Segundo levantamento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), o presidente Jair Bolsonaro bloqueou 82 jornalistas no Twitter até 12 de janeiro deste ano, sendo a autoridade que mais bloqueou profissionais de imprensa até então.

A pesquisa, que detectou 315 jornalistas bloqueados na rede social, mostrou que, do total, 291 foram por Bolsonaro, por seus filhos que também ocupam mandatos eletivos, ministros, secretários especiais de Estado, e parlamentares que compõem a base de apoio ao governo.

Profissionais ouvidos pela Abraji disseram que foram bloqueados por fazer críticas ao governo, ou por seu trabalho como jornalistas, ou às vezes nem sequer sabiam o motivo pelo qual o bloqueio havia sido feito. Gustavo Ribeiro, da Brazilian Report, disse à entidade que quase não usa o Twitter e não se recorda de ter marcado Bolsonaro em alguma publicação e, mesmo assim, foi bloqueado pelo presidente. Segundo o levantamento da Abraji, 153 jornalistas foram bloqueados por 41 autoridades do Estado.

Depois de Bolsonaro, quem mais bloqueou jornalistas foi Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação, com 40 bloqueios, seguido por Mario Frias, secretário especial de Cultura (30), e os filhos do presidente Carlos Bolsonaro (22) e Eduardo Bolsonaro (20).

Em relação a veículos de imprensa, políticos com alguma relação com o governo vigente bloquearam 16 empresas jornalísticas. O líder da lista de bloqueadores é o presidente Bolsonaro. Em ordem cronológica, ele bloqueou The Intercept Brasil, DCM, Aos Fatos, Congresso em Foco, Repórter Brasil, O Antagonista e Brasil de Fato, totalizando sete veículos impedidos de acompanhar as postagens do presidente no Twitter.

Hugo Rodriguez Nicolat, diretor de Políticas Públicas do Twitter na América Latina, disse ao Núcleo Jornalismo que a rede social não precisa interferir no bloqueio de usuários por autoridade públicas, “já que o recurso é prerrogativa de quem usa a rede social e é uma situação que não se desenrola pelo Twitter, mas sim por pessoas que utilizam a plataforma”.

Christian Perrone, head de direitos e tecnologia do Instituto Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio), explicou à Abraji que, “em uma visão pessoal, a conta dessas autoridades é em princípio pessoal, mas a partir do uso pode se tornar pública”. Em setembro do ano passado, outra pesquisa da entidade mostrou que 98% dos tuítes de Bolsonaro são de interesse público.

Confira mais informações sobre jornalistas e veículos bloqueados no site da Abraji.

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