Como parte do processo de divulgação do estudo sobre o Perfil Racial da Imprensa Brasileira, foi realizado na semana passada o primeiro painel de debates sobre o tema, que reuniu Maurício Bandeira, o diretor de J&Cia/Portal dos Jornalistas Eduardo Ribeiro, as jornalistas Francisca Rodrigues e Nayara Fernandes, com mediação de Vinicius Ribeiro, que coordena o trabalho de divulgação.

Francisca, mais conhecida como Chica Rodrigues, é mestre em Comunicação pela Cásper Líbero, graduada em Comunicação Social pela PUC-Camp e teve passagens por Folha de S.Paulo, Diário do Comércio, Rádio Eldorado, TV Gazeta e Record. Atualmente, está licenciada da pró-reitoria acadêmica da Faculdade Zumbi dos Palmares, que é a primeira e única instituição da América Latina voltada para a inclusão dos afrodescendentes no ensino superior e no mercado de trabalho. Nayara é editora de engajamento do G1. Ela foi repórter especial no portal R7, onde analisou a eclosão dos protestos antirracistas do movimento Black Lives Matter e produziu inúmeras reportagens com recortes de gênero e raça. Recentemente participou da produção do especial Faces Negras, em comemoração aos 15 anos do G1. Tem especialização em jornalismo Internacional pela PUC-SP.

Nayara (em cima, à esquerda), Vinicius, Francisca, Maurício e Eduardo

Para Nayara, uma imprensa mais plural é extremamente necessária nesse momento de crise que o jornalismo está vivendo: “Várias empresas já perceberam a necessidade de trazer maior diversidade, tanto como compromisso social e até por ser mais lucrativo para própria a empresa. Diversos estudos que apontam que uma empresa que investe na diversidade, investe em funcionários de diferentes cenários, de diferentes contextos, é mais lucrativa. E aí não faz sentido que o mercado da notícia também não siga essa tendência”.

Francisca diz que a pesquisa já vem com atraso, mas é um primeiro passo: “É importante a gente ter um espelho da realidade, embora ela fatalmente vá mostrar que a presença do jornalista negro nas redações é muito pequena. Embora tenha melhorado um pouco em relação à época em que eu trabalhava em redação, ainda é mínima. Mas creio que essa pesquisa vai abrir um pouco a mente dos jornalistas e quem sabe − não tenho tanta certeza − dos donos da imprensa, que é majoritariamente branca. Sabemos que a diversidade nas empresas é benéfica, como a Nayara citou. Porque traz lucro, na medida em que o consumidor se vê ali representado. Mas na imprensa ela é fundamental. Porque o jornalista, a imprensa, traz a realidade, representa a sua sociedade, o seu país, a sua nação, representa o mundo. E tendo um lado só fica capenga. Por mais que o jornalista seja imparcial, ele não têm a vivência de como vivem, por exemplo, 55% da população no Brasil − que é a população negra”.

Confira a íntegra do debate.

0 0 votes
Article Rating
Subscribe
Notify of
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments