Palmério Dória lança O Príncipe da Privataria – A história secreta de como o Brasil perdeu seu patrimônio e Fernando Henrique Cardoso ganhou sua reeleição. É o nono livro da coleção História Agora, da Geração Editorial, da qual faz parte A Privataria Tucana, de Amaury Ribeiro Júnior, hoje na Rede Record. Na obra, resultado de 20 anos de apuração, o autor resgata fatos dos dois mandatos do ex-presidente da República, de 1995 a 2002, comenta sobre as polêmicas privatizações do governo PSDB e revela o papel do “Senhor X” (o acreano Narciso Mendes), fonte responsável pela denúncia do escândalo de compra de votos no Congresso. Dória, que também escreveu Honoráveis Bandidos – Um retrato do Brasil na era Sarney, e Mylton Severiano, coautor da obra, viajaram para conhecer e entrevistar o “Senhor X”, após 16 anos. Nos diálogos com ele, deputados federais confirmavam que haviam recebido R$ 200 mil para apoiar o governo. As gravações serviram de base para as reportagens de Fernando Rodrigues publicadas na Folha de S. Paulo em maio de 1997. Depois de passar por uma cirurgia complicada e ficar entre a vida e a morte, o “Senhor X” resolveu contar tudo o que sabia e aparece, inclusive, com foto na capa do livro.
Um chorinho para as inscrições
A organização do Prêmio Jornalistas&Cia/HSBC de Imprensa e Sustentabilidade decidiu conceder um chorinho para as inscrições de trabalhos e estendeu até 3ª.feira, 10 de setembro, o prazo que se encerraria nesta 5ª, de forma a permitir que os deixam para a última hora, com trabalhos para inscrever, tenham todo o final de semana e a próxima 2ª.feira para cuidar disso. Os trabalhos devem ter sido feitos por profissionais de imprensa, fotógrafos e profissionais de design e arte de 1º de setembro de 2012 a 31 de agosto de 2013. As inscrições e envio dos trabalhos devem ser feitas pelo www.premiojornalistasecia.com.br. A coordenadora Lena Miessva está à disposição pelo 11-2679-6994 ou lena@jornalistasecia.com.br. Em caso de dificuldades técnicas, a equipe de apoio técnico da Maxpress atende pelo 11-3341-2799, em horário comercial.
Aos 82 anos, morre Telmo Martino
Faleceu na madrugada desta 3ª.feira (3/9), no Rio de Janeiro, Telmo Martino. Aos 82 anos, estava internado desde 22/8, no Hospital Samoc, onde faleceu por complicações decorrentes de pneumonia. Carioca com passagens por importantes veículos brasileiros e internacionais, tendo inclusive atuado como redator nos serviços de transmissão radiofônica para o Brasil da BBC, em Londres, e na Voz da América, em Washington, seu nome ficou muito ligado ao período em que assinou no Jornal da Tarde, de São Paulo, uma coluna que levava seu nome. Escreveu também para Senhor, Diners, Última Hora, Correio da Manhã e Folha de S.Paulo. No final da década de 1980 sofreu um AVC e nos anos seguintes alternou suas atividades entre redações de São Paulo e Rio de Janeiro, sendo que seu último trabalho foi como colunista do site Babado, no portal iG. Segundo relatos de amigos, desde 2000 vinha morando no Rio de Janeiro, mas por causa de uma forte depressão se afastou, passando inclusive longos períodos sem sair de casa. Sem jamais ter casado, também não deixou filhos. No artigo O meu Jornal da Tarde, que publicou na edição abril/maio/junho na Revista da ESPM, Humberto Werneck lembra do antigo companheiro de redação, ainda no antigo prédio da rua Major Quedinho: “É espantoso que Telmo, fino no trato mas corrosivo na escrita, tenha atravessado anos de São Paulo sem mais que um chute no traseiro desferido pelo poeta Mário Chamie. Vai aqui uma historinha dele. No dia em que chegou à redação (a esta altura, no 6º andar, de onde decolaria em 1976 rumo à Marginal do Tietê), Telmo, tímido e desambientado, aceitou convite para sentar-se ao lado de Flávio Márcio, ótimo jornalista (que morreria jovem, em 1979), enquanto ele diagramava uma página. Pelas tantas, em seu esforço para impressionar o recém-chegado, Flávio declarou que ‘gostaria mesmo é de ser uma puta internacional’ – ao que o colunista retrucou: ‘Ué, viaja…’. A mordacidade de que Telmo foi o suprassumo era um atributo muito apreciado no JT”. Essa mordacidade quem também ressalta é Regina Echeverria, que nos anos 1980 sentava junto dele nos fundos da Redação do JT, na Marginal do Tietê: “Ria muito das tiradas dele, mas muitas vezes ficava com pena do ‘alvo’, pois Telmo era ferino demais. Lembro, por exemplo, que ele sempre arrumava motivo para espicaçar a Myriam Muniz, a quem só chamava de “a tensa dos 5%”, por causa de uma história que ela queria 5% da bilheteria de um show de Elis Regina. Tinha também uma figura na Política, que ficava do outro lado da Redação, que a gente ia todo dia olhar só pra comentar a roupa. Telmo estava sempre concentradíssimo no trabalho, mas se ligava em tudo o que passava ao redor. Nunca falava de si mesmo, acho que no fundo era muito solitário”. Marta Góes, que com ele conviveu entre os anos 1980 e 1990 no Caderno 2 – onde era editora e ele, colunista –, disse a Jornalistas&Cia que “tinha uma admiração enorme pelos textos dele, era uma entre os milhares de leitores e me deliciava com a coluna do Jornal da Tarde. Até hoje, há pessoas para quem eu olho e lembro o apelido que o Telmo dava – nem sempre gentil. Foi essa coluna, em que trazia uma olhar diferente sobre a cidade, ficcional, e por vezes até cruel, que o tornou conhecido. Ele tinha muito talento, era um sujeito muito sofisticado intelectualmente. Era um colaborador luxuoso”.
Votação do Prêmio Congresso em Foco chega à ultima semana
Termina na próxima 2ª.feira (9/9) a votação para o Prêmio Congresso em Foco 2013, que reconhece os melhores parlamentares na visão de jornalistas e eleitores. Segundo o último boletim parcial, divulgado nesta 2ª.feira (2/9), até então havia grande equilíbrio na categoria geral Melhores Deputados, com Jean Wyllys e Chico Alencar, ambos do PSOL-RJ, disputando voto a voto a primeira posição, seguidos de perto por Romário (sem partido-RJ) e Luiza Erundina (PSB-SP), nas 3ª e 4ª posições, respectivamente. No Senado, a situação é mais confortável para Cristovam Buarque (PDT-DF), que lidera a preferência com mais de 1,4 mil votos à frente do segundo colocado, Eduardo Suplicy (PT-SP). O resultado final será divulgado em 26/9, na festa de premiação, no centro de eventos Unique Palace, em Brasília. Até esta 2ª feira haviam sido computados mais de 184 mil votos, em processo monitorado pela Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais. O formulário de votação está disponível em http://bit.ly/a8qmcp.
Abraji define grade da Conferência Global de Jornalismo Investigativo
Com atrações praticamente definidas, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo confirmou esta semana a programação da 8ª Conferência Global de Jornalismo Investigativo, evento que organiza de 12 a 15 de outubro, no Rio de Janeiro, em paralelo ao 8º Congresso da Abraji e à 5ª Conferéncia Latinoamericana de Periodismo de Investigación. A grade completa dos quatro dias de atividade já está disponível em http://abraji.sched.org. Entre os mais de 20 brasileiros confirmados estão Caco Barcellos (TV Globo), Roberto Cabrini (SBT), Eliane Brum (Época) e Miriam Leitão (O Globo), e entre os estrangeiros, Glenn Greenwald (The Guardian), Amanda Cox e Andy Lehren (The New York Times) e Frank La Rue (relator de Liberdade de Expressão da ONU). No total, serão mais de 150 painéis e minicursos. Preços promocionais – As inscrições com desconto terminam na próxima 2ª.feira (9/9). Os preços até essa data variam de R$ 215 (estudante sócio) a R$ 490 (profissional não-sócio), e a partir do dia 10 passam a custar de R$ 250 a R$ 550. App da programação – A organização já oferece aos participantes a grade em versão para smartphones (iPhone, Android ou BlackBerry). Os interessados podem baixar o aplicativo pelo http://abraji.sched.org/mobile. A Conferência Global de Jornalismo Investigativo conta com o apoio deste Portal dos Jornalistas. Mais informações e inscrições pelo http://bit.ly/187YPTk.
Anunciados os vencedores do CBIC de Jornalismo
Foram anunciados na última semana os vencedores do II Prêmio CBIC de Jornalismo. Promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção, a iniciativa recebeu 134 inscrições, distribuídas entre oito categorias: Web, Impressa, Rádio, TV, Especial Mercado Imobiliário, Especial Infraestrutura, Especial Inovação e Especial Sustentabilidade, além do Grande Prêmio CBIC de Jornalismo, entregue ao principal destaque entre todas as categorias.
Conheça a lista dos trabalhos vencedores: Grande Prêmio CBIC: Ana Claúdia Dolores Meneses Bezerra (Diário de Pernambuco), com Cidades Possíveis.
TV: 1º Lugar – Ana Carolina de Abreu, Fabiani Assunção, André Amorim, Eriberto Pereira, Marcos Spiga, Demétrio Araújo e Catarina Farias (TV Jornal/PE), com Se essa casa fosse minha; 2º Lugar – Antônio Martins de Araújo Neto (TV Jornal/PE), com Indústria: Tecnologia e conhecimento; e 3º Lugar – Angela Denis e Nery (Canal Juventude Cristã/RJ), com Programa Profissões: pedreiros e o mercado da construção. Mídia Impressa: 1º Lugar – Dimmi Amora, Fernando Mello, Márcio Falcão e Breno Costa (Folha de S.Paulo), com Ferrovia Norte-Sul, 25 anos de roubalheira, corrupção e desperdício; 2º Lugar – André Borges (Valor Econômico), com BR – 163, uma revolução adiada durante 30 anos; e 3º Lugar – novamente André Borges, desta vez com Pesado custo ambiental de Tapajós.
Rádio: 1º Lugar – Renata Colombo (Rádio Gaúcha), com Quem constrói a cidade em que vivemos; 2º Lugar – Natália Pianegonda, Kamilla Dourado e Rodrigo Orengo (BandNews FM), com Qualificação profissional: a porta para o futuro; e 3º Lugar – José Renato da Silva Freitas Andrade Ribeiro (Rádio Gazeta AM/RS), com Máfia dos falsos engenheiros.
Web: 1º Lugar – Gabriela Gasparin (G1), com a reportagem Com atrativo ambiental e econômico, sobe busca de selo verde em prédios; 2º Lugar – Mariana Congo (Estadao.com), com Impostos invisíveis respondem por até 93% do preço dos produtos e serviços no Brasil; e 3º Lugar – Isaura Daniel (Agência de Notícias Brasil Árabe), com Asfalto verde ganha as estradas. Especial – Mercado Imobiliário: Daniel Vasques (Folha de S.Paulo), com um conjunto de reportagens. Especial – Inovação e Sustentabilidade: Mirelle Costa e Silva (TV O Povo/CE), com Consciência Ambiental e Desenvolvimento.
Especial – Infraestrutura: Caio Cigana, Humberto Trezzi e Guilherme Mazui (Zero Hora), com A Agonia das Estradas. Os primeiros colocados de cada categoria foram premiados com um troféu e R$ 10 mil (valor bruto), enquanto a reportagem vencedora do Grande Prêmio CBIC de Jornalismo recebeu, além do troféu, uma viagem a Paris com acompanhante.
Justiça cerceia imprensa em Pernambuco
Decisão de juiz plantonista impede que Diário de Pernambuco, Jornal do Commercio e TV Clube citem presidente da AL em possível tráfico de influência na adoção de criança O Poder Judiciário do Estado de Pernambuco, em decisão proferida no último sábado (31/8) pelo juiz plantonista Sebastião de Siqueira Souza, impediu os jornais Diário de Pernambuco e Jornal do Commercio e a TV Clube e seu apresentador Josley Cardinot, titular do programa Cardinot Aqui na Clube, de citar ou publicar qualquer imagem do deputado e presidente da Assembleia Legislativa do Estado Guilherme Uchôa, em um suposto caso de tráfico de influência na adoção de uma criança. O caso, que já vinha sendo investigado pelo Ministério Público, envolve a concessão da guarda provisória de uma menina por um casal formado por uma esteticista brasileira e um piloto americano, que vivem na Flórida. De acordo com a investigação, o casal teria conseguido a adoção sem entrar na fila do Cadastro Nacional de Adoção, por uma relação próxima que mantinham com a filha do deputado, Giovana Uchoa, e uma assessora da juíza Andréa Calado da Cruz, titular da Vara da Infância e Juventude de Olinda. A primeira reportagem que mostou indícios da ligação entre a filha de Guilherme Uchoa e a adoção da criança foi publicada na última 6ª.feira (30/8) pelo repórter Raphael Guerra, do Diário de Pernambuco, e trouxe um organograma explicando a relação entre os nomes envolvidos no caso. Segundo a defesa do deputado, “seu nome e imagem, de forma reiterada, irresponsável e desmedida estão sendo atrelados ao caso, sem que haja qualquer comprovação do seu envolvimento, causando-lhes danos políticos e pessoais, já que possui vida pública e ocupa cargo de importância considerada”. Em caso de descumprimento, o magistrado fixou em R$ 50 mil a multa por cada ato de violação. Apesar do impedimento em citar o nome do deputado, a decisão não impede que os veículos continuem abordando e investigando o caso.
Renata Falzoni e ESPN lançam site Bike é Legal
Em parceria com os canais ESPN, a Renata Falzoni Produções lança portal com discussões, ideias e conteúdos diários sobre bicicleta, mobilidade urbana e sustentabilidade. O Bike é Legal (www.bikeelegal.com) foi idealizado pela jornalista e cicloativista Renata Falzoni, que há mais de 30 anos utiliza a bicicleta como meio de transporte. “A bicicleta, além de ser um brinquedo saudável, é um veículo de transporte que pode ser integrado com outras modalidades. É uma alternativa para o caos no trânsito das grandes cidades, e, principalmente, uma ferramenta de inclusão social”, diz Renata. Sobre a iniciativa da jornalista, Vivian Mesquita, editora-chefe do Núcleo de Radicais dos canais ESPN, diz: “Somos comunicadores, vivemos numa das cidades que mais sofre com o caos no trânsito e temos a Renata Falzoni como talento da ESPN; o cenário é ideal para a chegada do Bike é Legal. Com a chancela da Falzoni, além de comunicar, queremos colaborar com a educação no direito de ir e vir e contribuir para que todos tenhamos uma São Paulo menos caótica”. Ao lado de Renata, integram a equipe do site Aline Cavalcante, Bia Ferragi, Bob Nogueira, Felipe Aragonez, Felipe Meireles, João Lacerda, JP Amaral, Murilo Azevedo, Rex, Reynaldo Berto, Silvia Ballanm, Thiago Benicchio e Willian Cruz.
Vaivém das redações!
Confira o resumo das mudanças que movimentaram nos últimos dias as redações do Distrito Federal, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Ceará: Distrito Federal: Wiliane Rodrigues está editando e apresentando o SBT Brasília, no lugar de Neila Medeiros, que se transferiu para São Paulo. Ela dividia a bancada da 2ª edição do telejornal com Álvaro Pereira, que agora tem a companhia de Alessandra de Castro, antes repórter do SBT Brasil. Minas Gerais: Em O Tempo, revezamento de editorias: Tâmara Teixeira seguiu para Política e Isabel Lacerda, para Cidades. Ainda por lá, Ana Paula Campos, responsável pela coluna de cursos e notas, deixou o jornal e foi substituída por Mariana Alencar (mariana.alencar@otempo.com.br). E o portal ganhou os reforços de Aline Dinis, Juliana Baeta, Ana Carolina, Bruna Carmona, Raissa Maciel, Aline Gonçalves e Cândido Henrique. Pautas para portal@otempo.com.br. No Hoje em Dia, Ricardo Correia é o novo editor de Política. Daniella Zupo passou a apresentar o Agenda em novo horário na Rede Minas: 22 horas. Mudanças também na produção, agora a cargo de Marcelo Miyagi. Daniella Dutra (danidutra.jornaledicaodobrasil@gmail.com e 31-3291-9080) é a nova responsável pelas pautas de saúde e comportamento do jornal Edição do Brasil. Aprovado para participar do Curso Estado de Jornalismo, em São Paulo, mais conhecido como curso de focas do Estadão, Celso Filho deixou a redação da Viver Brasil, onde era editor-adjunto. A editora web Denise Motta (denise.motta@vbcomunicacao.com.br) e Marcela Soares (marcela.soares@vbcomunicacao.com.br) passam a receber as pautas. Isabela Monteiro deixou a produção do programa Revista da Tarde da Rádio Inconfidência e foi substituída por Velise Maciel. Pautas para producao@inconfidencia.com.br. Rio Grande do Sul: Após desempenhar as funções de produtor, repórter e apresentador, Fabiano Baldasso estreou no último domingo (25/8) como comentarista da Jornada Esportiva BandIpanema, da Rádio Bandeirantes. Há quatro anos no Grupo Bandeirantes, Baldasso segue exercendo a função de debatedor em Os donos da bola, na Band TV, e comandando o Atualidades esportivas – 2ª edição, de 2ª a 6ª.feira, às 17h, na Rádio Bandeirantes. Ceará: O Núcleo Cotidiano de O Povo tem novos editores-adjuntos: Henrique Araújo, Tiago Braga, Yanna Guimarães e Ana Flávia Gomes. Tânia Alves segue como editora-executiva. Mariana Sasso deixa a TV Verdes Mares e segue para a TV Diário, onde vai apresentar um programa de entretenimento. Elvis Marlon, o Dumbo, deixou a Rádio Verdes Mares AM e vai apresentar o Despertador da FM 100.
Memórias da Redação ? Meus jornais favoritos
Reproduzimos aqui, com a permissão do autor, texto que Cesar Barroso publicou em 31/5 no Achei USA – Brazilian Newspaper (http://migre.me/fRCQ1). Cesar (barroso.cesar@gmail.com), que foi repórter do Jornal do Brasil e vive hoje nos Estados Unidos, é editor de texto e de fotografia da revista online miamihoje.com. Meus jornais favoritos Eu pertenço a um enorme grupo de brasileiros, não apenas cariocas, que eram ávidos leitores do Jornal do Brasil. O JB era uma instituição de peso, fundado dois anos após a queda da monarquia, com o intuito de defendê-la. Por coincidência, foi durante muitas décadas propriedade do conde Ernesto Pereira Carneiro, e passou por herança à sua mulher, a condessa Maurina Pereira Carneiro. Com a morte da condessa, seu genro, Manuel Francisco do Nascimento Brito, tornou-se proprietário, mas já comandava o jornal muito antes disso. O Jornal do Brasil tinha uma linha editorial bem definida, liberal, antiditatorial. Seu noticiário internacional era acompanhado de traduções dos melhores colunistas do The New York Times. Dava total cobertura a todas as manifestações, políticas ou artísticas, contra a ditadura militar que se instalou em 1964. Essa inimizade com os militares vinha dos primórdios do jornal, em vista da República ter sido proclamada por um militar, o marechal Deodoro da Fonseca, o qual empastelou (fechou) o jornal em 1893, por mais de um ano, e colocou a prêmio a cabeça de seu redator-chefe, ninguém menos do que Rui Barbosa. A cereja que enfeitava o lindo bolo era o Caderno B, diário e totalmente dedicado às artes, cultura e entretenimento. Começou em 1960 e foi o primeiro com esse formato na imprensa brasileira. Carlos Drummond de Andrade assinava coluna. Mas havia outros do alto escalão cultural: Clarice Lispector, Fernando Sabino, Ziraldo, Henfil, Carlos Leonam, Marina Colasanti e seu marido, o poeta Affonso Romano de Sant´Anna. A coluna social de Zózimo Barroso do Amaral tinha conteúdo, era noticiosa. Oldemário Toguinhó comandou a seção de esportes por décadas. Ousado, suas coberturas eram complementadas com crônicas dos grandes João Saldanha e Armando Nogueira, que misturava com sucesso futebol e poesia. Na política, Carlos Castello Branco, Alceu de Amoroso Lima. O JB era um presente diário que se recebia em casa ou se comprava nas bancas. Inovou e dominou também nos classificados. Levou anos para O Globo conseguir chegar perto. A equipe fotográfica do JB também fez escola no jornalismo brasileiro. Criativa, com muita liberdade, tinha nomes expressivos, sendo o maior deles o de Evandro Teixeira, que ali esteve durante 47 anos, até 2010. Eu estava na arquibancada do Orange Bowl em Miami, em 1996, assistindo a Brasil x Japão pelas Olimpíadas de Atlanta, quando senti um cutucão nas costas. Era Evandro Teixeira se escondendo com sua câmera, pois estava sem credencial. Para ele não havia barreiras quando precisava de uma foto. Tem também a famosa foto de Adriana Lorete que pegou Kissinger com o dedo no nariz. Essa foto criou celeuma, Henry Kissinger ameaçou processo, mas o JB tratou-a como qualquer outra foto e vendeu-a para uma agência de publicidade americana. E a foto de Jânio Quadros trocando as pernas, tirada por Emo Schneider poucos dias antes da renúncia? Nascimento Brito dizia que a decadência veio por culpa dos militares. A verdade é que o Jornal do Brasil de hoje não passa de uma sombra do que foi. Infelizmente sobrevive apenas online, e não há indicações seguras de que seu proprietário atual, Nelson Tanure, voltará a imprimi-lo, nem mesmo de que o manterá vivo por muitos anos. De qualquer forma, orgulho-me de ter trabalhado ali de 1973 a 1975. O meu jornal de hoje – e, para bem da verdade, de hoje e de há muito tempo, pois comecei a lê-lo em 1972, quando passei uma temporada em Nova York – é o The New York Times. Definitivamente o jornal mais respeitado do mundo. Mantém um nível de qualidade muito alto, graças, evidentemente, à uma redação e colunistas de escol. Ler o The New York Times é uma obrigação para mim. Acabou meu espaço e tratarei do The New York Times em outra ocasião.