O Grupo Bandeirantes lança em 22/6 o canal AgroMais, com programação dirigida ao setor de agronegócio. Ele terá sede em Brasília e seguirá o mesmo modelo de outros canais de TV paga da emissora, como BandNews, BandSports e TerraViva. O canal será o número 576 da NET+Claro.
Marcello D’Angelo, diretor executivo do AgroMais, diz que a missão do canal é “acompanhar tudo o que importa para um dos segmentos da economia que cresce de forma sustentada ano após ano. É importante ressaltar que já nasce como plataforma digital; além da tela de TV, estamos presentes em site na internet e aplicativo para celular”. Ele também destaca a ideia de promover eventos com os principais líderes do setor no País, para colocar em evidência o próprio canal e o agronegócio como um todo.
Na equipe de apresentadores e comentaristas estão o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues; o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, o embaixador Sergio Amaral; o diretor-geral da Embrapa Territorial Evaristo de Miranda; o diretor-geral da Embrapa Gado de Leite Paulo do Carmo Martins; a coautora do novo código florestal Samanta Pineda; o especialista em energia agro e fundador da Datagro Plínio Nastari; e o consultor Silmar Müller.
Veículos formam parceria para divulgar dados sobre o coronavírus
Profissionais de G1, O Globo, Extra, Estadão, Folha e UOL formaram uma parceria para trabalhar, em conjunto, na coleta e divulgação dos números de contaminados e mortos pela Covid-19. Por causa das restrições impostas pelo Ministério da Saúde no que se refere ao acesso e divulgação dos dados sobre a pandemia, os veículos consultarão diretamente as secretarias de saúde de cada estado e do Distrito Federal.
O trabalho colaborativo será dividido entre os veículos participantes, que compartilharão entre si as informações obtidas, com o objetivo de fornecer um panorama mais próximo da realidade sobre o coronavírus. Isso inclui a evolução e o total de óbitos, além dos números consolidados de casos testados e com resultado positivo para a doença. Segundo o G1, o balanço diário será fechado às 20h.
O diretor-geral de Jornalismo da Globo Ali Kamel declarou que “a missão do jornalismo é informar. Em que pese a disputa natural entre veículos, o momento de pandemia exige um esforço para que os brasileiros tenham o número mais correto de infectados e óbitos. Face à postura do Ministério da Saúde, a união dos veículos de imprensa tem esse objetivo: dar aos brasileiros um número fiel”.
A iniciativa é uma resposta à decisão do presidente Jair Bolsonaro de atrasar a divulgação dos boletins diários do coronavírus para as 22h, com o objetivo de não serem transmitidos nos telejornais noturnos, segundo reportagem do Correio Braziliense. Vale lembrar que o portal onde o Ministério da Saúde divulgava informações sobre a pandemia não apresentava mais alguns dados relevantes, como números consolidados e o histórico da doença desde o seu começo. O site destacava apenas o número de pessoas recuperadas da Covid-19.
Após diversas críticas por especialistas e entidades de saúde, o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou que o Ministério da Saúde volte a divulgar dados acumulados do coronavírus no portal oficial. Segundo ele, o “grave risco de interrupção abrupta da coleta e divulgação” é ruim para a saúde do País, e exigiu que as autoridades tomem todas as medidas possível para o “apoio e manutenção das atividades do Sistema Único de Saúde”. O Ministério da Saúde informou que voltará a divulgar os dados totais acumulados de casos e mortos às 18h.
E mais…
O Centro Pulitzer faz chamada para propostas de projetos jornalísticos colaborativos e digitais sobre a interseção Covid-19, desmatamento e outras questões críticas na região amazônica. O projeto proposto deve prever a inclusão de comunicadores e jornalistas locais ou indígenas, quilombolas ou ribeirinhos e um plano de difusão de conteúdo, por meio de parcerias, redes sociais ou outras estratégias de mídia. Os proponentes podem ser jornalistas independentes ou de veículos de qualquer nacionalidade, mas devem estar na região amazônica. As propostas serão aceitas em português, espanhol e inglês. As bolsas variam de acordo com o projeto e as inscrições vão até 20/6 pelo formulário. (Com informações do Portal Imprensa)
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e o Amazon Rainforest Journalism Fund (Amazon RJF) promoveram em 5/6 o webinarOs desafios de cobrir a Amazônia em tempos de pandemia, que debateu questões ambientais e a cobertura da Floresta Amazônica em meio à pandemia do coronavírus.
Mediado por Katia Brembatti, diretora da Abraji, o evento teve participação de Elaíze Farias, cofundadora da agência de jornalismo independente Amazônia Real; Mara Régia, radialista e apresentadora do programa Natureza Viva, da EBC; e Camilo Jiménez Santofimio, integrante do comitê de seleção de projetos do Amazon RJF.
Entre os temas do debate, destacou-se a crítica que os participantes fizeram ao chamado “olhar colonizador e etnocêntrico” do jornalismo sobre as realidades amazônicas. Eles também apontaram alguns tópicos que auxiliariam na construção de uma cobertura de maior qualidade e fiscalização na região: humildade, empatia e trabalho colaborativo com a população local. Assista ao debate na íntegra.
A TV Globo, com 95 casos de Covid-19, segundo informação de Cristina Padiglione, no UOL, está demitindo. A emissora tem alguns milhares de funcionários; mantém boa parte em home office e divulga com frequência os cuidados com os que trabalham na rua.
A coluna Na telinha, também no UOL, diz que artistas e outros profissionais passam a trabalhar por obra certa, em vez de contrato fixo. Comenta diversas demissões de artistas, como Miguel Falabella e Vera Fischer, afirma que há jornalistas entre os demitidos, mas não traz os nomes. Divulgar esse tipo de informação, na Globo, é considerado motivo para demissão por justa causa.
No Jornalismo da Band, tanto na TV como na rádio, foram demitidos Aline Greco, entre outros repórteres, além de cinegrafistas, editores e pessoal administrativo. Não houve, porém, redução de salários para os contratados pela CLT.
Ainda na Band, o apresentador Milton Neves passou mal durante o programa esportivo Terceiro tempo, no domingo, em São Paulo. Levado ao hospital São Luiz e depois transferido para o Sírio Libanês, foi internado com arritmia cardíaca, mas não está na UTI. Neves tem 68 anos, começou a carreira na extinta TV Manchete, passou depois à Band, foi para a Record e, sete anos depois, voltou à Band, onde está até hoje. A informação é do UOL.
Flávio Ricco, no UOL, publicou a informação que a Band preparava redução de salários de artistas e jornalistas que trabalhavam como PJs, e teve a confirmação em nota oficial: “O Grupo Band está negociando todos os contratos acima de 10 mil reais, mas apenas para PJs, nos meses de abril, maio e junho”.
Na comunicação corporativa
A Aberje promove em 17/6, das 9 às 12h, o primeiro módulo do curso gratuito Master Class Series Comunication, que discutirá a renovação do conteúdo de empresas em meio à pandemia. Inscreva-se!
Na mesma quarta, às 11h, a JeffreyGroup reunirá um time de profissionais para debater online o futuro do trabalho, cultura e engajamento no cenário da Covid-19. O debate, que será conduzido por Danilo Maeda, diretor e líder de Impacto Social e Sustentabilidade da agência, contará com a participação de Fabiana Cymrot, vice-presidente de Recursos Humanos da Mastercard; Leticia Ribeiro, sócia e líder da Área Trabalhista da Trench Rossi Watanabe; e Júlio César Emmert, diretor executivo de Gente da Algar Tech. Para participar, basta inscrever-se gratuitamente neste link.
Na quinta (18/6), às 9h30, o Itaú-Unibanco realiza a quinta edição do PR³ Itaú − a primeira feita totalmente online. Com o tema Comunicação em tempos de pandemia, terá a participação de Ana Luiza Herzog, do Magazine Luiza, e Cláudia Sérvulo, da Novartis. O evento será transmitido ao vivo. Para receber o link, é preciso fazer inscrição no site.
Internacional
Estudo diz que aumentaram ansiedade e estresse de jornalistas na pandemia
A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) realizou uma pesquisa sobre condições de trabalho de jornalistas em meio à pandemia do coronavírus. Os resultados evidenciaram, entre outros itens, uma mudança significativa no fator psicológico dos jornalistas: dos 295 participantes, 177 relataram aumento da ansiedade e do estresse, o equivalente a aproximadamente 61%. Vale lembrar que cerca de 22% do total de jornalistas entrevistados são brasileiros e que aqui no Brasil a pesquisa foi aplicada pela Fenaj.
Ela também questionou temas como mudanças em questões financeiras e restrições ao exercício da profissão. Quase 60% dos entrevistados relataram reduções nos salários, e cerca de 70%, que enfrentaram impactos negativos no trabalho. Outros dados relevantes do estudo da FIJ são que 108 jornalistas foram deslocados para outras editorias; 21 foram demitidos; aproximadamente 16% relataram falta de equipamento de proteção para trabalho externo; e quase 10% disseram não ter ocorrido nenhuma mudança no trabalho durante a pandemia.
A Fenaj está fazendo uma nova pesquisa, para mapear as condições de trabalho e os casos de coronavírus entre os jornalistas do País. Participe!
Outras iniciativas
O Conselho Regional de Administração de São Paulo transmitirá nesta quinta-feira (11/6), às 18h, ao vivo, em seu canal no YouTube, o webinarA importância da Administração e da Comunicação na Era Pós-Covid, ministrado por Walter Longo, ex-presidente da Abril. Inscrições neste link.
O Movimento Sou de Algodão, que visa a estimular o consumo do algodão na indústria da moda e promover o consumo consciente, anunciou uma parceria com a TV Bandeirantes. Vai distribuir mil máscaras de proteção reutilizáveis para os repórteres da emissora de vários estados, que estão atuando na linha de frente trazendo as últimas informações sobre a Covid-19. As máscaras de algodão que serão entregues nas próximas semanas são produzidas pela Ideia Crua, empresa de confecção e estamparia ecológica especializada em produtos têxteis e parceira do Movimento.
O vírus versus nós
Estamos reproduzindo charges sobre a Covid-19 publicadas na exposição O vírus versus nós, em cartaz no site da Associação dos Cartunistas do Brasil. A desta semana é de Ronaldo Cunha Dias, gaúcho de Vacaria, premiado internacionalmente, que também é médico cirurgião.
André Ciasca concluiu sua passagem pela Seja Digital, empresa que, como previsto, encerrou suas atividades. Ali atuou desde junho de 2016 como consultor de comunicação, respondendo pelas frentes de imprensa, conteúdos estratégicos e atendimentos às 62 regionais. Antes, liderou campanhas, projetos de branding, posicionamento, reputação e conteúdo estratégico para empresas como Anhanguera Educacional e Kroton Educacional.
Com 24 anos de carreira, começou no chão de gráfica e avançou pela vida como comercial, designer, estagiário de marketing, repórter da Quatro Rodas – onde levou um Prêmio Volvo, dois prêmios Denatran e uma arvorezinha do Prêmio Abril –, escreveu para a TVA e assinou o especial 50 anos da Bossa Nova para a revista Bravo. Também foi idealizador de projetos especiais para a Editora Abril, fundador da take-a-coffee Comunicação e da Casa Aberta Desenvolvimento Cultural.
O rodízio de transmissões já está sendo feito com partidas do Campeonato Alemão, cujos direitos de transmissão pertenciam apenas à Fox Sports, mas que agora também estão sendo usados na ESPN. O mesmo vale para os jogos do Campeonato Espanhol, que retornam nesta quinta-feira (11/6), e que serão transmitidos nos dois canais esportivos da Disney.
Ele dita uma das principais mudanças que começou neste milênio. Nasceu no século passado, depois de décadas de gestação nas garagens ou nos cantos ocultos daqueles que eram estigmatizados como nerds. Veio pra mudar o tempo e o espaço.
Tirou a mecânica de catar milhos da datilografia ou seguir as teclas com os quatro dedos, com muito barulho e as mãos acionadas a cada linha feita.
Trouxe um teclado plano, quase silencioso e, com a mobilidade, deixou claro a força do polegar que carrega a digital, a voz que vira escrita e um visual que move além da realidade tridimensional. Cada vez mais ágil, ágil, ágil e ágil.
Sinto-me bastante velha quando lembro que conheci o mundo antes da internet. Foi em 1996 que vi a reportagem da Veja ensinando como ela funcionava. Ano em que a Olivetti fechou suas portas no Brasil.
Sinto muito cansaço quando ouço a excessiva atenção dada à aceleração da linha histórica que as mídias representam entre as gerações. E quanto mais ocupada com o Digital maior minha sensação de impotência.
Lembro da expressão bios virtual, de Muniz Sodré, sobre a existência do ser humano vinculada à sua capacidade de lidar com o digital e anoto a frase do livro “A Ciência do Comum”: não se trata mais de conhecer (no sentido humanístico da palavra) e sim de tornar-se competente (de saber operar) pra respirar um pouco e tentar perceber o cansaço, a velhice e a impotência em mim.
Qual seria a versão da sua história para narrar o nascimento do Digital, a mudança que ele provoca e seus sentimentos em relação àquilo que sabe ou ouve sobre o novo paradigma?
Alma Investigativa Não é de hoje que estamos antenados e focados na sua chegada, direcionando todas as nossas perguntas a ele, estudando todos seus efeitos na imprensa, na cultura e na educação, projetando todos nossos sonhos e fazeres a partir da sua existência, mas o quanto você já engoliu essa pergunta dentro da sua biografia?
Ao ouvir a relação de Débora Fortes com o digital reconheço um sentimento diferente da minha impotência. Débora gosta de desafios, tem fluência em inglês desde jovem, admira a inovação de Steve Jobs e foi repreendida por chefe, na época em que editor não sabia que o celular também servia para bloco de notas, pelo uso do dispositivo em reunião. Sem dúvida, ela é digital.
Conta sua trajetória do primeiro computador (com sistema OS/2 Warp), da IBM, até ao fato de servir aos amigos como referência para o consumo de eletrônicos, aplicativos ou serviços digitais, com paixão. Dá pra sentir o amor que Débora cultiva pela evolução que o digital propicia ao mundo.
Começo a relacionar a percepção positiva que Débora transmite ao digital com o mantra existencialista de Jean Paul Sartre (1905-1980): “O importante não é o que fazemos de nós, mas o que nós fazemos daquilo que fazem de nós”.
Pesquisa-Te Qual é a evolução que o digital te aponta? Ainda é muito presente pra reconhecê-la. Sinto-o como um Sugador. Me tira a mitologia de Cronos e Kairós. Sinto um vazio na alma. Ocupa toda a minha atenção e prova a EFICIÊNCIA máxima com a sua capacidade ágil de mensurar, medir, analisar, conectar, interagir, ligar, traduzir e ver além da realidade. Sinto-me pó.
Sexta-feira, dia 12 de junho, a pandemia completa o tempo que o planeta Mercúrio orbita o Sol: 88 dias. Na mitologia, o planeta representa a força do Mensageiro, o deus grego com asas nos pés. Agilidade sempre foi qualidade de quem entrega mensagens. O que nasceu, então, com o digital?
Vivemos o ápice do remoto. Débora revela que a pandemia dos zooms, no começo desta quarentena, trouxe o desafio de ir ao banheiro diante da explosão das reuniões necessárias para a tomada de decisões. Como funcionou sua energia, sua capacidade de concentração e atenção? Agiu sem parar nos fazeres urgentes do ritmo da pauta mesmo diante da demanda do almoço, da janta e do sono? E teu sono, existiu?
Quando me toco pela percepção positiva de Débora lembro da polaridade que a palavra eficiência tem dentro da governança baseada na sociocracia: equivalência. Eis, então, que nasce uma esperança e lembro da frase de John Naisbitt, norte-americano que assim como Débora passou pela IBM: os avanços mais emocionantes do século XXI não ocorrerão por causa da tecnologia, mas por conta de um conceito em expansão do que significa ser humano. Insight: Batalhadora, formada em Economia com gestão editorial, vivência com personalidades jornalísticas e filha única de mãe solteira. Muitos temas em torno de Débora. Escolhi o DIGITAL por causa da história comum da imprensa especializada e o contexto da pandemia.
Box do Líder Débora Fortes Technisys Líder: Credibilidade Filosofia: Um jornalista sempre pode se reinventar: fomos treinados para investigar e transformar uma página em branco numa matéria de capa Referência: Steve Jobs Tempo da Jornada Jornalismo: 15 anos Destaque: Abril e Globo RP: 4 anos Destaque: S2 Publicom (atual Weber Shandwick) Corporativo: 7 anos Destaque: Technisys e IBM Formação: Economia e Jornalismo
Débora Fortes inveja o pique da paulista que foi nos anos 1990, quando viveu sua tripla jornada, da zona Norte até São Bernardo do Campo e do Centrão até o Butantã, das 5h30 até mais de meia noite. De manhã, Jornalismo na Metodista, à tarde trabalhava no Banco Econômico e, no fim do dia, USP, na faculdade de Economia. Finais de semana, ainda dava aulas de inglês no CNA.
Graças ao discurso de um professor da Metodista, que alertava para o futuro dos jornalistas como um bando de desempregados, ela graduou em dois mundos: o da paixão por escrever e o da curiosidade, inspirada pelo tio Davilson, economista, para manter-se na vida.
Quando a paixão falou mais alto, Débora já tinha três anos na área de Câmbio e deixou a proposta de gerente para tornar-se estagiária de Comunicação, na Eletropaulo. Pouco depois, tornou-se assessora da IBM, onde descobriu o amor pela tecnologia. Aprendeu muito na S2 Publicom (atual Weber) e realizou o sonho, no início do milênio, quando foi contratada como repórter pela Abril, na INFO.
Bastou um semestre para ela tornar-se a redatora-chefe. Como assim, ser chefe de quem eu tanto admiro no Jornalismo?, perguntou Débora a Sandra Carvalho, que lhe explicou que reconhecia nela, a qualidade de gerir pessoas e recursos.
Sua ascensão continuou na Editora Globo, com destaque para o editorial de David Cohen sobre a cultura pali pali da Coréia, na Época Negócios, que lhe rendeu o Citi Journalist Excellence Award, com um curso na Columbia University.
“Jornalista transforma uma página em branco e pode fazer o que quiser com sua alma investigativa”, repete Débora. Junto com força pali pali que ela traz na veia não há dúvida. Prova disso é a experiência de seis meses que propôs ao fundador da Technisys para ela cuidar não só da comunicação, mas também daquilo que era seu alvo: o marketing. E até hoje passa o dia falando três idiomas dentro da organização.
Criado em 2003, o Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (CPCT/ECA-USP) já realizou estudos sobre o mundo do trabalho dos jornalistas. Além de concluir a segunda fase da investigação sobre as condições de produção da mídia alternativa, o grupo se debruça na análise final da investigação Como trabalham os comunicadores na pandemia da Covid-19? Credenciado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o CPCT é coordenado pela jornalista e professora Roseli Figaro, que também está à frente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (PPGCOM) da ECA-USP. Diretora de Relações Internacionais da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), ela antecipa, com exclusividade ao J&Cia, alguns dos resultados dessa última pesquisa, entre eles o aumento da carga de trabalho e o medo do contágio, evidenciando ainda mais a precarização crescente da atividade.
Jornalistas&Cia – Como surgiu a ideia dessa pesquisa com comunicadores?
Roseli Figaro – Tínhamos alguns relatos, principalmente de jornalistas que estavam na cobertura da pandemia, de que o ritmo de trabalho havia se alterado bastante. Decidimos, então, verificar a influência da Covid-19 no trabalho dos comunicadores em geral, buscando ver as principais dificuldades enfrentadas pelos profissionais nesse período.
J&Cia – De que maneira vocês realizaram o estudo?
Roseli – Elaboramos um formulário online, que encaminhamos às mídias tradicional e alternativa, associações, sindicatos, órgãos públicos, agências de comunicação e publicidade e profissionais da área. Várias entidades, como Abraji, Fenaj, Abracom, ABI, Conrerp 2ª Região e o próprio J&Cia, ajudaram na divulgação. O questionário ficou disponível para preenchimento entre 5 e 30 de abril. Tivemos mais de 550 respostas do País todo, incluindo uma de Portugal. Começamos a pesquisa passados 11 dias do primeiro período de distanciamento social decretado no Estado de São Paulo. Na ocasião, havia 11.281 casos confirmados e 487 mortes no Brasil. No quinto dia do estudo, o número já havia subido para 18.176 casos e 957 óbitos.
J&Cia – Que resultados vocês obtiveram?
Roseli – Estamos em fase final de análise, mas já é muito evidente o aumento da jornada e do volume de trabalho, que tornou bem mais estressante a rotina por ter de conciliá-la com os cuidados com a casa e os filhos. A isso se soma a sensação de cansaço sentida diariamente por esses trabalhadores, que ainda têm de usar, na maioria das vezes, seus próprios instrumentos para trabalhar, como computador, celular e conexão à internet. Um dado concreto é que 70% dos profissionais reclamaram que o ritmo de trabalho está bem mais intenso, tanto no sistema home office quanto para quem se manteve em atividade externa. Além disso, as rotinas de produção sofreram muito com o distanciamento social, pois o contato com as fontes de informação, empresas e clientes está limitado, o que exige mais atenção e rigor na organização do trabalho.
J&Cia – Os profissionais apontaram algum temor relacionado às suas atividades?
Roseli – Sim. Sem sombra de dúvida, o grande medo é ser contagiado e ficar desempregado. Convém destacar que as condições emocionais dos comunicadores estão bastante abaladas. As palavras morte, contágio e colapso do sistema de saúde são as mais usadas pelos respondentes para relatar com estão se sentindo frente à Covid-19.
J&Cia – O que o CPCT pretende fazer assim que finalizar a análise?
Roseli – Vamos publicar os resultados obtidos em nosso site e também produzir um e-book. A ideia é divulgar a pesquisa em congressos científicos e participar, como inclusive já temos feito, de debates com sindicatos e entidades científicas e de classe. Como as respostas são muito significativas, especialmente os relatos dos profissionais, temos um material riquíssimo que nos permite pensar em outras análises. Mas, para além disso, esperamos que o estudo possa colaborar, de alguma forma, em pensar alternativas que assegurem condições minimamente seguras tanto em relação à saúde dos profissionais quanto ao futuro da profissão a partir dos desdobramentos da Covid-19. Afinal, o fato é que a pandemia expôs ainda mais a situação de precarização que já estava presente no cotidiano dos comunicadores, em especial os jornalistas, que não têm garantia alguma de benefícios, atuando como freelances, autônomos ou mesmo por trabalho vinculado à duração de projetos específicos.
Jamir Kinoshita
Jamir Kinoshita (kinoshita.jamir@gmail.com) é doutorando em Ciências da Comunicação na ECA-USP e consultor independente de comunicação
Um homem invadiu a sede da TV Globo nesta quarta-feira (10/6) e manteve a repórter Marina Araújo como refém. Ele estava armado com um facão. Os funcionários da emissora ficaram isolados no andar do programa GloboNews. A informação é do portal Metrópoles.
O homem segurou Marina e apontou a faca para o pescoço dela, enquanto beijava a cabeça da repórter. A polícia foi acionada e tentou negociar com o suspeito.
Segundo a fonte ouvida pelo Metrópoles, o homem gritava “globo lixo” e procurava a apresentadora do Jornal NacionalRenata Vasconcellos, com quem queria conversar. Vale lembrar que hoje (10/6) é aniversário dela.
Ao tomar conhecimento do episódio, Renata apareceu e o homem soltou a arma. Ele foi preso e a situação foi controlada.
Em nota, a Globo escreveu que “repudia com veemência todo tipo de violência. Foi obra de alguém com distúrbios mentais, sem nenhuma conotação política. Um homem que exigia ver a jornalista Renata Vasconcellos. Seguindo instruções do comandante Heitor, Renata compareceu ao local onde estavam Marina e o invasor. Tão logo ele a viu, largou a faca e libertou Marina. Foi preso imediatamente. A TV Globo agradece à PM, ao coronel Heitor e a todos os policiais, cuja condução foi exemplar. Marina se comportou com coragem, serenidade e firmeza, sendo fundamental para o desfecho da situação. Renata foi corajosa, desprendida, solidária e absolutamente imprescindível para que tudo acabasse bem. As duas profissionais estão bem. E foram recebidas pelos colegas com carinho e emoção”.
Um grupo global de médicos assina uma campanha da Avaaz que alerta sobre os perigos das fake news para a pandemia de Covid-19. Segundo o texto, a desinformação contribui diretamente para o aumento no número de óbitos por coronavírus. O grupo apresentou evidências a parlamentares britânicos de como as notícias falsas sobre a doença afetam os infectados.
A campanha tem a assinatura de cerca de dois mil profissionais de saúde, que pedem aos veículos de mídia que “corrijam o registro de informações erradas sobre saúde (…), alertando e notificando todas as pessoas que viram ou interagiram com informações errôneas em suas plataformas e compartilhando correção bem projetada e verificada de fato de forma independente”.
Meenakshi Bewtra, professora assistente de medicina e epidemiologia da Universidade da Pensilvânia, declarou que as fake news sobre o coronavírus causam um aumento em “práticas imprecisas e perigosas, bem como uma reação contra a ciência válida e os cientistas que defendem os fatos”.
Segundo Duncan Maru, epidemiologista e médico do Instituto Arnhold de Saúde Global, alguns governos demoraram a agir de forma eficaz pois acreditaram em notícias falsas e/ou não comprovadas. Ele destaca também o aumento no uso de “remédios caseiros”, cuja eficácia não é comprovada, e que foram disseminados justamente por causa das fake news: “Como resultado, vi pacientes tarde demais para os cuidados de que precisam para sobreviver”.
Um ano atrás o Intercept Brasil dava início à Operação Vaza Jato, com a revelação de mensagens no aplicativo Telegram trocadas entre o até então juiz Sérgio Moro e procuradores do Ministério Público Federal, que mostravam violações da lei pela Operação Lava Jato.
Em texto publicado nessa terça-feira (9/6), Leandro Demori, editor executivo do TIB, contou os bastidores da operação, desde quando recebeu uma ligação de Gleen Greenwald, que o informou sobre a gravidade das informações que havia recebido. Também no texto, Demori falou sobre as consequências das denúncias.
“A Vaza Jato faz um ano hoje. Foram quase 100 reportagens publicadas – um dos casos jornalísticos mais extensos da história, e isso não é exagero. Parte dos nossos leitores nos pergunta com alguma frequência quais foram os efeitos da série de reportagens. É uma pergunta legítima. Afinal de contas, jornalismo só serve para alguma coisa se tem impacto real na sociedade. Mas, fora a visível e naturalmente midiática soltura do ex-presidente Lula, quais foram os impactos da Vaza Jato?”, questionou.
Os riscos à saúde pública advindos das fake news relacionadas à pandemia têm elevado as pressões sobre as redes sociais, acusadas de não as coibir com a severidade necessária. Na semana passada, representantes das principais plataformas foram chamadas ao Parlamento britânico para responder sobre suas providências, em uma audiência do comitê que investiga desinformação e conteúdo perigoso.
Mas até a mídia tradicional tem sido questionada no Reino Unido por suas práticas, sobretudo ao abordar uma das mais populares notícias falsas sobre a Covid-19 a circular pelo país: a de que a radiação emitida pelas torres de telefonia 5G reduziria a imunidade e aceleraria o contágio. O boato cresceu a ponto de levar à destruição de mais de 50 torres por vândalos.
Um dos episódios mais emblemáticos a esse respeito envolveu a London Live. Ela foi alvo de um processo no órgão regulador das TVs, o Ofcom, em consequência de uma polêmica entrevista com David Icke, célebre criador de teorias conspiratórias que virou um dos principais porta-vozes dos ataques à 5G.
A emissora faz parte do grupo que é dono do popular jornal Evening Standard e também do Independent. No dia 8 de abril, dedicou 80 minutos no programa London Real a uma conversa com Icke, comunicador hábil que já foi jornalista esportivo da BBC, dando a ele um palanque para discorrer sobre os supostos riscos da 5G.
Duas semanas depois o Ofcom anunciou sanção ao canal com base no Broadcasting Code, documento que normatiza a atuação das emissoras. Mas esta semana publicou o veredito final. Decidiu não aplicar multa, já que a London Live desculpou-se e veiculou com destaque um sumário do relatório do órgão.
Mesmo sem punição grave, o caso coloca em pauta um tema complexo: é legítimo abrir espaço para um entrevistado dar a sua opinião, mesmo sabendo-se que é inconsistente? Ou cabe ao veículo − sobretudo no caso do coronavírus − filtrar os convidados e não colocar no ar pessoas que expressem visões desprovidas de comprovação científica que possam levar o público a atos de risco?
O entendimento do Ofcom exposto no relatório foi de que o canal tinha o direito de exibir uma visão controversa, sob a ótica da liberdade de expressão. Mas pecou ao não contextualizar nem confrontar o entrevistado o suficiente durante a conversa.
Como não há evidências científicas de que a telefonia 5G tenha relação com o coronavírus, teria sido fácil dar ao público um contraponto, em vez de deixar o entrevistado falar livremente sem muita contestação.
A história da 5G também valeu reprimenda à ITV. O Ofcom julgou “ambíguo” o comentário de um apresentador do programa This Morning, capaz de levar o público a conclusões equivocadas. Sobrou ainda para um canal religioso, o Loveworld, punido por abordar a questão de forma considerada inadequada.
É interessante lembrar que o Ofcom também regula a telefonia no país. Por isso, está mais atento ao que se refere à 5G. E os ataques às torres tornaram essa teoria perigosa não apenas para a saúde. Técnicos foram agredidos por manifestantes. E há os danos materiais.
Redes sociais sem controle − Ainda que as decisões do Ofcom tenham repercutido fortemente nos meios jornalísticos, não há comparação entre os pecados da mídia tradicional e a montanha de loucuras encontradas nas redes sociais.
Durante a audiência da semana passada, a respeitada parlamentar Yvette Cooper questionou duramente a representante do YouTube. Ela usou como exemplo justamente o conteúdo sobre David Icke e suas teorias, ainda disponível na plataforma, embora o canal dele tenha sido removido.
Paradoxos assim, em que emissoras são repreendidas enquanto nas redes sociais fake news continuam no ar, fortalecem os argumentos dos que defendem no Reino Unido controles sobre as plataformas digitais semelhantes aos que valem para a mídia tradicional. Não se sabe ainda como vai ser, mas não deve errar quem aposta em algum tipo de controle vindo por aí.