A colaboração desta semana é de Fátima Turci (fatimaturci@ig.com.br), âncora do Economia & Negócios na Record News, sobre o relacionamento do empresário Antonio Ermírio de Moraes, recentemente falecido, com a imprensa. Antonio Ermírio e a imprensa O personagem já se foi. O prêmio não existe mais, nem o veículo de comunicação sobreviveu e até o local mudou de dono, de nome. Portanto, vão ter todos que acreditar na provável única sobrevivente como protagonista deste encontro: eu mesma. Fórum de Líderes da Gazeta Mercantil. 1981. E lá estava uma garota se achando mulher e repórter, encantada: não com uma banda de rock, mas com um bando de empresários que decidiam o destino da Nação. Audácia típica da juventude, cheguei bem perto e cochichei: Dr. Antonio, eu queria uma entrevista diferente de todas que o senhor está dando aos meus colegas. Ele parou. Olhou sério, se afastou de todos me puxando pelo braço. Estremeci… Ainda era uma época em que a gente estremecia por qualquer coisa, apesar de já começarem alguns movimentos pela abertura política – em um dos quais ele e outros líderes empresariais foram signatários de uma carta ao governo reivindicando a volta da democracia, o intitulado e hoje esquecido “Manifesto dos Oito”. – Posso saber por que a senhora – e a partir daí foram 30 anos em que Dr. Antonio me chamou de SENHORA – quer algo diferente? – Porque quero transmitir ao meu leitor – e aí enchi o peito para dizer de onde era –, do Estadão, os seus pensamentos e suas ideias e não apenas declarações de efeito. Afinal, o senhor é o homem mais poderoso e rico do País. Rico estava estampado em todas as listas das publicações nacionais e internacionais. Naquele início de década, o Grupo Votorantim, um conglomerado de indústrias de cimento, alumínio, zinco, tinha um faturamento maior do que o do Bradesco. Poderoso ficaria ainda mais. Foi eleito por dez anos consecutivos como o maior líder empresarial do País nesse Fórum da Gazeta Mercantil (lembrando que o jornal foi um ícone da imprensa brasileira e o primeiro a segmentar e ter uma publicação especializada; passando das mãos da família Levy para Nelson Tanure, que o fechou em maio de 2009). Para minha surpresa, a tática surtiu efeito. Antonio Ermírio de Moraes marcou a primeira entrevista exclusiva para sábado pela manhã na sede da Votorantim, na praça Ramos de Azevedo, atrás do Teatro Municipal. Quantos sábados a partir daí moldaram minha carreira não sei dizer com precisão. Sei que em nenhum titubeei um segundo em deixar viagens de lado, família esperando, amigos no bar. Era um momento áureo, um misto de missão jornalística com pitadas de orgulho, vaidade e até veleidade profissional, porque sabia o que representava uma entrevista com o Dr. Antonio para a carreira de qualquer jornalista. Outras tantas noites segurava o fechamento do jornal para repercutir alguma notícia com o superintendente do grupo Votorantim no Hospital Sociedade Beneficência Portuguesa, onde ele dava expediente diário como presidente, geralmente ganhando manchete de primeira página e também carimbando minha jornada profissional com o rótulo de um dos repórteres eleitos pelo Dr. Antonio. Eram poucos. Alguns prediletos. E sei que Miltinho (Milton Ferreira da Rocha Filho) e eu estávamos nesse rol, com passagem liberada pela eterna e dedicada secretária Dona Valéria. Essa, talvez, tenha sido uma das grandes características no relacionamento com a imprensa do empresário que o Brasil lamentou perder agora em agosto: respeito ao nosso trabalho. Sem media training, sem assessoria de imprensa ou de comunicação, sem usar o poder que detinha para influenciar donos de veículos ou chefes das redações, ele valorizava o trabalho do REPÓRTER. Alguns preceitos básicos, hoje incluídos em sofisticados manuais de comunicação, eram aplicados por ele de forma intuitiva. 1) Eleger fontes de relacionamento 2) Encontrar pessoas de confiança 3) Falar verdades ou omitir, sem nunca mentir 4) Querer transmitir opiniões e influenciar decisões 5) Estar sempre informado e ter opiniões próprias 6) Ter visão que ultrapassa sua empresa e seus interesses 7) Ter objetivos mais amplos que sua própria carreira 8) Estar disponível quando necessário De propósito vou parar de enumerar, assim fica diferente dos dez mandamentos ou da receita dos dez Dos e Dont’s. Mas garanto que tem muito mais para se aprender com a convivência do Dr. Antonio com os jornalistas. Vamos fazer análises comparativas com os empresários de hoje. E aqui não vão críticas, mas observações concretas de quem ainda convive no dia a dia com os jovens líderes empresariais. A primeira coisa que me chama atenção é a imensa preocupação que empresários como o Dr. Antonio tinham em falar sobre a situação econômica, política e social do Brasil. Isso me faz refletir sobre lobby e transparência. Essa transparência tão reclamada pela iniciativa privada para o setor público é uma via de mão alguma. Meu ponto é o simples: se os empresários pouco ou nada falam do que querem mudar é porque a maioria está atuando nos bastidores, fazendo lobby, legítimo mesmo, mas sem a transparência pública que tanto apregoam. Basta uma rápida olhada no ontem e no hoje para ver a diferença enorme entre quanto os empresários gritavam, esperneavam, reclamavam e uma quase absoluta concordância ou mutismo atuais. Muitos jornalistas rotulam os “velhos” empresários de chorões, uma elite em busca de favorecimentos ou benesses governamentais. Eu sinceramente prefiro saber quem reivindica o que, do que ser surpreendida com notas oficiais de privilégios concedidos após meses de trabalho nos corredores de Brasília. Outra grande diferença talvez possa contar contra a figura do Dr. Antonio e de outros líderes do seu tempo: um tom paternalista em suas declarações, principalmente com relação aos empregados do grupo ou a chamada classe menos favorecida. Mas vamos entender o sinal dos tempos. Pode parecer ontem, mas estamos falando de um homem formado nos anos 1950, sangue português-nordestino, típico self made man de uma sociedade quase pré-industrial, num Brasil colonialista por natureza. Não dava para ser diferente. Havia uma herança paternalista, nacionalista e até elitista. A favor conta nessa história de vida um paternalismo com visão humanista, com vontade de fazer mudanças, com energia para criar empregos, promover melhoria do bem estar social. E acho que é nesse ponto que reside o verdadeiro legado do Dr. Antonio: querer um País mais justo para mais gente. – O que adianta eu ser um homem rico e o País ir mal? Essa foi uma das centenas de declarações que ganharam manchetes dos jornais. A entrevista, publicada pelo Estadão em outubro de 1981, teve grande repercussão porque governo e políticos acusaram o empresário de incitar a população a algum tipo de rebeldia, porque ele declarou louvor à paciência do povo. Povo que muitos jornalistas sabiam o quanto ele conhecia, andando pelo centro da cidade sem qualquer segurança, conversando com porteiros, faxineiros, secretárias, boys, meninos de rua e operários das suas fábricas. De alguns também sabia se safar, sem esmolas ou falsas promessas, com conselhos e ajudas efetivas quando merecidas. Agora que ele se foi, muitos elogios e homenagens póstumas. Porém, nada diferente do que foi durante sua vida. Raros têm sido os líderes que, como ele, conseguem tanta convergência positiva de opiniões, principalmente num meio ácido e crítico como a mídia. Certamente ele se alegrou de sua vida e de sua obra até o último instante em que teve consciência. Com a mesma certeza, no entanto, ficou um pouco de desânimo e decepção quanto aos rumos da política e das diretrizes governamentais. Suas críticas à condução de uma política econômica mais justa permanecem, infelizmente, inalteradas, como ele mesmo pode lamentar em sua ultima entrevista, na estreia da Record News, em setembro de 2007. • Brasil, paraíso dos agiotas • Vivemos numa ciranda financeira • Não há como desenvolver com nossas taxas de juros • Investimento é fundamental para vencer a crise • Precisamos repensar o papel do Estado • Um Estado justo investe em saúde, educação e segurança • O campo é a solução para o uso intensivo da mão de obra • Precisamos cuidar das pequenas e médias empresas • Crise econômica sempre haverá; é preciso saber enfrentar • Partidos políticos precisam dizer para que servem Um decálogo que bem poderia ser uma plataforma de campanha política. Discurso infelizmente atual, o que significa que suas ideias não foram implementadas – é frustrante.
Sindicato dos Jornalistas do RJ toma providências tendo em vista o 7 de Setembro
O Sindicato dos Jornalistas do Município realizou na 3ª.feira (2/9) a primeira reunião da Comissão de Segurança, grupo montado após a movimentação da categoria para que a entidade adotasse uma postura mais firme na defesa dos jornalistas agredidos em manifestações de rua. A comissão terá atuação permanente, com encontros quinzenais pela manhã e à noite, e está aberta à participação de quem se interessar. Dessa reunião saiu o texto de um manifesto que será apresentado esta semana ao Ministério Público Estadual e à Comissão de Direitos Humanos da OAB, procurando sensibilizar as instituições para que colaborem oferecendo apoio em eventuais casos de agressão a jornalistas no exercício da profissão. Diz um trecho do documento: “Entendemos que, além das denúncias dirigidas a autoridades, exigindo das polícias um comportamento condizente com as liberdades e o direito à integridade física e à vida garantidos na Constituição, temos que deixar claro às forças sociais atuantes nas ruas e no debate público o nosso repúdio a todo tipo de ato, da agressão física à perseguição virtual, destinado a intimidar jornalistas e a tolher o seu trabalho”. No próximo domingo (7/9), além da parada militar na av. Presidente Vargas, no Centro da cidade, está previsto o protesto Grito dos Excluídos em frente à igreja da Candelária. Integrantes da Comissão de Segurança estarão lá, usando uma camiseta para serem facilmente identificados por quem estiver trabalhando. Se for preciso, ficam à disposição para acompanhar o profissional à delegacia ou ao hospital, dependendo do caso. A Comissão vai depois iniciar o monitoramento dos registros de ocorrência feitos por jornalistas sobre os casos de agressão, para cobrar uma solução. O movimento Viva Santiago, de oposição à atual diretoria do Sindicato, marcou para esta 4ª.feira (3/9) uma reunião aberta para trocar ideias e discutir as próximas ações. Será no auditório do 7º andar da ABI (rua Araújo Porto Alegre, 71), às 20 horas.
Editora Globo diz não ter feito convite de trabalho a Maurizio Mauro
Jornalistas&Cia publicou nota em sua edição 964, que o Meio&Mensagem reproduziu, informando que Maurizio Mauro, ex-presidente executivo da Editora Abril e atual professor do Insper, além de consultor da TTLM Gestão e Participações, está trabalhando para a Editora Globo e que essa contratação deve muito provavelmente ter como desdobramento uma reestruturação. Em mensagem solicitando a J&Cia a publicação de uma errata, a empresa afirma que “não houve nenhum convite de trabalho da Editora Globo a Maurizio Mauro”. Mas a fonte da EG ouvida por J&Cia garantiu que ele está atuando para a editora e que já foi visto algumas vezes por lá.
Facebook censura nota do Congresso em Foco e a restaura quatro dias depois
O Congresso em Foco publicou em 28/8 matéria sobre três deputados que pediram reembolso à Câmara de despesas com tevê por assinatura que incluíam o pagamento de gastos com os chamados “canais adultos”. Segundo Sylvio Costa, diretor do portal, “o fato teve repercussão estrondosa, em especial no facebook, onde o post rapidamente alcançou mais de 200 mil visualizações e gerou milhares de comentários, compartilhamentos e likes”. Mas um dia depois o site foi surpreendido por uma mensagem publicada no próprio facebook informando sobre a remoção do conteúdo por “violação dos padrões da comunidade” da rede social. As explicações só viriam no início da tarde desta 3ª.feira (2/9), sob a forma de nota: “O Facebook removeu indevidamente o post em questão e já agiu para corrigir o engano. O conteúdo foi restaurado”. Jornalistas&Cia apurou que, como houve uma denúncia contra o post, o FB o remove até uma segunda análise sobre a questão e o faz, segundo garante, para proteger a informação pessoal dos usuários. Neste caso, três deputados foram nominalmente citados, daí o cuidado. Depois de constatar que o assunto já era de domínio público e que portanto não era uma denúncia vazia ou infundada, a empresa restaurou o conteúdo, o que aconteceu nesta 3ª pela manhã.
Revista ESPM completa 20 anos e lança edição especial
A Revista da ESPM, que nasceu inspirada na Harvard Business Review, completa 20 anos e comemora o feito com uma edição especial cujo tema é 20 anos: novos tempos, velhos ideais, em que traz a evolução da sociedade e da economia do Brasil nas últimas duas décadas. O exemplar com 224 páginas (um recorde da revista) tem quase o dobro de matérias regulares. A edição traz entrevistas com Maílson da Nóbrega, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, entre outros. A Revista da ESPM foi criada pelo professor Francisco Gracioso (presidente do Conselho Editorial) e tem na redação Lúcia M. de Souza (coordenadora editorial), Anna Gabriela Araújo (editora-assistente) e Marcio Penna (edição de Arte).
Alice Maria se aposenta
Alice Maria Reiniger aposenta-se depois de 48 anos de telejornalismo. Ela começou na TV Globo, como estagiária, em 1966, um ano após a inauguração da emissora. Trabalhou 20 anos com Armando Nogueira, desempenhou todas as funções no Jornalismo da casa, e foi a primeira mulher a ocupar um cargo de direção nessa área. Em 1973, como diretora de telejornais da Globo, passou a responder não apenas pelo noticiário, como pelos perfis editoriais dos programas e a preparação dos repórteres, formando a primeira geração de profissionais do telejornalismo brasileiro. Em 1990, afastou-se da Globo, esteve na TV Manchete e montou a produtora No Ar. Voltou em 1996, a convite de Evandro Carlos de Andrade, para a implantação do canal GloboNews. Desde 2009, era diretora de Desenvolvimento de Programas Especiais, com a função de observar a qualidade das coberturas de Jornalismo e Esportes e supervisionar os programas com formato jornalístico sobre Responsabilidade Social e aqueles produzidos pela Fundação Roberto Marinho. Seu substituto não foi anunciado, mas Mariano Boni, diretor executivo da Central Globo de Jornalismo, responde temporariamente pela função. A aposentadoria de Alice segue-se ao afastamento de outros antigos diretores e se enquadra na política de renovação dos quadros da emissora.
Prêmio Estácio de Jornalismo anuncia finalistas
Foram anunciados os 24 finalistas do Prêmio Estácio de Jornalismo 2014. Em sua quarta edição, a iniciativa distribuirá R$ 100 mil brutos para categorias Nacionais e Regionais. O anúncio e a entrega dos prêmios aos vencedores serão em 24/9, no Rio de Janeiro. A lista completa está disponível no site do prêmio.
iG e Jornal de Brasília unem-se para criar o iG Brasília
O Jornal de Brasília e o iG anunciaram nesta 2ª.feira (1º/9) parceria para a criação do iG Brasília, oitava iniciativa do projeto de regionalização do portal. Com a iniciativa, o jornal passa a oferecer o conteúdo do novo canal. A versão online do JBr liderou, entre junho de 2013 e junho deste ano, os índices de crescimento de audiência dos sites noticiosos de Brasília, atingindo mais de 9% no período. Guilherme Lombardi, gerente de Mídias Digitais, que conduz o processo de reformulação editorial e comercial do veículo, destacou a importância de adaptação do diário à era digital. Para Tales Faria, publisher e vice-presidente Editorial do iG, embora o portal traga a cobertura política diária, o novo canal permitirá o fornecimento de notícias sobre a cidade com o olhar de quem vive nela: “Esta é uma possibilidade de ampliar o espectro de atuação em Brasília, centro do poder do País, ainda mais num período pré-eleitoral”.
Tereza Cruvinel acerta com o Brasil 247
Tereza Cruvinel aceitou convite de Leonardo Attuch e passou a assinar, ao lado de Paulo Moreira Leite, um blog com domínio próprio no Brasil 247 para publicar seus textos e análises. No espaço, diz pretender fazer o jornalismo que sempre fez: “O que informa sem brigar com os fatos, o que interpreta e analisa com a maior honestidade possível, o que respeita a inteligência do leitor-cidadão. A ele, não ao jornalista, pertence o direito à informação. Para respeitar tal direito, o jornalista tem que ser, antes de tudo, livre”. Com a parceria, segundo ela, encontrou “terra arada para o jornalismo, este oficio cada vez mais necessário, justamente quando passa por tantas transformações”. Disse ainda que “plataformas como o 247 guardam um parentesco com aquelas publicações que oxigenavam o ambiente asfixiado da ditadura, apesar das diferenças na forma, na tecnologia, no tempo e no conteúdo”. No primeiro post, falou sobre as mudanças na profissão: “No início dos anos 80 vivi os espantos de minha geração com a rápida informatização das redações. Dez anos depois, a popularização da internet. Colunista de O Globo, atividade que exerci por 21 anos consecutivos, fui beneficiária do tempo real, que aumentou a atualidade das colunas, da edição online, do socorro do Google, sem nunca deixar de gastar sola de sapato, de sentir a vibração política dos ambientes, o calor dos fatos e mesmo dos boatos. Os leitores deixaram de ser apenas leitores, passagem a interagir com os colunistas, que nesta altura passaram a ter blogs, cobrando, protestando, corrigindo. Nos últimos dez anos, a digladiar e a agredir também, mas isso é parte da paisagem política”. Tereza escreveu por mais de 20 anos para a coluna Panorama Político, em O Globo, fez parte da equipe de fundação da EBC, que presidiu de 2007 a 2011. De 2012 até 2014, voltou a ser colunista, desta vez para o Correio Braziliense, que deixou em maio. Atualmente também é comentarista na RedeTV.
Mariana Kotscho passa a escrever para o Brasil Post
Mariana Kotscho aceitou convite de Ricardo Anderaós e passa a integrar a equipe de colunistas do Brasil Post. Segundo ela, a ideia é escrever a cada 15 dias uma coluna variada, mas normalmente ligada ao Papo de Mãe, programa que ela e Roberta Manreza mantêm na TV Brasil. Mariana diz que o programa, que comemora seu quinto aniversário no próximo dia 21/9, “conquista cada vez mais telespectadores em todo o País, virou referência sobre assuntos maternos/paternos, cresce também nas redes sociais e o blog, que está com mais de um milhão de acessos, em breve vai virar portal”. Ainda por lá, Leticia Bragaglia deixou a equipe para atuar em campanha política e foi substituída por Fernanda de Luca, ex-Record. Na produção também começou Juliana Belluomini, ex-TV Cultura.