco anos, justamente o período abordado pelo texto do site.

Foi nesse tempo que dirigi a equipe premiada que publicou reportagens relevantes para o país.

É de se lamentar que Jornalistas&Cia, publicação tão importante para a nossa classe, não tenha tido o apuro de checar informações tão básicas e, pelo menos, ter me procurado para me ouvir sobre temas que atingem a minha honra, ataques que tiveram a finalidade de arranhar minha carreira construída com muito trabalho em favor do jornalismo.

Peço que publique a carta e faça as correções dando o mesmo destaque para evitarmos uma judicialização do caso.

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