Lúcio Flávio Pinto, mais premiado jornalista da Região Norte, publicou em seu blog no último dia 17/7 um texto de despedida do jornalismo cotidiano. Ele explicou que a medida drástica é para reduzir os danos do Mal de Parkinson de que vem sofreendo, bem como para evitar os efeitos do estresse e da ansiedade.
“Tenho tentado reduzir
esses componentes, ao mesmo tempo genéticos, efeitos da função que exerço ou
resultados da minha formação, mas os efeitos são inevitáveis no jornalismo
crítico que pratico, especialmente num ambiente de extremismos,
irracionalidades e absurdos, como o que estamos vivendo”, escreveu ele no texto
de despedida. “Só há uma saída: suspender o jornalismo cotidiano, de linha de
frente, de front mesmo. É o que faço
neste momento, com profundo pesar, mas certo de ser a única maneira de conter o
avanço acelerado da doença, como tem ocorrido recentemente”.
Diz, porém, que não deve
abandonar completamente a prática jornalística, pois vai se dedicar a conteúdos
mais especiais e colaborar em outros veículos.
Sociólogo formado pela
Escola de Sociologia e Política de São Paulo (1973), Lúcio é jornalista
profissional desde 1966. Teve passagens por algumas das principais redações da
imprensa brasileira. Durante 18 anos foi repórter em O Estado de S. Paulo. Em
1988 deixou a grande imprensa e passou a dedicar-se ao Jornal Pessoal, que
escreve sozinho desde 1987, em Belém, hoje apenas na internet. Tem 21 livros publicados,
todos sobre a Amazônia. Recebeu o Prêmio Vladimir Herzog de 2012 pelo conjunto
da sua obra.
Foi considerado pela ONG Repórteres Sem Fronteiras, com sede em Paris, como um dos mais importantes jornalistas do mundo, o único selecionado no Brasil para essa honraria. Também ganhou quatro prêmios Esso. Por seu trabalho em defesa da verdade e contra as injustiças sociais, recebeu em Roma, em 1997, o prêmio Colombe d’Oro per La Pace e, em 2005, o prêmio anual do CPJ (Comittee for Jornalists Protection), de Nova York.
Por encomenda da Cia das Letras, Humberto Werneck fará a biografia de Carlos Drummond de Andrade. Autor da biografia do enigmático Jayme Ovalle, “do qual se sabiam três ou quatro coisinhas e que rendeu um livro de 400 páginas”, ele se ocupa em pesquisar tudo sobre o poeta de Itabira. Werneck é autor, entre outros, de Tantas palavras, reportagem biográfica (edição revista e ampliada de Chico Buarque; letra e música), 2006; Pequenos fantasmas, contos, 2005; e O desatino da rapaziada – Jornalistas e escritores em Minas Gerais, 1992.
Como editor, organizou pela primeira vez em livro a poesia de Hélio Pellegrino (Minérios domados, 1993), A revista no Brasil, primeira história das revistas no País (2000), a antologia Boa companhia – Crônicas (2005) e a obra do contista Murilo Rubião, nos volumes O pirotécnico Zacarias, A casa do girassol vermelho (2006) e O homem do boné cinzento, a sair.
A TV Globo repudiou em nota no Jornal Nacional dessa sexta-feira (19/7) a afirmação do presidente Jair Bolsonaro, em café com a imprensa na manhã do mesmo dia, de que MiriamLeitão mentiu sobre ser torturada à época da ditadura militar. O encontro com jornalistas de agências internacionais foi transmitido ao vivo na página de Bolsonaro no Facebook.
Confira a nota da Globo:
“O presidente Jair
Bolsonaro recebeu nesta sexta-feira (19) um grupo de jornalistas estrangeiros
para um café da manhã. Os jornalistas cobraram do presidente um comentário
sobre o ato de intolerância de que foi vítima a jornalista Miriam Leitão, no
fim de semana.
Miriam e o marido,
Sérgio Abranches, participariam de uma feira literária em Jaraguá do Sul, Santa
Catarina. Em redes sociais, foi organizado um movimento de ataques e insultos à
jornalista, cuja postura de absoluta independência foi tratada como um
posicionamento político de esquerda e de oposição ao governo Bolsonaro.
Em resposta aos
correspondentes internacionais, o presidente Jair Bolsonaro disse que sempre
foi a favor da liberdade de imprensa e que críticas devem ser aceitas numa
democracia.
Mas, depois, afirmou
que Miriam Leitão foi presa quando estava indo para a Guerrilha do Araguaia
para tentar impor uma ditadura no Brasil e repetiu duas vezes que Miriam mentiu
sobre ter sido torturada e vítima de abuso em instalações militares durante a
ditadura militar que governava o país então.
Essas afirmações do
presidente causam profunda indignação e merecem absoluto repúdio. Em defesa da
verdade histórica e da honra da jornalista Miriam Leitão, é preciso dizer com
todas as letras que não é a jornalista quem mente.
Miriam Leitão nunca
participou ou quis participar da luta armada. À época militante do PCdoB,
Miriam atuou em atividades de propaganda.
Ela foi presa e
torturada, grávida, aos 19 anos, quando estava detida no 38º Batalhão de
Infantaria em Vitória. No auge da ditadura de 64, em 1973, Miriam denunciou a
tortura perante a 1ª Auditoria da Aeronáutica, no Rio, enfrentando todos os
riscos que isso representava na época.
Narrou seu sofrimento
aos militares e ao juiz auditor e esse relato consta dos autos para quem quiser
pesquisar.
A jornalista foi
julgada e absolvida de todas as acusações formuladas contra ela pela ditadura.
A absolvição se deu em todas as instâncias.
É importante ressaltar
que Miriam Leitão, ao longo dos governos do Partido dos Trabalhadores, foi
também alvo constante de ataques. Não questionaram, como agora, o sofrimento
por que passou na ditadura, mas a ofenderam em sua honra pessoal e profissional
em discursos do ex-presidente Lula em palanques, e até mesmo a bordo de avião
de carreira, quando Miriam Leitão ouviu insultos e ofensas por parte de
militantes petistas, que então a chamavam de neoliberal e direitista.
Esses insultos, no
passado como agora, em sinais trocados, apenas demonstram a maior das virtudes
de Miriam como profissional: a independência em relação a governos, sejam de
esquerda ou de direita ou de qualquer tipo.
A Globo aplaude essa independência, pedra de toque do jornalismo profissional, e se solidariza com Miriam Leitão.”
Paulo Jerônimo, presidente
da ABI, afirmou em nota que “é absolutamente inconcebível, e fere a dignidade e
o decoro do cargo de presidente da República, a forma pela qual vem se
conduzindo o presidente Jair Bolsonaro, desrespeitando todas as regras de
civilidade”. Leia
a íntegra.
Vale lembrar que Miriam é a +Premiada Jornalista Brasileira e este ano foi eleita pela terceira
vez seguida como a +Admirada Jornalista
Brasileira de Economia, Negócios e Finanças, em votação comandada por
Jornalistas&Cia e Maxpress.
O Departamento de Comunicação do ISE Business School realizará na próxima quinta-feira (25/7) uma
sessão informativa gratuita sobre o curso Mindset de Negócios Digitais
para comunicadores. Inscrições disponíveis neste link. Os interessados que não
residem em São Paulo poderão participar de uma sessão informativa extra,
online, no dia 26.
O curso, de 16 horas distribuídas em quatro manhãs, é dirigido
a gestores de empresas do setor e empreendedores que necessitam de
conhecimentos específicos sobre a nova cultura empresarial digital, modelos e
estratégias de negócios. Dentre os grandes temas abordados estão: mentalidade startup, gestão de novos talentos
digitais, centralidade do usuário e inovação de curto, médio e longo prazos.
Mais informações disponíveis neste link ou pelo telefone 11-3177-8300.
Patrícia Campos Mello, repórter e colunista da Folha de S.Paulo, é uma das contempladas pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) com o Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa 2019. Além dela, serão premiados jornalistas de Índia, Nicarágua e Tanzânia. Os profissionais enfrentaram prisão, assédio online e ameaças legais e físicas em sua busca por notícias.
Em 2018, durante a campanha presidencial, Patrícia
sofreu ameaças de agressão e linchamento virtual. As reportagens dela relataram
como apoiadores do então candidato a presidente Jair Bolsonaro financiaram de
forma massiva mensagens, muitas delas falsas, no aplicativo de mensagens WhatsApp.
Também serão homenageados Neha Dixit,
jornalista investigativa independente na Índia que cobre direitos humanos; Maxence
Melo Mubyazi, cofundador e diretor-gerente do Jamii Forums, site de
discussão online e fonte de notícias de última hora na Tanzânia; e Lucía
Pineda Ubau e Miguel Mora, respectivamente diretora de notícias e
fundador e editor da emissora nicaraguense 100% Noticias. A dupla foi presa em
dezembro de 2018 por sua cobertura de distúrbios políticos e só libertada em 11
de junho, depois de seis meses atrás das grades.
Todos os vencedores serão homenageados no jantar
beneficente dos prêmios anuais do CPJ, em Nova York, em 21 de novembro.
Amazônia sem lei é o mais novo projeto da Agência Pública, para investigar violência relacionada à regularização fundiária, demarcação de terras e reforma agrária na Amazônia Legal. Além da cobertura no local, as reportagens devem acompanhar os desdobramentos dos casos na Justiça.
Neste projeto, a Pública vai trabalhar com quatro repórteres e dois editores. A equipe tem um protocolo específico para garantir a segurança dos repórteres em campo, de forma a cobrir o assunto com agilidade, para que os conflitos que ocorrem no interior da Amazônia sejam de conhecimento de todo o País.
Não há comparação entre os riscos a que estão
submetidos os jornalistas no Reino Unido e no Brasil. Ou, pior, em países onde
há conflito armado. Mas na semana passada, Jeremy Wright, secretário nacional
de Cultura, anunciou aqui a decisão de criar um Comitê Nacional pela Segurança
dos Jornalistas.
O anúncio foi feito durante a conferência Defendendo a Liberdade de Imprensa,
realizada em Londres nos dias 10 e 11/7, que mobilizou jornalistas, empresas
editoriais, acadêmicos e personalidades engajadas na defesa dos Direitos
Humanos, como a advogada Amal Clooney.
Exagero? Nem tanto, se pensarmos que o risco não é
apenas físico, estendendo-se a qualquer ato que comprometa a liberdade da
imprensa. E não é um privilégio de países em crise política ou econômica.
Acontece nas melhores famílias, particularmente em uma Europa varrida por
ventos de extrema direita, com a ascensão de líderes que frequentemente ensaiam
cercear a imprensa.
A iniciativa do Reino Unido responde a uma demanda
da OSCE (Organization for Security and Cooperation in Europe), que, apesar do
nome, reúne 57 países de América do Norte, Europa e Ásia. Ela atua em prol da
estabilidade, paz e democracia, e cobra de seus membros o estabelecimento de
comitês nacionais dedicados à segurança dos jornalistas. O objetivo é assegurar
a investigação de ameaças ou ataques aos profissionais de imprensa, a
implantação de ações preventivas e a adoção de medidas protetivas sempre que um
risco for detectado.
O anúncio do secretário surge em um momento de
turbulência política no Reino Unido, com desdobramentos envolvendo o papel da
imprensa particularmente em dois escândalos que explodiram na semana passada.
No primeiro, o programa Panorama, da BBC, apresentou ex-funcionários do Partido Trabalhista
denunciando seus líderes por encobrirem casos de antissemitismo. Uma situação
que já vinha se arrastando há meses e desgastando o partido, cujo principal
expoente, Jeremy Corbin, é um dos favoritos ao cargo de primeiro-ministro, na
hipótese de eleições gerais.
A reação do partido foi virulenta, atacando a
credibilidade dos denunciantes. Estes rapidamente contrataram um reconhecido
advogado britânico, especializado em causas ligadas à imprensa, para obter
reparação. O resultado vai dar mais um indicativo sobre a fronteira entre
interesse público e liberdade de expressão.
Já o Partido Conservador foi alvejado pela
publicação no Mail on Sunday de correspondência sigilosa enviada pelo
embaixador do Reino Unido nos Estados Unidos descrevendo o presidente Donald
Trump como inepto, atrapalhado e incompetente. O caso turbinou igualmente o
debate sobre liberdade de expressão versus segurança nacional.
Como se não bastasse, o imbróglio assumiu
proporções ainda mais graves graças a um movimento imprudente da Scotland Yard.
Em comunicado no último dia 12, em que anunciou a abertura de uma investigação
criminal para descobrir o autor do vazamento, a centenária instituição lembrou
que editores poderiam ser processados pela publicação de documentos
governamentais vazados.
Políticos, jornalistas e entidades da sociedade
civil levantaram-se contra a ameaça à liberdade da imprensa. No dia seguinte, a
autoridade policial voltou atrás. Mas o episódio foi exemplar, indicando que
por aqui há uma vigilância contra iniciativas capazes de comprometer o papel do
jornalismo.
Mostrando que não está nem aí para a ameaça, a
imprensa continuou a tratar do caso. O Mail on Sunday publicou no domingo mais
trechos dos documentos vazados. Mas a maior bomba veio do concorrente Daily
Mirror, desnudando o interesse de quem vazou os documentos.
A publicação revelou que a autora da reportagem é
namorada do presidente do Partido Brexit, o empresário Richard Tice. Ele teria
interesse em ocupar a vaga de embaixador nos Estados Unidos. Por isso, teria
carinhosamente cedido os documentos à sua cara-metade, a fim de derrubar o
ocupante do posto.
Tudo foi negado, claro, mas a história faz
sentido. E disparou outra controvérsia nas redes sociais: seria sexismo acusar
a jornalista de ter obtido a exclusiva por causa de seu relacionamento afetivo
com o político poderoso? Uma questão puxa a outra, numa ciranda sem fim.
O Comitê nem nasceu ainda, mas vai ter muito
trabalho pela frente.
A série Efeito Colateral, da Agência Pública, é o único trabalho brasileiro entre os 12 finalistas do Global Shining Light Award, promovido pela Global Investigative Journalism Network. Realizado a cada dois anos, é o maior prêmio global de jornalismo investigativo. Feita entre 2018 e 2019, a série de reportagens da Pública é sobre as mortes de civis por militares das Forças Armadas em operações de segurança pública no Brasil.
Ela revela os furos nas investigações conduzidas pelo
Exército e pela Justiça Militar, que invariavelmente levam à impunidade. Natalia
Viana, repórter e codiretora da
Pública, teve acesso a processos que investigam na Justiça Militar casos de
civis mortos pelo Exército, além de ter feito diversos pedidos de acesso à
informação. O Especial foi a primeira série de reportagens investigativas
a se debruçar sobre os casos de civis mortos pelo Exército, tidos como “casos
isolados”. Natalia descobriu que desde 2010 o Exército e a Marinha foram
responsáveis pela morte de pelo menos 34 pessoas, a maioria no Rio de Janeiro.
Entre eles, civis inocentes, sem nenhuma relação com o crime organizado. Nenhum
militar foi punido até hoje por esses homicídios.
Os vencedores do Global Shining Light Award serão anunciados no final de setembro, na Global Investigative Journalism Conference, em Hamburgo. Também estão entre os finalistas investigações de repórteres de Peru, Venezuela, México, Sudão do Sul, Egito, Azerbaijão, Rússia, Filipinas, África do Sul e Índia. Segundo a GIJN, o prêmio recebeu inscrições de mais de 290 trabalhos do mundo todo.
Terminam em 23/7 as inscrições para o Desafio
de Inovação Google News Initiative (GNI). A primeira edição
na América Latina vai beneficiar iniciativas com o objetivo de garantir a
sustentabilidade das empresas jornalísticas no continente. As propostas
selecionadas receberão até R$ 1 milhão como apoio da GNI.
O Desafio de Inovação está aberto a projetos em desenvolvimento de qualquer empresa jornalística: nativos digitais, startups, ONGs, veículos tradicionais, canais de televisão e freelances. Um dos principais requisitos é que eles tragam resultados positivos não só para o próprio veículo, mas também considerem o ecossistema da imprensa como um todo. Projetos colaborativos apresentados por duas ou mais organizações de imprensa receberão atenção especial. Inscrições e mais informações disponíveis no site da GNI.
Serão conhecidos nesta sexta-feira (19/7) os vencedores do Prêmio Banco do Nordeste de Jornalismo em Desenvolvimento Regional – Edição 2019. O anúncio será às 14h30, na sede da instituição, em Fortaleza, como parte da programação do XXV Fórum Banco do Nordeste de Desenvolvimento, que comemora os 67 anos do banco.
O concurso recebeu 284 inscrições e os finalistas são: Aline Guedes, Sâmara Gonçalves e Josemi Cavalcante, da BandNews FM Manaíra, da Paraíba; Aline Oliveira, Eulália Camurça, Susy Costa, Camila Lima, Tiago Melo, Carlos Marlon, Nelton Alves, Adauto Alves, Janelton Vale, Mateus Ferreira e Adriana Castro, da TV Verdes Mares, do Ceará; Ana Mary C. Cavalcante e Mateus Dantas, de O Povo, do Ceará; Cristiane Viana Moraes Melo, Wanderley das Neves Ramos e André Mendes Parga, da TV Difusora, do Maranhão; Georgina Maynart, do Correio, da Bahia; Igor Jácome, do G1 Rio Grande do Norte; Irna Cavalcante, Raone Saraiva, Beatriz Cavalcante, Marcelo Justino, Mateus Dantas, Evilásio Bezerra e Mauri Melo, del O Povo, do Ceará; Jéssica Welma de Assis Gonçalves, Rafael Luís Azevedo, Nasion Frota, Felipe Soares e Iago Monteiro, da Tribuna do Ceará; Josafá Bonifácio da Silva Neto e Juliana Correia Almeida, da Rádio UFS, de Sergipe; Júlio Vieira e Ike Yagelovic, da BandNews FM de Minas Gerais; Luiz Ribeiro dos Santos, do Estado de Minas; Luiza Freitas, do Jornal do Commercio, de Pernambuco; Nathália Caroline Passos de Souza, da Rádio Universitária, de Sergipe; Neyara Pinheiro, Jussara Santa Rosa, Fernando Cardoso, Osiel Pontes, Raimundo Soares e Walter Junior, da TV Clube, do Piauí; Rammom Monte, do Portal Correio, da Paraíba; e Thiago José Gomes de Oliveira e Larissa Bastos Pinheiro, da Gazetaweb, de Alagoas.