O jornalista Diego Capela, o publicitário Guilherme Kos, o ator Totonho Lisboa e a comediante Eva Mansk são os responsáveis pelo projeto News a Live, atração virtual que junta jornalismo e piadas. O programa funciona como um telejornal, em que o âncora aciona comentaristas e repórteres para falar sobre os destaques da semana em diversas editorias, com piadas baseadas em fatos reais.
O News a Live vai ao ar toda segunda-feira, às 21h, no Instagram. A edição de 8/6 contou com a participação do comediante Nil Agra.
Diego Capela explica que “a participação dos espectadores e a espontaneidade de todos criam uma atmosfera diferente para o programa, o que torna tudo ainda mais engraçado. A única regra é ter sempre um fato real como gancho para as piadas”.
A repórter fotográfica Gabriela Biló (O Estado de S. Paulo) foi vítima de vazamento de dados pessoais na internet, conhecido como doxxing. Um perfil bolsonarista no Twitter expôs informações como números de RG e CPF, além de endereço e telefone da fotógrafa. O ataque foi semelhante ao que foi feito para atingir Vera Magalhães (TV Cultura), em fevereiro.
Além dos dados, o perfil divulgou vídeos editados que distorcem falas da repórter e que omitem o contexto e diversas ofensas dirigidas a ela. Na ocasião, Gabriela estava em frente à casa da ativista Sara Fernanda Giromini, a Sara Winter, e a edição dos vídeos dá a entender que a repórter ameaçou a ativista, o que não ocorreu.
Foi a própria repórter que divulgou no Twitter que a Polícia Federal estava na residência de Sara Winter, intimada a depor no inquérito das fake news. Desde então, Gabriela vem sofrendo ataques nas redes sociais.
Em nota, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) declarou que “se solidariza com a fotógrafa Gabriela Biló e faz um apelo às autoridades e às plataformas das redes sociais para que monitorem e punam as milícias virtuais que querem impor o ódio à nação, usando como arma a intimidação aos jornalistas − especialmente às mulheres, quase sempre enquadradas em discursos estigmatizantes e preconceituosos”.
Levantamento do Monitor de Dados Socioambientais, iniciativa do Achados e Pedidos, projeto financiado pela Fundação Ford e organizado por Abraji, Fiquem Sabendo e Transparência Brasil, aponta que metade dos 44 órgãos ligados ao governo federal que possuem dados socioambientais de interesse público não mantém o Plano de Dados Abertos atualizado. O item é obrigatório desde 2016.
As primeiras informações publicadas pelo Monitor foram construídas com base em conversas com ativistas, organizações e profissionais da imprensa que acompanham rotineiramente o assunto. “A ideia é compartilhar o que achamos do mapeamento para facilitar aos interessados e, ao mesmo tempo, chamar a atenção para a inexistência e a precariedade de informações sobre pontos críticos das questões socioambientais”, explica Marina Atoji, gerente de projetos da Transparência Brasil.
O objetivo do monitoramento, segundo ela, também é pedir a abertura de bases de dados hoje fechadas ao público e, em casos específicos, quando pedidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) forem negados, solicitar judicialmente que as informações de interesse público sejam concedidas.
Nesta primeira etapa do monitoramento, notou-se, por exemplo, que a Fundação Nacional do Índio (Funai), subordinada ao Ministério da Justiça, não disponibiliza e nunca teve um Plano de Dados Abertos. “É um descaso com informações que são preciosas”, pontua Atoji.
O Monitor de Dados Socioambientais está aberto para que jornalistas e organizações que trabalham com a temática possam comunicar o “sumiço” de alguma base de dados ou dificuldades específicas para acessar informações. Para ter acesso, basta responder ao formulário.
Lana Pinheiro é a nova editora da revista Dinheiro Rural, função que assumiu em 1º de junho. É a sua segunda passagem dela pela Editora Três, onde entre 2006 e 2008 foi repórter de economia da IstoÉ Dinheiro.
Com mais de 20 anos de experiência, Lana teve passagens por AutoData, Diário do Grande ABC e Correio Braziliense. Dedicou os últimos 12 anos à comunicação corporativa, atuando como diretora de Comunicação da agência de publicidade DM9DDB e depois, no mesmo cargo, na In Loco.
Profissionais de G1, O Globo, Extra, Estadão, Folha e UOL formaram uma parceria para trabalhar, em conjunto, na coleta e divulgação dos números de contaminados e mortos pela Covid-19. Por causa das restrições impostas pelo Ministério da Saúde no que se refere ao acesso e divulgação dos dados sobre a pandemia, os veículos consultarão diretamente as secretarias de saúde de cada estado e do Distrito Federal.
O trabalho colaborativo será dividido entre os veículos participantes, que compartilharão entre si as informações obtidas, com o objetivo de fornecer um panorama mais próximo da realidade sobre o coronavírus. Isso inclui a evolução e o total de óbitos, além dos números consolidados de casos testados e com resultado positivo para a doença. Segundo o G1, o balanço diário será fechado às 20h.
A iniciativa é uma resposta à decisão do presidente Jair Bolsonaro de atrasar a divulgação dos boletins diários do coronavírus para as 22h, com o objetivo de não serem transmitidos nos telejornais noturnos, segundo reportagem do Correio Braziliense. Vale lembrar que o portal onde o Ministério da Saúde divulgava informações sobre a pandemia não apresenta mais alguns dados relevantes, como números consolidados e o histórico da doença desde o seu começo. O site destaca agora o número de pessoas recuperadas da Covid-19.
O diretor-geral de Jornalismo da Globo Ali Kamel declarou que “a missão do jornalismo é informar. Em que pese a disputa natural entre veículos, o momento de pandemia exige um esforço para que os brasileiros tenham o número mais correto de infectados e óbitos. Face à postura do Ministério da Saúde, a união dos veículos de imprensa tem esse objetivo: dar aos brasileiros um número fiel”.
The Intercept Brasil publicou no sábado passado (6/6) uma reportagem que denuncia a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) por pedir acesso aos dados pessoais contidos em mais de 76 milhões de carteiras nacionais de habilitação (CNHs) por todo o País.
O site teve acesso a documentos de pessoas envolvidas na negociação que mostram ter a Abin pedido ao Serpro, empresa pública de processamento de dados, informações como nomes, filiação, endereços, telefones, dados dos veículos e fotos presentes nas CNHs.
Segundo o Intercept, o estatuto da Abin informa que a agência existe para municiar o presidente da República com “informações nos assuntos de interesse nacional − ou seja, não cabe à Abin o acesso aos dados das CNHs. A reportagem ouviu dois ex-ministros, de correntes políticas distintas, que classificaram o pedido como “coisa de regime autoritário”. Em nota, a Abin justificou a ação, declarando que “a obtenção, a integração e o compartilhamento de bases de dados são essenciais para o funcionamento da atividade de inteligência”.
O Brasil de Fato MG promove nesta quarta-feira (10/6), das 14 às 17h, o curso online O que a história nos diz sobre jornalismo e feminismo. Ele discutirá o papel da mulher na imprensa, relacionando o jornalismo ao feminismo e destacando a história da imprensa produzida por mulheres durante a primeira e segunda ondas do movimento feminista.
O curso explicará conceitos-chave como feminismo, patriarcado, gênero e divisão sexual do trabalho, e destacará os principais obstáculos que o jornalismo brasileiro enfrenta por causa dos avanços e retrocessos nos direitos das mulheres. A taxa de inscrição é de R$ 20.
Em tempos de quarentena, limpar gavetas e organizar armários é uma boa terapia. No meu caso, em especial, é também a possibilidade de voltar no tempo e me deparar com lembranças de bons momentos da carreira.
Hoje achei esse organograma da redação do Diário de S.Paulo para o ano de 2010, época em que o jornal passava para o controle do J. Hawilla. O que me impressiona é o número de jornalistas na composição do time. Quase 100 pessoas − a grande maioria de repórteres, esse “artigo de luxo” nas redações atuais. Só na editoria de cidades/geral (batizada de Dia a Dia) eram 28!!!!! Esportes tinha quase 15. Desse tempo, além desse saudosismo da grandeza do mercado de trabalho, guardo uma das minhas melhores memórias.
Meses antes da elaboração desse organograma, Leão Serva[NdaR: hoje diretor de Jornalismo da TV Cultura de São Paulo] era assessor de imprensa do governo Serra/Kassab. Não raro ele me ligava na redação para contestar alguma matéria que o Diário publicava, contrária aos interesses do governo. Com toda a sua inteligência, retórica e poder de argumentação, fazia seu trabalho com zelo e, vez ou outra, tentava derrubar a pauta antes que a matéria saísse. Eu, por meu lado, fazia de tudo para não o deixar desqualificar a pauta ou contestar nossos métodos e resultados da apuração. Leão tinha particular implicância com as reportagens que fazíamos em cima de personagens que, individualmente, punham em xeque a qualidade dos serviços públicos ofertados pelo governo. Certa vez, diante de uma matéria que tinha como ponto de partida a reclamação de um cidadão não atendido numa unidade de saúde, o telefone tocou e do outro lado da linha Leão começou a relativizar a matéria. Conversamos uns minutos, apresentamos nossos pontos de vista, até que ele sentenciou:
− Não me parece justo que se publique uma reportagem que critica todo o sistema de saúde por causa de um único caso. Esse é o erro da generalização.
Eu, que já conhecia suas armas, deixei-o falar e, para encerrar a conversa, truquei mesmo sem ter o zap na mão, porque sabia, de fato, que a reclamação era uma crítica solitária de um fiel leitor:
− Leão, enquanto eu for o editor-chefe aqui vai ser assim. Quando você for o editor-chefe você muda as regras…
Pois bem. Dois meses depois, com a venda do jornal da Infoglobo para o grupo de JH, eis que Leão foi apresentado como diretor de Redação. Tremi na base. No nosso primeiro encontro de trabalho, lembrei a ele esse nosso telefonema e deixei-o à vontade para selar meu destino. Demonstrando fidalguia e humildade, Leão não deu importância para a conversa e rebateu com classe:
− Esquece isso; eu estava fazendo o meu trabalho e você, o seu. Os dois estavam certos!
E assim, sem mágoas, ficamos mais de dois anos juntos, ele como diretor de Redação e eu como editor-chefe, liderando essa redação de quase 100 pessoas − lamentando apenas que, já naquela época, o Diário estava perdendo força de vendas e sofrendo os impactos mais severos da falta de identidade provocada pela mudança de nome e por outros erros de estratégia cometidos sob a gestão das Organizações Globo… (No próximo capítulo vou contar detalhes da pesquisa que embasou a mudança de nome do jornal. Aguardem!)
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Consultado por J&Cia sobre a publicação de história que o citava, Leão Serva respondeu:
“Nelson não me contou que narrou esse episódio no Face. Mas é absolutamente fiel.
Estou sorrindo aqui sozinho de lembrar.
Isso aconteceu assim mesmo.
Digo mais: Vanessa Pessoa, grande jornalista, que hoje faz o caminho inverso (é assessora de imprensa da Prefeitura), era a editora de Cidades e vivemos o mesmo encontro.
Fui muito feliz naquele momento exatamente porque senti que duplicamos ambos a compreensão do método jornalístico. Poucos sabem no Brasil de hoje que todos crescemos com os debates.”
Nelson Nunes
A história desta semana é de Nelson Nunes, ex-Gazeta Esportiva, Folha da Tarde, Jornal da Tarde, SBT, Jovem Pan e revista Propaganda e Marketing, que esteve por 22 anos no extinto Diário de S.Paulo. Ele publicou o texto no Facebook em 17/5 e nos autorizou a reproduzir.
Tem alguma história de redação interessante para contar? Mande para [email protected].
O UOL lançou Plural, selo editorial que tem como objetivo ampliar as parcerias e coproduções de sua redação com coletivos de produção de conteúdo independentes. A plataforma oferecerá conteúdo original criado por coletivos de periferias e comunidades, em conjunto com jornalistas do portal. O foco será a abordagem de temas contemporâneos à sociedade brasileira, com olhares sobre juventude, mobilidade, política, sustentabilidade, esporte, entretenimento e representatividade, entre outros.
“É uma iniciativa muito importante para tornar o conteúdo do UOL mais rico e diverso”, destaca Murilo Garavello, diretor de conteúdo do UOL. “Queremos ampliar o espaço para pontos de vista, perspectivas, inquietações de partes muito amplas da sociedade que historicamente participam muito pouco do fazer jornalístico e em geral são retratadas por quem vê a situação de fora. É um passo importante do plano de aumentar a diversidade do nosso jornalismo”.
Dentre os coletivos que já integram o projeto estão Periferia em Movimento, Desenrola e Não Me Enrola, Alma Preta e Nós, Mulheres da Periferia. Nas próximas semanas, outras iniciativas, de várias regiões do Brasil, entrarão na rede. O conteúdo estará espalhado por todo o portal e chegará aos usuários em formatos variados, seja como reportagens especiais, perfis, documentários, podcasts, artigos etc.
O atraso no horário da divulgação dos boletins epidemiológicos sobre o coronavírus, que passou a ocorrer nesta semana, foi uma ordem direta do presidente Jair Bolsonaro, com o objetivo de evitar que os dados fossem transmitidos nos telejornais noturnos, período de maior audiência nas tevês brasileiras.
A informação é do Correio Braziliense, que ouviu uma fonte do alto escalão do governo. Segundo a reportagem, Bolsonaro ordenou que os dados fossem divulgados às 22h, mesmo estando fechado mais cedo, por volta das 19h, como de costume.
Vale lembrar que a intenção de atrasar os boletins existe desde a gestão do ex-ministro da saúde Henrique Mandetta. Porém, ele se recusou a acatar a ordem, alegando que a ação geraria forte impacto na resposta à epidemia.
Na época, Mandetta realizava todos os dias, às 17h, uma coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, onde respondia a perguntas e fornecia um panorama da situação da pandemia no País.
Como as principais emissoras têm seus próprios sistemas de apuração de dados sobre a pandemia, e os divulgam desde o início do surto, a decisão do presidente não teve muito efeito prático.