Luiz Antônio Novaes, o Mineiro, deixou na semana passada O Globo e o cargo de editor-executivo, encarregado de fechar a primeira página. Ele começou no jornal 19 anos atrás, em Brasília, como coordenador de Nacional, na gestão de Merval Pereira, e foi para o Rio com Rodolfo Fernandes, morto em 2011. O motivo alegado são projetos pessoais. Mineiro disse ao Jornalistas&Cia: “Achei que era hora de fazer um redesenho da minha vida profissional – editores e executivos também precisam disso… Vou entrar numa espécie de período sabático, de seis meses, em que pretendo refletir muito sobre os desafios que a imprensa vem enfrentando e organizar vários projetos pessoais que não saíam do papel. Um deles é um livro sobre o mundo político. Se tudo der certo, volto à ativa em fevereiro, disposto a cobrir a campanha presidencial”. Na mensagem de despedida, o diretor de Redação Ascânio Seleme relembrou: “Foi a primeira e única vez na minha carreira que convidei alguém para ser meu chefe. […] O fato é que me dei muito bem com ele. O Mineiro foi um grande chefe, e depois tornou-se um grande colega e um grande colaborador. E foi sempre, e continuará sendo, um grande amigo”. E prosseguiu: “Todos sabem que o Mineiro faz a melhor primeira página de jornal no Brasil. […] Por sorte, temos outros grandes talentos no jornal que saberão dar continuidade ao padrão Globo na primeira”. Com isso, desde 2ª.feira (5/8), mudou a estrutura do aquário. Pedro Doria mantém a responsabilidade pela área digital e passa a responder pela abertura do jornal, função antes desempenhada por Sílvia Fonseca, que vai para o fechamento, mantendo algumas de suas antigas funções de produção. Os dois formarão o núcleo central da redação, um iniciando os trabalhos pela manhã e outra elaborando-os no fechamento. Chico Amaral, designer que chegou no ano passado vindo da Cases i Associats, vai riscar a primeira página, cuidando da concepção e do desenho; o conteúdo, a manchete e os outros elementos que a formam mantêm-se sob o comando da Redação – diretor de Redação e editores executivos – após a reunião da tarde. Para essas mudanças, haverá mexidas também nos horários da Redação, que começa mais cedo, antecipando as reuniões de pauta e de fechamento.
Seminário Urbanismo e Jornalismo lota auditório do IICS
Com a presença de cerca de 60 convidados, entre jornalistas, assessores de comunicação, professores e empresários da indústria imobiliária, Jornalistas&Cia realizou na manhã da última 3ª.feira (6/8), no auditório do IICS – Instituto Internacional de Ciências Sociais, na capital paulista, o Seminário Urbanismo e Jornalismo – A São Paulo que queremos, tendo como convidados fontes e profissionais que cobrem a área e como pano de fundo o Plano Diretor da Cidade de São Paulo, que está em discussão. Os palestrantes foram o arquiteto e urbanista Carlos Leite, que falou sobre Cidades Sustentáveis; o engenheiro e empresário Claudio Bernardes (presidente do Secovi e reitor da Universidade Secovi), que apresentou uma visão da indústria imobiliária; e o arquiteto e urbanista Fernando de Mello Franco (secretário do Desenvolvimento Urbano de São Paulo), que detalhou os esforços em curso para a elaboração do projeto do Novo Plano Diretor da Cidade de São Paulo, que será em breve encaminhado à Câmara Municipal de São Paulo, para análise e aprovação. Os debatedores e moderadores foram Alencar Izidoro (Folha de S.Paulo), CarlosTramontina (TV Globo), Celso Masson (Época São Paulo), Eduardo Ribeiro (J&Cia), Fabíola Cidral (CBN), Filomena Salemme (Faculdade Cásper Líbero), José Paulo Kupfer (Estadão), Marcelo Mattos (Jovem Pan) e Ricardo Medina (IICS). A cobertura completa do seminário e dos seus bastidores farão parte de edição especial de Jornalistas&Cia que circulará nesta 5ª.feira, 8 de agosto.
Esso encerra inscrições na semana que vem
Encerram-se na próxima 4ª.feira (14/8) as inscrições para o Prêmio Esso de Jornalismo, a que podem concorrer trabalhos de mídia impressa e aqueles veiculados por emissoras de televisão entre 16/8/2012 e 14/8/2013. Serão aceitos, no máximo, cinco trabalhos por candidato. Para as categorias de Criação Gráfica (Jornal, Revista e Primeira Página) é obrigatória a remessa dos originais por via postal para o endereço dos organizadores. A mesma exigência é feita para os trabalhos de telejornalismo, cujos vídeos, copiados em CDs ou DVDs, devem ser também enviados pelos Correios. Os finalistas serão anunciados em 16/10 e, os vencedores, em 13 de novembro. Inscrições pelo www.premioesso.com.br. Regulamentos nos http://migre.me/fGs1p (Jornalismo) e http://migre.me/fGs3B (Telejornalismo).
Dignidade leva José Wille a deixar CBN Curitiba
Repreendido e desautorizado pela Direção por denunciar e documentar atitudes de assédio sexual na empresa, ele optou por entregar o cargo O mercado paranaense de comunicação passou por uma situação histriônica nesta semana. O que inicialmente poderia parecer apenas mais um anúncio de desligamento na cúpula em um importante veículo do Estado – quando, no último dia 31/7, o diretor de Jornalismo da CBN Curitiba José Wille comunicou sua saída, após 18 anos de casa – acabou ganhando dimensão de escândalo. A atitude inicial da rádio, potencializada por sua falta de clareza em relação aos reais motivos do desligamento de seu diretor, gerou indignação na equipe da emissora e culminou com uma greve na manhã desta 2ª.feira (5/8), além da saída compulsória de outros três profissionais da casa. O que sucedeu foi que, após algumas acusações de assédio sexual, feitas por ex-funcionárias da emissora contra o ex-deputado federal e jornalista Airton Cordeiro, apresentador e comentarista da casa, Wille apurou informações e registros que comprovavam essas queixas e os apresentou a Joel Malucelli, proprietário da CBN Curitiba e de outros veículos do Estado. Apesar das provas, o empresário optou por não tomar nenhum tipo de ação contra Cordeiro, e, ao contrário, disse a Wille que ele havia conduzido muito mal o episódio. Por causa disso Wille colocou seu cargo à disposição, e a empresa aceitou. Em carta de despedida, publicada em seu site (http://bit.ly/16ZC3KJ) no dia seguinte (1º/8), Wille explicou os motivos de seu desligamento, mas sem entrar em detalhes: “Sair de um trabalho é rotina na carreira de um jornalista. E algumas vezes temos que deixar tudo, justamente por fazer o que julgamos correto. Mas devemos seguir sempre em frente, em busca de outro veículo, para continuar exercendo a nossa missão de informar”. No mesmo dia, entretanto, o blog Terceiro Caderno (http://bit.ly/187sdI5), de Paulo Galvez da Silva, já alertava para o possível motivo real de sua saída: “Não foi por questões políticas ou editoriais que o jornalista José Wille deixou, ontem, a rádio CBN Curitiba. O motivo, na verdade, teria sido uma investigação conduzida por ele para apurar denúncias de assédio sexual por parte de outro funcionário da emissora. Nos últimos meses, cinco estagiárias pediram desligamento da rádio. O resultado da investigação teria confirmado as denúncias, mas a CBN preferiu demitir Wille e manter o acusado”. O caso voltou a ganhar repercussão quando na manhã desta 2ª.feira (5/8) um grupo de funcionários da emissora decidiu pela paralisação das atividades, cobrando da empresa um posicionamento sobre a denúncia e sobre o desligamento de seu diretor. O comunicado assinado por 15 funcionários solicitava a elucidação de três pontos: 1) Esclarecimento público a respeito da denúncia de assédio sexual, supostamente cometido pelo comentarista Airton Cordeiro; 2) Esclarecimento da empresa aos funcionários em relação à saída do diretor de Jornalismo José Wille; e 3) Notificação à Rede CBN sobre caso de assédio sexual dentro da CBN Curitiba e os recentes desligamentos de outros jornalistas. Além da paralisação, outros três profissionais anunciaram no mesmo dia seu afastamento da emissora: o apresentador Álvaro Borba, o colunista Daniel Medeiros e o chefe de Reportagem Marcos Tosi. Com a programação local fora do ar, a faixa de transmissão da CBN Curitiba passou a apresentar a programação nacional e de São Paulo, e com isso o caso ganhou mais repercussão ainda, chegando inclusive à direção nacional da CBN, que emitiu um comunicado sobre o caso: “A Rede CBN tem certeza de que sua afiliada de Curitiba vai tomar todas as providências necessárias para resolver esses problemas, sempre buscando transparência e justiça em suas decisões. Além disso, a Rede CBN não tem dúvidas de que a afiliada não só informará e esclarecerá seus ouvintes, como também pedirá desculpas pelos transtornos causados com a mudança emergencial na sua programação matinal desta segunda-feira”. A programação da emissora voltou ao normal ainda na tarde de 2ª.feira, após reunião com o diretor geral Eli Thomaz de Aquino, o representante da holding J. Malucelli Luís Henrique e membros do Sindicato dos Jornalistas do Paraná. Nela, ficou decidido o afastamento do funcionário envolvido nas denúncias. Após o encontro, de volta às atividades, os funcionários emitiram um novo comunicado em que explicavam: “Recebendo garantias de que a providência cabível no caso foi tomada e que não haverá represálias, os funcionários decidem retomar as atividades na tarde de hoje. Houve, ainda, a promessa de que o diálogo permanecerá aberto entre funcionários e direção”. Em nota publicada em seu site (http://bit.ly/16pod4u), o sindicato considerou a atitude como uma “prova de solidariedade” e parabenizou os profissionais pela “iniciativa de paralisar suas atividades em busca de explicações sobre o ocorrido”. Quem também se pronunciou em comunicado oficial foi a CBN Curitiba. Em um trecho da nota, a emissora explicou: “Fomos surpreendidos por uma denúncia de suposto assédio na emissora, o que causou o imediato e definitivo afastamento do colaborador envolvido… Dada a importância que o assunto merece, foi tratado com todo zelo e sigilo necessários… Esclarecemos que não demitimos nenhum colaborador em razão do ocorrido, a exceção do afastamento já citado”. Em entrevista ao site Paraná Online (http://bit.ly/16pFKtb), do Grupo Paranaense de Comunicação, Airton Cordeiro defendeu-se das acusações: “Ainda não sei ao certo de onde partiram as denúncias, mas quem as fez terá que provar. Um sorriso não pode ser considerado assédio sexual. Eu não levei ninguém para o motel. O que está acontecendo é uma sórdida campanha elaborada por meus detratores. Tenho muitos inimigos e estas pessoas querem me prejudicar, mas não conseguirão”. Apesar da grande mobilização a seu favor, Wille, que é irmão dos também jornalistas Cley Scholz (Estadão) e Simão Scholz (Rede Record), tem evitado se pronunciar a respeito do caso desde sua saída da emissora, inclusive quando procurado por este Portal dos Jornalistas. Em suas contas em facebook e twitter, muitos colegas de profissão e leitores têm demonstrado apoio a ele, que não comenta o assunto, mas continua atualizando as notícias de seu site pessoal, o www.jws.com.br, onde traz destaques da internet e da história da Comunicação no Paraná.
Daniela Arbex lança Holocausto Brasileiro
Daniela Arbex, repórter do jornal Tribuna de Minas há 18 anos, lança nesta 6ª.feira (9/8) em São Paulo o livro Holocausto brasileiro – Vida, genocídio e 60 mil mortes no maior hospício do Brasil (Geração Editorial, 272 págs., R$ 39,90). O evento acontece a partir das 18h30 na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. A obra conta sobre pacientes que foram internados à força nos anos 1960 e 1970, sem diagnóstico de doença mental, num enorme hospício na cidade de Barbacena, em Minas Gerais. Ali foram torturados, violentados e mortos. Eram epilépticos, alcoólatras, homossexuais, prostitutas, meninas grávidas dos patrões, mulheres confinadas pelos maridos, moças que haviam perdido a virgindade antes do casamento. Daniela defende que o que se praticou no Hospício de Barbacena foi um genocídio, com 60 mil mortes. Um holocausto praticado pelo Estado, com a conivência de médicos, funcionários e da população. A repórter tem no currículo mais de 20 prêmios nacionais e internacionais, entre eles três Esso, duas menções honrosas no Vladimir Herzog, o Knight International Journalism Award, entregue nos Estados Unidos (2010), prêmio e menção honrosa do IPYS de Melhor Investigação Jornalística da América Latina e Caribe (Transparência Internacional e Instituto Prensa y Sociedad) e menção honrosa do Natali Prize, na Europa. SERVIÇO Lançamento do livro Holocausto brasileiro – Vida, genocídio e 60 mil mortes no maior hospício do Brasil, de Daniela Arbex Data: 9 de agosto de 2013 Horário: 18h30 Local: Livraria Cultura | Conjunto Nacional (av. Paulista, 2073 – São Paulo, SP)
Roda Viva: bastidores de uma troca
Augusto Nunes sucederá a Mário Sérgio Conti no comando do programa, sem prejuízo de sua atuação como blogueiro de Veja Um dos mais tradicionais programas jornalísticos da tevê brasileira, o Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo, estará sob nova direção no final do mês.
Não é tão nova direção assim, pois o novo âncora, Augusto Nunes, já esteve em duas ocasiões por lá: na primeira, entre 1987 e 1989, também como âncora; e mais recentemente, de 2010 a 2011, como entrevistador fixo no período em que Marília Gabriela o ancorou. Convidado pelo novo (também nem tão novo assim, pois está em sua segunda gestão) presidente da Fundação Padre Anchieta Marcos Mendonça, Augusto sucederá a Mario Sérgio Conti.
Este, pelo que se deduz do artigo que Elio Gaspari publicou em sua coluna do último domingo (4/8) na página A15 da Folha de S.Paulo, bateu de frente com Mendonça e com isso foi por este informado que o contrato, que venceria no final de setembro, estará rescindido ao final de agosto. Gaspari, aliás, foi contemporâneo de Conti na revista Veja, onde ambos trabalharam por muitos anos. Paulo Nogueira, outro contemporâneo de ambos na Editora Abril, afirma em seu blog Diário do Centro do Mundo (www.diariodocentrodomundo.com.br) que, “se é verdade o relato de Elio Gaspari sobre a saída de Mario Sergio Conti do Roda Viva, a TV Cultura de São Paulo vive dias de absoluta insanidade. A versão de Elio é, certamente, a de Conti.
Conti fez carreira na Veja sob as asas de Elio quando este era, na década de 1980, diretor-adjunto”. Paulo, no artigo, indaga: “FHC é tão detestado assim num reduto tucano? Ou Mendonça é tão consciencioso que ficou incomodado com o fato de que a entrevista de FHC se seguiria a uma de Serra no Roda Viva?” E avança em relação à contratação de Augusto Nunes para o posto: “Em outra encarnação, no começo da década de 1980, Nunes foi um excelente apresentador do Roda Viva. Provavelmente, o melhor da história do programa. Boa presença, capacidade de administrar os entrevistadores, sensibilidade para interromper perguntas ou respostas longas.
Mas ele era outro jornalista. Hoje, comanda um blog histrionicamente contra as administrações do PT e contra qualquer coisa remotamente associada à esquerda. Dilma é ‘Dois Neurônios’ e Evo Morales é ‘Lhama com Franja’. Rui Falcão, que tem sequelas das torturas que sofreu, ‘mente a 80 piscadas por minuto’. Xinga leitores que discordam de suas opiniões num grau tal que foi processado por um deles por danos morais. Quem, fora de um círculo restrito, aceitará ir a um Roda Viva sob Augusto Nunes?” E compara sucessor e sucedido: “Mario Sergio Conti não nasceu para a televisão: é lento ao falar, não tem charme e acaba sendo enfadonho como apresentador. Mas Augusto Nunes é uma solução pior que o problema”.
Gaspari, em seu texto, assinalou que pouco depois da posse de Mendonça, Conti havia convidado o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para ser o entrevistado da semana. Desde 2011, quando Sayad [N. da R.: João Sayad, ex-presidente da emissora] o levou para a TV Cultura, o jornalista tinha autonomia para escolher os convidados. Mendonça é um mandarim do aparelho tucano e já ocupou a Secretaria de Cultura de São Paulo. Sem qualquer discussão interna, ou notícia a Conti, telefonou para o ex-presidente, retirando o convite. No seu melhor estilo, FHC encaixou o golpe. Quando Mendonça comunicou o desconvite a Conti, ele condenou a grosseria com o ex-presidente, lembrou a autonomia que Sayad lhe dera e informou que a exerceria, mantendo a entrevista. Ligou para FHC que, novamente no seu melhor estilo, disse-lhe ‘lá estarei’. E lá esteve, cerimoniosamente recepcionado por Mendonça.
A entrevista foi ao ar no dia 1° de julho”. Conti, no acordo feito com Sayad, além de autonomia total com o programa, teria exigido subordinação exclusivamente a ele, Sayad, sem qualquer outro intermediário, conforme é voz corrente nos corredores da Fundação Padre Anchieta. A ponto de nesse período, segundo apurou este J&Cia, ter feito uma única visita ao Departamento de Jornalismo, quando foi apresentado à equipe. Sayad sempre viu o Roda Viva como um programa diferente e politicamente estratégico, razão pela qual sempre tomou decisões pessoais em relação a ele.
Assim foi quando decidiu convidar Marília Gabriela, autorizando-a a mudar radicalmente o formato, a ponto de transformá-lo numa ‘agradável sala de visitas’, como ela própria qualificara. Mas foi com a própria Gabi que ele acabou vivendo uma dos mais delicados momentos de sua administração: na 2ª.feira seguinte à eleição de Dilma Rousseff, ela levou ao Roda Viva José Dirceu, já então o mais notório réu do Mensalão. E Dirceu saiu-se bem, apesar da aguerrida bancada que enfrentou, em que estavam o próprio Augusto Nunes, além de Paulo Moreira Leite (os dois fixos) e outros convidados.
O programa gerou uma crise no Palácio dos Bandeirantes e Sayad, para tentar contorná-la, procurou, sem êxito, por algum tucano que quisesse ir ao Roda Viva seguinte. Com problemas de audiência, a temporada de Marília Gabriela foi encurtada e com a chegada de Conti retomou-se o formato original. Quando se confirmou a contratação de Conti, houve novo estremecimento com o Palácio dos Bandeirantes e de lá emanaram sinais explícitos de que enquanto o novo apresentador estivesse na Cultura o governador Geraldo Alckmin não colocaria os pés na emissora e a publicidade do Governo do Estado e de suas empresas também desapareceriam do horizonte da Fundação Padre Anchieta.
O governador chegou até a ensaiar uma participação no Jornal da Cultura, na celebração dos 25 anos do programa, mas uma inesperada mudança na agenda cancelou a participação, conforme confirmou fonte da emissora a este J&Cia. “O fogo amigo entre tucanos – diz essa fonte – é uma triste realidade, e o Mendonça está tendo de se virar para tocar sua gestão em função da marcação forte que está sofrendo, a começar do Conselho Curador, do qual ele já tomou uma bronca histórica, pois se recusara a pagar aviso prévio e multa do FGTS aos diretores-gerentes que mandou demitir (foram dez) na 6ª.feira seguinte à sua posse, em junho.
Chamado às falas pelo presidente Belisário dos Santos Jr. e ameaçado até de cassação do posto, voltou atrás”. Nesta 3ª.feira (6/8), Vivian Masutti publicou no site F5 da Folha de S.Paulo que Marcos Mendonça afirmou que Conti foi demitido por questão salarial: “Era o maior salário da emissora”, teria dito ele, para em seguida completar que Augusto Nunes assumirá o cargo ganhando metade do valor.
Site da revista Carro muda para leitor criar seu próprio comparativo
O Carro Online (www.carroonline.net), portal da revista Carro, apresentou na última semana novidades de visual, conteúdo e interatividade. A principal mudança foi a criação de uma ferramenta que permite aos usuários criar seus próprios comparativos de automóveis, selecionando até três modelos diferentes e conferindo a eles atributos técnicos, de equipamentos, preço e desempenho. O banco de dados da publicação conta atualmente com mais de 250 modelos distribuídos em cerca de 800 versões. “A ideia dessa mudança surgiu nas conversas com a equipe, mas baseada na experiência que tivemos com a revista semanal Carro Hoje, descontinuada em novembro”, explica o diretor de Redação Mário Sérgio Venditti. “Ela adotava uma linguagem focada na prestação de serviços para o leitor, no sentido de atuar como guia para orientá-lo na hora da compra. Como a criação do novo site já estava definida, pensamos em manter essa filosofia. Editorialmente, a página também será reforçada semanalmente com mais conteúdos inéditos, como testes e os lançamentos mais recentes”. Seguem inalteradas as seções de interatividade da página, como Acusação e Defesa, Carro Recomenda, Quiz, Enquetes e o Teste dos 100 Dias.
Maurício Menezes volta à Rádio Globo como coordenador Artístico
Maurício Menezes começa em 12/8 na Coordenação Artística da Rádio Globo no Rio. Vai trabalhar como o principal interlocutor do diretor Claudio Henrique, assessorando-o na criação e desenvolvimento de novas atrações, quadros e produtos, tanto na Programação como no Esporte e no Jornalismo.
Menezes vem do programa Show da manhã da Rádio Tupi. E ele é radialista desde criancinha: foi contratado pela Rádio Globo pela primeira vez em 1970, e ali esteve por 29 anos, nas funções de repórter, editor, chefe de Reportagem e apresentador. Paralelamente, seu lado jornalista o levou para a redação da sucursal de O Estado de S. Paulo e assessorias, como a do time do Flamengo.
Desde 1990, esse precursor da stand up comedy passou a apresentar seu espetáculo Plantão de notícias, criado de início informalmente para os companheiros de reportagem de rua, exibido depois em bares, e hoje, mais estruturado, está em palcos de teatros. Seu lado sério aparece como jurado do Prêmio Embratel, em diversas edições, desde o lançamento.
O entusiasmo pela nova aquisição transparece no comunicado de Claudio Henrique, distribuído à sua equipe na emissora: “Tenho convicção de que ele chegará imbuído da mesma gana com que estamos trabalhando para levar a Globo ao seu lugar”. O diretor-geral Bruno Thys reforça: “Maurício Menezes é craque. Joga bem em todas: jornalismo, esportes e entretenimento. Sempre foi Globo. Tem o DNA da Globo”.
Vaivém das redações!
Confira o resumo das mudanças que movimentaram nos últimos dias as redações de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Ceará: São Paulo: Marcelo Leite, que voltou ao time de repórteres especiais da Folha de S.Paulo após dois anos e meio como editor de Opinião, retornando aos temas ligados a Ciência, sua especialidade, a partir de 28/7 passou a revezar com o professor Marcelo Gleiser os textos da coluna dominical Ciência+Saúde. Rio de Janeiro: Leo Dias começou nesta 2ª.feira (29/7) no programa TV Fama, da Rede TV, como repórter especial. Leo começou com uma coluna de celebridades no Extra, transferiu-a para O Dia, e continua a fazê-la simultaneamente ao programa. Minas Gerais: Ângela Faria e Gracie Santos respondem pela editoria de Cultura do Estado de Minas durante as férias do titular João Paulo Cunha, até 15 de agosto. Os contatos são [email protected] e [email protected]. Giulia Andrade deixou o Metro e foi substituída por Maria Eduarda Ramos ([email protected]). A coluna de Paulo Navarro em O Tempo agora ocupa uma página inteira e, aos domingos, apresentará uma personalidade diferente. Sugestões de pauta para [email protected]. Rio Grande do Sul: Maiana Antunes é a nova editora da Revista Living (Boniatti), de Porto Alegre. A publicação, que completa dois anos, é focada em arquitetura, decoração, moda e estilo de vida, e tem circulação de 15 mil exemplares. Maiana foi produtora, repórter e apresentadora na TV Univates, e editora executiva da Di Primio, onde atuava com revistas customizadas. Seus novos contatos são [email protected] e 51-3097-0520. Desde o último sábado (27/7), o cartunista Laerte voltou a publicar diariamente suas tirinhas no Segundo Caderno de Zero Hora. Ceará: Marcelino Júnior deixou a TV Verdes Mares e assumiu a Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sobral. A Dégage, de Eugênia Nogueira e Sônia Lage, faz a assessoria de imprensa local da Convenção dos Atacadistas, a partir de 5/8, no Centro de Eventos do Ceará. Ciro Gomes abandonou por enquanto o projeto de comentarista esportivo para se dedicar à coluna que tem na CartaCapital.
Memórias da Redação ? A manhã em que desapareci do mapa
A história desta semana é uma crônica que Ignácio de Loyola Brandão ([email protected]) publicou em O Estado de S. Paulo em 19/4 e cuja reprodução autorizou. Em abril, aliás, saiu o mais recente livro dele, Solidão no fundo da agulha (Tratore), quase memórias: são 32 crônicas que remetem a lugares e canções que marcaram de forma especial a trajetória dele, acompanhadas de um CD em que Rita Gullo canta as músicas citadas. A manhã em que desapareci do mapa Sumi por quase duas horas na quinta-feira, dia 11, semana passada, para “desespero” de um pequeno grupo de pessoas, amigos e familiares, que se viu sem ação, ansioso, em pânico. Desapareci do mapa. Reflexos desta cidade, deste País “Sinal dos tempos que vivemos, de incertezas, sustos e constante tensão por dá cá aquela palha”.
Temos de saber o tempo inteiro onde todos estão. Naquela manhã, eu tinha uma entrevista na Rádio Bandeirantes com José Paulo de Andrade e Salomão Ésper. Seria um bate-papo solto, sobre carreira, livros, vida, manias. E outra na BandNews sobre meu novo livro, Solidão no fundo da agulha. Debora, assessora de imprensa, que tinha programado tudo, me avisou que o carro me apanharia às 10h15. O carro veio, entrei. E sumi. Minutos depois, outro carro chegou, tinha ordens para me levar à Bandeirantes. “Como? Ele acaba de sair, foi para a emissora!”, informou o porteiro. E a epopeia começou. Debora, alertada pelo motorista, ligou para minha casa. Alzeni, que trabalha conosco há 18 anos, disse que eu tinha acabado de descer, uma condução viera me buscar.
A assessora ficou intrigada: “Mas o carro está aí na porta! Que carro ele pegou? Para onde foi?”. Ela não sabia, nem o porteiro do prédio. “Qual o celular dele?”. Não tem. Alzeni assustou-se. Será que sequestraram? Ficou alarmada, ouve rádio o dia todo, é seu companheiro, e a maioria das notícias das emissoras que ela ouve são policiais. Telefonemas circularam entre a BandNews, a Fundação Carlos Chagas, que lançou meu livro Solidão no fundo da agulha, e a minha casa. Onde estava o escritor? O horário do programa da Band se aproximava. Alzeni não sabia se devia ligar para minha cunhada, para ter orientação, uma vez que minha mulher e minha filha estão em viagem. Devia avisar a polícia? Ligar para os parentes em Araraquara? Quem tem os telefones dos filhos? Procurar o registro de um acidente, assalto, o que fosse no trajeto João Moura-Morumbi? Todos em alerta. E eu não aparecia. A empregada (secretária do lar), inquieta, nervosa, parou o almoço, ficou atenta ao rádio para ver se havia notícias de sequestro, desaparecimento, morte. Mas quem sequestraria um escritor? Para quê? Aturdimento. Sem saber de nada, eu desembarquei nos estúdios do Morumbi.
Salomão Ésper me aguardava no pátio, encontramos José Paulo de Andrade, fui conduzido por labirintos que atravessam em várias direções, observando redações com centenas de jovens diante de computadores. Apareceu José Paulo, passamos por um estúdio envidraçado, havia uma morena diante de uma câmera, saudada por todos que passavam. Deve ser uma das musas aqui, pensei. Era Maria Fernanda, âncora da BandNews. Conversamos na rádio durante hora e pouco.
Quando tem jornalista que sabe perguntar, nunca deixa a peteca cair, está informado do que o entrevistado faz, a coisa corre. Adorei o bate-papo descontraído. Terminado, fomos tomar café à sombra de grandes árvores. Pão de queijo quentinho e uma broinha de milho que parecia chegada de Minas. Súbito, surge uma jovem afobada que ao me ver deu um longo suspiro: “Que alívio! O senhor está aqui! Está todo mundo te procurando. Todo mundo. Sumiu. Estávamos bem preocupados”.
Olhem a vida! Essa jovem, que vi criança, é nada menos que a filha de Caio Graco, meu primeiro editor, o homem que me descobriu e me lançou pela Brasiliense. “Me procurando? Por quê?”. E ela: “Para a entrevista com a BandNews, esqueceu?” De repente, ficou claro. Os e-mails para a entrevista na BandNews eram assinados pela Debora, assessora de imprensa da Fundação Carlos Chagas, que lançou o Solidão no fundo da agulha. Os e-mails para a entrevista com Ésper e Andrade eram assinados por outra Debora, assessora da Bandeirantes. Eram duas Deboras em funções idênticas. Ambas tinham enviado, sem que uma tivesse ideia da outra, dois carros para o mesmo horário. Um chegou minutos depois, foi a conta. Deu o quiproquó. Uso essa palavra pela primeira vez na vida, vejam só.
Não prestei atenção ou estou na curva descendente? Entre 10h30 e meio-dia, quando fui “encontrado” tomando café, houve estupefação (gosto dessa palavra), interrogação, susto, ninguém tendo ideia do que fazer, pensar, imaginar. Em que clima vivemos! E eu dentro do estúdio, conversando. Felizes todos, fui para a BandNews e dei a entrevista para a linda Maria Fernanda. Aprendi a lição, rendo-me ao óbvio: no mundo de hoje é preciso levar um celular. Ele é guia, bússola, norteia, pacifica, acalma, ampara, conduz, ilumina.
Anjo protetor. Lembram-se da oração da infância? “Santo anjo do Senhor, meu zeloso guardador. Já que a ti me confiou a providência divina, sempre me rege, guarde, governe e ilumina” (há certa confusão no tempo verbal, mas assim a tenho na cabeça). Celular? Vou ficar com o da minha filha e comprar outro para ela. Só preciso de um que fale e ouça, dispenso os milhares de aplicativos. Até o dia em que o cotidiano me obrigue aos aplicativos.






