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sexta-feira, dezembro 19, 2025

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Memórias da Redação ? A greve dos jornalistas, há 34 anos

A história desta semana é novamente uma colaboração de Milton Saldanha, que edita o jornal mensal Dance, dedicado à dança de salão, e mantém um blog de crônicas sobre assuntos variados. Como o texto, embora condensado, é extenso (a íntegra pode ser solicitada ao autor), J&Cia optou por publicá-lo em duas –partes. A greve dos jornalistas, há 34 anos Dia 22 de maio foi o 34º aniversário da greve dos jornalistas de São Paulo, ocorrida em 1979. Tanto tempo depois, o assunto ainda continua tabu nas redações e, por incrível que pareça, ainda divide os velhos jornalistas. Certamente porque, acima de um movimento reivindicatório, a greve teve uma forte conotação ideológica. Vale lembrar que era uma época em que ainda existiam esquerda e direita, conceitos que foram se pulverizando a partir da queda do Leste europeu. Os jornalistas formam uma classe curiosa. Alguns ganham bem, mas a maioria sempre ganhou mal. No entanto, a profissão lhes dá acesso a oportunidades que não teriam em outras carreiras. Desde bons almoços no melhores restaurantes, pagos por empresários interessados em operar seus interesses, até viagens internacionais, nos melhores hotéis. Não poucos utilizaram também a profissão como fonte de faturamento paralelo. O suborno vinha na forma charmosa e acima de qualquer suspeita de convidar para proferir palestras. O cara ganhava em duas horas o equivalente a outro salário mensal, ou até mais. Depois passava o resto do ano escrevendo a favor daquele setor, sobretudo na pressão ao governo por renúncias fiscais. O suborno é relevado nas redações. Leva o divertido nome de jabaculê, ou simplesmente jabá, para os íntimos. Que atire a primeira pedra quem resistiu a eles, não importa o valor. Conheci jornalistas, não provindos de famílias ricas, vivendo com um padrão de vida totalmente incompatível com a realidade dos salários praticados no mercado. Então, essa é uma classe curiosa, integrada pelos mais diferentes perfis humanos. E que desfruta de todas as aspirações típicas da classe média alta, o que não é nenhum desdouro, digo isso apenas para mostrar seu modo de ser. E mais: independentemente de suas convicções ou inclinações ideológicas, o jornalista é um ser que assume a bandeira da empresa onde trabalha. Enche a boca para dizer que trabalha em tal jornal, revista, rádio ou tevê de grande audiência. Faz horas extras sem ganhar para isso. Alguns se ofendem com críticas à instituição a que servem. E não poucos veneram seus patrões com fidelidade canina. Até o dia em que levam o solene pontapé na bunda. Mesmo assim nunca aprendem. No próximo emprego já estão novamente puxando o saco do patrão. São todos assim? Claro que não. Alguns são apenas mais ou menos assim. Outros, certamente a maioria, são de independência intelectual e dignidade impecáveis. Mas do jabazinho, vamos dizer a verdade, ninguém escapa… Agora imaginem o que seja fazer uma greve numa categoria assim. É claro que não pode dar certo, como não deu em 1979. A categoria paulista já tinha feito uma greve antes, em 1961. Existe até uma foto famosa, tomada na frente dos Diários Associados, de um piquete sendo atingido por jatos de água de uma mangueira dos bombeiros. Essa greve foi vitoriosa, mas vale lembrar que os salários eram realmente de fome. A greve dos jornalistas de São Paulo durou oito dias (incluindo o final de semana), de 22 a 29 de maio de 1979. No dia 28 o TRT julgou a greve ilegal. A desobediência, nesses casos, submete o sindicato a pesadas multas diárias. O nosso Sindicato é pequeno, não tem como suportar algo assim. O único caso que se conhece na história, de algum organismo sustentando uma greve, foi no Chile, onde a CIA bancou os mais de seis meses da greve dos caminhoneiros, para ferrar com a economia do país, e assim fomentar condições ideais para a derrubada do democraticamente eleito Salvador Allende, em 11 de setembro de 1971. Em 1979 eu chefiava a redação, com meia dúzia de repórteres, da Sucursal do ABC do Grupo Estado, então integrado por Estadão, Jornal da Tarde, Agência Estado e Rádio Eldorado. Fiquei lá quatro anos e tinha muito a perder: trabalhava com total liberdade; estava satisfeito com o salário; tinha prestígio na empresa e orgulho do cargo; me dava ao luxo de ter uma sala exclusiva e com telefone direito; escolhia minhas próprias pautas; saia quando bem entendia para as ruas para fazer matérias ou ficava na redação coordenando; estava fisicamente a 45 km das cobras criadas das grandes redações da matriz e sem nenhum superior hierárquico por perto. Enfim, o que mais poderia querer? Resposta: que nunca tivessem inventado aquela greve. A inspiração para o movimento, ninguém poderá negar, veio do sindicalismo metalúrgico do ABC, com vários grandes líderes, e que tinha em Lula sua principal estrela. Eles tinham peitado a ditadura em 1978, quebrando um jejum de muitos anos sem greves. Com planejamento e organização impecáveis, a primeira foi uma impressionante greve sem piquetes: os trabalhadores entravam nas fábricas e simplesmente não ligavam as máquinas, permanecendo ao lado de braços cruzados. Eu tinha na minha equipe uma excelente jornalista, a Valdir dos Santos, que roubei do Diário do Grande ABC. Era encarregada da cobertura sindical. Quando a greve começou, primeiro na Scania, foi a única repórter lá dentro, percorrendo a fábrica ao lado do delegado do Trabalho. Ele entrou anunciando aos gritos a prerrogativa do cargo e arrastou a Valdir junto. Naquele dia fizemos cabelo, barba, bigode e depilação, mostrando a qualidade da Sucursal, que já tinha uma tradição de excelentes equipes e chefes, como Enock Sacramento, Dirceu Martins Pio, José Maria Santana. Foi José Marqueiz, repórter da Sucursal, o detentor de um famoso Prêmio Esso. É longa a lista de ótimos jornalistas que lá trabalharam. Pio foi quem me indicou para a Sucursal, ao Raul Martins Bastos, que chefiava a fantástica e inesquecível rede de sucursais e correspondentes, de uma qualidade que o jornalismo brasileiro nunca mais verá. Em 1979, os metalúrgicos mudaram a estratégia: a greve passou a ser com piquetes nos portões das fábricas. Agora já esperando, a ditadura, aliada com a Fiesp, montou um forte aparato repressivo. Ocorreram assembleias memoráveis no Estádio de Vila Euclides, uma delas sobrevoada por helicópteros do Exército, com atiradores apontando metralhadoras. O prefeito de São Bernardo, Tito Costa, dava apoio e suporte logístico aos grevistas. A Igreja Católica guardava o Fundo de Greve, estocando mantimentos na casa paroquial da matriz. O arcebispo Dom Claudio Hummes apoiava Lula e fazia o meio de campo nas negociações. Teve a intervenção militar no Sindicato, numa madrugada, e a prisão de Lula, pelo Deops, dirigido por Romeu Tuma. Tudo isso ocupava as manchetes dos jornais e capas das revistas semanais. Lula foi capa da Time e da Newsweek, revistas internacionais. O ABC era o centro de todas as atenções no País. Outras categorias poderosas, como os químicos e petroleiros, ou desprovidas de charme, como os motoristas de ônibus, também fizeram suas greves. Todo o sindicalismo brasileiro estava inoculado pelo vírus da greve. A interpretação, naqueles dias, era a de que sindicato bom era o sindicato capaz de fazer uma grande greve. O resto era visto como sindicato pelego e bundão. O Sindicato dos Jornalistas não precisava nem deveria, cometendo um grande erro de avaliação, mas inventou que teria que ter também a sua greve. No fundo, era uma forma de afirmação política da liderança sindical. O grande problema é que um jornal não é como uma fábrica de parafusos… Mas, ao contrário do que muita gente fez depois da derrota, não culpo totalmente o então presidente, David de Morais. Culpo apenas parcialmente. Ora, todo mundo era maior, vacinado, consciente dos seus atos. Ele não fez nada sozinho. Mesmo levando em conta que toda assembleia envolve táticas de manipulação. A grande prova é que antes de qualquer votação, nas grandes assembleias metalúrgicas, a gente, com boas fontes, já sabia o que seria decidido. Era raríssimo, quase impossível, a multidão confrontar a posição de suas lideranças. Jamais, por exemplo, ouvi de um palanque um discurso de alguém contra a greve. Esse tipo de democracia era impensável no ABC. Entre jornalistas não funciona assim. A gente cobra espaço à opinião, afinal é o que fazemos a vida inteira. E foi o que fiz na primeira assembleia, na Igreja da Consolação, emprestada ao nosso Sindicato, porque seu pequeno auditório não comportaria os cerca de dois mil jornalistas presentes. Já iam começar a votação, praticamente sem discussão, todo mundo claramente intimidado (a mesa havia oferecido encaminhamento contrário e ninguém se inscreveu), quando levantei uma questão de ordem, sob forte tensão. Fui ao microfone e ponderei, sob vaias de radicais, que não se poderia decidir uma greve por aclamação e sem ampla discussão. Aí foi a rebordosa: um monte de gente, finalmente pedindo a palavra, debates pró e contra, incluindo baixarias e até palavrões, inevitáveis nessas horas. Depois do aterrador silêncio inicial, quebrado por minha questão de ordem, a assembleia se transformou numa grande confusão. A mesa teve grande dificuldade para conduzir os trabalhos. O corredor central que divide os bancos da igreja em duas alas foi transformado em fronteira. Solicitou-se que os favoráveis à greve ficassem à esquerda, os contrários à direita. Um nada sutil simbolismo. Nossa ala, a dos contrários, era maciçamente ocupada por pessoal do Estadão, incluindo a turma do Jornal da Tarde. As discussões avançaram a madrugada e ficou célebre a intervenção do jornalista Emir Macedo Nogueira, da Folha, dizendo: “O meu maior medo é ver amanhã nossa greve como manchete dos jornais”. Os patrões e os fura-greve adoraram a deixa e, quando a greve finalmente aconteceu, lá estavam as manchetes. Incluindo, claro, a famosa frase. Era o primeiro passo para desmoralizar a greve dos jornalistas. A divisão entre os dois grupos era tão clara que tiveram que contar cada pessoa antes da proclamação da decisão final. Vencemos por reduzida margem. A greve estava rejeitada pela categoria. Ou, como alguns diziam, pelo Estadão. No dia seguinte, na Sucursal, recebi várias ligações telefônicas de jornalistas da matriz, principalmente editores, me cumprimentando pela atuação na assembleia. Mas não foi nada agradável. Esses embates são desgastantes, nos deixam muito expostos. Tem a turma sem argumentos, e covarde, porque não se apresenta para a discussão, só sabe vaiar, escondida na multidão. Radicais de esquerda que não são de nada, na hora H se borram nas calças, como já cansei de ver. E tem o outro radical, de direita, pensando que você é cretino como ele. A única razão que me colocou contra a greve é que tive a percepção de que aquilo era uma aventura juvenil, sem a menor chance de vitória. E que colocaria nossos empregos em risco. Os fatos provaram que eu estava certo. As greves de outras categorias, politizadas e bem organizadas, quase sempre tiveram a minha simpatia e, quando possível, apoio.

Morre Roberto Civita

Exatos cinco dias após a morte de Ruy Mesquita, do Grupo Estado, aos 88 anos, morreu em São Paulo na noite desde domingo, 26 de maio, aos 76 anos de idade, no mesmo Hospital Sírio Libanês, Roberto Civita, presidente do Grupo Abril. Civita estava internado havia três meses para a correção de um aneurisma abdominal, mas o rompimento da veia aorta e uma hemorragia de grandes proporções, durante a cirurgia para a implantação de um stent, tornaram o quadro grave, a ponto de já naquele momento a empresa ter anunciado a transferência interina da Presidência Executiva do Grupo para o filho Giancarlo Civita, o Gianca. Desde então, embora representantes da empresa tentassem mostrar algum otimismo, garantindo que em alguns meses Civita voltaria ao comando, já se sabia que isso seria quase impossível pelo seu estado de saúde. Rumores, à época, davam conta de que ele recebera 17 litros de sangue até que a hemorragia fosse estancada, não sem as consequências que se seguiram. Nota no site da Abril (www.abril.com.br) informa que Civita deixa a mulher Maria Antonia, os filhos do primeiro casamento Giancarlo, Roberta e Victor, além de seis netos e enteados. O corpo foi cremado nesta segunda-feira, 27 de maio, no Crematório Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, São Paulo. Morte de Civita é destaque nos principais portais informativos A morte de Roberto Civita entrou para as manchetes dos principais portais de notícias já na noite do próprio domingo. Embora todos trouxessem um pouco da história de RC, caso de sua origem italiana (nasceu em Milão), da saída da família da Itália para fugir do nazismo, do período em que viveu e estudou nos Estados Unidos, da volta ao Brasil quando convenceu o pai a bancar lançamentos editoriais que mudariam a face da Abril, como Veja, Exame e Playboy, há em cada matéria curiosidades que se complementam. O G1 (Globo.com), por exemplo, lembra que no ranking da revista Forbes, publicado em março, Roberto Civita e família aparecem como a 11ª maior fortuna do Brasil e a 258º maior do mundo, com um patrimônio estimado em US$ 4,9 bilhões. O UOL, do Grupo Folha, destaca a entrevista que Civita deu ao Valor Econômico em 2012, quando falou sobre a agressividade da revista Veja: “Se você não está gerando reações fortes, está fazendo algo errado. Não acredito em imprensa que quer agradar a todo mundo. Por que você faz uma revista? Só para ganhar dinheiro? Eu acho que vem junto uma responsabilidade. Eu falo isso há 50 anos… Para todo mundo. Para os meus filhos. Eles não gostam, mas eu falo. Se você não quer ter a responsabilidade, vai fazer álcool, vai plantar batata”. Ainda no UOL, Carlos Costa, que trabalhou por 23 anos na Abril, lembra que “RC, como Roberto Civita assinava os bilhetes, foi o primeiro filho de Sylvana Alcorso, da nobreza romana, e de Victor Civita, fundador da Editora Abril, casados em 1935”. Ele também diz que Roberto “sempre foi reservado, mais reflexivo, talvez marca da convivência com o pai, pouco efusivo com o primogênito e mais aberto com Richard, seu irmão, que também era o preferido de Sylvana – “os olhos azuis da mamãe”. Prudente, ouvia e se aconselhava quando se via frente a decisões complexas – como publicar a entrevista de Pedro Collor, detonadora do impeachment de Collor”. No texto especial para o UOL Carlos Costa diz ainda que o ano de 1982 marcou o racha entre Roberto e seu irmão Richard, e que, por decisão do pai, Roberto passou a cuidar da linha editorial, enquanto Richard ficou com a administração. Ou seja, daquela vez o pai se alinhara ao lado do primogênito, que ficou com a Abril, deixando para Richard a divisão de livros, fascículos, frigoríficos e hotéis. “Com um perfil mais técnico – diz Costa em seu texto –, Roberto contrastava com os arroubos criativos do pai. Era RC quem conseguia plasmar as intuições de VC, tornando-as sucessos editoriais. Se Victor era um excelente relações públicas, Roberto implantou na empresa uma visão profissional de gestão editorial, nos moldes americanos. A independência editorial e a separação dos interesses comerciais do trabalho jornalístico foram obras de RC. Por ocasião da morte do pai, Roberto se reconciliou com seu irmão Richard”. O Estadão.com, em meio às informações sobre a morte de Roberto Civita e sua trajetória, destaca que “em seu mais recente balanço, a Abril S/A registrou receita de R$ 2,975 bilhões em 2012, queda de 5,9% sobre o ano anterior. O lucro líquido foi de R$ 64,2 milhões no ano passado, ante os R$ 185, 9 milhões registrados em 2011”. A matéria do Estadão aborda os altos e baixos dos vários empreendimentos do Grupo Abril sob a gestão de Roberto Civita, como a criação da MTV, da TVA, do BOL, da ESPN, entre outros. Diz o texto do Estadão.com: “O cenário piorou com a desvalorização cambial, em 1999. A companhia viu sua dívida em dólares disparar. Civita, então, viu-se forçado a iniciar um processo de venda de ativos, como sua participação na ESPN Brasil e no próprio UOL. Somente em 2006 a companhia conseguiu vender a TVA para a empresa espanhola Telefônica”. E acrescenta: “Numa tentativa de melhorar a situação financeira do grupo, Civita vendeu, em 2006, 30% da Abril para a companhia de mídia sul-africana Naspers. Com o aporte dado pelos estrangeiros, a companhia conseguiu uma redução de sua dívida líquida, alongando o perfil para cinco anos e diminuindo juros. Em 2007, o saldo da dívida líquida era de R$ 178 milhões, abaixo dos R$ 681 milhões de 2006”. Ao tratar do atual perfil de controle do Grupo, diz a nota do Estadão.com que “atualmente, a Abrilpar, holding da família Civita, controla a Abril S/A e detém o comando do capital da Abril Educação S/A – empresa líder em conteúdo para alunos e professores dos níveis infantil ao fundamental. A Abril Educação inclui as editoras Ática e Scipione (compradas por Civita em 1999) e os sistemas de ensino Anglo e SER (adquiridos pelo empresário em 2010 e 2011), além dos colégios pH, do Rio de Janeiro, e ETB, de São Paulo. Em 2010, a Abril Educação passou a atuar separadamente da Abril S/A por meio de uma reorganização societária. No mesmo ano, 20% das ações da Abril Educação foram vendidas para o fundo de private equity BR Investimentos. Também naquele ano, o Grupo Abril fez a aquisição de 70% da Elemidia, empresa de mídia digital em elevadores e painéis. Os 30% que haviam permanecido com a família Forjaz, fundadora da empresa, foram comprados em 2012. Em 2011, a Abril anunciou a contratação de Fábio Barbosa, ex-presidente do conselho de administração do Santander Brasil, como presidente da companhia. Barbosa respondia diretamente ao presidente do conselho, Roberto Civita”. O próprio Portal do Grupo Abril (www.abril.com.br), ao destacar que RC “dedicou 55 de seus 76 anos à paixão de editar revistas”, destaca uma das coisas que ele sempre costumava dizer aos recém-chegados à empresa: “Ninguém é mais importante que o leitor, e ele merece saber o que está acontecendo. Veja existe para contar a verdade. A fórmula é muito simples. Difícil é aplicá-la o tempo todo”. “Risonho, cordial, otimista, Roberto Civita sempre acreditou que nenhuma atividade vale a pena se não for praticada com prazer”, diz a nota do site da Abril, acrescentando a pergunta que ele sempre fazia aos profissionais com os quais convivia: “Você está se divertindo?”. A nota da Abril conclui dizendo que ele “mantinha-se otimista mesmo quando contemplava a face sombria do País. Para ele, o Brasil só conseguiria atacar com eficácia seus muitos problemas se antes aperfeiçoasse o sistema educacional, modernizasse o capitalismo nativo, removesse os entraves à livre iniciativa e consolidasse o estado democrático de direito. ‘O que Veja defende, em essência, é o cumprimento da Constituição e das leis’, repetia. Também essa fórmula parece simples. Difícil é colocá-la em prática. Foi o que o editor de Veja sempre soube fazer”.

De papo pro ar ? Tristeza de morte

Eleito presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas de Salvador exatamente no dia da decretação do AI-5 (13/12/1969) pela ditadura militar, o atual secretário de Cultura do Município de São Paulo Juca Ferreira teve de exilar-se na Suécia, onde viveu tempos difíceis. Seu lenitivo eram as visitas de compatriotas. Mas o que lhe fazia bem, mesmo, eram as músicas do rei do baião, Luiz Gonzaga, que recebia em fitas cassete. Asa Branca e Juazeiro eram as que mais lhe tocavam. A um amigo, confessou: – Se não fosse Gonzaga, acho que eu teria morrido de tristeza.

Automotive Business prepara especial sobre 20 milhões de flex no Brasil

A Automotive Business, em parceria com a Anfavea, prepara para junho uma edição especial em celebração aos 20 milhões de veículos com tecnologia flex produzidos no Brasil. Com tiragem de seis mil exemplares e previsão de 64 páginas, a publicação será bilíngue (português e inglês), com distribuição durante o Ethanol Summit 2013, que acontece em São Paulo nos dias 27 e 28/6, e para um mailing de empresas ligadas ao setor. Com coordenação editorial do diretor de Relações Institucionais da Anfavea Fred Carvalho, e de redação de Paulo Ricardo Braga e Marta Pereira, da Automotive Business, a publicação terá texto de abertura de Fernando Calmon sobre a consolidação do sistema flex, cenários e as tecnologias hoje existentes; além de matérias sobre o uso do etanol no exterior como matriz energética; cultura da cana no Brasil; um comparativo entre o etanol brasileiro e o produzido com milho nos Estados Unidos; a nova geração do etanol celulósico; biotecnologia e distribuição; e reportagens de Igor Thomaz sobre meio ambiente e as vantagens do etanol, e Lucia Camargo Nunes sobre as gerações do flex e a importância da tecnologia para o Inovar-Auto.“A gente acredita que para as empresas se adaptarem a essa nova regulamentação, a utilização do etanol pode ser muito importante, principalmente nas partes de emissões”, explica Paulo Braga, diretor da AB. A publicação conta ainda com textos e reportagens de Pedro Kutney, editor do portal Automotive Business, e Sueli Osório, editora do blog Notícias Automotivas. Além da produção, a Automotive Business é responsável pela comercialização do produto. Informações pelo 11-5095-8888 e [email protected], com Carina Costa.

As demissões e reações no Valor

O Valor Econômico demitiu em 23/5 cerca de 50 funcionários da redação, num corte que se estendeu a Rio de Janeiro e Brasília. A empresa não emitiu nenhum comunicado oficial, interno ou externo, razão pela qual as informações apuradas podem ter algumas imprecisões. O porta-voz da empresa é o seu presidente Alexandre Caldini, com quem ainda este Portal não conseguiu contato. Teriam ocorrido também demissões dez a 15 pessoas nas áreas administrativa e de circulação. O corte foi decidido em conjunto com as Organizações Globo e o Grupo Folha, acionistas do jornal, em função da necessidade de reduzir despesas para não prejudicar os investimentos da ordem de U$ 100 milhões feitos na nova plataforma Valor-PRO, lançada em novembro, e que ainda não começaram a gerar as receitas esperadas. Como a folha de pagamento aumentou demais, em função das contratações para o novo projeto, e as receitas não acompanharam esse movimento, a empresa teria optado por cortar custos de modo a não prejudicar sua nova aposta de mercado. Tristeza e perplexidade – Na redação, afora a tristeza generalizada, com abraços e choros que se estenderam por toda a tarde e a praticamente todas as editorias, ao ponto de não se saber ao certo quem estava ficando e quem estava saindo, o clima era de perplexidade. “Sabemos que qualquer empresa, quando lança um novo produto, leva em conta a necessidade um tempo de maturação até que o retorno venha. E aqui aconteceu o contrário. Em pouquíssimos meses, como os resultados não vieram, decidiu-se pelo corte”, comentou um integrante da redação ouvido pelo Portal dos Jornalistas. Outro profissional lembrou que a redação cumpriu rigorosamente as metas definidas em relação aos novos investimentos realizados, devendo-se a questões tecnológicas o atraso no lançamento. De todo modo, culpada ou não, ela viu-se sacrificada de forma substantiva no corte anunciado. Lógica das demissões – Na lógica das demissões, segundo conjecturas da equipe, estaria a premissa de que as editorias e profissionais que mais tenham proximidade com o Valor-PRO foram os mais preservados, demonstrando a aposta da empresa nesse seu novo projeto. Essa seria, por exemplo, uma das explicações para a demissão dos quatro repórteres especiais (Cristine Prestes e Paulo Totti, de São Paulo, Vera Durão, do Rio de Janeiro, e Sérgio Leo, de Brasília), que produziam muito para a plataforma em papel – embora fossem também destaques com seus  furos no Valor-PRO – e tinham salários mais elevados. Praticamente todas as editorias foram atingidas, exceção a uma ou outra já muito enxuta ou que desempenhe papel estratégico também para o Valor-PRO. Até onde este Portal apurou, Legislação e Agronegócios foram as editorias sem baixas. Fim da publicidade legal – Outra razão que parece ter sido decisiva para o corte, segundo fonte ouvida por este Portal, seria a perspectiva do fim da Publicidade Legal, hoje uma das mais importantes fontes de receita do Valor. Com o fim da obrigatoriedade de empresas e instituições publicarem seus editais e balanços em jornais, a queda na receita será inevitável e relevante. E haveria necessidade de ajuste de qualquer modo. Neste movimento, de certo modo, antecipou-se a isso. Conversando um a um – Em São Paulo, o anúncio das demissões foi feito diretamente pelo RH, que chegou a montar uma operação especial nas instalações da própria redação, mas a diretora de Redação, Vera Brandimarte, pelo que informou fonte ouvida pelo Portal, conversou um a um com todos os colegas que foram demitidos. Dois deles, que planejavam deixar o jornal, pediram para ser incluídos e foram atendidos. Foi o caso do repórter de Consumo Alberto Komatsu, que acabou figurando na lista. No Rio de Janeiro, em função do vazamento de informações, a redação ficou sabendo das demissões pelo mercado, antes mesmo de ser notificada, o que provocou um grande desconforto na equipe e sobretudo nos demitidos. Benefícios oferecidos – A empresa, que deverá nas próximas horas ter um encontro com a diretoria do Sindicato dos Jornalistas para negociar os termos dessas demissões, já sinalizou que estenderá por seis meses o seguro-saúde e pagará um adicional que vai variar de acordo com o tempo de serviço de cada um. Na redação, há a expectativa de que Vera Brandimarte faça uma reunião geral com a equipe que ficou, para dar explicações e também sobre como serão as coisas a partir de agora. Outras baixas – Também estão confirmadas as saídas de Maria Christina Carvalho (editora de Opinião), Carlos Motta (editor-assistente de Nacional), Rodrigo Uchoa (editor da Blue Chip, página que deverá ser descontinuada), Moacir Drska (da editoria de Tecnologia), Renato Brandão (editor de Arte), Ana Fernandes (repórter trainée de Indústria) e Nádia Rodrigues (revisora e que cuidava também do controle de qualidade dos textos do jornal), além do economista Edgar Kanamaru e dos fotógrafos Daniel e Régis. Do Rio, saiu também Chico Santos, repórter de Empresas. E de Brasília, Azelma Rodrigues.    Última atualização: 24/5, às 10h27.

Anik Suzuki assume Diretoria de Comunicação Corporativa do Grupo RBS

Anik Suzuki acaba de assumir a recém-criada Diretoria de Comunicação Corporativa do Grupo RBS. Na empresa há dez anos, ela começou como coordenadora de Produção em Zero Hora e depois migrou para as áreas de assessoria de imprensa e marketing. Antes, atuou como assessora de imprensa, repórter e editora de jornais e revista. Formada pela PUC-RS, com MBA Empresarial pela Fundação Dom Cabral e pós-MBA pela Kellogg School of Management (EUA), também é vice-presidente de Projetos Especiais e Comunicação da ADVB e Conselheira da ONG Canta Brasil. Em seu novo posto, responde por gestão da marca, imagem e reputação da empresa, atuando com branding, assessoria de imprensa, publicidade institucional, comunicação interna, eventos, redes sociais e investimento social privado.

World Press Photo abre exposição com imagem polêmica

A exposição de fotojornalismo World Press Photo 2012, que teve abertura em 20/5, este ano veio cercada de polêmica. O sueco Paul Hansen, do jornal Dagens Nyheter, grande vencedor do concurso com a fotografia do funeral de crianças mortas durante um ataque à Faixa de Gaza, foi acusado de manipulação dessa imagem, que seria a sobreposição de três diferentes flagrantes. A organização contratou uma perícia e, com base nesse parecer, o júri decidiu manter o prêmio. Na categoria Vida cotidiana, o que surgiu foi um retrato realista da crise por que passa a União Europeia. O ganhador, o português Daniel Rodrigues, estava desempregado e vendendo o equipamento para pagar as contas. Com a notoriedade, logo conseguiu trabalho na Câmara de Lisboa. Além dessas e outras fotos, O Globo apresenta, pelo quinto ano, o salão Sem legendas, com a projeção das melhores fotos publicadas no jornal em 2012, e três documentários em full HD produzidos por fotógrafos da casa. A mostra fica até 23/6 na livraria da Caixa Cultural (av. Almirante Barroso, 25). No dia 2/6 haverá um debate no Oi Futuro (rua Visconde de Pirajá, 54, 3º), com a presença do brasileiro Felipe Dana, da Associated Press, e do belga Frederik Buyckx, da National Geographic, ambos recebedores de menção honrosa por fotos sobre segurança pública no Rio, já na edição 2013. O encontro será mediado por Ricardo Mello, editor de imagens multiplataforma de O Globo, com a participação de Alexandre Sassaki, editor de Fotografia do jornal.

ESPN prepara ampla cobertura da final da UEFA Champions League

Pelo 19º ano consecutivo os canais ESPN farão uma cobertura completa da final da UEFA Champions League. O jogo entre Borussia Dortmund e Bayern de Munique, no próximo sábado (25/5), terá equipe in loco, exibição em 3D em mais de 50 salas de cinema espalhadas por 26 cidades do País e transmissão também pela Rádio ESPN (www.espn.com.br/radio), no Watch ESPN e no portal ESPN.com.br. A narração será de Paulo Andrade, com comentários de José Trajano, Paulo Vinicius Coelho e Mauro Cezar Pereira. João Castelo Branco acompanha dos treinos do Borussia em Dortmund e Mendel Bydlowski cobre o Bayern direto de Munique.

Os dois repórteres seguem para Londres nesta 5ª (23/5) com as duas delegações. A equipe vem fazendo entradas ao vivo nos principais programas do canal, que também exibe até 6ª.feira edições especiais do Fora de Jogo, às 15h, e, na sequência, reapresenta jogos históricos em O melhor da UEFA Champions League. No sábado (25/5), a programação começa às 13h com mais um Fora de Jogo, dessa vez com a análise do confronto decisivo, seguida do Abre Jogo. A partida começará às 16h45, com transmissão de ESPN,  ESPN HD e ESPN+, direto de Wembley. Logo após o final do jogo outro Fora de Jogo especial trará análises e repercussões da decisão, com a participação dos profissionais que estarão na Europa.

Luiz Sérgio Guimarães terá coluna de Finanças no Brasil Econômico

Luiz Sérgio Guimarães estreia na próxima 2ª.feira (27/5) uma coluna diária no Brasil Econômico. Integrante da primeira equipe do Valor Econômico, onde manteve por oito anos uma coluna sobre juros e câmbio, ultimamente era colunista da CartaCapital. Luiz Sérgio entrará na equipe de Finanças da editora Josette Goulart, também ex-Valor, que chegou recentemente ao jornal e ao Rio de Janeiro, para onde foi transferida a sede do periódico. “Estamos em nova fase e estreamos o novo projeto gráfico há duas semanas”, diz ela. “O publisher Ramiro Alves está apostando em uma equipe renovada, sob a liderança  da editora-chefe Sonia Soares (ex-editora-executiva de O Globo)”. Apesar da mudança do jornal para o Rio de Janeiro, Luiz Sérgio Guimarães continuará publicando seus textos a partir de São Paulo.  

Site do Estadão fora do ar no dia do enterro de Ruy Mesquita

Não bastasse a situação gerada pelo falecimento de seu diretor Ruy Mesquita nesta 2ª.feira (21/5), o site do Estadão vem apresentando uma série de problemas funcionais nos últimos dias chegando a ficar totalmente fora do ar por algumas horas entre ontem e hoje (22/5). Na madrugada de domingo para 2ª.feira, a home principal saiu do ar por volta das 3h e só voltou depois das 7h da manhã, enquanto a página de Economia & Negócios só voltou a funcionar após às 21 horas, ficando o dia inteiro desconectada. A certa altura, quem clicava em Economia era direcionado para o portal de Política e os blogs ficaram todos desconfigurados. Por pouco, o site do próprio jornal não foi furado pela concorrência na notícia da morte de seu diretor e quem quis saber o horário do enterro de Ruy Mesquita, por exemplo, (marcado para as 15h, no Cemitério da Consolação), tinha o consolo de encontrar a informação na concorrência, no UOL, em manchete de home. Os problemas refletem, segundo funcionários, a política de falta de investimentos em tecnologia.

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