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Lívio Oricchio e Margot Pavan deixam o Estadão

Deixaram o Estadão na última semana o repórter Livio Oricchio e a editora de Estratégias Digitais Margot Pavan. E pelo que apurou o Portal dos Jornalistas não serão substituídos.

Responsável pela cobertura da Fórmula 1 e por um blog que leva seu nome, Livio havia recentemente completado duas décadas de jornal. “Depois de exatos 20 anos, deixo o Estadão, por decisão da empresa. Pelo que me foi informado, o Grupo Estado não vai mais investir na cobertura in loco da Fórmula 1. Ao menos na próxima temporada”, explicou em sua mensagem de despedida. “O importante é que a saída do Estadão não representa o fim de uma era, mas o início de outra, provavelmente mais pródiga. É em geral o que acontece nas mudanças de ares. Tenham uma certeza: minha gana cresceu ainda mais… Tenho muita confiança de que estarei participando, em 2014, de outro projeto na área a que me dedico há 25 anos. Não posso falar nada agora, mas espero em breve poder contar uma novidade muito boa”.

Margot estava no posto desde julho de 2011. Antes integrou a equipe que fundou o UOL, tendo permanecido no Grupo Folha por 12 anos, além de ter atuado por três anos como gerente de Estratégia para Mídia Digital da Editora Abril.

 

Demissões atingem também a Agência Estado

 

Na Agência Estado houve quatro cortes, entre eles o do editor-executivo Roberto Lira, com quase 13 anos de casa, cujo cargo será ocupado em janeiro por Daniela Milanese. Ela trabalhará ao lado das editoras-executivas Teresa Navarro e Irany Teresa, todas reportando-se ao editor-chefe João Fábio Caminoto. Roberto estava no posto desde janeiro de 2001 e antes foi repórter e editor da Gazeta Mercantil.

No AE News/Broadcast, as baixas atingiram a editora de Internacional Andréia Lago e o repórter Rodrigo Petry. Natural do Rio Grande do Sul, Andréia estava na AE havia 14 anos, tendo passado anteriormente por TV Bandeirantes, Jovem Pan, CBN e Folha de S.Paulo. Ainda no Grupo Estado, foi âncora do programa Agência Estado no Ar, transmitido pela Rádio Eldorado e mais tarde pela Estadão ESPN. Ela será substituída em janeiro por Danielle Chaves, da própria equipe da AE.

Também gaúcho, Rodrigo chegou à casa em novembro de 2006, após passagens pela assessoria de Imprensa da Assembleia Legislativa do RS e pela equipe de reportagem do jornal O Sul. Outro com bastante tempo de casa, Venilson Ferreira, ultimamente repórter em Brasília, deixa a empresa após 18 anos. Ele disse ao Portal dos Jornalistas que, por enquanto, sua ideia é voltar para São Paulo e continuar na cobertura do agronegócio, “à qual me dedico há mais de 30 anos”.

Segundo Caminoto, essas movimentações fazem parte da gestão permanente da redação AE e as mudanças incluem também promoções, aumentos e contratações. Ele aproveitou para esclarecer que Daniela não terá as mesmas funções de Lira, embora vá ocupar o mesmo cargo: “Estamos alterando responsabilidades das duas editoras-executivas de SP, Teresa Navarro e Daniela”.

Luciano Borges assume Esportes da RedeTV

Após 16 anos no Grupo Bandeirantes, os últimos sete como editor-chefe do canal Bandsports, Luciano Borges aceitou convite de Américo Martins, superintendente de Jornalismo e Esportes da RedeTV, e já é o novo diretor do núcleo de Esportes da emissora. Entrou no lugar de Edson Porto, que saiu em outubro para ser diretor de atendimento da assessoria Ideal. Segundo Américo, “no ano que vem Luciano vai ter o desafio de tocar a Série B, que voltaremos a transmitir, e vários outros eventos esportivos – como a categoria de lutas de MMA chamada XFC”. Com mais de 35 anos de carreira, Borges teve passagens por Folha de S.Paulo, Diário S.Paulo e Gazeta Esportiva. Em tevê, atuou também como diretor da área de Esportes e diretor-executivo do Fala Brasil na Record, e na Rede Globo foi chefe de Reportagem do programa Mais Você, de Ana Maria Braga. Segue assinando o Blog do Boleiro no Terra Magazine e como correspondente da rádio australiana SBS.

Agência Pública lança livro-reportagem sobre investimentos na Amazônia

A Pública promove neste sábado (14/12), em São Paulo, com apoio da Clua (Climante and Land Use Alliance), o lançamento de Amazônia Pública, primeiro livro-reportagem produzido pela agência com o resultado de seis meses de investigações (entre julho e outubro de 2012) realizadas por quatorze jornalistas e publicadas no site da Pública. A série venceu o prêmio Prêmio Jornalistas&Cia/HSBC de Imprensa e Sustentabilidade (categoria Webjornalismo – Mídia Nacional) e foi finalista da sétima edição do Prêmio Allianz de Jornalismo Amazônia.

O evento deste sábado terá início às 16h, na Praça Roosevelt, no centro da capital paulista, com o debate O projeto de desenvolvimento da Amazônia e seu impacto nas populações locais, do qual participarão Sônia Guajajara (liderança indígena), Danilo Chammas (representante da rede Justiça nos Trilhos), Eduardo Viveiros de Castro (antropólogo) e Célio Bermann (IEE-USP), com mediação de Marina Amaral (Pública). Das 18h30 às 19h serão exibidos vídeos, fotos e depoimentos de personalidades gravados especialmente para o projeto, e haverá distribuição gratuita do livro.

À noite, o DJ Ricardo Madruga anima o público ao som de ritmos amazônicos, e projeção de imagens da VJ Veruscka Girio em três grandes telas montadas na marquise da praça. Interessados podem confirmar presença e compartilhar o evento com amigos pelo Facebook.

Aceesp anuncia vencedores

A Associação dos Cronistas Esportivos de SP anunciou em 7/12 os vencedores do Troféu Ford-Aceesp 2013, premiação que reconhece os principais destaques da imprensa esportiva no Estado. Tradicionalmente conhecido por eleger profissionais em votação direta, esta edição teve como novidades duas categorias para trabalhos jornalísticos: Furo jornalístico, vencida por Dossiê Ricardo Teixeira, de Jamil Chade (Estadão), e Melhor matéria da imprensa escrita, por O lado sombrio da bola, de Breiller Pires (Placar). Nas demais categorias os vencedores foram: TV Aberta: Milton Leite (Narrador – TV Globo), Mauro Beting (Comentarista – TV Bandeirantes), Mauro Naves (Repórter – TV Globo), Tiago Leifert (Apresentador – TV Globo) e programa Esporte Espetacular (Equipe de produção – TV Globo); TV por Assinatura: Milton Leite (Narrador – SporTV), Paulo Vinícius Coelho (Comentarista – ESPN), Felipe Diniz (Repórter – SporTV), Paulo Soares (Apresentador – ESPN) e SportsCenter (Equipe de produção – ESPN); Rádio: Oscar Ulisses (Narrador – Rádio Globo); Mauro Beting (Comentarista – Rádio Bandeirantes), Alexandre Praetzel (Repórter – Rádio Bandeirantes), Ricardo Capriotti (Apresentador – Rádio Bandeirantes) e Globo Esportivo (Equipe de produção – Rádio Globo). Além das mídias, foram contemplados Colunista de Jornal Impresso – Juca Kfouri (Folha de S. Paulo); Equipe de Jornal Impresso – Lance; Blog – Juca Kfouri (UOL); Site – Globo Esporte; TV Web – UOL TV; Rádio Web – Web Lusa; TV do Interior – EPTV Campinas; Rádio do Interior – Bandeirantes Campinas; Jornal do Interior – A Tribuna/Santos; Revista Esportiva – Placar; Revelação – Ana Thais Matos (Rádio Globo); Assessoria de Imprensa – Juca Pacheco (SPFC); e Ex-Atleta Comentarista/Colunista – Caio Ribeiro (TV Globo). A entidade também homenageou três profissionais que alcançaram ou ultrapassaram a marca de 50 anos de carreira: Fernando Solera (TV Gazeta), Roberto Carmona (Rádio Transamérica) e Cláudio Carsughi (Rádio Jovem Pan).  

Sueli Osório e Joka Finardi firmam parceria para troca de conteúdo

Os sites Transporte-se, de Sueli Osório, e SuperTopMotor, de Joka Finardi, passam a partir deste mês a compartilhar conteúdo. A parceria vai facilitar e movimentar a área editorial de ambas as páginas – iniciativas pessoais – na cobertura de lançamentos e novidades do segmento automotivo de carros, motos, caminhões, ônibus e logística. Apesar do compartilhamento, a responsabilidade editorial de cada página não sofrerá alteração.

Luis Alberto Caju retorna ao Metro News como colunista

Luis Alberto Caju está de volta ao Metro News, onde foi editor-chefe de 2008 a 2010, desta vez com sua coluna semanal Cajuísticas. O espaço traz, em formato de tópicos, opiniões sobre assuntos variados do Brasil e do mundo. Ex-editor-executivo da Truck&Motors, de onde se deligou em fevereiro deste ano, ele continua paralelamente com seu blog Caju Auto Motors, além de manter outras duas páginas de temas variados, o Músicas do Caju e o Caju Press.

Super Máquinas, de Diego Castellari, fecha parceria com R7

O Super Máquinas, projeto lançado em setembro por Diego Castellari (ex-Auto Esporte), acaba de firmar parceria editorial e comercial com o R7 e a partir da próxima semana passa a fornecer conteúdo para o canal Carros do portal. Além dos vídeos produzidos pela marca, que valorizam a mistura entre carros esportivos e mulheres, o acordo deverá render a produção semanal de duas matérias sobre temas variados com o selo do R7. “Iremos explorar essa lacuna que hoje tem o R7, que apesar de muito bem explorado editorialmente não conta com matérias em vídeo”, comenta Diego, que conta ainda em sua equipe com o produtor Fernando Caldeira, o editor de texto Joaquim Rimoli e o editor de imagem Ivan Pires.

Vaivém das Redações!

Veja o resumo das mudanças que movimentaram nos últimos dias as redações de São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Ceará:

São Paulo

Edmilson de Souza ([email protected]), que por 16 anos integrou a equipe de reportagem da revista Caminhoneiro, tendo passado também por um curto período pela Carreteiro, assumiu recentemente o posto de editor da revista eletrônica e portal Dedução. Na rede desde o final de setembro, a publicação é editada pela De León Comunicações, e aborda temas relacionados à contabilidade e sua importância para o mundo dos negócios. No comando do projeto está Costábile Nicoletta, ex-editor de Projetos Especiais de CartaCapital e ex-diretor adjunto de Redação do Brasil Econômico.

Cedê Silva ([email protected]), que deixou Veja BH em outubro, está de volta a São Paulo. Ele começou em 18/11 como produtor de pautas de Política no programa CQC, exibido pela Band. Antes, ele atuou no portal do Estado de Minas e, em São Paulo, como repórter de Educação no Estadão.

Juliana Bontorim ([email protected]), editora de Conteúdo da DGABC TV e Social, passou a assinar a coluna social do Diário do Grande ABC com Alice Camargo e Natália Regazzo. Diz ela que estão com novo editorial, mais dinâmico e interativo, “que respeita o tradicional mas traz o tecnológico, com mídias sociais (facebook socialdodiario) e QR Code e coberturas em vídeo”.

Ainda por lá, Gilmara Santos deixou o jornal, onde atuava como editora de Economia, e agora se dedica a frilas. Antes, ela passou pela Gazeta Mercantil e atuou em publicações como Forbes, Jornal do Brasil, Folha de S.Paulo, revista Razão Contábil, revista do CIEE e revista Indústria Brasileira, entre outras. Os contatos dela são [email protected] e 11-994-375-504 / 984-134-435.

Reinaldo Azevedo é o novo comentarista da Jovem Pan AM (620 Khz na capital paulista). Blogueiro de Veja.com, colunista da Folha de S. Paulo e autor do Grupo Editorial Record, Azevedo passou a atuar na rádio nesta 2ª.feira (2/12), participando do Jornal da Manhã, transmitido de 2ª a sábado, das 5h30 às 9h30. Ele tem ao seu lado Denise Campos de Toledo, Anchieta Filho, Oliveira Andrade e Joseval Peixoto.

Priscila Ferraz de Mello (ex-Imagem Corporativa) é a nova repórter do Brasilturis Jornal, informativo da Indústria Turística Brasileira.

Rio de Janeiro

Cláudio Motta, repórter da editoria de Ciência e do suplemento Amanhã, de O Globo, deixou o jornal em que esteve por 13 anos. Temporariamente, está em seu lugar Frederico Goulart, de Bairros. Claudio será o novo editor da revista Brazilian Business, da Câmara de Comércio Americana no Rio, e editor de conteúdo na entidade. Andrea Blum ([email protected]), que o antecedeu no posto, tem agora responsabilidades mais amplas. A Amcham está reformulando a área de Comunicação e Andrea é a nova gerente, com a incumbência de trabalhar mais a comunicação externa e a parte digital. Para reforçar a equipe, ele deve contratar dois estagiários.

Fernando de Oliveira, o Feroli ([email protected] e 21-994-151-594), saiu de O Fluminense Online e ainda não foi substituído. Ele continua com o blog F(r)ases da Vida no endereço http://frasesdavida.wordpress.com.

Rosayne Macedo ([email protected]) está de volta a O Dia, na editoria Rio (Cidade/Polícia), sob o comando de Joana Costa. Ela foi da TV Record, sucursal da Folha de S.Paulo e, mais recentemente, em revistas dirigidas.

Distrito Federal

Carla Simões, ex-TV Globo e há oito anos na Agência Bloomberg em Brasília, onde acompanhava o Palácio do Planalto e também cobria Infraestrutura, voltou há pouco da licença-maternidade e assumiu, pela agência, a cobertura de Macroeconomia no Ministério da Fazenda. Substitui a Maria Luiza Rabello, que passou a atuar na edição diária de notícias do serviço em português e inglês da Bloomberg. No lugar Carla na cobertura do Planalto foi efetivada Anna Edgerton. Priscila Oliveira também começou recentemente na cobertura do Ministério da Fazenda, mas pela Agência CMA.

Minas Gerais

Glória Tupinambás (31-3254-3549 e [email protected]) começou na reportagem de Veja BH. Ela foi por seis anos repórter de Educação do Estado de Minas e no último esteve fazendo cursos no exterior. Ainda por lá, a repórter Isabella Grossi ([email protected] e 31-3254-3513) cobre até meados deste mês as férias de Raissa Pena.

Daniel Toledo deixou a editoria de Cultura de O Tempo e para o lugar dele foi contratado Gabriel Falabella ([email protected]).

Rio Grande do Sul

Basílio Rota é o novo editor-chefe do Jornal do Almoço, da RBS TV. Ele substitui a Raul Ferreira, que deixou o cargo no início do mês. Ana Rita Assumpção, que havia assumido a edição do telejornal interinamente, segue como editora-executiva. Basílio, que começou na RBS TV em 2000, estava no comando do Globo Esporte havia cerca de dois anos. Começou na emissora de Erechim, onde passou pelas funções de repórter e editor até assumir a coordenação. Em Porto Alegre, foi editor do Bom Dia Rio Grande e editor-executivo do Teledomingo e do Jornal do Almoço.

Jurema Josefa deixou a equipe do Correio do Povo, em que estava havia cerca de dez anos na Chefia de Reportagem, posto que dividia com Luciamen Winck. Ao Coletiva.net, Jurema disse que deixa a empresa de maneira tranquila e que busca agora um ritmo de vida menos intenso: “Trabalhei minha vida inteira. Desde muito nova vim para Porto Alegre e comecei a trabalhar como doméstica. Agora, minha irmã mais velha, Joceli, que está com 82 anos, passou por uma cirurgia e quero cuidar um pouco ela”.

Ceará

Estreia em 6/1 a equipe esportiva da Rádio Tribuna BandNews FM (101.5), integrada por Carlos Fred, Danilo Queiroz, César Luís, Jussiê Cunha, Fernando Graziani, Alex Oliveira e Anderson Azevedo.

Edson Silva substitui a Paulo Oliveira na 810 Verdinha AM (Rádio Verdes Mares) e na TV Diário durante o mês de dezembro.   Com as férias de Tom Barros, Paulo César Norões assina este mês a coluna esportiva dele no Diário do Nordeste.

Memórias da Redação ? Vida e morte de um jornalista chamado Anselmo

Luís Nassif reproduziu em seu blog no último dia 27/11, por encaminhamento da Tamára Baranov, um artigo que Magda Almeida publicou no Observatório da Imprensa nº 710, de 5/9/2012. Pedimos a ela autorização para também reproduzi-lo, em função de ser um tema bastante relevante, embora pouco abordado (o bullying nas redações), e de nos ter tocado particularmente, porque Rubens Marujo, já falecido, a quem convidamos para dar início a este Memórias da redação, em 2008, a exemplo do protagonista também morou nas ruas. Carioca, Magda ([email protected]) esteve por 12 anos no Jornal do Brasil (repórter especial e editora), 17 em Jornal da Tarde e O Estado de S. Paulo (repórter especial ) e 19 em O Dia, onde foi ombudsman, “então uma atividade pioneira na mídia impressa local, o embrião do que seria, depois, o Fale com O Dia, projeto também pioneiro”. Em seguida, criou e administrou o Instituto Ary Carvalho, braço social, cultural e de educação do grupo O Dia.  Vida e morte de um jornalista chamado Anselmo De que morrem os jornalistas no Brasil? Dizem alguns estudiosos que as doenças cardiovasculares e o câncer vêm prevalecendo nos últimos anos. Mas há alguns subprodutos, como o álcool e as drogas, que ajudariam a aumentar essas estatísticas. Não chega a ser uma grande novidade, se lembrarmos dos muitos que já se foram em décadas passadas e nas mais recentes por alguma dessas razões acima. O que esses estudiosos pouco ou nada falam é de algo que costuma estar na raiz de muitas falências físicas e emocionais que vitimizam centenas de jornalistas vida afora: a solidão e tudo o que vem com ela. Há especialistas que já a incluem no rol das causas dos males citados. Em meus 47 anos de redação, vi e ouvi de tudo, provei de todos os venenos, experimentei todas as dores alheias, as vividas e as ouvidas. Mas uma me fez repensar – em uma noite não muito remota – a profissão, seus ideais, suas contradições e os seus profissionais. Essa experiência tem nome: Anselmo de Souza, ou o que dele sobrou. Saíra da redação da sucursal Rio do Estado de S.Paulo, à época instalada na rua da Quitanda, às carreiras. Precisava chegar à Praça 15 a tempo de tomar a barca das 22h que me levaria à Ilha do Governador, onde morava. Já me aproximava da bilheteria quando ouvi meu nome. Era quase um sussurro. Olhei em volta e o único humano mais próximo era um mendigo, um entre tantos outros que aproveitavam a noite para dormir sob as marquises do comércio local. Não podia ser nenhum deles, pensei. Mas quem me chamava? E, então, ele se aproximou. Um monte de trapo, mal se equilibrando sobre um cabo de vassoura, cabelo e barba imundos e crescidos, cheiro insuportável. Uma das pernas permaneceu levantada e mostrava um curativo velho e sujo. Trazia na mão uma lata vazia de leite Ninho, que escondeu quando parei. Perguntou se eu não o reconhecia. Não, eu não o estava reconhecendo. Quem era? Eu tinha alguns trocados, lhe disse, já abrindo a bolsinha de moedas, mas estava com pressa. Não queria perder a barca. E aí, o mundo à minha volta como que congelou: “Sou o Anselmo, que trabalhou com você no Jornal do Brasil…”. Bolsa integral Anselmo chegou à redação do Jornal do Brasil, então na mítica avenida Rio Branco da década de 1960, recomendado por um professor do curso de Jornalismo da PUC, onde era bolsista. Negro, pobre, morador da periferia, queria muito ser jornalista. Gostava de escrever, era safo na velha Olivetti, tinha um bom texto e a curiosidade necessária para aprender e crescer. Era o seu discurso. Não chegava a ser demasiadamente tímido, mas reservava-se para poucos. José Gonçalves Fontes, nosso saudoso chefe de Reportagem, rapidamente simpatizou com aquele estagiário e logo o entregava a mim, para orientá-lo nas rotinas da redação. Anselmo usava sempre o mesmo amassado terno, o único que tinha e que não tirava nunca, mesmo tendo permissão para vestir-se mais informalmente. O tempo me mostrou que Anselmo era talentoso, mas esse mesmo tempo também me fez perceber que gostava de beber. Na verdade, era alcoólatra. Não era o único naquela redação e em muitas outras pelo país afora, mas eu temia que, tanto quanto o álcool, alguma coisa a mais o tornaria vítima do mais infame bullying que eu já vira praticado contra alguém… dentro de um jornal. E já vira muitos. A barca chegou, foi embora e eu fiquei. Buscamos um banco ali por perto e ouvi sua história ou o que dela ele ainda se lembrava. Não conhecera os pais, fora adotado por uma tia e cresceu correndo atrás da família biológica, que nunca encontrou. Na juventude, aprendera a ler e a escrever com a ajuda de uma professora para quem fazia pequenos serviços domésticos. Foi arrumando a biblioteca de um escritor famoso que conheceu o prazer da leitura dos jornais e dos livros. Nunca se casara, namorara pouco, era reconhecidamente um solitário. Mas queria muito ser jornalista. Conseguiu terminar o segundo grau, passou no ainda fácil vestibular para a PUC e, melhor ainda, deram-lhe uma bolsa integral. Trabalhar num grande jornal não era apenas o sonho da elite intelectual de então. Anselmo, negro, pobre, de pais desconhecidos, também sonhava com isso. Martírio e esperança O nome hoje é bullying, mas pode-se chamá-lo por vários outros nomes, alguns aqui impublicáveis. Dizem os psicanalistas que é coisa de criança e adolescentes, geralmente. Nem sempre. A maldade humana nunca conheceu seus próprios limites, atestam a História e o que dela se conhece. Muitas vezes corri atrás de Anselmo para tirar de suas costas bilhetes maldosos ali pregados e que ele corria o risco de levar para a rua. Disfarçava, dizendo que estava tirando pó do casaco. Ele ria, mas acreditava ou fingia que. Vez por outra, mandavam-no à sala dos copidesques, sob pretexto de que estava sendo ali chamado. Território proibido para os não iniciados, era corrido de lá de forma humilhante. Um dia descobri porque chegava todo amassado à redação: dormia na rua, em qualquer banco, em qualquer praça. Tomava banho no próprio jornal, usando o banheiro do pessoal da limpeza. Com o tempo percebi que, à medida que as “brincadeiras” aumentavam, aumentava, também, o imenso sentimento de rejeição que o atormentava, traduzido nas piadas e nas maldades miúdas cada vez mais criativas. Algumas vezes tinha que ir buscá-lo no Simpatia, um bar das proximidades, muito frequentado pela galera das redações localizadas no centro da cidade. Os rapazes da limpeza o empurravam chuveiro abaixo, enquanto eu e Fontes providenciávamos um reforçado café. Em algumas situações não o deixava chegar à redação, só pioraria seu estado emocional. Devolvia-o ao mundo. Um dia sumiu. O tempo passou, a madrugada chegou, a família se apavorou porque eu não chegava. Marido e filha já me procuravam, temendo o pior. Mas lá estava eu, ouvindo o que para todos era uma esquisita conversa entre uma provável maluca e um mendigo. Anselmo não suportara a vida como ela se apresentava naquela conturbada década de 1960. Fora humilhado acima do que lhe seria suportável, descobrira que não tinha estrutura emocional para tanto. O esforço de alguns poucos também não fora suficiente para ajudá-lo. O passado estava sempre presente; o álcool, sua única droga, era seu principal alento. Comia o que lhe davam, quando lhe davam. Conhecera a poesia e, quando não estava com sua latinha em busca de alguns trocados pelas ruas do centro da cidade, sentava no banco e escrevia. Pedi para ver. Ele tirou de um envelope, que um dia fora branco, um punhado de papéis com alguns incompreensíveis garranchos escritos a lápis. Não deixou que eu levasse. Eram garranchos, ele reconhecia, mas era tudo que sobrara de uma época em que o martírio se juntou à esperança. Venceu o primeiro. O que faz a diferença Anselmo morreu e foi enterrado como indigente. Ainda o procurei lá pela Praça 15 e arredores, mas nunca mais o encontrei. Soube pelos outros mendigos da área que havia morrido e estava enterrado, provavelmente, em um cemitério localizado em Ricardo Albuquerque, subúrbio da Zona Oeste do Rio, e único em todo o estado voltado para o sepultamento de indigentes e de cadáveres produzidos pela polícia. Sofria de diabetes em grau elevado, que nunca tratou. Quando ainda estava no JB, várias vezes lhe perguntei a quem deveria procurar, caso adoecesse. Fugia da resposta, como se o assunto fosse um doloroso tabu. Infelizmente, casos como o do Anselmo não são raros em nossas redações, embora o dele tenha sido o mais trágico, pela forma como era humilhado publicamente. Meus heróis eram de barro, e Anselmo, entre outros, me mostrou isso. Também não foi o único que socorri em situação desesperadora. E nem sempre o álcool foi o maior problema. A droga fez muitas vítimas também. A Aids levou amigos e colegas queridos. Que tipo de ajuda poderiam receber de seus próprios pares e das empresas onde trabalhavam? Muita, mas eram ignorados, além de ridicularizados. Faziam parte, como numa espécie de catarse coletiva, daquela porção folclórica das redações. Por que nada se publica a respeito? De que e de quem temos medo? Por que essa blindagem em torno de uma realidade que ninguém desconhece? Para nos manter como heróis perante essa garotada desinformada que sai das universidades sem a menor noção de para onde estão indo? Por que posamos de deuses, se não passamos de seres humanos fragilizados por um trabalho que, se numa ponta nos gratifica, na outra nos mata aos poucos? O jornalismo brasileiro não precisa de heróis. Ele precisa, isso sim, de profissionais qualificados, éticos, menos comprometidos com a fama e mais com o bom sentimento do dever cumprido, em todos os níveis. Principalmente, mais coerentes com aqueles princípios que fazem a diferença entre os bons e os maus. Ouvi de um grande brasileiro uma frase que marcou a minha vida em muitos sentidos: a gente conhece os bons não tanto pelo que fazem, mas justamente pelo que NÃO fazem.

Prêmio Abraciclo 2013 anuncia vencedores

A Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares anunciou nesta 5ª.feira (5/12), durante almoço em São Paulo, os vencedores do Prêmio Abraciclo de Jornalismo 2013. Em sua sexta edição, a premiação reconheceu os principais trabalhos sobre o segmento de duas rodas em oito categorias. Em Televisão, a vencedora foi Juliana Capobianco, da TV Brasil, com Canal motoboy. Ainda nesta categoria, Leandro Mello, do programa Auto Esporte, da TV Globo, recebeu o prêmio de Destaque, com a matéria Ponto de Vista, e Guilherme Greghi, repórter do Auto+, exibido pela TV Bandeirantes, levou a Menção Honrosa pela matéria As Chances da moto sem o ABS. Na categoria Internet, Gian Calabrese, do Portal Moto Adventure, foi a grande vencedora com Fuja das armadilhas, enquanto o prêmio de Destaque ficou com Aldo Tizzani, por CNH: um documento sem valor, e a Menção Honrosa com Roberto Brandão, por ABS: Três letras que salvam vidas, ambos pela Agência InfoMoto. Nas demais categorias, os vencedores foram: Bicicletas – Evelyn Araipe (Revista Vida Simples), com Bicicleta nos extremos; Revista – André Garcia (Revista Cipa), com A dualidade da motocicleta: qualidade de vida x acidente de trabalho ‘in itinere’; Jornal – Roberto Dutra (Extra), com Projeto Especial Segurança; Rádio – Cládio Marcos (BandNews FM/Brasília), com A vida sobre duas rodas; Fotografia – Diego Fernando da Rosa (ABC Domingo/Porto Alegre), com Mais segurança sobre duas rodas; e PIM – Polo Industrial de Manaus – Luciano Abreu (TV Amazonas), com Motos PIM. Além de troféu, os primeiros colocados de cada categoria receberam R$ 6 mil cada. A comissão julgadora do Prêmio Abraciclo 2013 foi composta por profissionais de imprensa, acadêmicos e vencedores da edição anterior. Integraram o time: Alexandre Barbosa, Aloisio Mauricio Ferreira, André Barros, Denise Paiero, Francis Vieira, Juca Rodrigues, Juliana Verboonen, Marcos Camargo, Marcos Rozen, Vagner Magalhães e Wagner Belmonte, com mediação de George Guimarães, Jorge Tarquini e Nelson Nunes. Antes da entrega do prêmio, o presidente da entidade Marcos Fernanian apresentou um balanço do setor este ano, destacando as dificuldades sofridas, como a queda das vendas em todas as regiões do País. Falou também sobre o sucesso da parceria com o Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo e do Salão Duas Rodas. “Este ano batemos recorde de público no Salão, com a visita de 260 mil pessoas. O que observamos é que o resultado das vendas não foi o esperado, mas que o público se interessa pelo assunto”, concluiu.

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