Um homem invadiu a sede da TV Globo nesta quarta-feira (10/6) e manteve a repórter Marina Araújo como refém. Ele estava armado com um facão. Os funcionários da emissora ficaram isolados no andar do programa GloboNews. A informação é do portal Metrópoles.
O homem segurou Marina e apontou a faca para o pescoço dela, enquanto beijava a cabeça da repórter. A polícia foi acionada e tentou negociar com o suspeito.
Segundo a fonte ouvida pelo Metrópoles, o homem gritava “globo lixo” e procurava a apresentadora do Jornal NacionalRenata Vasconcellos, com quem queria conversar. Vale lembrar que hoje (10/6) é aniversário dela.
Ao tomar conhecimento do episódio, Renata apareceu e o homem soltou a arma. Ele foi preso e a situação foi controlada.
Em nota, a Globo escreveu que “repudia com veemência todo tipo de violência. Foi obra de alguém com distúrbios mentais, sem nenhuma conotação política. Um homem que exigia ver a jornalista Renata Vasconcellos. Seguindo instruções do comandante Heitor, Renata compareceu ao local onde estavam Marina e o invasor. Tão logo ele a viu, largou a faca e libertou Marina. Foi preso imediatamente. A TV Globo agradece à PM, ao coronel Heitor e a todos os policiais, cuja condução foi exemplar. Marina se comportou com coragem, serenidade e firmeza, sendo fundamental para o desfecho da situação. Renata foi corajosa, desprendida, solidária e absolutamente imprescindível para que tudo acabasse bem. As duas profissionais estão bem. E foram recebidas pelos colegas com carinho e emoção”.
Um grupo global de médicos assina uma campanha da Avaaz que alerta sobre os perigos das fake news para a pandemia de Covid-19. Segundo o texto, a desinformação contribui diretamente para o aumento no número de óbitos por coronavírus. O grupo apresentou evidências a parlamentares britânicos de como as notícias falsas sobre a doença afetam os infectados.
A campanha tem a assinatura de cerca de dois mil profissionais de saúde, que pedem aos veículos de mídia que “corrijam o registro de informações erradas sobre saúde (…), alertando e notificando todas as pessoas que viram ou interagiram com informações errôneas em suas plataformas e compartilhando correção bem projetada e verificada de fato de forma independente”.
Meenakshi Bewtra, professora assistente de medicina e epidemiologia da Universidade da Pensilvânia, declarou que as fake news sobre o coronavírus causam um aumento em “práticas imprecisas e perigosas, bem como uma reação contra a ciência válida e os cientistas que defendem os fatos”.
Segundo Duncan Maru, epidemiologista e médico do Instituto Arnhold de Saúde Global, alguns governos demoraram a agir de forma eficaz pois acreditaram em notícias falsas e/ou não comprovadas. Ele destaca também o aumento no uso de “remédios caseiros”, cuja eficácia não é comprovada, e que foram disseminados justamente por causa das fake news: “Como resultado, vi pacientes tarde demais para os cuidados de que precisam para sobreviver”.
Um ano atrás o Intercept Brasil dava início à Operação Vaza Jato, com a revelação de mensagens no aplicativo Telegram trocadas entre o até então juiz Sérgio Moro e procuradores do Ministério Público Federal, que mostravam violações da lei pela Operação Lava Jato.
Em texto publicado nessa terça-feira (9/6), Leandro Demori, editor executivo do TIB, contou os bastidores da operação, desde quando recebeu uma ligação de Gleen Greenwald, que o informou sobre a gravidade das informações que havia recebido. Também no texto, Demori falou sobre as consequências das denúncias.
“A Vaza Jato faz um ano hoje. Foram quase 100 reportagens publicadas – um dos casos jornalísticos mais extensos da história, e isso não é exagero. Parte dos nossos leitores nos pergunta com alguma frequência quais foram os efeitos da série de reportagens. É uma pergunta legítima. Afinal de contas, jornalismo só serve para alguma coisa se tem impacto real na sociedade. Mas, fora a visível e naturalmente midiática soltura do ex-presidente Lula, quais foram os impactos da Vaza Jato?”, questionou.
Os riscos à saúde pública advindos das fake news relacionadas à pandemia têm elevado as pressões sobre as redes sociais, acusadas de não as coibir com a severidade necessária. Na semana passada, representantes das principais plataformas foram chamadas ao Parlamento britânico para responder sobre suas providências, em uma audiência do comitê que investiga desinformação e conteúdo perigoso.
Mas até a mídia tradicional tem sido questionada no Reino Unido por suas práticas, sobretudo ao abordar uma das mais populares notícias falsas sobre a Covid-19 a circular pelo país: a de que a radiação emitida pelas torres de telefonia 5G reduziria a imunidade e aceleraria o contágio. O boato cresceu a ponto de levar à destruição de mais de 50 torres por vândalos.
Um dos episódios mais emblemáticos a esse respeito envolveu a London Live. Ela foi alvo de um processo no órgão regulador das TVs, o Ofcom, em consequência de uma polêmica entrevista com David Icke, célebre criador de teorias conspiratórias que virou um dos principais porta-vozes dos ataques à 5G.
A emissora faz parte do grupo que é dono do popular jornal Evening Standard e também do Independent. No dia 8 de abril, dedicou 80 minutos no programa London Real a uma conversa com Icke, comunicador hábil que já foi jornalista esportivo da BBC, dando a ele um palanque para discorrer sobre os supostos riscos da 5G.
Duas semanas depois o Ofcom anunciou sanção ao canal com base no Broadcasting Code, documento que normatiza a atuação das emissoras. Mas esta semana publicou o veredito final. Decidiu não aplicar multa, já que a London Live desculpou-se e veiculou com destaque um sumário do relatório do órgão.
Mesmo sem punição grave, o caso coloca em pauta um tema complexo: é legítimo abrir espaço para um entrevistado dar a sua opinião, mesmo sabendo-se que é inconsistente? Ou cabe ao veículo − sobretudo no caso do coronavírus − filtrar os convidados e não colocar no ar pessoas que expressem visões desprovidas de comprovação científica que possam levar o público a atos de risco?
O entendimento do Ofcom exposto no relatório foi de que o canal tinha o direito de exibir uma visão controversa, sob a ótica da liberdade de expressão. Mas pecou ao não contextualizar nem confrontar o entrevistado o suficiente durante a conversa.
Como não há evidências científicas de que a telefonia 5G tenha relação com o coronavírus, teria sido fácil dar ao público um contraponto, em vez de deixar o entrevistado falar livremente sem muita contestação.
A história da 5G também valeu reprimenda à ITV. O Ofcom julgou “ambíguo” o comentário de um apresentador do programa This Morning, capaz de levar o público a conclusões equivocadas. Sobrou ainda para um canal religioso, o Loveworld, punido por abordar a questão de forma considerada inadequada.
É interessante lembrar que o Ofcom também regula a telefonia no país. Por isso, está mais atento ao que se refere à 5G. E os ataques às torres tornaram essa teoria perigosa não apenas para a saúde. Técnicos foram agredidos por manifestantes. E há os danos materiais.
Redes sociais sem controle − Ainda que as decisões do Ofcom tenham repercutido fortemente nos meios jornalísticos, não há comparação entre os pecados da mídia tradicional e a montanha de loucuras encontradas nas redes sociais.
Durante a audiência da semana passada, a respeitada parlamentar Yvette Cooper questionou duramente a representante do YouTube. Ela usou como exemplo justamente o conteúdo sobre David Icke e suas teorias, ainda disponível na plataforma, embora o canal dele tenha sido removido.
Paradoxos assim, em que emissoras são repreendidas enquanto nas redes sociais fake news continuam no ar, fortalecem os argumentos dos que defendem no Reino Unido controles sobre as plataformas digitais semelhantes aos que valem para a mídia tradicional. Não se sabe ainda como vai ser, mas não deve errar quem aposta em algum tipo de controle vindo por aí.
Ação colaborativa de combate à desinformação e a conteúdos enganosos na internet passa a contar com veículos de todas as regiões do Brasil
Começa nesta quarta-feira (10/6) a terceira fase das operações de combate à desinformação e a conteúdos enganosos na internet do Projeto Comprova. A nova etapa tem início após um expediente especial de 75 dias dedicado exclusivamente à verificação de conteúdos suspeitos sobre o novo coronavírus e a Covid-19.
A coalizão, coordenada pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), conta com os apoios do Facebook e da Google News Initiative. A principal novidade desta edição é a ampliação no número de organizações de mídia que participam do projeto. Com as chegadas de Gazeta do Sul (RS), Correio do Estado (MS), Correio de Carajás (PA), Diário do Nordeste (CE), Estado de Minas (MG) e O Popular (GO), a iniciativa passa a contar com representantes em todas as regiões do Brasil. Eles se juntam a A Gazeta, AFP, BandNews, Band TV, Band.com.br, Canal Futura, Correio (Bahia), Correio do Povo, Exame, Folha de S.Paulo, GaúchaZH, Jornal do Commercio, Metro Brasil, Nexo Jornal, NSC Comunicação, O Estado de S. Paulo, O Povo, Poder360, Rádio BandNews FM, Rádio Bandeirantes, revista piauí, SBT e UOL.
Marcelo Träsel, presidente da Abraji
“O ingresso de novos integrantes no Comprova reforça o espírito colaborativo do projeto, um esforço de cooperação entre redações inédito na história do jornalismo brasileiro”, destaca Marcelo Träsel, presidente da Abraji. “No atual contexto de guerrilha política baseada em desinformação e retrocessos na transparência, é fundamental contar com parceiros em todo o Brasil para verificar conteúdo sobre políticas públicas e eleições municipais”.
Nesta terceira fase, o Comprova vai retomar o monitoramento e a verificação de conteúdos suspeitos sobre políticas públicas do governo federal e eleições municipais, além de continuar investigando boatos sobre a pandemia da Covid-19. As equipes checarão textos, imagens e áudios compartilhados nas diversas plataformas de redes sociais e em aplicativos de mensagens seguindo metodologias desenvolvidas pela First Draft, organização internacional que pesquisa desinformação e oferece treinamento para jornalistas que atuam no combate ao fenômeno.
Claire Wardle, diretora e cofundadora da First Draft
“Estamos muito entusiasmados ao ver a continuidade do Comprova”, comemora Claire Wardle, diretora e cofundadora da First Draft. “Houve muitas iniciativas colaborativas de verificação de informações falsas relacionadas a eleições, mas o Comprova foi o primeiro a mostrar que as informações enganosas online não cessam com o fechamento das urnas e que projetos mais perenes são necessários. O Comprova confirma também por que os jornalistas, neste momento da história, precisam fazer o máximo possível para ajudar o público a navegar no poluído ambiente da informação”.
O material produzido poderá ser republicado também por organizações que não façam parte da coalizão, já que os conteúdos têm licença Creative Commons, ou seja, podem ser republicados por qualquer veículo interessado, desde que haja atribuição ao Comprova e o conteúdo não seja alterado.
O objetivo é engajar cidadãos no combate à desinformação e limitar a circulação de boatos infundados sobre políticas públicas e de teor eleitoral em redes sociais e aplicativos de mensagens. A coalizão do Comprova verifica conteúdos suspeitos que se tornaram virais ou que tenham grande potencial de disseminar informações enganosas ou falsas. O público pode denunciar conteúdos suspeitos ou falsos relacionados aos temas que estão no escopo do projeto e sugerir verificações por meio de um número de WhatsApp (11-977-950-022) ou por um formulário disponível no projetocomprova.com.br.
Evento celebrou o Dia da Liberdade de Imprensa no Brasil e contou com a presença de jornalistas perseguidos por denunciar ilegalidades dos regimes chinês, venezuelano e turco
Por Deco Bancillon
O Senado Federal convidou jornalistas estrangeiros, perseguidos e exilados por ditaduras para debater os riscos de ameaça à democracia quando um país não possui uma imprensa livre. O evento, que celebrou o Dia da Liberdade de Imprensa no Brasil, ocorre em um momento em que veículos de imprensa têm sofrido ataques constantes por parte de grupos da sociedade que pedem a volta de regimes totalitários no país. O evento foi organizado pelo Interlegis, do Senado, e teve a mediação do editor de Política do Metrópoles, Guilherme Waltenberg.
Can Dündar, um jornalista que precisou se exilar na Alemanha após denunciar planos do governo turco para armar milícias na Síria, classificou a volta de regimes antidemocráticos como “uma doença que se alastra pelo mundo”. Ele avalia que a luta pela democracia, pelo estado democrático de direito e pelo respeito aos direitos individuais são bandeiras deveriam unir a todos que desejam um país livre. “Fui punido por revelar segredos de Estado. O público tinha o direito de saber o que o governo turco fazia e eu reportei, e por isso fui preso imediatamente”, relembra.
Assim como Dündar, o jornalista chinês Chang Ping também se exilou na Alemanha. Escritor premiado com o Human Rights Press Awards, de Hong Kong (2014), e com o International Press Freedom Award, do Canada (2016), ele relatou como enfrentou censura e ataques dirigidos a ele, familiares e outros dissidentes políticos após publicar notícias que desagradavam o regime comunista chinês. “A censura usada pelo governo da China é sistêmica e vai além das restrições que vemos. Isso vale para todos os aspectos da vida diária do país. Até uma criança no jardim da infância sabe que não tem o direito de se opor ao partido. Eles dizem que a censura faz com que o país seja mais forte, pintam a censura como algo bom para o povo”, comenta.
Chang Ping: “A censura usada pelo governo da China é sistêmica e vai além das restrições que vemos”
Controle
O advogado e ativista pró-democracia Wilson Leung relatou que a situação da imprensa de Hong Kong – território autônomo chinês – não é muito diferente do que om colega chinês vivenciou na parte continental do país. Leung mencionou o controle do governo sobre o que é veiculado na mídia, que tem sido sistematicamente comprada por empresários aliados e pelo próprio governo. “No momento, Hong Kong tem um único jornal de oposição, que sofre para se manter ativo, pois não consegue adquirir patrocínio de grandes companhias, pressionadas a não apoiarem veículos críticos ao governo. Seu dono já foi preso e teve a casa atacada diversas vezes.”
Wilson Leung: “No momento, Hong Kong tem um único jornal de oposição, que sofre para se manter ativo. Seu dono já foi preso e teve a casa atacada diversas vezes”
O advogado também mencionou a restrição ao acesso e entrada de jornalistas e o severo tratamento aos que trabalham em Hong Kong, com ataques físicos, sequestros e censura às pessoas que se posicionam com informações desfavoráveis ao governo usando a violência policial. “A China usa todas as ferramentas que tem para suprimir o que as pessoas de fora podem dizer. O mundo precisa acordar para esse fato e criar uma estratégia para lidar com isso.”
De acordo com Leung, o governo chinês tem lei de segurança que vai contra os direitos humanos, agindo contra a imprensa dentro e fora do território nacional e boicotando manifestações de oposição. Quem participa de uma manifestação assim perde o emprego, entre outras sanções.
América do Sul
O segundo painel do webinar reuniu três jornalistas da América do Sul: dois da Venezuela e um argentino. Luz Mely Reyes, co-fundadora do jornal independente venezuelano Efecto Cocuyo, contou o dia-a-dia dos repórteres que continuam no país. “Apesar da fome, da falta de combustível para trabalhar e dos blackouts de energia, nós persistimos, insistimos e resistimos porque a vacina contra esses ataques é um jornalismo cada vez maior e melhor.”
Luz Mely contou casos de jornalistas apresentados à justiça como criminosos comuns. O efeito colateral mais danoso da guerra entre governo e mídia, para ela, é o comprometimento da verdade e do direito de ser informado. Ela explicou como o discurso contra os jornalistas começou no início do governo de Hugo Chávez, que já qualificava a imprensa como sua inimiga e inimiga do projeto que ele defendia
“Quando existe uma polarização política, a primeira vítima é a informação. O que importa não é o fato, mas a versão que se conta dele. Tudo se resume em “estar comigo ou estar contra mim”.
Modelo
A venezuelana lamentou que a tentativa de exterminar a imprensa como quarto poder esteja disseminada em outros países latino americanos. “Infelizmente, não é um problema isolado da Venezuela. É praticamente um modelo que se repete no México, Nicarágua, Honduras e Brasil – países em que os jornalistas estão sob ataque. Hoje nós estamos assistindo como governos que se dizem democráticos perseguem e aprisionam jornalistas, bloqueiam os sinais digitais e fazem com que crimes sigam impunes.”
Conterrâneo de Luz Mely, o jornalista venezuelano Ewald Scharfenberg, coeditor do site de jornalismo investigativo Armando.info, trouxe reflexões sobre a polarização política historicamente vivida na Venezuela. Ele ponderou sobre o regime vivido no país hoje e sua relação com as notícias falsas. Ewald lembrou o valor primordial do jornalismo: o de levar informação verdadeira e objetiva para a sociedade.
“Temos de trabalhar de modo colaborativo mesmo diante de um cenário polarizado politicamente. O nosso regime veio difundir a história que foi documentada, que está fundamentada em fatos e que iguala todas as menções que estão circulando nos meios de comunicação”, avaliou, citando a filósofa alemã Hannah Arendt: “Liberdade de opinião é uma farsa quando não se aceitam os fatos”.
Desafios
O argentino Jorge Lanata, fundador do Página 12, jornal que foi alvo de atentados a bomba antes da venda para o Clarín, destacou os desafios da imprensa para que a democracia possa ser exercida. Segundo ele, deve haver uma luta para alinha a liberdade e a justiça, ressaltando que a imprensa e a democracia não são separadas, as duas precisam caminhar juntas para existir. O jornalista argentino também destacou a importância do jornalismo verdadeiro, o que questiona e incomoda. “O verdadeiro jornalista sempre vai incomodar, sempre vai estar em uma tensão com o poder.”
Censura
Ao abrir o evento, o senador e jornalista Lasier Martins (Podemos-RS) relembrou a censura instalada pelo regime militar no Brasil. “Felizmente, vivemos hoje no Brasil tempos democráticos, e a democracia se sustenta sobre o alicerce da liberdade de pensamento, de criação, de expressão e de informação.”
O diretor executivo do Interlegis, o cientista político Márcio Coimbra, avaliou a importância de política e liberdade de expressão andarem juntas no cenário mundial, pois representam a base fundamental da democracia. “O mundo vive um período delicado no que tange a liberdade de informar. O advento das redes sociais e o advento das noticiais falsas tem mexido de forma profunda com o jornalismo e a política. Este é um binômio do qual não podemos nos afastar, uma vez que a política e a liberdade de expressão caminham lado a lado na construção e no fortalecimento de sistemas democráticos.”
Sigilo
O mediador dos painéis sobre liberdade de imprensa foi o editor de política do site Metrópoles, Guilherme Waltenberg. Ele destacou que a democracia precisa de uma imprensa forte para sobreviver e deu exemplo da liberdade de imprensa dos Estados Unidos. “Na democracia mais próspera que se tem notícia em toda a história da humanidade, a liberdade de informar é uma das razões pelas quais aquela sociedade conseguiu se tornar o que é.”
Ele comparou a liberdade da imprensa americana com a do Brasil, onde, apesar de haver uma série de leis que garantem o livre exercício da profissão – inclusive o sigilo da fonte –, a cultura social ainda é bastante arredia à liberdade do jornalismo. “Hoje em dia, quando são publicadas matérias que não são do gosto do atual governo e dos seus apoiadores, a imprensa é chamada de ‘extrema’, como se a imprensa fosse uma força que pudesse desestabilizar governos com muita facilidade ou como se houvesse uma homogeneidade entre todos os jornais, o que não existe.”
O debate do Interlegis foi feito em parceria com o Repórteres Sem Fronteiras – RSF, Global Investigative Journalism Network – GIJN, e com apoio do Instituto Mundial para as Relações Internacionais – IR.wi.
No início do evento, a presidente do Instituto IR.wi, Carolina Valente, falou sobre a liberdade de imprensa e ressaltou que, além do Brasil, essa é uma pauta mundial. “O nosso país está vivento um momento de debates intensos por conta das fake news.”
O jornalista Diego Capela, o publicitário Guilherme Kos, o ator Totonho Lisboa e a comediante Eva Mansk são os responsáveis pelo projeto News a Live, atração virtual que junta jornalismo e piadas. O programa funciona como um telejornal, em que o âncora aciona comentaristas e repórteres para falar sobre os destaques da semana em diversas editorias, com piadas baseadas em fatos reais.
O News a Live vai ao ar toda segunda-feira, às 21h, no Instagram. A edição de 8/6 contou com a participação do comediante Nil Agra.
Diego Capela explica que “a participação dos espectadores e a espontaneidade de todos criam uma atmosfera diferente para o programa, o que torna tudo ainda mais engraçado. A única regra é ter sempre um fato real como gancho para as piadas”.
A repórter fotográfica Gabriela Biló (O Estado de S. Paulo) foi vítima de vazamento de dados pessoais na internet, conhecido como doxxing. Um perfil bolsonarista no Twitter expôs informações como números de RG e CPF, além de endereço e telefone da fotógrafa. O ataque foi semelhante ao que foi feito para atingir Vera Magalhães (TV Cultura), em fevereiro.
Além dos dados, o perfil divulgou vídeos editados que distorcem falas da repórter e que omitem o contexto e diversas ofensas dirigidas a ela. Na ocasião, Gabriela estava em frente à casa da ativista Sara Fernanda Giromini, a Sara Winter, e a edição dos vídeos dá a entender que a repórter ameaçou a ativista, o que não ocorreu.
Foi a própria repórter que divulgou no Twitter que a Polícia Federal estava na residência de Sara Winter, intimada a depor no inquérito das fake news. Desde então, Gabriela vem sofrendo ataques nas redes sociais.
Em nota, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) declarou que “se solidariza com a fotógrafa Gabriela Biló e faz um apelo às autoridades e às plataformas das redes sociais para que monitorem e punam as milícias virtuais que querem impor o ódio à nação, usando como arma a intimidação aos jornalistas − especialmente às mulheres, quase sempre enquadradas em discursos estigmatizantes e preconceituosos”.
Levantamento do Monitor de Dados Socioambientais, iniciativa do Achados e Pedidos, projeto financiado pela Fundação Ford e organizado por Abraji, Fiquem Sabendo e Transparência Brasil, aponta que metade dos 44 órgãos ligados ao governo federal que possuem dados socioambientais de interesse público não mantém o Plano de Dados Abertos atualizado. O item é obrigatório desde 2016.
As primeiras informações publicadas pelo Monitor foram construídas com base em conversas com ativistas, organizações e profissionais da imprensa que acompanham rotineiramente o assunto. “A ideia é compartilhar o que achamos do mapeamento para facilitar aos interessados e, ao mesmo tempo, chamar a atenção para a inexistência e a precariedade de informações sobre pontos críticos das questões socioambientais”, explica Marina Atoji, gerente de projetos da Transparência Brasil.
O objetivo do monitoramento, segundo ela, também é pedir a abertura de bases de dados hoje fechadas ao público e, em casos específicos, quando pedidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) forem negados, solicitar judicialmente que as informações de interesse público sejam concedidas.
Nesta primeira etapa do monitoramento, notou-se, por exemplo, que a Fundação Nacional do Índio (Funai), subordinada ao Ministério da Justiça, não disponibiliza e nunca teve um Plano de Dados Abertos. “É um descaso com informações que são preciosas”, pontua Atoji.
O Monitor de Dados Socioambientais está aberto para que jornalistas e organizações que trabalham com a temática possam comunicar o “sumiço” de alguma base de dados ou dificuldades específicas para acessar informações. Para ter acesso, basta responder ao formulário.
Lana Pinheiro é a nova editora da revista Dinheiro Rural, função que assumiu em 1º de junho. É a sua segunda passagem dela pela Editora Três, onde entre 2006 e 2008 foi repórter de economia da IstoÉ Dinheiro.
Com mais de 20 anos de experiência, Lana teve passagens por AutoData, Diário do Grande ABC e Correio Braziliense. Dedicou os últimos 12 anos à comunicação corporativa, atuando como diretora de Comunicação da agência de publicidade DM9DDB e depois, no mesmo cargo, na In Loco.