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terça-feira, dezembro 16, 2025

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Projeto ajudará jornalistas a usarem melhor as ferramentas digitais

Crédito: Getty Images

O Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio) e o projeto Redes Cordiais uniram-se para criar a iniciativa Da rede social à rede de apoio: ciber-resiliência para jornalistas. A proposta é capacitar profissionais de imprensa a utilizarem melhor as ferramentas digitais da atualidade, como mídias sociais, e a tecnologia avançada nas redações. O projeto oferece cursos e aulas online, manuais digitais e uma rede de apoio para jornalistas.

Apoiada pelo Facebook Journalism Project, a iniciativa fará ações concentradas nos meses que antecedem as eleições municipais de 2020, e deve atingir ao menos mil profissionais, com o intuito de reduzir a vulnerabilidade digital, e melhorar a capacidade institucional de veículos que atuarão na cobertura eleitoral.

Fabro Steibel, diretor executivo do ITS Rio, afirmou que “a proteção do jornalista é uma forma de a gente proteger a produção de informação de qualidade. Não tem como combater a desinformação sem promover quem traz informação segura, com metodologia e institucionalidade”.

A primeira aula do projeto será em 14 de julho. Inscreva-se!

O coronavírus e os veículos de comunicação – XV

Brasil lidera desinformação sobre vítimas de Covid-19 no mundo

O Brasil detém o recorde mundial em peças de desinformação sobre o total de casos e mortes por Covid-19. Desde o início da pandemia até 8/6, plataformas de checagem produziram ao menos 34 verificações de peças de desinformação questionando esses dados − quase um quinto dos 149 conteúdos desse tipo analisados por plataformas de checagem de todo o mundo no período. Entre os desmentidos estão alegações de fraude para inflar os números divulgados e comparativos equivocados de estatísticas da Covid-19 com outra fonte oficial.

O segundo lugar no ranking global de contestação às estatísticas ficou com os Estados Unidos. Por lá, foram produzidas 24 verificações ligadas ao assunto. As informações falsas sobre os números do novo coronavírus circularam em 39 outros países, mas em nenhum deles a marca de sete conteúdos desmentidos foi ultrapassada.

Ou seja, Brasil e Estados Unidos lideram com muita folga − um indicativo de que esse foi um tema preferencial na desinformação nesses dois lugares, que ocupam o segundo e primeiro lugares na lista de casos confirmados no mundo, respectivamente, de acordo com painel de monitoramento da Universidade Johns Hopkins. (Saiba +)

Agência Lupa e o combate à desinformação

A agência Lupa estreou coluna na Folha de S.Paulo sobre a desinformação a respeito da Covid-19 no Brasil e no mundo. As análises que apresenta são resultado da associação encabeçada por IFCN e LatamChequea, com material traduzido para português pela agência.

Com isso, é possível criar conhecimento sobre as estratégias de desinformação a respeito da pandemia, comparando as fake news sobre a doença em outros países e aqui: quais são os temas mais comuns? Por que certas teorias conspiratórias “pegam aqui” e não no exterior e vice-versa? O que há por trás de uma notícia falsa aqui e lá fora? A desinformação no Brasil compara-se à de outros países? E constata que o Brasil lidera, seguido dos Estados Unidos, uma vergonhosa lista de países que mais produzem desinformação sobre números da pandemia.

E mais…

Eduardo Tessler, titular da consultoria Midia Mundo, publicou no Meio&Mensagem artigo afirmando que a situação dos veículos de comunicação é bastante grave, mas que existem soluções. “Só o que está proibido é ficar esperando o milagre”, diz ele. Confira!

Como os poetas e suas mentes estão reagindo à pandemia? Para mostrar que a arte rompe o isolamento, o jornalismo da TV Cultura leva ao ar a série A poesia vence a pandemia, que traz entrevistas inéditas sobre o desenvolvimento do processo criativo na quarentena. As reportagens especiais podem ser vistas no Jornal da Tarde, a partir das 12h, e no Jornal da Cultura, a partir das 21h15, bem como nos canais da TV Cultura em Facebook, Twitter e YouTube.

Roberta Montagnini

A fotógrafa Roberta Montagnini, especialista em fine art, está lançando na internet conteúdo e vídeos gratuitos onde dá dicas da profissão na pandemia: “A maioria dos vídeos é em inglês, para atingir um público de várias nacionalidades e também pelo fato de eu viver fora do Brasil e trabalhar na maior parte das vezes com pessoas que não falam português. Contudo, estou agora gravando também em português e já tenho recebido muitos feedbacks positivos sobre a iniciativa”.

Os vídeos abordam desde a parte técnica de edição de imagens até a questão mais focada nos negócios: “No meu canal do YouTube pretendo ajudar as pessoas não apenas a se aperfeiçoarem na arte, como também a se tornarem empreendedores e entender de fotografia na parte de negócios. Então, abordo desde como fazer a fotografia ser algo rentável, tabela de preços, os primeiros passos de como começar nessa carreira, funções da câmera e como escolher as configurações certas de acordo com o ambiente”.

Em conjunto com outras fotógrafas, Roberta tem feito parte do desafio Pass the camera, que divulga o trabalho e o perfil nas redes sociais de cada uma delas: “O objetivo é criar oportunidades em meio à pandemia para que as pessoas conheçam o trabalho de cada uma dessas profissionais, e sigam partilhando o vídeo de divulgação, o que neste momento é mais importante do que nunca”.

As aulas online podem ser acessadas no YouTube e o desafio, no Facebook.

Em entrevista ao Meio&Mensagem, Antonio Guerrero, vice-presidente de Jornalismo da Record TV, disse que há “uma narrativa dominante de um alarmismo absurdo” na imprensa em relação à cobertura da pandemia. “Levar informação de qualidade, com credibilidade e sem alarmismo. Isso é o que define, pra mim, a cobertura da Record nessa pandemia”, destacou o executivo. (Veja+)

Na comunicação corporativa

Dasa lança guia sobre cobertura da Covid para jornalistas

A bowler, que atua como consultoria e agência de marketing e comunicação da Dasa desde 2018, lança um guia informativo para apoiar o trabalho da imprensa na cobertura do novo coronavírus. O foco são jornalistas não especializados em saúde, mas que precisam produzir notícias com fontes confiáveis. Natalia Cuminale, profissional especializada na área, ajudou a elaborar o conteúdo. O download do material pode ser feito no site da Dasa.

“Muitas redações tiveram que deslocar seus repórteres de outras coberturas para escrever sobre temas complexos”, explica Natalia. “O papel dos jornalistas nesse processo de tradução da informação é fundamental para que a população esteja bem informada. O jornalismo em tempos de pandemia é a conexão da sociedade com a medicina”.

Mais informações com Cristiane Pinho, Juliana Annunciato ou Camila Sampaio (e-mails formados por [email protected]).

E mais…

Cristina Panella publicou artigo em que afirma que esta é a hora de ouvir como os stakeholders reavaliam sua relação com as empresas no novo normal. “A análise da reputação das empresas é componente fundamental às estratégias de comunicação, marketing e desenvolvimento humano”, diz ela. “Sempre com os mesmos objetivos: o fortalecimento da marca e da imagem que, cumulativamente, sustentam a reputação. É nessa época de pandemia que se torna importante colher a percepção de cada um dos stakeholders, o que garantirá o diagnóstico aprofundado de cada público, adotando uma visão transversal para compreender a imagem da empresa ou instituição consolidada a partir da nova situação social. A análise desses dados trará o insumo para o planejamento dos próximos meses”. Confira a íntegra!

Internacional

Desinformação contribui para aumentar mortes

Um grupo global de médicos assina uma campanha da Avaaz que alerta sobre os perigos das fake news para a pandemia de Covid-19. Segundo o texto, a desinformação contribui diretamente para o aumento no número de óbitos por coronavírus. O grupo apresentou evidências a parlamentares britânicos de como as notícias falsas sobre a doença afetam os infectados.

A campanha tem a assinatura de cerca de dois mil profissionais de saúde, que pedem aos veículos de mídia que “corrijam o registro de informações erradas sobre saúde (…), alertando e notificando todas as pessoas que viram ou interagiram com informações errôneas em suas plataformas e compartilhando correção bem projetada e verificada de fato de forma independente”.

Meenakshi Bewtra, professora assistente de medicina e epidemiologia da Universidade da Pensilvânia, declarou que as fake news sobre o coronavírus causam um aumento em “práticas imprecisas e perigosas, bem como uma reação contra a ciência válida e os cientistas que defendem os fatos”.

Segundo Duncan Maru, epidemiologista e médico do Instituto Arnhold de Saúde Global, alguns governos demoraram a agir de forma eficaz pois acreditaram em notícias falsas e/ou não comprovadas. Ele destaca também o aumento no uso de “remédios caseiros”, cuja eficácia não é comprovada, e que foram disseminados justamente por causa das fake news: “Como resultado, vi pacientes tarde demais para os cuidados de que precisam para sobreviver”. (Com informações da ANJ)

Outras iniciativas

A Fenaj enviou a inscrição de 30 trabalhos brasileiros para concorrer ao concurso Espírito Indomável, promovido pela Associação Chinesa de Jornalistas, que premiará fotos e microvídeos sobre ações positivas relacionadas à pandemia provocada pelo novo coronavírus. Ao todo, serão escolhidos dez vencedores, que receberão certificados e serão convidados para uma viagem à China.

O Senai Empresa oferece consultoria gratuita para auxiliar microempreendedores individuais, micro e pequenas empresas com estratégias de posicionamento digital para minimizar os impactos da pandemia, ajudando marcas e produtos a não perderem espaço no mercado. A consultoria, de quatro horas, é totalmente online, com dois atendimentos, um em marketing digital e outro em comunicação visual. O projeto integra as ações do programa Sebrae Orienta, um pacote antiefeitos do novo coronavírus. Interessados devem fazer inscrição neste link.

O vírus versus nós

Estamos reproduzindo charges sobre a Covid-19 publicadas na exposição O vírus versus nós, em cartaz no site da Associação dos Cartunistas do Brasil. A desta semana é do francês Pierre Ballouhey, que tem publicado seus trabalhos em diversos veículos de seu país, além de The Guardian e The New Yorker. É também presidente da France Cartoons.

“Estou confinado lá dentro. Acho que tenho o direito de fazer um pouco de decoração, né?”

Polícia faz busca em casa de jornalista, mas não sabe o que procurar

Ronaldo Brasiliense mostra sua casa revirada por policiais. Crédito: Ronaldo Brasiliense / Reprodução

Ronaldo Brasiliense, repórter com 43 anos de carreira, um dos mais premiados da Região Norte segundo o Ranking dos +Premiados da Imprensa Brasileira, fez nesta quarta-feira (17/6), um relato público da visita insólita que recebeu da polícia em sua casa em Óbidos, no Pará.

Segundo ele, delegado, escrivão e dois investigadores estavam munidos de um mandado de busca e apreensão expedido pelo juiz Heyder Tavares da Silva Ferreira, titular da primeira Vara de Inquéritos Policiais e Medidas Cautelares de Belém.

O inusitado é que o documento não especificava o que deveria ser buscado e apreendido; registrava apenas: “Descoberta a coisa que se procura, será imediatamente apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes, devendo os executores, finda a diligência, lavrar auto circunstanciado, assinando com duas testemunhas presenciais”.

Ronaldo conta que indagou ao delegado que coisa seria essa e que ele não soube dizer. Mas os policiais passaram a revirar o único quarto da casa em busca da “coisa” que o juiz Heyder Tavares queria. Lúcio Flávio Pinto reproduziu em seu blog o relato de Ronaldo. Confira!

Órgãos do governo Bolsonaro escondem informações públicas

A repórter Marcella Fernandes, do site HuffPost Brasil, fez um levantamento de todos os dados públicos retirados do ar pelos órgãos do governo Bolsonaro, que envolvem temas como segurança, direitos humanos, gastos do presidente e outros setores de saúde, além do número de mortos por coronavírus.

“A Lei de Acesso à Informação (LAI), criada em 2011 com o objetivo de promover transparência nas ações envolvendo o poder público, também tem sido aplicada de maneira deturpada. O Executivo tem ampliado o entendimento sobre quais informações devem ser sigilosas. Por duas vezes, desde o início do governo Bolsonaro, também tentou alterar a legislação por medida provisória”, destaca Marcella na reportagem.

Esta destaca, entre outras, a ocultação do número acumulado de óbitos e de casos confirmados de Covid-19 no Portal da Transparência em 5 de junho. Vale destacar que o site, que também cede informações sobre orçamento público, gastos com cartões corporativos e imóveis funcionais, recursos de emendas parlamentares, programas do governo, além de permitir o acesso a licitações e contratos feitos por órgãos públicos, apresentou instabilidade e chegou até a sair do ar.

Marcella lembra que informações relevantes sobre a questão racial no País também foram ocultadas. Ela destaca a pesquisa Vigitel Brasil 2018 População Negra: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico, que foi tirada do ar.

Leia a reportagem na íntegra.

Pesquisa da Fenaj mostra como a pandemia afeta os jornalistas

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) divulgou nesta quinta-feira (18/6) os resultados de uma pesquisa sobre os impactos da pandemia de coronavírus nos profissionais de imprensa nas redações, com ou sem vínculo formal de trabalho. Cerca de 55% dos entrevistados declararam aumento de pressão acúmulo de tarefas, sobrecarga de horário e cobrança por resultados ocasionados pela pandemia.

Norian Segatto, do Departamento de Saúde da Fenaj, explicou que esse aumento de pressão está relacionado às reduções de salário e demissões, que atingiram boa parte das redações. Segundo os dados, houve redução salarial em cerca de 30% dos veículos, e demissões em 20% deles. Segatto disse que isso causa “sobrecarga para quem ficou, com consequente aumento da cobrança e pressão sobre os/as jornalistas”.

A pesquisa, que ouviu 457 profissionais de todo o País, indicou também uma contradição no que se refere à segurança dos profissionais: aproximadamente 79% dos participantes responderam que as empresas têm garantido condições de saúde e segurança para o exercício da profissão, mas apenas 17,5% consideram satisfatória a quantidade de equipamentos de proteção individual fornecida. Além disso, quase 48% dos entrevistados acreditam que as empresas poderiam melhorar as condições de trabalho durante a pandemia.

A presidenta da Fenaj Maria José Braga declarou que “a pandemia agravou a situação que já era grave e, principalmente, em relação às condições de trabalho e salário, porque pode não ser maioria, mas é indicativo o contingente de profissionais que teve o salário reduzido, que é gravíssimo para qualquer trabalhador e ainda mais para um trabalhador que não tem um alto salário, como é o caso do jornalista. Ao contrário do que a maioria pensa, a categoria é mal-remunerada e, em um salário já baixo, ter 25% de corte é muitíssimo grave”.

Com informações do Sindicato dos Jornalistas de SP.

Em cerimônia online, Cristina Tavares anuncia vencedores

Foram conhecidos na noite dessa terça-feira (16/6) os vencedores da 25ª edição do Prêmio Cristina Tavares. O concurso, destinado à imprensa pernambucana, é promovido pelo Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco. Pela primeira vez a cerimônia de premiação aconteceu de forma online, em cumprimento às orientações de isolamento por causa do coronavírus.

Confira a relação dos trabalhos premiados:

  • Criação Gráfica: Eduardo Mafra, do Jornal do Commercio, com Copa América
  • Fotojornalismo: Bruno Campos, do Jornal do Commercio, com Desgovernado
  • Ilustração: Thiago Lucas, do Jornal do Commercio, com Carnaval já está entre nós
  • Internet: Inácio França, do Marco Zero, com Suape pelo avesso
  • Radiojornalismo: Anderson Souza, da CBN Recife, com Mobilidade 4.0
  • Texto Reportagem: Sílvia Bessa, do Diário de Pernambuco, com Consumo de álcool cresce entre os jovens
  • Texto Série Especial: Raissa Ebrahim, do Leia Já, com Óleo no Nordeste
  • Videojornalismo: Bianka Carvalho, Augusto Cezar e Wagner Sarmento, da Globo Nordeste, com O recomeço dos venezuelanos
  • Jornalismo Cultural: Marilia Parente, do Leia Já, com A poesia e a consciência negra de Solano Trindade

Nas categorias estudantis, os premiados foram Leandro Santana (Fotografia), Camila Souza (Texto – Reportagem), Suzana Borba e Amaro Freitas (Videojornalismo) e Victor Dos Santos (Jornalismo Cultural).

Mariana Godoy deixa a Rede TV e pode assinar com a Band

A apresentadora Mariana Godoy pediu demissão da Rede TV nessa terça-feira (16/6), após cinco anos de casa. Ela apresentava o programa Mariana Godoy Entrevista e dividia a bancada do Rede TV News com Boris Casoy e Mauro Tagliaferri. A informação é de Flávio Ricco (R7).

A Rede TV confirmou a saída de Mariana e informou que uma substituta será anunciada em breve. Segundo o colunista do R7, Mariana está próxima de assinar contrato com o Grupo Bandeirantes, para apresentar o programa matinal Aqui na Band, ao lado Luís Ernesto Lacombe. A Band ainda não confirmou a informação.

Editores adjuntos de jornal russo acusam Kremlin de interferência e pedem demissão

A equipe de editores-adjuntos do jornal Vedomosti, um dos principais da Rússia, pediu demissão nessa segunda-feira (15/6) em protesto ao anúncio de Andrei Chmarov como novo editor-chefe, que até então ocupava o cargo interinamente. Ele já havia provocado uma série de polêmicas com atitudes favoráveis ao governo de Vladimir Putin. Os jornalistas que pediram demissão acusaram o Kremlin de interferir na linha editorial do jornal.

Deixaram a publicação os editores adjuntos Boris Safronov, Philip Sterkin, Kirill Kharatian, Dmitri Simakov e Alexander Gubski. O Vedomosti (notícias, em russo) foi criado por um grupo que editava o hoje apenas digital The Moscow Times, em parceria com o jornal britânico Financial Times e o americano Wall Street Journal. É uma publicação de viés liberal, que aborda temas como economia, negócios e política.

Twitter vira campo minado para celebridades e jornalistas

J.K.Rowling

Por Luciana Gurgel, especial para o J&Cia

Luciana Gurgel

Antes de as plataformas digitais nascerem, opiniões polêmicas já causavam danos pessoais a celebridades e constrangiam organizações cujos profissionais se expressavam sem alinhamento ao pensamento da companhia. Mas o advento das mídias sociais alçou tal risco à estratosfera, porque os efeitos negativos podem agora rapidamente ganhar dimensão planetária.

O pesadelo da autora britânica J.K. Rowling é emblemático. Um comentário feito pela criadora da série Harry Potter no Twitter há duas semanas desencadeou uma volumosa onda negativa. E fez refletir sobre cuidados que pessoas públicas precisam ter ao se posicionarem sobre questões sensíveis.

Rowling ironizou a forma como uma ONG dedicada a prevenir o suicídio na comunidade de transgêneros referiu-se a pessoas que nasceram com sexo feminino − chamando-as de “pessoas que menstruam“, em vez de mulheres. A reprimenda veio de Daniel Radcliffe, que encarnou Potter nas telas. Ele defendeu os direitos dos que declaram pertencer a um determinado sexo independentemente de como nasceram, ganhando adesão de atores, personalidades e ativistas.

Sob a ótica da gestão de crises, a reação de J.K.Rowling foi desastrosa. Um pedido de desculpas talvez estancasse a sangria. Mas justificativas frágeis e a arriscada ideia de buscar empatia revelando-se vítima de violência doméstica pelo ex-marido fez tudo piorar.

Na semana passada a reservada escritora teve sua intimidade exposta nas capas dos principais jornais britânicos. E não parou de ser enxovalhada nas redes.

A história tirou do ostracismo o ex-marido da autora, de nacionalidade portuguesa. E valeu ao tabloide The Sun reprovações pela capa da última sexta-feira (12/6). Entrevistado pelo jornal, o moço confirmou a agressão e sustentou que não se arrependia, para desespero de entidades que classificaram a manchete como apologia à violência familiar.

Jornalistas tuiteiros na berlinda − O episódio pode causar prejuízos à carreira de Rowling, pelo risco de boicote aos livros e a projetos futuros. Mas os efeitos são restritos a ela, que não deve ficar pobre se perder alguns contratos. Menos rica, talvez.

As coisas se complicam, porém, quando uma postagem afeta a corporação a que o autor pertence. E se agravam quando a corporação é uma empresa jornalística, dedicada a entregar informação isenta. Ou alinhada a uma posição ideológica que faz parte de sua história. Ou exclusiva.

A atividade dos jornalistas políticos britânicos nas redes sociais, sobretudo no Twitter, é intensa. De vez em quando há uma saia-justa. Nos bastidores o questionamento sobre a prática vem ganhando corpo.

A BBC é o alvo principal, por ser pública. Multiplicam-se os casos de profissionais da emissora criticados por postagens em suas contas.

Dois renomados jornalistas que exerceram cargos executivos − Lionel Barber, que dirigiu a redação do Financial Times, e Will Lewis, ex-chefe da Dow Jones e Wall Street Journal − expressaram nos últimos dias preocupação com o problema durante uma conferência digital promovida pelo think-tank Centre of Study for Financial Innovation.

Barber acha que jornalistas devem ser mais cuidadosos no uso das mídias sociais, pois seus canais têm sido tratados como plataformas individuais, exibindo comentários e não notícias. Para ele, para evitar interpretações equivocadas, não é suficiente ressalvar que as opiniões são pessoais e não da empresa.

Já Lewis deplorou a postagem de matérias antes de chegarem aos leitores, observando que os que pagam pela notícia deveriam ser os primeiros a recebê-la. Ele foi duro, instando os jornalistas a cessarem com a prática, que vê como “imprópria”.

É um movimento que caminha na direção de criar regras para o uso de mídias sociais. Mas esbarra numa pedrinha chamada liberdade de expressão. Se encontrar um equilíbrio, o padrão estabelecido por organizações de mídia britânica que estão debruçadas sobre o tema pode inspirar outros grupos a seguirem o modelo.

Sleeping Giants Brasil alerta Folha e Gazeta do Povo sobre anúncios em páginas que disseminam fake news

O perfil Sleeping Giants Brasil, que vem alertando empresas sobre a exibição de seus anúncios em páginas que disseminam fake news, a partir da contratação de mídia programática, divulgou nessa segunda-feira (15/6) uma relação de marcas que ainda não haviam feito o bloqueio de suas publicidades nas referidas páginas.

Dentre as empresas citadas chamou a atenção o fato de os jornais Folha de S.Paulo e Gazeta do Povo terem suas imagens ligadas ao site Brasil sem medo, que tem como idealizador ativista de extrema direita Olavo de Carvalho. O site recentemente afirmou que o coronavírus não aumentou o número de mortos por causas respiratórias no Brasil e que a mídia brasileira estaria distorcendo o número das vítimas da pandemia.

Em nota encaminhada a nossa reportagem, a Folha explicou: “Todas as campanhas de marketing da Folha estão sendo direcionadas para uma lista de sites selecionados. O domínio brasilsemmedo.com não está nesta relação. Após alerta, a equipe técnica de nossa agência identificou uma falha que fez com que os anúncios de uma de nossas campanhas fossem direcionados a sites fora de nossa lista. Essa falha já foi corrigida”.

Já a Gazeta do Povo informou que, “se identificada a presença de notícias falsas intencionais ou de conteúdo criminoso, o plano de mídia será refeito e o site, bloqueado”. E completou: “A Gazeta do Povo reforça o seu compromisso com o jornalismo ético e com a apuração criteriosa, mas também ressalta sua defesa da liberdade de expressão. A empresa não apoia o boicote a veículos pelo fato de eles exporem opiniões divergentes às suas ou às de quem fez o alerta. O jornal acredita que a pluralidade de ideias e o respeito a visões divergentes são fundamentais para a democracia e o fortalecimento da sociedade”.

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