O Google lançou nesta quarta-feira (14/10) o Treinamento de Imersão em Produto para Redações de Pequeno Porte, que visa a ajudar pequenas redações a pensar em seus produtos e encontrar novos caminhos de sustentabilidade comercial.
Podem se inscrever no treinamento, gratuito, profissionais que trabalhem em redações com menos de 50 jornalistas no Brasil e em todos os países das Américas do Sul, Norte e Central. Não é necessário ter nenhum conhecimento prévio.
Ao longo de oito semanas, com início em janeiro de 2021, os participantes vão definir uma estratégia executiva, equilibrar as necessidades do usuário e as regras do bom jornalismo. Além da teoria, será possível colocar em prática o que foi aprendendido, em empresas jornalísticas de diferentes perfis.
As inscrições vão até 11 de novembro. O grupo de participantes será anunciado em dezembro. Inscreva-se!
A Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) divulgou nesta quarta-feira (14/10) os dados de um monitoramento para contabilizar todos os ataques feitos pelo presidente Jair Bolsonaro à imprensa nacional em 2020. De janeiro a setembro, foram 299 declarações ofensivas ao jornalismo. Os números indicam a média de 33 ataques por mês.
O levantamento levou em conta discursos do presidente, entrevistas, lives, declarações oficiais e postagens em redes sociais. Do total de ataques, 259 são classificados como descredibilização da imprensa, ou seja, investidas contra o jornalismo em geral ou contra um veículo específico; 38 casos são ataques diretos a um profissional de imprensa; e outros dois ataques a organizações sindicais.
A Fenaj preparou uma linha do tempo, que contém todos os ataques de Bolsonaro à imprensa em 2020 ordenados cronologicamente. Confira!
No livro The Fleet Street Girls, a jornalista Julie Welch relata as barreiras enfrentadas por mulheres para ocupar espaço nas masculinas redações britânicas, em uma época em que a discriminação era tamanha que os pubs das redondezas só atendiam a homens. Welch abriu caminho para profissionais como Katharine Viner, que comanda o The Guardian, e Roula Khalaf, editora-chefe do Financial Times.
Mas a representação das mulheres no jornalismo continua sendo um desafio, e não apenas como chefes. Cientistas e médicas têm sido citadas com muito menos frequência do que seus colegas do sexo masculino na cobertura do coronavírus, de acordo com estudos feitos em diversos países.
Seria simples se o problema estivesse apenas nas mãos da imprensa. No relatório Mulheres na Saúde Global, publicado em abril, o British Medical Journal contabilizou apenas 20% delas no comitê de emergência da OMS, embora respondam por 70% da força de trabalho global em saúde.
Registrou que não havia à época mulheres no comitê italiano; apenas 10% delas no grupo de saúde pública americano; e 22% no Sage, o time de assessoria científica do governo britânico. A entidade examinou 24 forças-tarefa nacionais contra o coronavírus e encontrou paridade de gênero ou mais mulheres do que homens em apenas três.
A imprensa acaba por refletir a baixa participação. Pesquisa feita pela City University encontrou 2,7 homens para cada mulher nas reportagens sobre a Covid-19 em veículos britânicos em março. A Universidade de Zurique calculou que havia apenas duas mulheres entre os 30 cientistas mais citados pela imprensa no país no primeiro semestre deste ano.
O mais abrangente estudo sobre o tema foi publicado em setembro. Comissionado pela Fundação Gates, examinou a cobertura online da pandemia em cinco nações − Reino Unido, Estados Unidos, Nigéria, África do Sul e Índia − entre 1º de março e 15 de abril. E apurou que:
As mulheres representaram19% dos especialistas citados nas matérias;
matérias com uma mulher como fonte traziam também três, quatro ou até cinco homens como entrevistados;
elas raramente foram retratadas como especialistas ou detentoras de poder, tendo aparecido mais vezes expressando opiniões pessoais ou como vítimas da doença;
a cobertura jornalística da pandemia privilegiou fatos, deixando menos espaço para um enfoque no ser humano, o que na opinião da autora do estudo, Luba Kassova, reflete melhor o interesse das mulheres.
Exemplo da predominância masculina entre os especialistas
Para aliviar a culpa da imprensa, o trabalho assinala a menor presença de mulheres no universo da política como uma das razões para o domínio dos homens, fazendo com que jornalistas tenham à disposição mais fontes masculinas. E faz recomendações para empresas jornalísticas equilibrarem o jogo, adotando procedimentos para elevar a presença de mulheres como fontes em suas reportagens.
Também na França estão sendo feitas recomendações à mídia, só que pelo Governo. Um levantamento publicado pelo Ministério da Cultura em setembro constatou o domínio masculino nas capas de jornais do país durante a crise – 83,4%. E formulou 26 orientações para as empresas de mídia equilibrarem a presença entre homens e mulheres em seu noticiário.
Médicas e cientistas reagem
Enquanto a igualdade não chega, há as que se intimidam e as que não deixam barato.
Em maio, um grupo de 35 cientistas publicou um artigo coletivo no site do The World University Ranking protestando contra o patriarcado na ciência. Elas se disseram “fartas” e classificaram os jornais de tendenciosos ao darem voz apenas aos homens, apesar de haver mulheres na linha de frente da Covid-19.
No Canadá o tempo esquentou durante uma entrevista na CBCNews sobre medidas de isolamento. A médica Nili Kaplan-Myrth reagiu com energia quando um colega que participava da entrevista disse que ela estava falando alto. Classificou o comentário de sexista e seguiu com a defesa de sua tese. Depois postou nas redes o protesto:
“NUNCA diga a uma mulher (profissional ou não) que ela não pode falar com autoridade. NUNCA diga que não somos preparadas o suficiente, especialistas o suficiente ou boas o suficiente. Temos a mesma autoridade para falar”.
Nili Kaplan-Myrth reage com energia durante a entrevista
Mais sobre as pesquisas que mostram a baixa presença de mulheres na imprensa (e no comando das redações) e as recomendações do relatório da Fundação Gates para as redações
A Exame, agora transformada em plataforma de mídia de negócios, anunciou em 8/10 uma aliança com a Bloomberg Businessweek para compartilhar artigos da publicação internacional em suas mídias impressa (revista Exame), site e redes sociais no território brasileiro. A Bloomberg Businessweek tem tiragem global de 600 mil exemplares, com edições semanais em inglês na América, Europa e Ásia, e edições locais na Turquia, Hong Kong, China e México.
Em entrevista ao Portal dos Jornalistas, Lucas Amorim, editor-chefe de Exame, detalhou esse e outros acordos recentes firmados pela plataforma e falou sobre as mudanças pelas quais a marca vem passando desde que foi vendida pela Abril ao Banco BTG, no final do ano passado.
Portal dos Jornalistas − O acordo com a Bloomberg Businessweek permite a livre escolha de conteúdos pela Exame?
Lucas Amorim − Temos autonomia para escolher os conteúdos da Bloomberg Businessweek que podem ser publicados. Isso nos dá total liberdade para fazer uma curadoria de olho nas necessidades de informação de empresários e executivos brasileiros. A pandemia escancarou como o mundo está interconectado, e trazer conteúdo da Businessweek neste momento é essencial para nossos leitores se guiarem no dia a dia.
Portal − Esse conteúdo ficará à disposição de todos os leitores ou será restrito?
Lucas − Sempre haverá matérias da BBW na revista, com destaque para os grandes personagens e as grandes reportagens. Mas, conteúdos adicionais também estarão disponíveis para os assinantes nos demais canais da plataforma Exame, tratando de negócios, finanças, tecnologia, empreendedorismo, política e Casual (nossa seção de estilo de vida).
Portal − A BBW reproduzirá algum conteúdo da Exame?
Lucas − Em outro acordo firmado recentemente, o conteúdo da Exame passará a ser distribuído nos terminais da Bloomberg. E não descartamos a possibilidade de novos acordos para levar a produção da Exame e as análises do cenário econômico brasileiro para o exterior.
Portal − Há outros acordos do gênero em vigor? Ou em negociação?
Lucas − A Nova Exame, lançada este ano, tem como premissa ser o principal canal de informações relevantes para os negócios no Brasil. A marca Exame há 53 anos preza por conteúdo de qualidade e traz insumos para a tomada de decisão de empresários e executivos, e vem se reinventando como plataforma moderna, ágil e multimídia. Dentro desse projeto ousado que estamos colocando de pé, um dos caminhos é buscar parcerias com fontes globais de informação relevantes para subsidiar o nosso público. Além de parcerias com outros veículos, estamos também construindo modelos de parceria com fontes relevantes dos setores produtivos, consultorias, empresários e influenciadores. A ambição é estar sempre na frente para fazer a diferença no desenvolvimento do capitalismo brasileiro.
Portal − Em agosto, Exame e FSB lançaram a plataforma Bússola, que tem site, newsletters, webinars e podcasts. Como está esse processo?
Lucas − Esse é um dos modelos que comentei acima e que já está em prática. A FSB é nossa agência de comunicação e produz muito conteúdo sobre seus clientes. Chegamos a um modelo que abre espaço em nossos canais para análises, dados e reportagens branded content de alta qualidade, produzidos pela FSB (e identificados como tal).
Portal− Você era editor executivo da revista e assumiu a Redação com a venda para o BTG. Mudou algo nas configurações da sua função nessa transição? E na linha editorial da revista?
Lucas − Estou há 13 anos na Exame e participei ativamente da integração das redações física e digital. Na nova Exame, a prioridade foi definitivamente invertida: o foco é site, app, redes sociais e novos produtos digitais. A revista, com mais espaço para grandes reportagens e leiaute mais moderno, é nossa oportunidade de, a cada duas semanas, marcar a posição da Exame sobre os temas do momento e aprofundar o debate. Abrimos espaço para mais diversidade, com mais mulheres nas capas, por exemplo, mais inovação e mais ESG. É a forma de a Exame conseguir ser mais ágil, mais conectada às demandas de 2020, e mais relevante.
Portal − Você responde apenas pela área editorial ou tem ingerência nas outras frentes de negócio − Academy (educação financeira e executiva), Research (análises do mercado financeiro) e Experience (eventos e conteúdo direcionado)?
Lucas − Respondo pelo editorial, seguimos com nossas demandas e objetivos específicos, mas temos interação diária com as outras áreas. Nesta nova estrutura temos a visão de que há muita sinergia e muita oportunidade na união das várias frentes para uma gama crescente de projetos. A ideia é funcionar como startup, com lançamento de projeto, definição de objetivos e muito teste, o tempo todo. Seguiremos inovando no jornalismo, mas a Exame tem ambição de ser referência em todas as áreas de atuação.
A manifestação da rainha Elizabeth valorizando o papel da imprensa durante a pandemia, que abriu a semana Journalism Matters promovida pela News Media Association do Reino Unido, é um sinal do respeito da sociedade ao jornalismo no país. Parte dele pode ser atribuído ao jornalismo de campanha, prática pouco comum no Brasil.
Em artigo no MediaTalks by J&Cia, reunimos os 23 cases de campanhas realizadas por jornais britânicos, selecionados pela associação para concorrer ao prêmio Making a Difference (vencido pelo Daily Mirror e, em nível regional, pelo Yorkshire Post). Vale conhecer as iniciativas que combinam séries de reportagens investigativas, eventos e engajamento da comunidade por meio de atividades como petições online e fundraisings, levando a uma transformação tangível da realidade
E aproveitando que jornalismo de campanha está em pauta, examinamos em outro artigo como ele faz parte da cultura da imprensa no Reino Unido, como se diferencia do jornalismo investigativo e porque tem sido visto como um dos caminhos para convencer o público a pagar por conteúdo.
O jornalismo de interesse social é uma vertente promissora apontada pelo recente estudo do Instituto Reuters sobre estratégias de jornais regionais europeus para se adaptarem ao ecossistema digital. Como exemplo trazemos o caso do The Bristol Cable, um jornal premiado por suas campanhas, administrado em sistema de cooperativa, que adotou um modelo de negócio baseado no engajamento dos leitores.
A Record TV acertou em 9/10 a contratação de Roberto Cabrini. A data de estreia ainda não foi anunciada, mas deve ocorrer em breve. Ele será responsável por grandes reportagens no Domingo Espetacular.
Cabrini retorna à Record depois de uma passagem de dez anos no comando do Conexão Repórter, do SBT, programa premiado e com grande repercussão.
A Polícia Civil de São Paulo instaurou inquérito para apurar a ameaça de morte contra Pedro Zambarda, colaborador do site Diário do Centro do Mundo (DCM). Em 2/10, ele denunciou ter recebido mensagem no celular na qual estava escrito que a próxima reportagem de Zambarda seria sobre quantos tiros ele tinha levado.
Em 27/09, ele publicou uma reportagem sobre ondas de ódio na internet e a violência de postagens de militantes. Dois dias depois, recebeu a mensagem, assinada como “Corona”. Com ajuda externa, descobriu que o número do telefone que enviou a mensagem pertence ao ex-assessor parlamentar Leonardo Antonio Corona Ramos, citado na reportagem.
O repórter do DCM declarou que “uma ameaça de morte por tiros escrita no meu WhatsApp ultrapassa qualquer limite do aceitável. É uma violência contra mim, o DCM, a imprensa brasileira e todos os repórteres que cobrem criticamente o governo federal”.
A Abraji tentou entrar em contato com Leonardo Corona, mas não obteve resposta.
O Diário do Grande ABC acusou Orlando Morando Júnior (PSDB), prefeito de São Bernardo do Campo, de impetrar sistematicamente ações judiciais contra o jornal e seus profissionais. Só neste ano, foram três processos.
Em uma das ações, Morando pede que o jornal seja condenado a pagar R$ 10 mil e a publicar um pedido de retratação sobre reportagem, editorial e charge que abordaram supostas irregularidades ambientais em um leilão público de um terreno.
Em outro processo, o prefeito acusa o repórter Raphael Rocha de crime de difamação por causa de uma matéria sobre supostas irregularidades no trecho sul do Rodoanel, anel rodoviário que circunda a Grande São Paulo.
Marcelo Träsel, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), declarou que “lançar mão de um recurso garantido por lei − recorrer à Justiça quando para proteger a própria honra e imagem − é um direito de qualquer cidadão. No entanto, figuras públicas, como um prefeito, estão sujeitas a maior escrutínio público e têm obrigação de prestar contas à sociedade. Além disso, têm acesso facilitado à própria mídia para explicar suas posições quando o desejam. (…) A judicialização constante da cobertura noticiosa pode configurar intimidação contra jornalistas e violar a liberdade de imprensa”.
A Abraji monitora ações judiciais movidas contra profissionais de imprensa na plataforma Ctrl-X. Desde 2014, foram 3.001 ações movidas por políticos. Letícia Kleim, assessora jurídica da entidade, afirma que “o caso do jornal paulista (Diário do Grande ABC) pode refletir uma tendência na imprensa brasileira nos últimos anos, o assédio judicial”.
Ao ver Donald Trump internado em um hospital militar com a Covid-19, brasileiros mais velhos ou que gostam de história não podem deixar de recordar o caso de Tancredo Neves, presidente eleito internado na véspera da posse, em 1985. E que morreria sem nunca assumir o cargo.
A enfermidade de governantes coloca dilemas universais diante da imprensa e dos que administram sua comunicação com a sociedade. Qual a fronteira entre público e privado? Como ser transparente sem causar pânico na população e afetar os mercados financeiros ou a democracia?
A doença do presidente Trump, líder da nação mais poderosa do planeta, às vésperas de uma disputada reeleição, testou ao extremo o riscos advindos da condução equivocada da informação à sociedade. O que resultou em um oceano de desinformação, alimentou ainda mais as teorias conspiratórias e exigiu ação das plataformas digitais. O Poynter Institute chegou a antecipar sua newsletter semanal de fact-checking, tamanha a avalanche de boatos.
Aldo De Luca fez para o MediaTalks by J&Cia uma análise dos melhores − ou piores − momentos do caso e das lições que ele deixou sobre gestão de crises e transparência.
O Canal Rural anunciou Giovani Ferreira como seu novo diretor de Jornalismo. Ele será responsável por desenvolver conteúdo jornalístico para TV e digital e ampliar a atuação do canal por todo o País.
Ferreira tem cerca de 30 anos de experiência em agronegócio. Trabalhou em Folha de Londrina, O Estado do Paraná, Diário da Manhã, Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Estado do Paraná (Fetaep), Portos do Paraná, Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), entre outras.
“Além dos telejornais, vamos comandar e apostar na capacidade de mobilização e audiência do portal e dos projetos especiais como Soja Brasil, Nação Agro e Mais Milho”, diz o novo diretor.