Miriam Leitão, do Grupo Globo, lançou o livro A Democracia na Armadilha − Crônicas do Desgoverno (Editora Intrínseca), que reúne ensaios da autora sobre atitudes antidemocráticas do Governo Federal, em especial do presidente Jair Bolsonaro.
Ao longo de 150 colunas curtas e diretas, escritas entre abril de 2016 e julho de 2021, Miriam mostra o “desgoverno” brasileiro, a partir de três grandes eixos principais: a incongruência entre a campanha e as ações de Bolsonaro, sua incompetência técnica para gerenciar o Estado e o ataque aos consensos que pareciam definidos desde a redemocratização.
Logo no começo da obra, a jornalista já indica que “vivemos a crise mais dolorosa com o pior governo que já tivemos”. O primeiro ensaio aborda a fala do então deputado Bolsonaro na votação do impeachment da ex-presidente Dilma Roussef, quando exaltou a figura de Carlos Alberto Brilhante Ustra, chamando-o de “pavor de Dilma Rousseff”.
Em entrevista ao Portal Imprensa, Miriam contou que o livro mostra como Bolsonaro e o bolsonarismo como um todo podem ser interpretados como uma ameaça à democracia: “Ele nunca demonstrou apreço pela democracia, portanto faria um governo autoritário. No entanto, chegou lá e fez pior até do que muita gente poderia considerar. Eu sempre tive as piores expectativas, e isso se confirmou, e até se superou quando chegou a pandemia. Quando chegou a pandemia ele se mostrou um governante ainda pior do que antes”.
Ao longo da obra, a jornalista destaca também as constantes agressões do presidente à imprensa: “Ele fez agressões até a mim! Muito sórdidas. Mas não trato da minha agressão, como não tratei na coluna. Mas da agressão à imprensa, de uma forma geral, como parte do mesmo arsenal: todo autoritário faz isso. Os autoritários seguem um manual, e atacam a imprensa. Tentam controlar, tirar credibilidade, e principalmente, escolhem alvos, pessoas físicas, para personalizar a campanha de descrédito. Hugo Chavez fez isso”.